sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Livro: Apocalipse - sobre a interpretação adventista, cap. 4, anciãos

 Apocalipse, de Uriah Smith.

Apocalipse 4 – Uma nova visão: o santuário celestial

Os vinte e quatro anciãos. A interpretação adventista de Uriah Smith afirma que as vestes brancas e a coroa na cabeça representam o conflito terminado e a vitória conquistada. E por algum bom motivo, afirma, esses já estão com a coroa de vencedores no mundo celestial.

Seria uma classe de remidos como todos os outros serão remidos. Assim, acreditam que São Paulo falou sobre esses remidos em Efésios 4, 8 quando afirma que Jesus levou cativo o cativeiro. E lembrando do fato de que muitos santos mortos ressuscitaram na ressurreição de Jesus, como está em Mt 27, 52-53, afirma que existem pessoas que saíram da sepultura por ocasião da ressurreição de Cristo e foram levadas ao céu para exercerem tarefas sagradas.

O problema com essa interpretação é que não há uma ligação óbvia, nem mesmo uma exegese para essa doutrina, e a mesma contradiz o que a Bíblia ensina sobre a ressurreição, pois não há lugar para um grupo de cristãos serem ressuscitados para a glória antes dos demais, nem uma alusão a isso. Muitos justos ressuscitaram a foram vistos por muitos em Jerusalém, mas isso apenas afirma que muitos santos em Jerusalém ressuscitaram.

Sabemos que de fato em Efésios 4, 8 Jesus sobe aos céus, após quarenta dias da ressurreição, e leva consigo os santos, todos os que tinham morrido salvos antes da Sua vinda, levando esses cativos da morte para o céu junto com Ele. Ele leva o cativeiro, e não apenas alguns. Portanto, são as almas dos santos. Esse fato é visto por São João nos vinte e quatro anciãos que estão na glória do céu.

No entanto, como o adventismo não crê na imortalidade da alma, mas é preciso explicar como esses anciãos estão no céu antes da ressurreição final, devem afirmar que eles foram ressuscitados. Mas quando? Seriam eles aqueles que ressuscitaram em Jerusalém? Certamente não.

Então, utilizam a passagem que afirma que muitos santos que dormiam foram ressuscitados. Não sabemos se essa ressureição foi definitiva ou temporária, como a de Lázaro. Talvez tenha sido temporária, pois não houve tal ressurreição para a Igreja ainda, e então esses não foram glorificados para o céu, mas ressuscitaram como um milagre para testemunhar a ressurreição de Cristo.

Ainda, quando Jesus vai para céu, diante de muitas testemunhas, não foram vistos os santos com Ele. Se eles tivessem sido ressuscitados, estariam subindo com Jesus.

Também, certamente, o número dos santos que ressuscitaram em Jerusalém por ocasião da ressurreição de Jesus não foram muitos no sentido de uma multidão, o que teria causado enorme comoção ao aparecerem na cidade a muitas pessoas. Entende-se que muitas pessoas viram esses santos, mas não foram tantos que indicasse a maioria na cidade.

E, por fim, devemos afirmar que não houve ressurreição gloriosa para ninguém mais, a não ser para a virgem Maria.

Dessa forma, os adventistas creem que Moisés, e muitos outros santos estão ressuscitados no céu, mas não creem que a virgem Maria esteja.

Ainda mais, os vinte e quatro anciãos, que seriam uma companhia de cristãos que por algum motivo foram ressuscitados e levados ao céu, esses seriam “auxiliadores de Cristo em Sua obra de mediador no santuário celestial”. Ou seja, estão sendo sacerdotes com Jesus, auxiliando em Seu ministério de salvação.

Assim, eles fazem com Jesus uma tarefa em favor da Igreja na terra. Sabe o que isso representa? Uma verdade que a Igreja Católica ensina desde sempre, ou seja, que há intercessão dos santos no céu pelos santos da terra, o que é o ministério de intercessão dos santos. Isso significa que eles estão com Cristo realizando esse múnus salvífico, que tem a virgem Maria como figura especial. Os santos são reis e sacerdotes no céu.

