quarta-feira, 31 de julho de 2024

Um protestante sobre a unção dos enfermos

O protestante batista prefere não usar o termo sacramento, e não acredita nem mesmo no seu conceito. Mas isso é problemático para o ramo batista.

Assim, o protestante Rafael Pablo afirma no vídeo que a unção dos enfermos é coisa simples.

Muito bem. É simples, mas por que não é qualquer um que pode fazer, e deve-se chamar os presbíteros da Igreja?

Então, não é tão simples. Começo de conversa já refuta a posição do protestante.

Ele diz que não é sacramento.

Na doutrina católica sacramento é sinal sensível da graça. O batista nega isso. Mas vejamos o restante da crítica. Pode-se chamar de outra coisa, mas não se pode negar o que está dito na Bíblia sobre essa ação de ungir com óleo.

Resumindo, com o intuito de estar de acordo com texto bíblico, literalmente, o protestante diz que se há alguém doente, chame os presbíteros, os presbíteros ungirão o enfermo e orarão por ele e somente isso.

E afirma: não tem misticismo. Diante disso, podemos dizer: obviamente, a Igreja afirma que é sacramento, não é misticismo. Reflita.

E mais. Ele diz: não tem transmissão de graça. Pois bem. Chame de outra coisa, mas não negue o que acontece ali, segundo o texto bíblico. Se há cura, foi pelo poder de Deus, pela graça. A graça veio ao doente e esse recuperou a saúde. O que foi que houve então? Chame a transmissão de graça de outra forma.

De fato, como se entende a cura que Deus opera por meio da unção? O doente passa a ser curado, segundo está escrito. Isso não é “transmissão de graça”?

E mais: e o perdão dos pecados? É pela graça que se dá o perdão dos pecados. Não há motivo para discordar. É óbvio que entende-se a necessidade de arrependimento, etc.. Mas o que está sendo ensinado é que naquela unção acontece perdão de pecados.

E agora tudo piora. Ele diz depois: Se Deus quiser vai levantar, se Deus quiser vai curar, se a pessoa se arrependeu dos seus pecados verdadeiramente ele terá os seus pecados perdoados, e afirma que caso contrário não haverá perdão etc.

Tudo isso está suposto no texto, pelo conhecimento que temos da doutrina geral. Não tem problema.

Mas isso não está no texto. Usando a mesma reclamação que o autor afirmou várias vezes na sua crítica.

Ele mesmo que discordou da prática católica de ungir apenas doentes graves.

Mas isso pode ser que a Igreja entendeu como melhor para ser praticado, de acordo com a doutrina geral interpretada nos tempos antigos.

Ele também discordou da explicação do pastor Nicodemus, etc., porque não está explícito no texto.

No entanto, da mesma forma a Igreja Presbiteriana tem esses requisitos por entender geralmente que aquilo seria o melhor meio de se fazer, tendo chegado a isso através de interpretação de outras partes da doutrina geral.

E agora, ele mesmo diz coisas que não estão no texto, como a ideia: a coisa é simples, se Deus quiser curar vai curar, se o doente arrepender vai ser perdoado, e só. Mas essa explicação não está no texto.

Então, a Igreja em sua sabedoria pode ter chegado à conclusão de que deveria fazer certas exigências para a prática da unção dos enfermos, o que explicitamente não está no texto.

E pergunta o protestante: se os enfermos nem sempre se levantam por que sempre os pecados serão perdoados?

A resposta é: a doutrina católica ensina que para haver perdão é necessário arrependimento. Está respondido.

A Igreja não diz que sempre haverá cura. Deus tem seus propósitos. Não diz que sempre haverá perdão. Simples assim.

Então, vamos à seguinte reflexão.

Se o Rafael crê que:

existe unção dos enfermos

que essa unção pode curar

que essa unção pode perdoar pecados

que essa unção deve ser feita pelos presbíteros da igreja

que essa unção está na Bíblia e é ensinada por São Tiago

que essa unção é certamente uma prática ensinada por Jesus, porque foi ensinada no NT

            Se ele crê nisso, está crendo na doutrina católica. É bíblica, é católica, é apostólica, é romana, porque a Igreja inteira a professa nessa unidade com a sede de Roma.

Mas não fique preocupado com os termos. Se crê assim, está de acordo com a doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana.

