segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Mais um estudo do livro A lenda da imortalidade da alma

Estudo do tópico do livro A lenda da imortalidade da alma:

Paulo era imortalista por ser fariseu?

São Paulo era fariseu, e os fariseus criam em espíritos, e na imortalidade da alma, ao que tudo indica, e na ressurreição. Certamente, São Paulo cria em tudo isso. Mas, será que após se tornar cristão tenha deixado algo do farisaísmo? É ridículo pensar que São Paulo podia não conservar as crenças farisaicas?

De fato não. Jesus mostra ter aprovado a doutrina ensinada pelos fariseus. Quando fala dos fariseus, afirmar que o que ensinam pode ser praticado, mas não o que fazem, condenando sua conduta. Dessa forma, é plausível pensar que se os fariseus criam na imortalidade da alma, isso estava correto, São Paulo creu nessa verdade desde sempre e naturalmente conservou essa verdade após ter encontrado Jesus e se convertido ao evangelho.

Quando São Paulo afirma que foi julgado por crer na ressurreição, e o texto não cita a imortalidade da alma e os espíritos, como parte das doutrinas que ele conservou, isso não significa que não cresse em todas essas coisas, mas porque o assunto em questão era apenas a ressurreição dos mortos. O próprio texto é prova disso, já que mostra que o motivo da discussão era a ressureição, e ainda assim cita a crença nos anjos e espíritos como parte da fé farisaica.

De fato, os saduceus não fizeram qualquer objeção à imortalidade da alma quando discutiram com Jesus, mas atacaram a ressurreição, embora não cressem nem em uma realidade nem na outra.

Simplesmente isso já expõe o motivo de não ser a imortalidade da alma citada no contexto, e não a suposição de que o apóstolo São Paulo não cria na doutrina. Então, apenas a falta de menção de uma doutrina nessa discussão não é prova de que a mesma não era crida, sendo isso argumento do silêncio. Mas, coloquemos isso em outras palavras.

Será que são Paulo não cria em alma, em anjos e em espíritos? Basta ver em tantas outras passagens que sim, ele cria na imortalidade da alma e em espíritos. Se a não menção de que Paulo cria em espíritos como os fariseus fosse prova de que o mesmo não mais cria nisso, não haveria lugar algum na Bíblia que pelo menos indicasse que ele cresse na existência de espíritos.

A própria explicação do livro mostra que o argumento não pode ser usado para dizer que São Paulo não cria mais em espíritos. Não havendo nada na fé na imortalidade da alma e nos espíritos que esteja em divergência com a fé cristã, é fato que São Paulo cria nessas doutrinas que os fariseus também acreditavam.

Quando São Paulo tratou do modo como pensava a salvação quando era fariseu, ao mencionar o zelo dos fariseus, diz que tal zelo era pouco esclarecido, o que mostra que o erro de interpretação dos fariseus era feito por pura ignorância e não má fé.

O que Flávio Josefo escreve sobre a crença dos fariseus não precisa ser aceito se contradiz o texto bíblico. Assim, na a opinião de que os fariseus não criam na ressurreição de todos, não era esse o ensino de São Paulo, que obviamente, como reconhece o autor, afirmou a ressurreição de justos e injustos.

As imprecisões de Josefo quanto às crenças mostra que os argumentos, de fato, devem ser bem formulados quando se tem fundamento seus escritos. Se ele não cria na imortalidade da alma, ao afirmar que os fariseus criam nessa doutrina, é bastante importante tomar essa informação como mais confiável, visto que certamente teve fontes que mostraram a fé farisaica que conflitava com a sua. É um ponto a considerar.

Assim, quando a Bíblia afirma alguns dados da fé farisaica que diferiam dos saduceus, e mostra que São Paulo era fariseu, é bastante provável que o mesmo continuou crendo naquelas doutrinas citadas.

A fé cristã não se baseia em Josefo ou no que os fariseus supostamente tenham adotado durante o tempo, mas naquilo que a Palavra de Deus testemunha.

Jesus condenou as tradições humanas que os fariseus estavam praticando, e muito das suas atitudes, mas afirma que estavam na cátedra de Moisés e que ensinavam corretamente a doutrina, que devia ser observada (cf. Mateus 23).

Assim, é totalmente provável que os fariseus criam na imortalidade da alma, assim como criam nos espíritos. São Paulo cria em espíritos, ainda que isso não foi citado na passagem que trata da discussão sobre a ressurreição. Então, a falta de menção não prova que o mesmo não cria nas doutrinas não citadas. Portanto, o argumento é falho.

Gledson Meireles.

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