Tudo o que a doutrina adventista admite sobre alguns santos apenas, a Igreja Católica afirma que ocorre com todos os santos. Mas, a diferença está em que essa doutrina é explicada naturalmente pela imortalidade da alma, e como os adventistas não creem nessa doutrina, precisam explicar a presença dos santos no céu de outra forma, como a de que alguns já foram ressuscitados.

Então, na interpretação católica, os 24 anciãos são os santos na glória, os doze patriarcas e os doze apóstolos em símbolo, representando o Antigo Testamento e o Novo Testamento. Estão vestidos de branco por que são santos, são puros, e usam coroas de ouro porque estão na glória dos habitantes do céu. São reis e reinam com Cristo. Estão esperando o julgamento que Deus irá exercer contra os inimigos da Sua Igreja. São reis e sacerdotes do Soberano Juiz. Está aqui provada a intercessão dos santos, a imortalidade da alma, ao mesmo tempo em que é indicado um equívoco no entendimento do adventismo sobre essa passagem.

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Livro: Apocalipse - adventismo

Apocalipse 12 – A Igreja Católica

No livro adventista foi usado o título A Igreja evangélica, o que pode levar o leitor a pensar no protestantismo como sendo a verdadeira Igreja. De fato, a Igreja Católica é a igreja original, e o estudo do Apocalipse mostra isso de forma suficiente.

Os símbolos são explicados pelos adventistas da seguinte forma: uma mulher: a igreja verdadeira. Então a mulher corrupta é a igreja falsa. O sol é a dispensação evangélica, ou seja, a dispensação cristã. A lua é a antiga dispensação mosaica. A coroa de 12 estrelas são os apóstolos, o Dragão é Roma pagã, o céu é o lugar da contemplação, que é o céu físico e visível, não a morada de Deus.

O único problema aqui, o mais importante, é que o próprio capítulo doze deixa claro, de forma cabal, que o Dragão é a antiga serpente, o Diabo, Satanás. Esse é o espírito enganador, adversário, o anjo caído. Dessa forma, não se pode afirmar que o Dragão é Roma, pois a Bíblia afirma que é Satanás, um ser espiritual e inteligente, e não o império romano.

É certo que partindo disso pode-se afirmar, como fez Vitorino no século terceiro e quarto, afirmando que as sete cabeças do Dragão são os sete reis de Roma. Assim, parte-se do princípio de que Roma pagã tem o poder do Dragão, e não que se identifica com o Dragão.

O período de gravidez da mulher seria o momento em que a Igreja esperava o Messias, até o desenvolvimento pleno com a coroa dos doze apóstolos. Mas tal interpretação, que é válida, não faz todo o esforço para entender o texto.

Em primeiro lugar, a mulher, o filho da mulher e o dragão são seres individuais e não instituições. De fato, o Filho é Jesus. A mulher é claramente a Sua mãe. E o Dragão é inequivocamente Satanás.

Somente a partir dessa realidade é que se pode entender em Maria também a figura da Igreja, em Cristo o rei com Seu reino, e no Dragão o espírito de Satanás com as forças diabólicas. Dessa forma, a mulher é a virgem Maria, algo que todo o Protestantismo tende a negar.

As duas dispensações, a mosaica e a cristã, são entendidas no adventismo como a lua e o sol. É magnífica essa interpretação, bastante saudável para a fé. No entanto, deve-se ver, como acima foi indicado, a virgem Maria sobre a lua, vestida do sol, com coroa de doze estrelas. Portanto, como a rainha da antiga e da nova aliança com a luz da graça recebida de Jesus Cristo seu filho.

