sexta-feira, 19 de julho de 2024

Mediação necessária de Jesus

Um protestante fez uma crítica ao que o padre Júlio Lombarde escreveu sobre a mediação de Maria. Abaixo o leitor encontrará uma explicação mais pormenorizada daquilo que o padre escreveu e de como foi entendida pelo protestante, e onde incorreu em erro o protestante. 

O padre Júlio afirma que Jesus é o único mediador em um sentido que não nega a mediação de Maria.

Depois explica que Jesus é o único mediador entre Deus e os homens, e Maria é medianeira entre Cristo e os homens. Ela tem mediação ministerial e dispositiva.

Isso explica tudo, mas o protestante não aceita. De fato, toda a Igreja é medianeira, tanto na terra como no céu, “todos os Santos são intercessores, Medianeiros junto ao Christo”, escreve o padre Júlio. E afirma logo a seguir, que essa é doutrina muito simples e muito lógica.

E de fato o é. Quem pode negar que somos intercessores? Ninguém pode negar que qualquer cristão pode pedir a Cristo em favor de outra pessoa. Ele não pode ir diretamente a Deus Pai, mas tem o dever de ir a Deus por intermédio do Filho, e por isso reza em Nome de Jesus. Assim, o que o padre está afirmando de Maria é que ela é intercessora como todos os outros santos. Afirma, também, que por ser mãe de Jesus ela é especial. Isso também tem toda a lógica bíblica, daquela que é bendita entre as mulheres. Maria é medianeira “na mesma ordem, que todos os Santos”, é preciso frisar.

Após isso, o padre Júlio explica o que é a mediação necessária e a mediação útil. Ele utiliza  argumentos para mostrar a lógica e o fundamento dessa mediação.

Ele usa de uma comparação, de Carlos de Laet, onde a água é necessária para a vida, e o encanamento que traz a água é útil. Podemos ir à fonte buscar água, mas não dispensamos o encanamento.

É claro que toda a comparação é limitada, mas faz todo sentido. Podemos ir a Cristo diretamente, mas não podemos dispensar a mediação útil de Maria, a mediação útil dos santos, a mediação útil de todos os irmãos na terra e no céu. É isso que o padre Júlio está explicando.

Mas, eis que o protestante raciocina de outro modo. A água é necessária, e nos vem até nossas casas pelo encanamento. Não há como ir buscar água na fonte, e sempre a temos por meio dos canos de água. Então, nunca podemos ir a Jesus, sempre necessitamos de Maria. Então, ao invés desse encanamento nos levar à fonte, ou trazer a fonte a nós, ele nos mantém longe da fonte.

Percebe-se por esse raciocínio que tudo foi mudado, e que a comparação da água com o encanamento tornou-se um modo herético de explicar a doutrina acima.

De fato, essa forma de explicação nega o que foi mostrado antes. De fato, foi dito que a mediação de Jesus é necessária, e que a Mediação de Maria é útil. O que é necessário não pode deixar de ser buscado, mas o que é útil o pode. Assim, em nenhum momento foi dito que a mediação útil de Maria, comparada ao encanamento deve ser sempre buscada, pois desse modo ela se tornaria necessária. Isso é mudar toda a explicação que o padre Júlio forneceu.

Ele utiliza a comparação para afirmar que é bom e mais conveniente, mais confortável, usar do encanamento, e com isso dizer que a mediação de Maria é muito boa, assim com a mediação dos santos. Nada mais do que isso. Não se pode, por meio da crítica, tornar a mediação de Maria necessária, quando a doutrina católica, e o que diz o apologista católico, foi justamente o contrário, pois mostrou que se trata de uma mediação útil, e que por isso pode não ser usada. Portanto, a forma de criticar essa límpida mensagem foi errônea, e por isso não a compreendeu.

Ainda, assim como não se destrói o encanamento por não ser necessário, mas útil, não se pode negar e combater a mediação de Maria e dos santos. Essa é a lição.

Também o caso do ministro que governa entre o presidente e o povo. Caso alguém peça à mãe do ministro um emprego, o ministro não ficaria ofendido por alguém não ter pedido isso diretamente a ele, mas teria o valor de pedido e de intercessão.

Essa comparação serve apenas para mostrar que a intercessão de Maria não ofende Jesus. É limitado o alcance da comparação, mas é útil, faz-nos entender melhor, e não se pode a partir dela tirar conclusões opostas ao que foi intencionado.

De fato, o protestante pensa o seguinte: o ministro não está disponível, é muito distante do povo, mas sua mãe pode fazer o pedido que desejamos. Então, isso torna, na comparação, Jesus alguém distante e difícil de ser encontrado, enquanto sua mãe é próxima e benevolente para interceder. Isso é o que o padre Júlio não disse, pois desse modo a intercessão da mãe seria necessária, pois ninguém poderia ir direto ao ministro, muito menos ao presidente. Dessa forma, a crítica protestante parece não entender a doutrina nem as comparações, e tenta usar as próprias comparações contra a doutrina.

Por fim, o padre Júlio explica que os santos são amigos de Deus e intercedem secundariamente. Isso é bíblico, isso é verdadeiro, isso é lógico. Os cristãos católicos têm o costume de apresentar-se a Jesus, acompanhados de Maria. Assim, o padre afirma que todos os católicos vão a Jesus, e quando o fazem por intercessão de Maria, estão indo a Cristo com Maria, por amarem-na, por crerem na sua intercessão, por quererem assim fazer, por sentirem que assim são muito melhor acolhidos, pois se com ela a fé do crente é aumentada, então essa mediação é muito benéfica. Esse é o ensino. A mediação de Maria e dos santos é útil, não necessária.

Mas, e quando se vai a Jesus sem mediação de Maria e dos santos? Isso já foi respondido, pois é perfeitamente normal, é o ordinário, é o necessário. Tenhamos o bom senso, ensinado nas Escrituras, de interceder por todos, e buscar a intercessão dos santos, o que é lógico, é bíblico, e não fere em nada a doutrina da única mediação de Jesus.

Gledson Meireles.

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