segunda-feira, 30 de novembro de 2015

As discussões entre Santo Agostinho e São Jerônimo sobre Gálatas 2,11

Estudo feito em consideração ao artigo Jerônimo e Agostinho debatendo sobre doutrina e interpretação bíblica.
Na querela que surgiu entre São Jerônimo e Santo Agostinho sobre a passagem de Gálatas 2,11, São Jerônimo escreve que a oração de ambos os debatedores é que a verdade prevaleça.[i]

Um dos princípios cristãos católicos de interpretação da Bíblia é descrito por Santo Agostinho, em sua carta a São Jerônimo, e repetido por São Jerônimo, de que a interpretação deve ser literal.[ii]
São Jerônimo inicia mostrando que sua interpretação do evento em Gálatas aludido acima foi condicionada por leituras de outros autores e que estava à disposição do leitor julgá-la correta ou errônea.[iii]

Não querendo ser dogmático naquela questão, sugere a Santo Agostinho escrever sua doutrina e procurar persuadir os bispos a concordar com ele na sua interpretação.[iv]

Falando sobre Gl 1, 18 explica que São Paulo foi a Jerusalém por reconhecer a grande autoridade de São Pedro, e que Paulo não confiaria em sua pregação se não fosse confirmado por Pedro e pelos outros apóstolos.[v]
Pedro estava agindo como que em clara discordância com sua própria regra.[vi] Essa afirmação mostra a autoridade de Pedro.

Então, São Jerônimo escreve a Santo Agostinho para que ele considere, pelo contrário, não as pequenas opiniões dele em seus comentários, mas das seitas heréticas, dos Nazarenos, que eram e sua forma entremeada de Judaísmo e Cristianismo, e tinham introduzido heresia pestilenta.
O ponto mais importante nessa controvérsia, e que São Jerônimo não entendeu, foi que as cerimônias judaicas observadas fortuitamente por um cristão judeu não deveria ser como se fossem salvíficas. São Jerônimo não via motivo para observar algo que não servisse para a salvação, e isso foi sua dificuldade em entender o que escreveu Santo Agostinho.

Chegando ao fim da sua resposta sobre o episódio de Pedro e Paulo na epístola aos Gálatas, São Jerônimo afirma que sua opinião e a de Santo Agostinho são praticamente idênticas.[vii]
Expressando humildade em sua opinião, São Jerônimo afirma que se Santo Agostinho escrever mais uma carta a ele, que está tão distante geograficamente, a Itália e Roma conhecerão o conteúdo da mesma antes que ele a leia.[viii] É como afirmar que, por questão de resolução de São Jerônimo, as discussões ulteriores passarão primeiro pela autoridade magisterial de Roma.

E no final, mencionando sua idade avançada, e sua vida no monastério, fala a Santo Agostinho, que era jovem, e bispo, a entregar-se ao ensino e trazer frutos espirituais do mesmo a Roma.[ix]

1.      As divergências entre Santo Agostinho e São Jerônimo não tocavam o dogma. Divergiam na interpretação de passagens bíblicas, chegando no final à mesma conclusão. Ambos criam que a Lei judaica havia sido abolida, e que não mais obrigava os cristãos, e que os apóstolos Pedro e Paulo, quando praticavam a Lei, faziam por motivos que não fossem contrários ao evangelho.

2.      Magistério infalível existia, embora não foi explicitamente citado na carta. Argumento do silêncio. Mas, ao falar que a carta seria lida primeiro em Roma infere-se o magistério, ou melhor, a autoridade do papa está implícita na carta.

3.      Levando logicamente o que entendeu de Santo Agostinho, disse que isso seria cair na heresia de Cerinto e Ebion. Isso não significa que o mesmo acusasse santo Agostinho de seguir Cerinto e Ebion, ou de ter doutrina semelhante, mas que por suas palavras a lógica levaria a isso. Sabia, porém, que Santo Agostinho tinha a mesma doutrina e prática que ele.[x]

4.      Agostinho não ensinava diferentemente de Jerônimo.

5.      Portanto, era uma questão de levar às últimas consequências as palavras de Agostinho que poderia chegar a ser “doutrina de perdição”, e não que a realidade fosse essa. Prova essa que Jerônimo pede a Agostinho que use sua pena contra as ideias da seita de Cerinto e Ebion, e não contra as suas, que não passagem de um resumo de comentários antigos.

Queira o Senhor Jesus que todas as divisões sejam tais como as que tiveram Santo Agostinho e São Jerônimo como vimos acima.

Gledson Meireles.