Em Maria, a mulher, também a Igreja está acima da dispensação mosaica que terminou. Também, com Maria, a Igreja está revestida do sol de Cristo, o sol evangélico. Aqui vemos a santidade de Maria, membro primeiro da Igreja, que brilha com a luz do sol de Jesus Cristo, e que anuncia a santificação da Igreja inteira que há de se efetuar no fim. Depois de Cristo, Maria é o membro da igreja que por sua união singular com Ele, já recebe as glórias que a Igreja receberá. É preciso ver que a virgem Maria é o significado primário do texto, e a Igreja é o secundário.

A terça parte das estrelas do céu”. Essas estrelas seriam uma parte dos governantes judeus antes da era cristã. Isso se faz ao pensar que os apóstolos são as 12 estrelas da coroa da mulher. Mas, devemos entender que essas estrelas que são varridas pelas cauda do Dragão são do céu, o que simboliza anjos, já que se diz que elas foram lançadas à terra. Isso mostra que antes não eram da terra.

Não desfaz o sentido que o adventismo traz como governantes seduzidos pelo mau. No entanto, Satanás enganando anjos do céu é a cena mais adequada que o Apocalipse está trazendo nessa visão. O texto de Ap 8, 12 apresenta outro sentido para sol, lua e estrelas não cabe tão certamente aqui. Ali traz o sentido literal, de sol, lua e estrelas sendo ofuscados para não brilharem. Trata-se dos astros nessa visão. Em Apocalipse 12 o sol, a lua e as estrelas são símbolos espirituais.

De fato, o dragão é um símbolo e lida com estrelas simbólicas. No entanto, o dragão é símbolo revelado de Satanás. Assim, as estrelas são de fato anjos.

A interpretação da Judeia tornando-se província romana em 63 a. C. é curiosa. Mas não precisa muito esforço para identificar o poder simbolizado pelo Dragão, pois é o poder espiritual de Satanás.

Se é claro que “o filho varão representa Jesus Cristo” nascido em Belém, deve ficar claro que a mulher é Maria e o Dragão já está revelado como Satanás.

Então, eis que surge uma nova revelação ao continuar a procurar o poder simbolizado pelo Dragão: “Pois o dragão representa algum poder que tentou destruí-lo ao nascer”. Esse foi Herodes, governador romano. Portanto, nessa tentativa de destruir Cristo, esse poder perseguiu a mulher, Maria, que levou Cristo para o Egito, o deserto. E é preciso notar que o Apocalipse afirma que a Mulher recebe algo, asas de águia, e também é protegida por um tempo no deserto. Assim, temos que a mulher é tratada de forma especial com proteção divina. Entende-se a santidade da mulher nesse tratamento de Deus.

Como o dragão foi interpretado como o império romano, chegando mesmo a Herodes, para o caso específico, o que é notável a profundidade das figuras das profecias, não é de se espantar que a mulher vestida de sol que dá à luz o filho varão que reinará sobre todas as nações seja a santa virgem Maria cheia de graça e glória de Deus. A sua vestimenta é o sol, a luz resplandecente de Deus. Com certeza, essa mulher é sem pecado.

A cena é curiosa por mostrar o nascimento de Cristo e logo após sua ascensão. A mulher fica na terra e é protegida. É Cristo e a Igreja, como afirma muitos comentaristas? Sim, mas em primeiro lugar, é Cristo e Maria.

Pelo período de 1260 dias, simbolicamente, entende-se o tempo messiânico em que a mulher tem um papel na história da salvação.

O adventismo vê a Igreja no deserto como aqueles que estão fora do catolicismo e são perseguidos por ele de 538 d. C. a 1798 d. C., como 1260 anos literais. A história mostra que o papado foi fundado por Jesus sobre Pedro, já tinha seu desenvolvimento claro no primeiro século, com notável influência no segundo, e inquestionável poder espiritual na Igreja em todo esse período. Assim, escolher 538 d. C. como “quando o papado se consolidou” é algo que tem sido questionado mesmo por pesquisadores adventistas.

