domingo, 26 de maio de 2019

Assunção de Maria

Sobre o artigo Maria foi assunta aos céus? 
Pode-se afirmar que o dogma dá maior solidez a uma doutrina revelada, e a torna mais clara. Portanto, a data recente da proclamação não é um problema.

O papa não pode criar doutrinas, e quando faz suas proclamações dogmáticas ele tem em conta toda a tradição da Igreja, o entender geral dos teólogos, o senso de fé dos fieis, e crê na assistência infalível do Espírito Santo, que não traz coisas novas, mas maiores entendimentos da doutrina revelada. Um desses casos ocorreu em 1950.

A mulher de Gênesis 3,15 é Maria. Para comprovar, leia o artigo contrário a esse pensamento, e leia o que está disponível aqui.

Ainda que a Mulher de Gênesis seja Maria, como de fato o é, o texto não trata da assunção. Isso é fato. Mas, já sabendo que a profecia de Gênesis 3,15 aponta para Jesus e Maria, fica mais fácil compreender a assunção. Leia os artigos aqui e aqui.

O capítulo 12 do Apocalipse também aponta na direção de que Maria é a mulher ali representada, o que não quer dizer que não podemos ler o texto como simbolizando Israel, a Igreja, etc. Contudo, o significado básico mostra que trata-se de Maria. Leia os artigos aqui e reflita.

O texto não diz que a Mulher foi arrebatada, mas a mostra cheia de graça, toda abençoada e protegida por Deus. Isso ajuda no entendimento da doutrina da assunção.

Fatos importantes certamente não foram escritos pelos apóstolos e pais da Igreja dos primeiros séculos. Assim é que alguém pode acreditar que Moisés ressuscitou, mesmo que a Bíblia não afirme isso e os apóstolos não tenham escrito uma única linha sobre isso e nem mesmo os padres da Igreja sequer mencionaram algo a respeito. Comparando com a doutrina da assunção de Maria, a suposta assunção de Moisés tem menos base ainda, e nem por isso é desacreditada por muitos.

Para ficar ainda mais complicado, é um fato que a maioria dos protestantes não creem que Moisés foi ressuscitado, como de fato não foi, nem mesmo temporariamente. Não é o caso de que alguns protestantes não creem nisso, mas que é geral o consenso protestante de que isso não ocorreu.

É claro que no protestantismo não há a ideia de dogma, como há na Igreja Católica, mas é verdade que aqueles que asseveram que Moisés ressuscitou, sem qualquer base bíblica, apontam razões que exigem que creiam assim. Caso contrário negariam necessariamente outras doutrinas que julgam verdadeiras. Torna-se assim praticamente um dogma.

É importante que os protestantes pensem nas implicações da frase de Santo Epifânio: “se Maria morreu ou não, nós não sabemos”. Que será que está mais conforme a doutrina proclamada por Pio XII, a afirmação de um grande teólogo cristão de que não se sabe como foi o fim de Maria na terra, ou a afirmação protestante que assevera que ela está ainda aguardando a ressurreição? Será que o que Santo Epifânio escreveu não chega perto disso? Não se trata de pensar como foram os últimos dias na terra, mas se ela morreu ou não. A própria dúvida já prova que ocorreu algo diferente com Maria. Se a dúvida significasse que foi tudo igual, por que existiria? Mas, pensando o contrário, tudo faz sentido: a dúvida aponta para algo, que está de acordo com o desenvolvimento doutrinal que levou à proclamação do dogma em questão. Leia: aqui.

O silêncio de Santo Agostinho no seu debate com Fausto não é prova positiva contra a doutrina.

As indicações bíblicas e patrísticas, o testemunho de Santo Epifânio, pelo menos, corrobora a doutrina da assunção. Silêncio sim, existe, mas quanto à assunção de Moisés.

Seria bom que se escrevesse um artigo tratando desses dois assuntos: a assunção de Moisés, e suas bases bíblicas patrísticas, e fazer a correlação com a assunção de Maria. Já sabemos que a fé na assunção de Moisés não é um dogma para o protestante que crê nele, como se perdesse a salvação se o negasse, e coisas do tipo. Pelos menos não dito assim tão claramente. E sabemos que a maioria dos protestantes não acredita nisso. Isso para ficar claro o objetivo que teria o artigo: provar qual das duas doutrinas tem maior base: a assunção de Moisés ou a de Maria. Se não conseguir, então a imortalidade da alma e todas as doutrinas que alguém nega por isso deverão ser revistas por quem assim crê, por exemplo.
Gledson Meireles.