[i] cf. I am well assured that your prayer as well as mine is, that in our contendings the victory may remain with the truth.
[ii] but that all things in Scripture are to be received literally as they stand.
[iii] By which I have made it manifest that I did not adopt finally and irrevocably that which I had read in these Greek authors, but had propounded what I had read, leaving to the reader's own judgment whether it should be rejected or approved.
[iv] I do not presume to dogmatize in regard to things of great moment.
[v] In the following context, again, he adds: Then, fourteen years after, I went up again to Jerusalem with Barnabas, and took Titus with me also. And I went up by revelation, and communicated unto them that gospel which I preach among the Gentiles; proving that he had not had confidence in his preaching of the gospel if he had not been confirmed by the consent of Peter and those who were with him.
[vi] No one can doubt, therefore, that the Apostle Peter was himself the author of that rule with deviation from which he is charged.
[vii] Nor is there, after all, a great difference between my opinion and yours: for I say that both Peter and Paul, through fear of the believing Jews, practised, or rather pretended to practise, the precepts of the Jewish law; whereas you maintain that they did this out of pity, not with the subtlety of a deceiver, but with the sympathy of a compassionate deliverer. But by both this is equally admitted, that (whether from fear or from pity) they pretended to be what they were not. As to your argument against our view, that he ought to have become to the Gentiles a Gentile, if to the Jews he became a Jew, this favours our opinion rather than yours: for as he did not actually become a Jew, so he did not actually become a heathen; and as he did not actually become a heathen, so he did not actually become a Jew. His conformity to the Gentiles consisted in this, that he received as Christians the uncircumcised who believed in Christ, and left them free to use without scruple meats which the Jewish law prohibited; but not, as you suppose, in taking part in their worship of idols. For in Christ Jesus, neither circumcision avails anything, nor uncircumcision, but the keeping of the commandments of God.
[viii] And if you happen to write me a letter, Italy and Rome are sure to be acquainted with its contents long before it is brought to me, to whom alone it ought to be sent.
[ix] Do you, who are young, and who have been appointed to the conspicuous seat of pontifical dignity, give yourself to teaching the people, and enrich Rome with new stores from fertile Africa.) [From Jerome to Augustine (A.D. 404) em http://www.newadvent.org/fathers/1102075.htm]
[x] for I know that you are a Christian, and will not be guilty of a profane action

domingo, 29 de novembro de 2015

O papa Vítor I e a controvérsia sobre a data da Páscoa

As igrejas da Ásia comemoravam o dia 14 de Nisã como os judeus, onde o jejum da quaresma terminava nessa data, indiferentemente do dia da semana que caísse a mesma. O restante das igrejas em todo o mundo celebrava a páscoa no dia de domingo. Escreve Eusébio: “Mas não era costume celebrá-la dessa maneira nas igrejas do restante do mundo que observam a prática que subsistiu pela tradição apostólica até o presente...”

Vendo isso ficamos informados que havia na Ásia uma tradição antiga em celebrar a páscoa em data diferente do restante da Igreja no mundo, e que essa tradição local, embora antiquíssima, não era considerada apostólica, mas um “costume transmitido por seus pais”, afirmavam os bispos da Ásia.

Eles achavam estar seguindo o que seguiram o apóstolo São João e tantos outros, e a regra de fé da Bíblia. Mas, Vítor, o bispo de Roma, que era portanto papa, ainda que naquele momento o título não fosse usado exclusivamente a ele, o papa Vítor desligou as igrejas da Ásia e outras, por esse motivo. Porém, diante disso muitos bispos não concordaram com a dureza da papa. E então: “Eles o exortaram de imediato, pelo contrário, para considerar aquele curso calculado para promover a paz, a unidade e o amor mútuo”.

O bispo Polícrates da Ásia estava convicto na sua posição. O bispo Vítor I (189-198) de Roma lançou o anátema e excomungou as igrejas dissidentes. Outros bispos amigos de Vítor o exortaram a considerar a paz e a união e usar o momento para fomentar esses valores.

Os bispos foram severos contra Vítor. Santo Ireneu escreve ao papa Vítor para não dividir, cortando igrejas de Deus que observavam um costume antigo, e que aquelas diferenças estabeleciam a fé comum entre as comunidades: “e a própria diferença em nosso jejum estabelece a unidade em nossa fé”. É como afirmar que os jejuns em dias e formas diferentes unia a todos, pois todos jejuavam.

Então, Santo Ireneu cita a tradição dos papas Sotero, Aniceto, Pio, Higino, Telésforo e Xisto, que permitiam as igrejas da Ásia agirem assim. Dessa forma, era conhecida de Roma a prática dos cristãos da Ásia Menor.

Menciona o caso de São Policarpo discutir questões com o papa Aniceto (154-166), mas logo entrando em concordância. São Policarpo afirmava seguir a tradição que aprendeu do apóstolo João, e Aniceto afirmava seguir os seus predecessores. Eusébio afirma que Aniceto cedeu à opinião de Policarpo “sem dúvida por respeito”. (Eus. Ces. Hist. Ecl. Liv. XXIII, XXIV) Assim, no lugar que muitos lêem que o papa Aniceto recebeu ordem de Policarpo, o que está na História é outra afirmação, ou seja, de que ambos discutiram questões, mas que respeitosamente, por consideração ao irmão Policarpo, o bispo Aniceto aceitou sua posição e cedeu.

