sábado, 3 de agosto de 2024

Livro: Nenhum caminho leva a Roma: refutação do capítulo 9

Refutando o

Capítulo 9: O sacerdote tem poder para perdoar pecados?

 

A resposta a essa pergunta é: sim. O sacerdote age como ministro de Jesus Cristo, e pode perdoar pecados pronunciando o perdão em Nome de Jesus Cristo.

O ministro (padre, bispo) não tem poder próprio, é claro, e nem pode perdoar seus próprios pecados. No entanto, ele pode agir in persona Christi, que é na pessoa de Cristo, para perdoa os pecados de outros. E Cristo que perdoa.

A doutrina protestante nega essa doutrina católica, e se opõe a essa prática de confissão auricular. Essa prática faz parte da doutrina, e não é a doutrina em si. Portanto, ao falar de uma coisa não se deve confundir com outra.

É verdade que a Igreja tem o poder para perdoar os pecados, e pode fazê-lo da melhor forma que encontrar. Para que possa exercer esse poder, deve antes conhecer os pecados e saber do arrependimento.

Conclui-se que a confissão é a melhor forma. Ainda, para que a confissão não cause escândalos, que seja feita reservadamente, de forma auricular. É mais indicada do que a confissão pública. Tudo faz muito sentido.

Vemos agora uma crítica a essa doutrina católica, feita no livro que está sendo estudado. Notam-se muitos erros na apresentação do autor, que não consegue fazer uma boa exegese bíblica e não conhece bem a doutrina católica.

Então, o apologista protestante afirma que: “Existem inúmeros problemas com a confissão auricular”. Afirma ainda que devemos confessar somente a Deus.

Em primeiro lugar, toda a confissão é feita a Deus. Mesmo a confissão ao sacerdote é feita a Deus.  De fato, cremos que o sacerdote é ministro de Deus. No entanto, nessa confissão se faz por meio do sacerdote, e por crer nesse ministério que Jesus outorgou-lhe. De modo que, a confissão auricular é feita a Deus.

Ainda, a Escritura não diz que devemos confessar somente diretamente a Deus. Talvez essa distinção possa servir para entender melhor a questão. É preciso fazer certas distinções para compreender mais a doutrina.

Quando a Bíblia traz exemplos e mandamento de se confessar a Deus, ela não está mostrando toda a doutrina, de modo que o leitor possa ler literalmente um texto e concluir que somente a Deus deve ser feita a confissão e a ninguém mais. Esse modo de entender é errôneo. A confissão é somente a Deus. No entanto, não há mandamento que a confissão deve ser feita somente diretamente a Deus seu o ministério da Igreja.

O texto de Esdras é citado: Agora confessem ao Senhor, o Deus dos seus antepassados, e façam a vontade dele (Esdras 10, 11). Também são citados outros textos: Sl 32, 5; 1 João 1, 1.9).

Assim, o protestante conclui que somente a Deus deve ser feita a confissão de pecados e que é errado confessar ao padre. No final, o apologista conclui que somente o pecado que cometemos contra o próximo, esse pode perdoar, e os que cometemos contra Deus, somente Deus pode perdoar.

Mais uma vez, é preciso lembrar, que o padre perdoa como ministro de Cristo. Os pecados feitos contra Deus são perdoados por Deus. No entanto, nesse sacramento, ou nessa ordenança, como preferir, é Deus mesmo quem perdoa por intermédio do sacramento instituído por Jesus. E o padre está pronunciando o perdão que Deus está conferindo.

Não se trata de pecado pessoalmente cometido contra alguém apenas, mas algo que é pecado contra a Lei de Deus.

Pois bem. Já tendo respondido a essa dificuldade, vejamos o que diz o apologista e solucionemos os problemas que o mesmo coloca sobre o tema.

Eis que então o autor tenta refutar a interpretação de Tiago 5, 16, que é o texto que os católicos utilizam “Na esperança de validar a confissão auricular”.

O texto diz: “Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz.”

Primeiro vejamos o que diz o apologista protestante, depois façamos a exegese do texto, e solucionemos o problema que o apologista deixou.

Ele afirma que o texto diz claramente para “confessarmos uns aos outrose não para um sacerdote em específico. Afirma também que o ato de confessar aí é ajuda espiritual ao próximo, visando ajudá-lo a vencer o pecado. Não seria o confessionário que os irmãos usam com poder para perdoar pecados cometidos contra Deus.

Em nenhum lugar no texto afirma que a confissão ali é o ato de ajudar o próximo espiritualmente para que vença o pecado. É uma conclusão feita da doutrina protestante já formulada e subentendida nessa interpretação, e não o que o texto bíblico citado ensina.

O apologista cita também 2 Coríntios 2, 10-11 onde ressalta o ponto: “Se vocês perdoam a alguém, eu também perdôo.”

E escreve depois: “Ele não disse: “se o sacerdote perdoou, eu também perdôo”, mas sim: “se vocês perdoaram, eu também perdôo”.

