quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Soberania de Deus e liberdade humana: Êxodo 10, 1

Deus endureceu também, juntamente com o coração do faraó, o coração dos servos do faraó. Isso não quer dizer que eles não pudessem pensar o contrário, pois logo a seguir, no v. 7, os servos do faraó mudam de ideia e tentam convencer o faraó de libertar os hebreus, pois o Egito estava sendo arruinado: “Então, os servos do Faraó lhe disseram: “Até quando este homem será uma cilada para nós? Deixa partir os homens, para que sirvam a Iahweh, seu Deus. Acaso não sabeis que o Egito está arruinado?”. A Bíblia apresenta a harmonia dos dois fatos, a liberdade do faraó agindo contra a autoridade de Deus, no uso normal do seu livre-arbítrio, e Deus o castigando ao obstinar seu coração, por causa da sua maldade. Ainda assim, o relato mostra que o endurecimento do coração deu-se várias vezes, por própria conta do faraó, seguidas das vezes que o próprio Deus agiu para obstiná-lo no caminho que o mesmo já havia escolhido. De fato, Deus age nas criaturas segundo a natureza das mesmas, e segundo a inclinação própria delas. Entendendo esse princípio, sabemos que a ação de Deus, soberana como sempre, não interfere no livre-arbítrio humano, mas age de forma que possa fortalecer a própria inclinação do livre-arbítrio. Ainda, mesmo que envolvido por essa ação do Senhor, o faraó podia pensar diferente e voltar atrás, assim como o povo podia fazê-lo, e de fato o fez, quando ainda duros de coração puderam pensar agir diferentemente por motivos que lhe pareceram melhores, e que o seriam realmente caso acatados. O princípio metafísico que tiramos de todas essas passagens mostra o Senhor Deus agindo livremente segundo Seus propósitos e permitindo o livre-arbítrio e cada criatura. Portanto, é errado afirmar que o Senhor cria quaisquer desejos nos corações, sejam bons ou maus, pois isso é contrário à revelação bíblica, e contrário à razão humana, pois fere a natureza divina. É errado afirmar que homens e mulheres possuem uma livre-agência que os capacita escolher segundo suas inclinações que foram predeterminadas por Deus, pois as duas proposições se anulam. É uma forma de explicar que não faz jus a passagens como essas que estamos estudando, e são formas de explicar que não harmonizam-se com a inteligência humana. Por tudo isso, é verdade bíblica que Deus deu ao homem o livre-arbítrio para escolher seu próprio caminho quando iluminado pela graça divina. Gledson Meireles.