Pelo exposto, pode-se extrair vários fatos. A Igreja geralmente observava a Páscoa no domingo, enquanto que algumas regiões, como a da Ásia Menor, mantinha tradição antiga, segundo afirmavam vir de São João, de que a páscoa era celebrada em 14 de Nisã, como no Antigo Testamento. Mas, ainda em Jerusalém e em outros lugares os judeus modificaram o dia de celebração após a destruição da cidade.

O papa Vítor I excedeu no zelo, visto que nenhum dos seus predecessores havia tomado semelhante atitude, e parece ter sido uma opinião particular, considerando que os bispos em geral foram contrários à decisão do papa, e como o foi Santo Irineu.

Disso vemos que o papa Vítor I era reconhecido em sua autoridade, pois convocou sínodos regionais vários, e lançou ação disciplinar sobre uma região distante de Roma, e todos viram normalidade em sua atitude, não concordando apenas que a mesma devesse ser realizada, por pensarem ser questão de menor monta, e que os papas anteriores conscientes da matéria não fizeram o mesmo.

As repreensões de Santo Irineu e dos bispos ao papa Vítor I são vistos por muitos como exemplo de que não reconheciam a autoridade suprema do papa. Mas, tudo o que girou em torno da questão mostra o contrário.

De fato, mostra aquela ocasião muitas características da Igreja Católica naqueles tempos que são as mesmas hoje. Em meados do século 2º São Policarpo vai a Roma conversar com o papa sobre questões polêmicas, mas que não atacavam o dogma. A atitude do papa e do santo foi de manter a paz, deixando as questões de datas, e etc., em segundo plano. O fato de ir a Roma tratar da questão com seu bispo já denota a autoridade do papa em pleno século 2º, reconhecida por alguém que conviveu com os apóstolos.

O que escreveu Santo Irineu é também de importância para entender o poder do papa no tempo de Vítor I. O santo critica a atitude de dureza desnecessária do pontífice, mas não nega seu direito de tomá-la. Vítor havia convocado sínodos em diversas áreas, como na nas Gálias, onde presidia o bispo Irineu, e na Palestina. Os demais bispos foram contrários a Vítor, mas o que puderam fazer foi tentar demovê-lo da sua atitude, não negar sua autoridade.

Ainda, santo Irineu cita para argumentar com Vítor que os bispos de Roma que vieram antes dele foram todos tolerantes para com essas questões de importância menor. Essa era opinião de Irineu, de que não poderia introduzir divisão por coisas de pouca monta como essa. Assim afirma dos papas: “em tempo algum desligaram alguém só por causa da forma”. Esses papas não guardavam o 14 de Nisã, e nem permitiam que outros guardassem costume diferente daquele mantido em Roma, mas permitia que outras igrejas nas demais localidades mantivessem costumes tradicionais diferentes, “na forma”, coisas que não afetavam o dogma.  Essa é a prova de que o papa de Roma podia desligar igrejas.

A questão das datas era complicada, pois na Ásia pensavam estar seguindo o costume de São João, mas em Roma o papa afirmava seguir seus predecessores, o que remonta ao apóstolo São Pedro. O fato que reforça a posição de Roma contra a opinião do bispo Polícrates é que segundo Eusébio, e confirmado pela argumentação de Santo Irineu, as demais igrejas particulares do mundo estavam unidas na mesma tradição com a comunidade de Roma, o que põe a região da Ásia como de tradição mais recente.

E santo Irineu que presidia na Gália não escreveu com autoridade igual ao bispo de Roma, mas como era de costume seu, enviava escritos para exortar e ensinar a muitos outros bispos, em questões polêmicas, como afirma Eusébio, com o fim de manter paz e unidade. Irineu concordava com o papa, mas era tolerante àqueles que guardavam a “tradição de um costume antigo”. As divergências, explica santo Irineu, vem da pouca exatidão que os antigos conseguiram guardar quanto aos fatos. Ele diz: “talvez, não tendo regulado com rigidez suficiente, estabeleceram a prática que nasceu de sua simplicidade e inexperiência.” Mostra assim que acreditava na boa disposição dos outros que não mantinham a mesma data, e outras coisas de natureza igual, mas que pensava que isso foi resultado de perda da tradição apostólica naquele caso. Exortava a todos a manter a tolerância nessas coisas.

Eusébio afirma que Irineu era “promotor da paz, exortou e negociou questões tais como essa pela paz das igrejas”. Escrevia com sugeridas exortações, não como alguém que presidia outras comunidades, e isso fica claro pelo contexto do que diz.

De outra forma foi a posição de Vítor, que escreveu não para exortar e sugerir algo, mas com autoridade, não negada, e excomungou bispos e cristãos de outras localidades, usando e prerrogativa legítima. Isso explica que os que não ficaram satisfeitos com essa posição do papa tentassem dissuadi-lo dela. O que fez Santo Irineu foi positivo, pois evitou a excomunhão do bispo Polícrates e dos cristãos da Ásia, que ficaram todos em comunhão com Roma, tolerados em celebrar na data que aprenderam, não havendo cisma.

