Refutação: Capítulo 11: A vida em Cristo (terceira parte, seção 1, capítulos 1-2)
A vocação humana: a
vida no Espírito; a comunidade humana
Gregg admite que a catequese eclesial ensinada no catecismo é
centrada em Jesus Cristo. Outra observação no resumo que faz a lição do
catecismo é que a entrada na bem-aventurança depende totalmente da graça
divina.
A imagem divina consiste na racionalidade e no
livre-arbítrio.
Ao ler a explicação de Gregg Allison sobre as virtudes
(artigo 7), o mesmo afirma que a fé deve se fazer acompanhar da esperança e do
amor, e que a fé sem obras é morta e não une plenamente o crente a Cristo e não o torna membro de seu
corpo.
Contudo, o artigo 7, no número 1815 do Catecismo, sob o
título de As virtudes e a Graça, afirma que
“privada da esperança e do amor, a fé não une plenamente o fiel a Cristo
e não faz dele um mebro vivo de seu Corpo”. Esse é o texto impresso e também o
que está no Catecismo da Igreja Católica publicado no site do Vaticano.
Portanto, o que a doutrina católica ensina é que a fé é a raz
da salvação. A fé une a Cristo. Mas, como as obras são necessárias, tanto como
consequência quanto como exigência da fé, essa fé sem obras não faz de um
pecador convertido um membro “vivo” do corpo de Cristo. Assim, a fé une a
pessoa a Cristo, mas se não agir pela caridade e pela esperança essa fé é morta
e o membro permanece morto no corpo de Cristo.
Gregg explicou que a fé sem o amor e a esperança “não tornma
membro” do Corpo de Cristo, o que foi um equívoco. A fé une a Cristo,
imediatamente. Uma vez em Cristo, deve-se agir pela caridade, e praticar a
virtude da esperança.
Na avaliação que faz dessa parte do catecismo Gregg afirma
que “a teologia católica sobre esses tópicos não é explicitamente bíblico”.
Talvez tenha se detido aos nomes, a forma de explicação, que utiliza termos
diveros. Mas, certamente também, o autor equivoca-se, uma vez que em toda a sua
explicação o catecismo baseia-se em citações da Bíblia, e em nenhuma outra
fonte. Assim, essa afirmação de Gregg demonstra sua incapacidade de entender a
questão. O que ele chama de algo que não foi “explicitamente bíblico” traz a
ideia de que o seja implicitamente. A afirmação é de fato um equívoco.
Mas, ainda, o autor afirma que o ensino do catecismo também
não é “não bíblico”, mas contribuição da antropologia e da moralidade que não
seria algo definitivo e obrigatório.
Ele afirma que as ênfases ou elementos constitutivos dos atos
morais humanos lembra os “proponentes da teologia evangélica”. Afirma que o bem
e o mal não estão nos atos em si e reconhece a utilidade da doutrina católica
sobre a responsabilidade social e outros.
Afirma que a doutrina católica sobre a imagem de Deus é
reducionista, porque a Escritura não faz essa identificação limitada, cita
investigações sobre a literatura do Oriente Médio a influência de Karl Barth,
coisas que serviriam para criticar e afastar e explicação católica.
O ensino católico sobre pecado mortal e venial está
fundamento na Bíblia. O texto de 1 João 5, 16-17 assim ensina: “Se alguém vê
seu irmão cometer um pecado que não o conduza à morte, reze, e Deus lhe dará a
vida; isso para aqueles que não pecam para a morte; não digo que se reze por
esse. Toda iniquidade é pecado, mas há pecado que não leva à morte”.
Certamente, a Escritura está tratando da morte em sentido
espiritual, da condenação eterna. Assim, há pecado que não leva à morte. Sendo
assim, há pecado venial. Então, conclui-se que o pecado que leva à morte é o
pecado mortal. É simples o ensino bíblico.
Mas Gregg afirma que a Escritura não faria a distinção entre
pecados mortais e veniais. A Escritura distinguira apenas pecados não
intencionais e intencionais.
Então, Gregg alude “a ideia da teologia católica de que o
pecado venial não requer uma nova infusão de graça santificadora para ser
perdoado”.
O mesmo parece mesmo não ter entendido bem. O catecismo
ensina que o pecado venial “deixa subsistir a caridade, embora ofenda e fira”.
Então, é um pecado que não leva à morte.
Depois, o teólogo protestante afirma que a Escritura ensina
os graus de pecados no que diz respeito às consequências que os pecados
produzem, que se deteria na gravidade do pecado, para as consequências nas
vidas das pessoas, “que perdem a
intimidade em seu relacionamento com Deus”. Nega que o pecado assim
ensinado na Escritura diz respeito à questão da culpa diante de Deus.