Se ele crê que:

Os doentes não graves podem receber a unção,

e que deveriam receber a unção,

então é isso que a Igreja Católica faz hoje, no entendimento que ele mesmo viu o papa Francisco ensinar, e que está conforme a doutrina oficial do Concílio Vaticano II.

Se ele que em tudo isso, o restante é pouca coisa: aceitar que o nome mais usado é sacramento, é algo que pode vir com o tempo, mas deve-se aceitar que Deus pode curar e perdoar, e isso Ele o faz pela graça, no momento daquela prática ali aconselhada.

Então, está conforme a fé cristã católica.

Se o Rafael Pablo crê assim, dificilmente está crendo como protestante.

Fonte: vídeo: A Bruna não respondeu... mas a gente desenha. 

Agora, vamos ao texto do padre Júlio Lombarde.

A resposta do jornal batista é um exemplo de como os batistas tradicionalmente entendem essa passagem. Em primeiro lugar, não creem que seja sacramento. Interpretam apenas como anciãos fazendo oração por um enfermo e usando o óleo de forma medicinal.

Esse é um erro de interpretação da Igreja Batista em geral, e está na resposta que o livro traz.

Também é feita uma crítica à ideia de que os presbíteros estejam desempenhando função sacerdotal. A doutrina batista é fortemente contrária a isso.

De fato, alude ao que está no texto, onde os presbíteros ungem e ali pode haver cura e perdão, no contexto onde há confissão de pecados. Então esses presbíteros agem como sacerdotes.

O padre afirma que pastor em vez de dar a resposta vira-se logo contra a fé católica. O protestante entende que o pastor já deu a resposta. Mas, parece que a indignação do padre é porque o pastor usa aquele momento para criticar a doutrina católica. Mas, continuemos.

Há muito no texto que pode deixar perplexo o protestante.

Se há algum doente na igreja, deve-se chamar os sacerdotes (presbíteros). Farão oração pelo doente, ungirão o mesmo com óleo, em Nome do Senhor. Isso é rito religioso e não emprego de óleo medicinal.

E a oração cheia de fé, diz o texto, falando da fé dos sacerdotes, essa oração "salvará o doente", e então "o Senhor o aliviará' e também: "se tiver cometido pecados, ser-lhes-ão perdoados". 

Isso mostra que há aqueles que não cometeram pecados. Essa frase é católica, e nunca protestante. De fato, na distinção entre pecado mortal e venial, há quem não tenham cometido pecado mortal, mas cometeu pecados de alguma forma. O texto então diz respeito há algo mais grave, aos pecados mortais.

Para o protestante, toda ação do não convertido é pecaminosa. Todo pecado é igual perante Deus. Os pecados dos salvos eleitos são perdoados, sejam quais forem, pois não haveria gradação e pecado. Então, dificilmente se poderia ler que alguém não cometesse pecado nessa concepção protestante. 

No entanto, diz a Bíblia: se tiver cometido pecado. Isso leva a crer que há os que não cometeram tais tipos de pecados aí aludidos.

O padre critica o termo ancião, que nega o sacerdócio. Isso é o cerne da questão.

Afirma que se fosse cerimônia exterior não haveria necessidade de chamar alguém, e ainda um idoso apenas. É o que o padre está criticando.

E afirma que a unção não era praticada pelos protestantes.

Então, depois, o padre afirma que estamos diante de uma instituição divina. E isso é verdade, pois se a Bíblia manda chamar os presbíteros para ungir os doentes é porque isso foi instituído por Deus.

Essa instituição é chamada sacramento. Não é qualquer um que pode aplicá-lo, e não é apenas anciãos (idosos) mas presbíteros (homens ordenados para cuidas da igreja, sacerdotes de Cristo, no único sacerdócio de Cristo).

Há óleo e oração.

Há mandamento para chamar os presbíteros para conferir o rito.

Há cura e perdão.

E o padre afirma que essa unção dada na extremidade da vida chama-se extrema unção. Ele está explicando conforme o costume do seu tempo para entender como o sacramento é chamado.

Desse modo, está provado que há unção dos enfermos e que a Igreja Católica é fiel no seu cumprimento.

Em nenhum momento o padre usou argumentos para falar dos requisitos do sacramento etc., mas usou a Bíblia para provar que existe esse sacramento, e o fez muito bem. É irrefutável.

Gledson Meireles.

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