A fim de maior esclarecimento, Santo Irineu chamou Roma de “maior e mais antiga igreja”, não em consideração a estar sediada na grande capital do Império, e por ter sido fundada por Pedro e Paulo, como ele mesmo afirma esse último fato, mas afirma também “aquela igreja que tem a tradição e a fé que vem a nós depois de ter sido anunciada aos homens pelos apóstolos”. Além disso, que já é o bastante para mostrar a exclusividade da Igreja em Roma na doutrina cristã por sua fundação, Santo Irineu afirma que: “Com essa igreja, por causa da sua superior origem, todas as igrejas devem concordar”. Esse é o bastante para entender a posição da Igreja de Roma nas questões doutrinais, mas ainda há mais na obra de Santo Irineu. (Against Heresies, 3:3:2 [A. D. 189] em www.catholic.com.) É por isso que o papa Vítor I tinha tal autoridade sobre as outras igrejas.

Com referência o tempo do papa Clemente, quando São Policarpo ainda vivia, esse escreveu uma Epístola aos Coríntios, para resolver questões naquela igreja. Muitos supõem que tal fato era corriqueiro, um costume de bispos exortarem igrejas em outras localidades, assim como faziam os apóstolos, e que não deveria esse fato servir de pretexto para pensar na autoridade papal de Clemente.

No entanto, para quem assim pensa, o ônus da prova está do seu lado, pois São Clemente foi papa, e escreveu sua epístola com tal autoridade. Embora a prova esteja na responsabilidade de quem nega, acima está a prova da autoridade papal de Clemente, para servir a quem quiser compreender melhor as verdades cristãs.

Na epístola ainda há muitas outras verdades. Uma delas é que São Clemente afirma, no capítulo 5 de sua carta, que após São Pedro dar o seu testemunho, ele “partiu ao lugar de glória devido a ele”, em outras palavras, ele partiu para o paraíso, ele partiu para o céu. De São Paulo ele disse o mesmo, afirmando que “partiu para o lugar santo”. Para quem nega a imortalidade da alma, esse lugar de glória fica sem sentido. Mas como Clemente cria na doutrina de que os santos vão para o céu antes da ressurreição, é isso que ele está afirmando.

Em toda a discussão sobre a questão da data da Páscoa também aparece, na menção de Eusébio, algo da tradição das virgens consagradas, como as filhas de Filipe. Também o fato do jejum para a Páscoa é um costume da Igreja em todos os lugares, e de tradição apostólica, mantido até os dias atuais, com mudanças apenas na forma, como afirma Santo Irineu, mas na unidade de doutrina. Tudo o que está aqui foi apresentado segundo documentos da história da Igreja, de acordo com sua apresentação.

Gledson Meireles.

domingo, 22 de novembro de 2015

Sobre um artigo a respeito do milenarismo

O apologista Lucas Banzoli, escreve um blog contra as doutrinas cristãs católicas, as quais considera heresias. O último publicado até o momento é o artigo O milenarismo dos Primeiros Pais da Igreja onde afirma haver, de forma evidente, para “qualquer um que estude com atenção os escritos destes primeiros Pais”, o “consenso unânime pelo pré-milenismo.” (ênfase no artigo original)

Começando pelo documento Didaquê (60-90), que fala da herança da terra aos santos, passando por Policarpo (69-155), que diz: “Aquele que o ressuscitou dos mortos também nos ressuscitará, se fizermos a sua vontade, se caminharmos em seus mandamentos,” (ênfase no artigo original), Santo Irineu (130-202), São Justino (100-165), Pápias (70-155), com a confirmação dessa realidade por São Jerônimo e Eusébio de Cesaréia, no século IV, o autor mostra o que encontrou em seu estudo.

Mas, como pede o seguinte favor: “Se alguém tiver um testemunho contrário que remeta a algum Pai da Igreja do século I ou II, por favor, me informe, para que eu possa incluir alguma coisa nos outros quadros. O resultado, até agora, é esmagador em favor do pré-milenismo.”, o que escrevi pode servir de ajuda. Ajuda essa não para apenas enriquecer o quadro com novas informações, mas para mudar essencialmente o que foi dito no artigo, se possível.

 O autor afirma ter estudado todos os primeiros padres da Igreja e não encontrado um único deles que não advogasse o milenarismo.

Após estudar todos os escritos dos primeiros Pais, não tive acesso a absolutamente nenhum que cresse em outra coisa que não o milenarismo, o que torna enormemente improvável que essa doutrina não tenha vindo dos apóstolos, a não ser que todos os primeiros Pais tivessem sido facilmente enganados por Papias (conforme a teoria fracassada de Eusébio), ou se entraram em conluio para corromper a doutrina apostólica (teoria igualmente fracassada).

