terça-feira, 15 de setembro de 2020

Maria e a arca da aliança: coincidência? ou alegoria conveniente? ou realmente há essa relação?

Naquele dia, Davi teve medo do Senhor e disse: “Como Entrará a arca do Senhor em minha casa? (2 Sm 6, 9)

Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? (Lc 1, 43)

 

Ficou a arca do Senhor três meses na casa de Obed-Edom de Gat e o Senhor abençoou-o com toda a sua família. (2 Sm 6, 11)

Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa. (Lc 1, 56)

 

Vê-se nesses textos que a arca da aliança trouxe bênçãos para a casa onde ficou, por três meses, e Maria trouxe o Espírito Santo para a família de Isabel, onde ficou por volta de três meses também.

A arca trazia a Lei, a vara de Aarão que floresceu e o maná. A virgem Maria trazia o cumprimento da Lei, a própria Lei renovada, que é o varão que rege com cetro de ferro e o definitivo maná. Por isso, ela é, nesse sentido, entendida como a arca da aliança.

Quando protestantes modernos vêem qualquer intepretação que ressalte da figura, especialmente, da virgem Maria, logo levantam a voz como se isso fosse diminuir a Pessoa de Cristo, uma heresia, algo impensável, proibido, horrível, pecaminoso. O método de interpretação alegórico é ridicularizado, no mínimo, e tudo o que se assemelhe, diretamente, a ele é negado. Diretamente, deve-se afirmar, porque indiretamente, no fundo, quase que imperceptivelmente, isso é usado o tempo todo, entre protestantes, sem que ninguém reclame. Exemplo disso virá logo a seguir.

Antes, é importante notar a afirmação feita em canal do youtube (abaixo) que não há qualquer relação tipo e antitipo e feita sobre a pessoa de Maria. Notavelmente, de forma direta, isso é verdade, no Novo Testamento. Mas, biblicamente falando, isso é incorreto dizer.

Outra afirmação que não se pode fazer é que isso é contra a pessoa e obra de Cristo. De fato, não tem nada a diminuir Jesus quando se estuda a mariologia com vistas a entender mais e mais a redenção efetivada por Cristo.

A explicação do método teológico católico por alguém não-católico é interessante. Geralmente falta alguma coisa.

Em uma pregação recente sobre Gênesis 3, 14 e seguintes, o pastor não faz qualquer referência a Maria, conforme a doutrina referida acima. Ele age como realmente um protestante, e ainda mais reformado.

No entanto, quando fala das roupas que Adão e Eva fizeram, de folhas de figueira, para esconder sua nudez após o pecado, em contraste com as vestes de pele de animais, feitas por Deus, para eles, interpreta com louvor a cena como figura da obra de redenção. Obviamente não é a interpretação gramatico-histórico-literal e sim alegórica, mas é aceita nesse momento.

Quando em outros contextos afirma que isso não pode ser feito, sem mais nem menos fazem, sem maiores explicações. Claramente a intepretação está de acordo com a doutrina bíblica, mas não seria encontrada numa leitura literal, e contraria o que geralmente dizem como fazer teologia.

Outro exemplo é o Salmo 69 às vezes citado contra a virgindade de Maria, porque ali fala-se de filhos da mãe de Davi, o que é interpretado como profecia a respeito de Jesus, o que afeta o entendimento sobre a figura de Maria.

O problema é que nenhum livro do Novo Testamento usa esses versículos do Salmo para falar sobre supostos irmãos de Jesus, nem em contexto onde é mostrada a incredulidade de parentes do Senhor. Talvez, pelo dito antes, não se pudesse fazer essas aplicações para não fugir do método gramático-histórico, já que os evangelistas nunca fizeram tal intperetação.

Por fim, é curiosíssimo ler o Gênesis 3, 15 e não ver Jesus e Maria ali, profetizados. Assim como o Apocalipse 12, 1, sem falar em inúmeros outros textos. Parece que o jeito de fazer teologia entre os reformados mostra que está faltando alguma coisa. Para mais compreensão sobre o tema: aqui.

Gledson Meireles.

Referência:

https://www.youtube.com/watch?v=K4uT0fvbMXA

Um comentário:

  1. Jesus é Deus, Maria é mãe de Jesus como um todo, logo Maria é mãe de Deus. O corpo de Jesus era e é também 100% humano e 100% divino assim cre o Cristianismo.

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