Mas, deve-se ter em mente que o sacerdote ali é o próprio São Paulo. Ele é apóstolo, ministro do evangelho. Ele é o sacerdote.

Ainda, o contexto não é de confissão de pecados contra Deus, não é do sacramento da confissão, mas trata-se de um ato disciplinar da Igreja contra alguém que estava se colocando contra o apóstolo.

Então, o pecador arrependido desse ato devia ser acolhido novamente na comunidade. Se todos perdoaram, São Paulo também o perdoou. E diz o apóstolo: foi por amor de vós, sob o olhar de Cristo (2 Cor 2, 10). Isso não é o mesmo que é tratado na epístola de São Tiago.

Ademais, o apologista afirma que Jesus nunca pediu indulgências quando perdoou pecados e logo escreve sobre rezar 25 Ave-Marias para ser perdoado.

O erro, porém, está na confusão entre o perdão e a satisfação. O pecador perdoado faz uma penitência, não para ser perdoado, mas para satisfazer a Deus. O perdão é dado antes da penitência. O perdoado deve cumprir a penitência.

Então cita o texto de Tg 5, 15: “E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.

E afiram: “Aqui claramente quem cura e perdoa é Deus.” De fato, como dito acima, Deus perdoa por intermédio da Igreja, através do ministério da Igreja.

Depois escreve o apologista: “e a única condição exposta para isso é a oração da fé”. Cita depois Mt 5, 34. E contrapõe fé e penitência. Isso não faz sentido, já que a própria fé não salvou o doente sozinha, mas foi o instrumento de Deus para curar. Em Mt 5, 34 Jesus cura uma pessoa que exerceu fé. Não estava no mesmo contexto de São Tiago que trata da unção dos enfermos.

E escreve: “O único pecado que um irmão cristão tem o poder de perdoar, são os pecados cometidos contra a pessoa dele.

Essa é a doutrina protestante, resumida, é claro, para contrapor-se à doutrina católica. No entanto, está completamente equivocada, não é extraída da Bíblia.

Agora, façamos a exegese do texto de Tiago 5, 13-16 e refutemos cada uma das objeções que o apologista apresentou. Há muita confusão aí.

Os versículos 13-14 afirmam que se há algum doente na Igreja, chame os sacerdotes da Igreja, e esse façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. Pois bem. Não é qualquer membro da Igreja que deve fazer o que está aí, mas devem chamar os sacerdotes (presbíteros).

Ou seja, devem chamar os sacerdotes (presbítero) para orar pelo doente e ungi-lo com óleo em nome de Jesus. Isso é o rito da unção dos enfermos, que é feita pelos ministros. Eles o fazem em nome do Senhor.

O versículo 15 diz: A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá. Ou seja, a oração feita pelos sacerdotes sobre o doente “   salvará o enfermo” e o Senhor o restabelecerá.

Isso mostra que Deus foi Quem realizou a cura, mas o fez através do rito que instituiu na Igreja.

E continua o texto sagrado: Se ele cometeu pecados, lhe serão perdoados. Essa é a explicação do que aconteceu no rito. Ou seja, não diz que se cometeu pecados contra os sacerdotes ou contra alguém da comunidade, nem diz para chamar o ofendido para perdoar, e etc., o que não é o assunto, já que se trata da unção dos enfermos pelos presbíteros. Então, na unção há cura e perdão. E quem o faz é o sacerdote.

E o texto sagrado continua: Confessai os vossos pecados uns aos outros. Isso mostra como foi realizado o rito do perdão.

O doente confessa ao sacerdote (uns aos outros) que fez a oração sobre ele e o ungiu com óleo.

Veja que o texto já havia falado da cura e do perdão, e agora esclarece que esse perdão veio após a confissão uns aos outros, que no contexto é doente e sacerdote e não à comunidade inteira.

De fato, no início foi dito que chamassem os presbíteros. Assim, o doente confessa seus pecados aos sacerdotes (presbíteros). No fim, Deus é que perdoa, pelo ministério instituído por Ele.

Depois o texto deixa mais claro essa verdade: e orai uns pelos outros para serdes curados. Todo o contexto mostrou que quem ora pelo doente para a cura são os sacerdotes. Essa é “a condição exposta” que Deus institui no sacramento e que é feito pelo sacerdote (não a oração de qualquer pessoa, naquele momento, pois o contexto é da oração feita pelos presbíteros).

Conclui-se que a oração e a unção e a confissão são realizadas pelo ministério dos sacerdotes. É bastante claro.

E diz ainda o texto de São Tiago: “A oração do justo tem grande eficácia.”.  Isso se refere à oração do sacerdote, como mostra o contexto.

Por tudo isso, deve-se crer na Bíblia que Deus cura e perdoa pelo ministério da Igreja. Portanto, o sacerdote em poder para perdoar pecados.

Gledson Meireles.

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