Sendo assim, é pouco provável que eu inclua alguma novidade para o autor aqui, embora eu acredito que posso fazer isso. O autor explica a razão da mudança da visão pré-milenista para o amilenismo do seguinte modo: “Um fenômeno que ocorreu progressivamente na medida em que os Pais da Igreja do início do terceiro século foram abandonando a doutrina da mortalidade natural e adotando o ponto de vista imortalista foi a substituição do pré-milenismo pelo amilenismo, e da eternidade na terra pela eternidade no Céu.” (fonte indicada no artigo)

Pois bem. Iniciando por São Justino, esse afirma que era de opinião de que haveria um reino milenar literal com a reconstrução de Jerusalém, mas que muitos cristãos de fé pura e piedosa não pensavam assim. Essa informação não o tira do grupo dos milenaristas, mas introduz uma informação essencialmente diferente, pois mostra que opinião diversa da que advogava era mantida por cristãos de correta doutrina.[1] Veja a afirmação: “muitos que pertencem à pura e piedosa fé, e são verdadeiros cristãos, pensam de outra forma”. Ou seja, muitos cristãos verdadeiros não criam no mileranismo, e não são rejeitados por São Justino, pois essa opinião pessoal dele não era percebida como de essência herética, nem a dos demais.

Dessa forma, São Justino não demonstra uma opinião robusta, como se fosse de origem apostólica, de forma a não aceitar outros pontos de vista. Esse dado mostra que a posição de São Justino não advoga uma tradição apostólica para aquilo que ensina. Era  o que podemos afirmar que uma interpretação plausível.

Por essa razão, está errado afirmar que todos os cristãos criam da mesma forma que Justino, ou seja, no reino milenar ou milênio literal na terra: “Justino (100-165) não apenas mostra sua opinião pessoal do assunto, como também afirma que todos os cristãos de bem estavam convictos de que haveria um milênio literal na terra.>” (ênfase no artigo original) Foi uma leitura errada do que escreveu São Justino no final do capítulo 80 em seu Diálogo com Trifão.[2] Ele diz que ele e outros cristãos que estavam corretos em todos os pontos criam no milenarismo, e não que todos os cristãos corretos criam assim.

São Justino, Santo Ireneu, discípulos de São Policarpo, e tantos outros cristãos fieis, mas também os hereges, criam na fase de 1000 anos literais do reino de Cristo na Terra.

Porém, São Clemente de Roma cita a habitação dos salvos na terra, mas isso não prova que advogasse o milênio.

Hegesipo (170) também não era milenarista. Ele escreveu que Cristo viria no fim dos tempos, em glória, para julgar os vivos e os mortos e dar recompensa a todos conforme as obras.[3] Essa não é uma posição pré-milenista. De fato, ele não menciona os mil anos, e afirma que o reino começa a partir do juízo final, com a recompensa dada aos salvos. Essa é a posição da Igreja Católica.

O Pastor de Hermas foi uma obra considerada inspirada por muitos nos primeiros séculos. Por isso, é de uma autoridade inegável. Foi escrita no início do segundo século, e não há nela a doutrina do pré-milenarismo.

Além disso, alguns fatos devem nos auxiliar a pensar que o pré-milenarismo não foi a visão totalmente mantida desde a era apostólica. Por exemplo, Tertuliano foi milenarista, mas Orígenes não. Na mesma época Hipólito adotava o milenarismo, assim como consta o mesmo de São Cipriano.

Assim também parece ter sido o caso, comparando Lactâncio, milenarisa, e Eusébio, contrário a essa doutrina, ambos vivendo no mesmo período. Foi assim que, anos mais tarde, Santo Agostinho forneceu uma crítica ampla sobre o tema, explicando como original a doutrina do amilenismo. A Igreja nunca favoreceu a posição milenarista.

Gledson Meireles.


[1]  “I am not so miserable a fellow, Trypho, as to say one thing and think another. I admitted to you formerly, that I and many others are of this opinion, and [believe] that such will take place, as you assuredly are aware; but, on the other hand, I signified to you that many who belong to the pure and pious faith, and are true Christians, think otherwise.” (Dialogue with Trypho, 80)
[2] “But I and others, who are right-minded Christians on all points, are assured that there will be a resurrection of the dead, and a thousand years in Jerusalem, which will then be built, adorned, and enlarged, [as] the prophets Ezekiel and Isaiah and others declare.” (site www.newadvent.org)
[3] Being then asked concerning Christ and His kingdom, what was its nature, and when and where it was to appear, they returned answer that it was not of this world, nor of the earth, but belonging to the sphere of heaven and angels, and would make its appearance at the end of time, when He shall come in glory, and judge living and dead, and render to every one according to the course of his life.” (ênfase dada para o artigo no site pesquisado.)

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Os primeiros batismos da Igreja Católica

Os que receberam a sua palavra foram batizados. E naquele dia elevou-se a mais ou menos três mil o número de adeptos. (Atos 2,41)

Depois do primeiro sermão cristão, feito por São Pedro em Jerusalém, 3000 pessoas aproximadamente são batizadas. Esse batismo foi feito por aspersão ou infusão, ou seja, aspergindo ou derramando a água sobre a pessoa.

