sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Identificando a Igreja: em Pérgamo e em Tiatira

A Igreja de Pérgamo
 
O bispo de Pérgamo estava onde “se acha o trono de Satanás”. Essa expressão não indica a igreja, e nada a ela relacionado, mas é indicação ao templo pagão dedicado ao imperador romano que se encontrava na cidade de Pérgamo. Ali estava o trono de Satanás. Enquanto em Esmirna havia uma sinagoga de Satanás, em Pérgamo estava o seu trono. Assim, a situação da igreja que vivia nessa cidade era pior.
 
De fato, o bispo de Pérgamo é fiel, crente no Nome de Jesus, e defensor da doutrina, mesmo diante do perigo do martírio. Mas, uma coisa havia de negativo: “sequazes da doutrina de Balaão” e “sequazes da doutrina dos nicolaítas” estavam naquela igreja.
 
Esses que estavam em toda a igreja, em algumas localidades puderam conviver por um tempo, como em Éfeso, mas logo foram descobertos e expulsos. Contudo, o bispo de Pérgamo não era tão enérgico, e nada havia feito contra os cristãos adeptos dessas doutrinas.
 
Cristo diz que virá a ele (ao bispo) e combaterá os hereges “com a espada da minha boca”, que é a Palavra de Deus. Essa repreensão ao bispo mostra que a heresia deve ser exposta e corrigida, e a omissão constitui pecado dos líderes eclesiásticos. Nota-se que continua o mesmo que é pedido na outras cidades, que é a pureza da fé. A mesma fé exigida em Éfeso e Esmirna, agora também é exigida em Pérgamo. As doutrinas que não podem coexistir com a fé cristã de uma comunidade local, também não podem em outra. Há exigência de unidade doutrinal, pelo fato da realidade da única Igreja.
 
A realidade de uma região é diferente de outra. A igreja em Éfeso não enfrentava ainda perseguição sangrenta, como em Pérgamo. Apenas as heresias eram semelhantes. A igreja em Éfeso não foi conivente, mas aquela em Pérgamo estava sendo. Em Esmirna as heresias parecem não terem tido efeitos entre os fieis. Certamente estavam fora da igreja, sendo os hereges um grupo à parte, e não membros da própria igreja. No entanto, sendo igual a fé de todas as igrejas, ou seja, todas elas ensinavam a mesma doutrina, Jesus exigia a mesma medida dura contra os sequazes de outras doutrinas. O Senhor da igreja exigiu isso e ameaçou com a punição.
 
A Igreja de Tiatira
 
O bispo de Tiatira era bastante abençoado. Suas obras de então eram maiores que as primeiras. No entanto, uma coisa havia de negativo: conceder liberdade à ação da falsa profetiza Jezabel. Certamente essa era uma mulher cristã, mas suas profecias, doutrinas e práticas eram contrárias ao Evangelho. No entanto, o bispo de Tiatira não a disciplinava.
 
Jesus ameaça punir Jezabel e todos os hereges, para servir de exemplo às igrejas: “todas as igrejas hão de saber que eu sou aquele que sonda os rins e os corações”. (Ap 2,23) Essa é mais outra prova de que a Igreja é a mesma, e o que uma localidade experimente serve de exemplo para outra. É outra prova de que as igrejas de cada cidade formavam uma única Igreja. A disciplina em uma servia de exemplo a outra comunidade.
 
Por certo, todas as igrejas não restringem-se às sete, não sendo a mensagem unicamente de valor para as sete igrejas da Ásia, mas realmente a todas as igrejas em cada localidade que estiverem. Aos cristãos de Tiatira que permanecem na verdade, Jesus admoesta a continuar com o que aprenderam. Nem sempre os bispos tomavam posição rápida e enérgica contra as heresias. Por isso, pode-se afirmar que durante algum tempo os cristãos hereges conviviam nas igrejas sob a liderança do bispo, mas sem ter com ele unidade de fé. E esses formavam seitas, por seus ensinos e práticas condenáveis em relação ao Evangelho. Assim, Jesus exige do bispo uma posição contra os hereges, como faz em todas as igrejas. Isso significa a lição que a Igreja deve manter em todos os tempos e lugares.
 
Jesus mesmo pode tomar a posição e rédea da ação disciplinadora, caso o bispo continue a omitir-se. O interessante é que nenhum dos bispos anteriores é reprovado por heresia. Alguns o são por não combater as heresias, ficando acomodados, mas possuíam virtudes. Jesus não contenta-Se com essa atitude, e exorta o bispo a lutar contra o erro doutrinal e as práticas dele advindas.
Jezabel certamente tratava-se de uma figura notável, e profetizava em nome de Deus aos cristãos da igreja de Tiatira. Talvez, também, de início não se pensava na gravidade daquelas revelações e enganações. É certo que havia muitos que a seguiam. Como conviviam sob a liderança do bispo daquela igreja, é a ele que Jesus lembra a incumbência de tomar posição disciplinar, em defesa da fé. De fato diz: “Mas tenho contra ti que permites a Jezabel, mulher que se diz profetisa, seduzir meus servos...”.
 
Veja que é uma exigência de atitude para com Jezabel, e não apenas uma ação de proteção aos cristãos sob a liderança episcopal. Trata-se de membros cristãos hereges, do partido de Jezabel, contaminando outros membros, os servos fieis. Vemos nessa carta claramente o bispo de Tiatira, com os cristãos que estão sob sua supervisão, que continuam firmes no Evangelho, e aqueles entre os quais está a figura de Jezabel, que estão contaminados com o veneno da heresia, e não estão conforme a doutrina da instituição católica.
 
Dessa forma, não se pode ver aí uma igreja que ensina erro. De fato, Tiatira continua na paz espiritual com Deus, conservando a sã doutrina. O que acontece é ter junto de si uma seita liderada por uma Jezabel. Essa está simbolizando a seita e sua liderança, que institui idolatria: pratica imundícies, e come carne imolada aos ídolos. Refere-se, portanto, à idolatria, não da igreja de Tiatira, mas da seita que está ali, sob o comando de Jezabel. É preciso distinguir aqui: os cristãos de Tiatira não praticavam esses horrors do paganismo, mas conheciam aqueles que o faziam sob a liderança de uma mulher chamada Jezabel.

Jezabel e os seus não estão sob o ensino do anjo de Tiatira, mas contrários a ele. Por não reprovar aquela heresia, o bispo a estava permitindo. Assim, não poderia ser dito que a Igreja de Tiatira estivesse mesclada de heresia e idolatria, como se a mesma tivesse endossado em seu credo algo do tipo, pois o bispo não é acusado de ensinar o que Jezabel ensinava. O que a carta afirma é que em Tiatira há uma facção religiosa no interior da verdadeira igreja ali presente, a qual está sob autoridade do bispo de Tiatira, e que o mesmo deve tomar as providências usando de sua autoridade apostólica. Os servos de Cristo estão em perigo diante das seduções de Jezabel, e o bispo está permitindo essa realidade por não tomar atitude contra ela.

Gledson Meireles.

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