De fato, a Igreja é o catolicismo sob a perseguição do Império Romano. A Igreja apostólica cresceu, a mesma igreja dos apóstolos e profetas, e foi perseguida por Roma, depois conseguiu liberdade de culto, e por fim foi oficializada como religião do Império. Ao invés de olhar para os que estão fora da comunhão católica, naqueles primeiros séculos, a história mostra que se trata da própria Igreja católica que também está sob a figura da mulher. É fácil perceber isso.

Os vv. 7-12 são interpretados como a guerra ocorrendo na terra, já que a mulher e o dragão são vistos no céu, mas são personagens da terra. Assim, Miguel combateria na terra, e seria a guerra entre Cristo e Satanás. A guerra seria o ministério de Jesus na terra.

No entanto, o texto afirma que “nem mais se achou no céu o lugar deles” e que o dragão “foi expulso” e “atirado na terra”. Então, o dragão não é originalmente da terra. O texto é claro de que se trata de um lugar no céu onde o anjo Miguel e seu exército lutaram contra o Diabo. Trata-se de um tempo antes da queda.

Na interpretação adventista o dragão agora é outro, ainda que em todo o capítulo não se faça nenhuma diferenciação.

Assim, o dragão do verso 1 seria Roma e agora é Satanás. Trata-se de uma fraqueza na interpretação do adventismo que tenta ajustar seus dados à história. O leitor pode notar que no capítulo os símbolos da mulher, do filho e do dragão continuam até o fim sem mudança de sentido.

Se o Dragão é Satanás, então é o mesmo que estava para devorar o filho, que foi precipitado na terra, e que perseguiu a mulher. Essa perseguição é espiritual, mas possui seus meios físicos. Assim, o dragão se vale dos governantes romanos da época contra Jesus e sua mãe e a igreja inteira.

Em um sentido, o poder espiritual contra Cristo e Maria é o que o texto está indicando, o que desdobra nas perseguições físicas. Após a ascensão de Jesus, Maria foi protegida. Assim, também, há proteção da Igreja contra as hostes infernais.

Se o entendimento da queda de Satanás é de que se trata da perseguição à Igreja e não da sua expulsão do céu, pois mostra que logo que viu sendo expulso passou a perseguir a mulher, no v. 13, essa dificuldade de desfaz pelo que já foi dito acima, onde o filho nasce e imediatamente é levado ao céu. Na história, porém, a subida de Jesus ao céu foi muito tempo após o nascimento em Belém, quando já estava adulto. Dessa forma, Satanás expulso para a terra na guerra do céu, é mostrado agora na perseguição da Igreja.

Notemos que o Apocalipse 12 inicia com a visão do céu: “um grande sinal no céu: uma mulher...”. E segue: “Depois apareceu outro sinal no céu: um grande dragão vermelho”. Tudo está no céu, a mulher e o dragão. Assim, é mostrada a guerra e a precipitação de Satanás e “os seus anjos”, o que simboliza o mesmo que  está no verso 4: Varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do céu...”. O texto é amplo em sentido, e mesmo aludindo à guerra que houve no céu há milênios, também fala da vitória de Cristo pela cruz e ressurreição. Trata-se de mostrar o tempo do dragão, que é limitado.

Para o adventismo a igreja fugiu para o deserto em 538 d. C. Mas o texto afirma que logo após a ascensão isso aconteceu. O que se deu com a virgem Maria? O que aconteceu com os apóstolos e primeiros cristãos após a ascensão? Como seguidores de Jesus, foram perseguidos.

As palavras “Agora, veio a salvação” podem ser entendidas como a salvação pela fé, como garantia, mas temos de fato redenção e vida eterna, pelo conhecimento de Deus e pela possibilidade de estar com Cristo no céu como estão as almas dos fieis mortos.