Continuando o caminho, encontraram água. Disse então o eunuco: Eis aí a água. Que impede que eu seja batizado? (Atos 8, 36)

O original grego afirma que foi encontrado um pouco de água, ou alguma água. Na região entre Jerusalém e Gaza não existem rios ou lagos, mas pequenas nascentes. O que era necessário já havia: água. Então, o batismo do eunuco foi por aspersão ou infusão.

No mesmo instante, caíram dos olhos de Saulo umas como escamas, e recuperou a vista. Levantou-se e foi batizado. (Atos 9, 18)

O batismo de São Paulo foi feito em uma casa, no mesmo instante em que recuperou a vista, levantando-se e recebendo o batismo por aspersão ou infusão.

Então, naquela mesma hora da noite, ele cuidou deles e lavou-lhes as chagas. Imediatamente foi batizado, ele e toda a sua família. (Atos 16,33)

O batismo do carcereiro e de todos os seus foi feito à noite, em casa, por aspersão ou infusão.

Os primeiros batismos foram feitos por aspersão ou infusão e não por imersão.
 
Aprofundamento: vídeo do apologista Paulo Leitão.
https://www.youtube.com/watch?v=YHT5ZAccHlc&noredirect=1
Gledson Meireles.

sábado, 14 de novembro de 2015

As formas e a natureza do batismo na Igreja primitiva

A forma comum de batismo na Igreja Católica  hoje é a infusão. Mas as formas de imersão e aspersão são igualmente válidas. Essa é a doutrina da Igreja, conforme explícita no Catecismo da Igreja Católica, e praticada durante toda a história cristã. São assim explicados os dois primeiros modos citados acima:

O batismo é realizado da maneira mais significativa pela tríplice imersão na água batismal. Mas desde a antigüidade ele pode também ser conferido derramando-se, por três vezes, a água sobre a cabeça do candidato”. (CIC, 1239)

Depreende-se do exposto que a maneira que melhor significa o batismo, exteriormente, é a imersão. Mas que a infusão pode igualmente ser usada. Ainda que em muitos lugares essa forma é uma possibilidade diante de circunstâncias que impedem o uso da imersão, a Igreja escolhe por usar o segundo modo em geral, desde que a doutrina permaneça intacta.

A forma usual entre a maioria dos protestantes é a imersão. Ou seja, é justamente o contrário, na prática, do que acontece no Catolicismo ocidental. Mas, não é a forma a única diferença, pois de outro modo não haveria problema, como não há entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa, quanto a isso, onde as três formas podem ser aplicadas, segundo as circunstâncias, sem problema. O significado do batismo é o mesmo nas duas igrejas. Diferentemente, o que difere a posição católica daquela adotada em grande parte do Protestantismo gira em torno de outra coisa: a própria essência do batismo.

Não adianta brigar por algo que não é motivo de briga. Pelo menos quanto a alguns grupos, pois é claro que a tradição batista tem ordinariamente o batismo de crentes e por imersão a única forma válida. Nesse caso, o debate é inevitável.

No entanto, a forma de batismo por imersão não é anatematizada pela igreja, como visto acima. Não é também motivo importante frisar que a Igreja atual, no Ocidente, prefere a forma menos usada durante séculos em vários lugares. Isso não supõe mudança na essência da doutrina, mas apenas uma escolha entre formas lícitas. A forma mais próxima do simbolismo batismal é a imersão, e a Igreja crê nisso, e o admite no próprio Catecismo. Alguém poderia perguntar: Por que então não usar a forma mais indicada simbolicamente? Trata-se, a meu ver, por questões práticas, por uma escolha da Igreja.

Mas, tendo que o batismo possui uma simbologia e uma realidade, a parte real não pode ser mudada de forma alguma, assim também as formas exteriores possuem cada uma sua característica.

Uma pessoa batizada por aspersão, num lugar onde não foi possível fazê-lo de outra forma, é igualmente sepultada com Cristo e ressurgida para uma vida nova, em realidade, perdendo apenas a simbologia do ato de imersão, que faltou na forma conferida no seu batismo. Não faltou, porém, a efetivação da ação do Espírito Santo.

Mas, ao que parece, o artigo O batismo por imersão na igreja primitiva reclama o fato da Igreja Católica adotar hoje justamente a forma que era usada em caso de impossibilidade da forma padrão ser aplicada. Isso é o que entende-se da publicação acima.

Por que os cristãos da época teriam “piscinas” em seus templos, se para realizar o batismo era necessário apenas um pouquinho de água jogada na cabeça do batizado?” (citação do artigo acima)

Essa questão não cria problema algum, pois parece supor que o batismo somente era por imersão, sendo a infusão uma forma ilícita. O autor não quis dizer isso no artigo, é apenas o que pode-se deduzir desse questionamento em particular.

Ainda, a presença de piscinas-batistérios nas igrejas é prova arqueológica daquilo que sabemos, ou seja, de que o batismo era feito por imersão em grande escala.

No entanto, ao final do artigo o autor critica a escolha católica de um modo não-padrão em comparação com aquele usado nos tempos antigos, e fecha o assunto assim:

Nada novo debaixo do sol para uma igreja bastante conhecida por inovações doutrinárias travestidas de “desenvolvimento da doutrina”.

