quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Entendendo 1 Samuel 2,25

Se um homem pecar contra outro, Deus o julga; se ele pecar, porém, contra o Senhor, quem intervirá a favor dele? Mas não ouviam a voz do seu pai, porque Deus os queria perder.” (1 Samuel 2,25)
 
De fato, eles "não ouviam a voz do seu pai", ou seja, não obedeciam àqueles conselhos que lhes eram dados, "porque", é o motivo da sentença, "Deus os queria perder". Agora, qual foi o motivo pelo qual Deus queria fazê-los perecer?
Seria isso por causa simplesmente do beneplácito de Deus, pois o Senhor age como quer? Ou a passagem onde está 1 Samuel 2, 25 ensina algo diferente?
Os calvinistas afirmam que esse texto prova que não havia liberdade, pois Deus impediu que os filhos de Heli se arrependessem. Seria assim, Deus que intervém em cada decisão governando o coração do homem em suas escolhas.

É verdade que eles não tiveram arrependimento porque Deus não lhes concedeu isso. Devemos, porém, entender o porquê dessa ação do Senhor.

Entretanto, o que o contexto afirma mostra outra realidade diversa da visão calvinista. No início desse relato, no verso 12, afirma a Escritura: “Os filhos de Heli eram maus; não conheciam o Senhor”. (1 Sm 2,12)

Heli era sacerdote de Deus, e portanto os filhos de Heli tinham conhecimento do Senhor Deus. Mas, não o conheciam. O verbo conhecer nas Escrituras significa mais que o mero conhecimento intelectual, no sentido de saber, mas denota o relacionamento com o que é conhecido. Assim, os filhos do sacerdote Heli não conheciam a Deus. E a Escritura afirma que “eram maus”.

O verso 17 afirma: “Era muito grande a iniquidade desses moços aos olhos de Deus, porque atraíam o desprezo sobre as ofertas feitas ao Senhor.” Eram maus, eram iníquos aqueles homens. Eles desagradavam a Deus.

Então afirma o verso 25: “Se um homem pecar contra outro, Deus o julga; se ele pecar, porém, contra o Senhor, quem intervirá a favor dele¿ Mas não ouviam a voz do seu pai, porque Deus os queria perder.”

Dessa forma, Deus não deu Sua graça para que arrependessem, por motivo de sua maldade e da sua recusa em agradar a Deus, e porque já decidira castiga-los. Assim, como Deus os queria perder significa que não deu-lhes a graça de arrependimento, de ouvir os conselhos de Heli. O motivo era a não obediência aos mandamentos, à maldade que nutriam e que praticavam.

Deus havia decidido ferir a casa de Heli por seus pecados, como está no v. 34, que foi cumprido no capítulo 4, 11. O motivo da morte dos filhos de Heli, o seu endurecimento por parte do Senhor, foi por pecado e maldade que cometeram. Nunca as Escrituras mostram Deus agindo dessa forma senão por motivo de punição.

Fossem os filhos de Heli bondosos e servidores do Senhor, não seriam endurecidos caso pecassem, e teriam recebido a graça do arrependimento.
O verso 30 está confirmando essa verdade: "Por isso, eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: Eu tinha dito que a tua casa e a casa de teu pai serviriam para sempre diante de mim. Mas agora, diz o Senhor, não será mais assim. Eu honro aqueles que me honram e desprezo os que me desprezam."
Deus havia decidido punir os filhos de Heli porque eles O desprezavam. Eles foram endurecidos no mau caminho porque sua atitude desagradou profundamente a Deus.
Diante disso, o sistema calvinista, para ser coerente, deverá entender literalmente o que está nesse verso 30: Deus mudou Sua opinião, pois antes "tinha dito" que aquela família serviria para sempre diante do Senhor, e agora "não será mais assim", mostrando que aquela realidade foi o motivo da mudança por parte de Deus.
Isso mostra que o que ocorreu aos filhos de Heli foi por causa do seu pecado e o deles, e não pelo mero beneplácito de Deus sem qualquer influência externa.
Gledson Meireles.

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