Então afirma o verso 13: “Quando, pois, o dragão se viu atirado para a terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão.” Está pois provado que se trata do mesmo dragão do verso 4.

O diabo teve grande ódio contra a virgem Maria após ver-se derrotado após Jesus Cristo ressuscitar e subir ao céu. Mas ela foi protegida por Deus. Assim, passou a perseguir “a igreja que Cristo havia fundado”, como afirma Uriah Smith.

Ele frisa o fato da mulher fugir para o deserto, afirmando que a Igreja estava no deserto, em “estado de reclusão, fora do olhar público, e ocultamento dos inimigos”. Mas isso lembra em especial o ocultamento da virgem Maria naqueles anos, pois a Igreja estava em pleno desenvolvimento.

Afirmar que a Igreja oficial “não era a igreja de Cristo” é fazer um salto para fora do texto. De fato, há detalhes que o comentarista não trata, como a de que os descendentes perseguidos são filhos da mulher. Dessa forma, essa mulher é mãe da Igreja. Essa conclusão parte da leitura natural dos símbolos apresentados na visão.

Basta olhar apara a história e ver a Igreja em sua missão e evangelização de todo o mundo conhecido, dentro do Império Romano, sofrendo duras e sangrentas perseguições, ensinando, convertendo nações, defendendo a fé por meio de pregações, escritos, concílios. Se a Igreja fugiu em 538 d. C., deveria ter sido essa. Mas, se foram minorias que pregavam ideias bastante desconexas e não participavam do crescimento do evangelho de forma a caracterizar a Igreja apostólica em desenvolvimento, então trata-se daqueles que não eram dos nossos, para usar a frase de São João.

As asas de águia que a Igreja recebeu lembram o momento em a virgem Maria fugiu apressadamente com Jesus, sob os cuidados de José, para o Egito. Essa foi de fato a pressa com a qual precisou fugir. A pressa de Maria. Depois, vemos a Igreja Católica sendo perseguida pelo Império. Basta ver quantos bispos de Roma (papas) foram mortos desde São Pedro.

E quanto as águas da boca da serpente, o adventismo afirma que são as falsas doutrinas do papado. Contudo, onde estão as doutrinas “corretas” que estavam escondidas com a igreja oculta no deserto? Não foi a Igreja oficial, católica, que ensinou, pregou, batizou, criou nações, defendeu a fé, alcançou misericórdia de Deus ao dar a ela liberdade de culto e ter as perseguições diminuídas? Não foi essa igreja que copiou a Bíblia, que a traduziu, que preparou edições para a liturgia, para assim garantir o ensino a todos? O papel dos hereges, daqueles que se revoltavam contra a igreja, em suas pregações, traduções da Bíblia, escritos, etc, estão circunscritos a pequenos espaços de tempo, a divisões marcantes, a doutrinas desconexas e errôneas, de modo que não podem ser historicamente uma igreja, mas grupos divididos que se separavam da Igreja Católica.

A terra “socorreu a mulher” poderia ser uma alusão posterior ao Império Romano aceitando a fé cristã? É possível. Mas o adventismo prefere ver esse tempo relativo ao século dezesseis com a Reforma Protestante, que começou a fazer seu trabalho contra o Catolicismo. Martim Lutero falou respeitosamente do papa, embora já criticasse os abusos cometidos em seu tempo. Chegou, porém, mais tarde, a comparar o papado com o Anticristo, o que foi um exagero seu. Sua doutrina foi forjada em muito de sua subjetividade com seus íntimos dramas, que encontrou certos consolos em seus estudos bíblicos. Porém, continuou seus conflitos mesmo após ter deixado a igreja por anos.

Quando o povo pautou sua consciência “apenas pela Palavra”, deixando o Catolicismo, a piedade diminuiu, o fervor foi se apagando, a religião protestante dividiu-se mais e mais, e Lutero viu que sob o papado havia mais devoção. De fato, a consciência estava sendo forjada apenas pelas leituras muitas vezes errôneas da Palavra, e não pela Palavra de Deus.