Por isso, e sendo um tema de extrema importância, resolvi escrever algo que contribua para o entendimento do que é mais importante nesse assunto, e que é a doutrina do batismo.

Sabemos que a forma da imersão é mais apropriada para simbolizar a descida às profundezas da morte (ao sheol) e a subida para a vida (a ressurreição) como Cristo fez. Mas, esse simbolismo não é o essencial do batismo. A realidade do mesmo o é: ainda que pela infusão ou aspersão, há o efeito igual do batismo, ficando somente sua forma exterior destituída dessa simbologia. A parte real permanece intacta.

Em Romanos 6,3-4 o batismo é mostrado como para o sepultamento na morte com Cristo e para a ressurreição, e em Colossenses 2,12 São Paulo afirma que fomos sepultados no batismo e ressuscitamos com Cristo mediante a fé. Não há simbologia aqui, mas o tratamento do efeito interior do batismo. O texto afirma o efeito do batismo.

Certamente, o protestante tem outra opinião, e não lê literalmente o que está posto acima. Mas, isso não afeta o caso que proponho refletir, que é a unidade de fé sobre o batismo que há entre os cristãos católicos hoje e aqueles dos séculos anteriores.

O autor critica a ‘inovação’ da Igreja Católica em mudar a forma usual, aplicada durante séculos na Igreja, para adotar mais comumente uma das formas menos usadas, que é a infusão. Isso foi o que entendi.  Mas, uma coisa merece ser lembrada: as três formas foram usadas, as três possuem, então, a mesma eficácia, e as três são reconhecidas até os dias de hoje pela Igreja Católica, sendo muitas vezes usadas no Ocidente, e mesmo no Brasil, e que o sentido do batismo permanece o mesmo, sem qualquer mudança.

Não é preciso muito esforço para ensinar a um cristão católico que a forma antiga de batismo na Igreja foi naturalmente a imersão. O Catecismo, em seu número 1214, explica que o sentido de batizar é “mergulhar”, “imergir”, e que “o “mergulhosimboliza o sepultamento do catecúmeno na morte de Cristo.”

Se alguém estudar o Catecismo verá que a mensagem é, em resumo, que o batismo sepulta na morte de Cristo, e chama-se “banho” porque realmente lava. Para essa explicação o Catecismo cita São Gregório de Nazianzo. Não se trata, portanto, de uma simbologia apenas, mas de uma simbologia atrelada a uma realidade efetivada no instante mesmo do ato batismal.

São Barnabé escreve que descemos às águas batismais cheios de pecado e subimos para dar frutos, ou seja, limpos e transformados. É o que devemos entender.[1]

Usando a versão citada no artigo que citei: “Isso significa que descemos para a água carregados de pecados e poluição, mas subimos dela para dar frutos em nosso coração, tendo no Espírito o temor e a esperança em Jesus. ‘Quem comer deles viverá eternamente’, quer dizer: quem escutar, quando tais palavras são ditas, e crer nelas, viverá eternamente

A descida para o batismo é feita repleta de pecados, enquanto que na saída da água já não há mais pecado, pois afirma Barnabé que “subimos dela para dar frutos em nosso coração”. O perdão ocorreu no batismo, segundo ensina Barnabé. O Catecismo Romano explica o batismo, no mesmo sentido: “Por natureza, nascemos de Adão como filhos da ira, mas o Batismo nos faz renascer em Cristo como filhos da misericórdia.

São Justino (100-165) explica a forma com que os cristãos dedicam-se a Deus, quando os cristãos são “feitos novos através de Cristo”. E continua afirmando: “Então eles são trazidos por nós aonde há água, e são regenerados na mesma maneira na qual nós mesmos fomos regenerados.” (1ª Apologia 61,3.10)

Como citado no artigo que comento, Tertuliano escreve o mesmo sobre o significado correto do batismo:

O ato do batismo em si é carnal, pois estamos mergulhados na água, mas o efeito é espiritual, pois somos libertados do pecado”. (ênfase acrescentada no artigo citado)

Aqui podemos enfatizar não somente a forma do batismo, que é a imersão, mas o efeito, que é a libertação do pecado. Vamos ler novamente com essa ênfase:

O ato do batismo em si é carnal, pois estamos mergulhados na água, mas o efeito é espiritual, pois somos libertados do pecado”.

Tertuliano faz a distinção do ato material de batizar, e o efeito interno conferido por Deus, que é a libertação do pecado.

Tertuliano sabia disso muito bem. Por esse motivo, havia sugerido que fossem batizados aqueles que tivessem realmente o desejo para tal, e que devessem pedir o batismo, para não ocorrer que uma vez assim lavados dos pecados, voltassem à iniquidade. Conferir o batismo aos bebês seria um ‘perigo’, digamos, pois sem o saber, sem conhecer a grandiosidade desse sacramento, talvez pudessem negligenciá-lo em sua vida. Essa é portanto a opinião de Tertuliano.

Ele escreve que “a demora do batismo é preferível, principalmente, portanto, no caso de crianças pequenas”. (tradução do autor) E por isso aconselhava que esperasse que as crianças fossem “capazes de conhecer a Cristo”. Os motivos não são que o batismo fosse “simbólico”, ou que somente a fé individual seria a base para a realização do mesmo, mas que por ser o momento de remissão dos pecados, adoção de filho de Deus, alguém não fosse batizado sem a devida preparação, e para que não ocorra o “desenvolvimento de uma má disposição” no batizado quando esse tiver em uma certa idade. O período de inocência poderia esperar para que o mesmo pedisse a salvação. Esse é o argumento de Tertuliano, que não enquadra-se perfeitamente nos argumentos dos fautores do batismo de crentes, mas que mantém a essência da doutrina católica.[2]

São Cirilo de Jerusalém ensina que o batismo purifica a alma: “Pois assim como o homem é de natureza dupla, alma e corpo, a purificação também é dupla, uma incorpórea para a parte incorpórea, e a outra corporalmente para o corpo: a água limpa o corpo, e o Espírito sela a alma, para que possamos aproximar de Deus, tendo nosso coração aspergidos pelo Espírito, e nosso corpo lavados com a pura água.[3] (tradução do autor). E para provar essa asserção, de que o batismo é necessário para a salvação, São Cirilo cita João 3,3.[4] A teologia batismal ensinada por São Cirilo é magnífica.

Na outra citação de São Cirilo, feita no artigo comentado, que havia enfatizado o fato do batismo por imersão, podemos fazer uma comparação à doutrina católica do batismo que afirma serem as águas santificadas no momento do batismo de Cristo no Jordão.

Primeiro a ênfase na forma de imersão:

Ele [Jesus], quando banhado no rio Jordão e comunicando às águas a força da Divindade, delas saiu e se produziu sobre ele a vinda substancial do Espírito Santo, pousando igual sobre igual. Também a vós, ao sairdes das águas sagradas da piscina, se concede a unção, figura daquela com que Cristo foi ungido” (citação usada no artigo comentado)

Agora, com a ênfase nesse outro aspecto:

Ele [Jesus], quando banhado no rio Jordão e comunicando às águas a força da Divindade, delas saiu e se produziu sobre ele a vinda substancial do Espírito Santo, pousando igual sobre igual. Também a vós, ao sairdes das águas sagradas da piscina, se concede a unção, figura daquela com que Cristo foi ungido

O efeito do batismo é também ratificado por São Cirilo, quando ensina que recebemos o Espírito Santo como Cristo recebeu em Seu batismo: “ao sairdes das águas sagradas da piscina, se concede a unção”. Assim, também, quanto a um dos efeitos do batismo, São Justino escreve: “possamos obter na água a remissão dos pecados anteriormente cometidos”.

Aprendemos com isso que a Igreja Católica ensina o mesmo que todos esses documentos citados ensinam, ainda que esses testemunham a norma familiar, naquele momento, como sendo o modo de imersão do batismo.

É interessante o ataque por motivo de mudança na forma exterior adotada no batismo, e o silêncio e a aceitação quanto à profunda transformação da doutrina em sua acepção invisível adotada hoje em muitas igrejas. Não falo do fato de muitas igrejas ensinarem diferentemente do que ensinam os documentos citados neste artigo, mas sim do fato de que há mudança entre o que ensinam hoje, quanto ao efeito do batismo, e o que ensinaram, por exemplo, a Didaqué, Tertuliano, São Justino, São Cirilo de Jerusalém,  Santo João Crisóstomo.

Nada de novo debaixo do sol do que discutir por questões superficiais (não que isso não seja edificante também) deixando aquelas de cunho mais profundo de lado.
Obs.: em contato com o autor do artigo que comentei, soube que ele crê na remissão dos pecados no batismo e que o batismo lava os pecados. Portanto, o que está escrito acima dirige-se particularmente a quem nega esses efeitos batismais.

Gledson Meireles.
 
Comentário do artigo: <http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/11/o-batismo-por-imersao-na-igreja.html>


[1] This means, that we indeed descend into the water full of sins and defilement, but come up, bearing fruit in our heart, having the fear [of God] and trust in Jesus in our spirit. And whosoever shall eat of these shall live for ever, This means: Whosoever, He declares, shall hear you speaking, and believe, shall live for ever.

[2] Do Batismo, c. 18
[3] For since man is of twofold nature, soul and body, the purification also is twofold, the one incorporeal for the incorporeal part, and the other bodily for the body: the water cleanses the body, and the Spirit seals the soul; that we may draw near unto God, having our heart sprinkled by the Spirit, and our body washed with pure water.
 
[4] For, in the name of God, the Father and Lord of the universe, and of our Saviour Jesus Christ, and of the Holy Spirit, they then receive the washing with water. For Christ also said, Unless you be born again, you shall not enter into the kingdom of heaven. John 3:5