O comentarista adventista afirma: “Os defensores da fé verdadeira se multiplicaram”. Isso porque pensa que todos aqueles que atacavam Roma estavam, de certa forma, com melhor luz e entendimento.

Embora Lutero aceitasse em maior grau as doutrinas antigas da Igreja, isso era visto como um menor nível de reforma. Assim, Zwínglio foi mais longe ao negar pontos essenciais da fé católica, como fez também Calvino, Melanchton, Bunyan, Knox, Whitefield, Fletcher, Miller e tantos outros. Dividiam-se, embora unidos em certos pontos, como não é de surpreender. O que fica patente é que não se pode negar que a Igreja mantém a mesma fé, não tendo que de acomodar às críticas e novidades surgidas, mesmo após cinco séculos, de modo que as mudanças não interferiram na essência da doutrina cristã católica, a ponto de seus adversários muitas vezes afirmarem que Roma é sempre a mesma, ainda que o façam em sentido bastante pejorativo.

De fato, a Igreja Católica Romana é sempre a mesma, sempre ensinando o evangelho eterno de Jesus Cristo. E o comentário segue afirmando que a Igreja Católica, “a fúria papal” foi destituída de fazer mal à igreja. Que igreja? Os que saíam do catolicismo, como Lutero e tantos outros. Todos estavam corretos e a igreja oficial errada? É o que esse conceito de reforma assume, o que não passa em qualquer escrutínio bíblico e histórico.

Então, afirma que a terra ajudou a mulher. Mas temos que desde os tempos apostólicos a terra ajuda a mulher, como fez quando José, Maria e Jesus fugiram para o Egito. Como também quando muitos ajudaram os primeiros cristãos perseguidos, até o nível do próprio império que cedeu à força de Cristo agindo na Igreja durante séculos e tornou-se ele mesmo cristão, membro da cristandade.

Os descendentes da mulher são “os indivíduos que constituem a igreja verdadeira”. Se a mulher é a Igreja e os descendentes é a Igreja do fim, então teríamos a Igreja mãe da Igreja. Mais concordantemente com o capítulo, a mulher Maria é mãe da Igreja.

Mas o remanescente não apenas no tempo imediatamente final, antes da Parusia, mas o tempo de toda a cristandade, desde a ressurreição, de modo que todos os cristãos são os descendentes da mulher, desde os dias apostólicos.

E o remanescente tem como característica guardar os mandamentos de Deus. Todos sabem que a Igreja Católica é o primor de exemplo no ensino do Decálogo. Não há no Protestantismo qualquer igreja que tenha o decálogo em tão grande apreço, com tamanha ênfase. Somente os adventistas, surgidos no século dezenove, aprenderam mais a respeito da Lei e têm os mandamentos como uma de suas ênfases principais. Por isso, como os católicos, são acusados de ensinar a salvação pela Lei. Não são os cristãos católicos sempre acusados de ensinar salvação por obras? Isso deve-se ao fato de sempre estarem firmes na guarda dos mandamentos de Deus e do testemunho de Cristo.

O adventismo tem assim a roma pagã, a roma cristã (papal), a besta de dois chifres, o governo influenciado pelo Protestantismo, agentes contra os que guardam os mandamentos, ou seja, em especial os adventistas.

Contudo, temos na história desde os dias dos apóstolos, que Satanás se valeu da Roma pagã e de tantos outros impérios e reinos para subjugar a Igreja Católica, incluindo as mãos dadas ao renascimento, ao Protestantismo, ao humanismo, ao iluminismo, etc., contra o Catolicismo. E, é destaque, que o adventismo, de raízes batistas, enfatize os governos e suas investidas contra a Igreja. Aliás, a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem atitude anti-católica extrema, compreensível por suas origens denominacionais e pelo século em que surgiu, e refutada nessa interpretação do apocalipse.