Ou seja, o pecado pode ter variados graus, mas em suas consequências
na vida dos pecadores, mas não seriam culpáveis diante de Deus, em caso do
cristão salvo e na amizade de Deus. Apenas colocaria a intimidade com Deus em má
situação. É algo bastante estranho.
Todos os pecados colocariam a pessoa culpada diante de Deus e
sob ira divina. Para isso, cita o texto de Tiago 2, 10-11 e outros. Mas, São
Tiago afirma coisas relativas aos pecados diretos contra o Decálogo. Quem não
mata mas comete adultério é transgressor da Lei.
O mesmo não acontece com o pecado venial. Uma palavra ociosa,
um riso supérfluo, como ensina Santo Tomás, podem ser pecados, mas não são
contrários ao amor de Deus e do próximo. Assim, são veniais. O mesmo não pode
ser dito da blasfêmia, do perjúrio, do homicídio, do adultério.
Na teologia protestante, se uma pessoa ímpia ofende o seu
próximo por uma palavra, em momento de ira, teria a mesma culpa diante de Deus
que um adúltero teria. Ou, em outras palavras, e posto isso no caso de cristãos
convertidos, se um cristão que ofende uma pessoa por um momento de ira
passageira não é culpado diante de Deus da mesma forma que um cristão que
comete adultério.
Os pecados seriam iguais, em relação à culpa, mas poderiam
ser considerados diferentes em suas consequências nas vidas das pessoas. O
adúltero teria sua intimidade com Deus perturbada, mas estaria semrpe na graça
e em sua melhor posição diante de Deus. No caso católico, o pecado de adúlterio
rompe a amizade de Deus, uma vez que está contra o Decálogo, como São Tiago
escreve: “Porque aquele que disse: Não
cometerás adultério, disse também: Não matarás” (Tg 2, 11).
Aqui o leitor deve entender melhor a espiritualidade ensinada
na Bíblia e aquela que advem da teologia protestante, que são diferentes.
Na teologia protestante apresentada por Gregg o texto de
Ezequiel 8, 6.13.15 daria base bíblica para considerar os pecados como maiores
ou menos em suas consequências, assim como em Jo 9, 11 onde Judas tem pecador
maior.
O problema é que o protestante crê que uma vez perdoado, e
justificado, sedu pecado não o tira da amizade de Deus. Uma pequena ofensa e um
homicídio seriam igual na culpa. Nenhum desses seria culpável diante de Deus,
porque o pecador se arrepende e é perdoado. Para a teologia católica é
praticamente improvável que o fiel na graça começa sistematicamente pecados
graves, e uma vez cometido experimentará o arrependimento sincero e confessará
sua culpa. Adamais, a Escritura afirma: “se
viveis segundo a carne, haveis de morrer” (Rm 8, 13). Viver segundo a carne
é cometer pecados graves, que levam à morte. Por isso, falando aos cristãos,
afirma a Bíblia que os cristãos devem viver segundo o Espírito.
Gregg reclama da falta de atenção dada à Escritura na
apresentação do título “A vida em Cristo”. O Catecismo não teria dado atenção à
Bíblia “como componente crítico da vivência cristã”, e a atenção praticamente
exclusiva com a bem-aventurança humana como propósito de Deus para a vida
humana.
Mas o autor protestante não nega que “boa parte dessa seção
do Catecismo está fundamentada na Escritura”. Porém, não mostra nehuma que não
esteja. Reclama apenas da ênfase dada pelo catecismo, como o leitor verá
adiante.
Pois bem. A crítica reflete aquilo pelo que a teologia
protestante é conhecida. Cita 2 Timóteo 3, 16-17. Toda boa obra é capacitada
por Deus por meio da Sua Palavra.
Exegese dos textos de 2 Timóteo 3, 16-17 e Efésios 4, 11-15.
O texto bíblico de 2 Timóteo 3, 16-17 estaria ensinando que
somente a Bíblia deve ser obedecida em matéria de fé e moral, como autoridade
suprema e infalível.
De fato, o texto afirma que: toda Escritura é inspirada por Deus. Sendo assim, é verdadeira, não
pode errar.
A Escritura é útil para
ensinar. Essa utilidade nos leva a aprender por meio da Escritura, e usá-la
para o ensino.
Também, para
repreender, para corrigir e para formar na justiça. Os erros devem ser
combatidos pela autoridade da Escritura, as repreensões devem ter como base a
Palavra de Deus, e a formação na justiça deve ser pautada em seu ensino.
Por ela, o homem de
Deus se torna perfeito. Pelo ensino da Bíblia o homem de Deus chega à
perfeição. Então, todo o ensino para a salvação está na Bíblia.
E, ainda, o homem é capacitado
para toda boa obra. Tudo o que deve ser feito e praticado tem sua fonte na
Bíblia.
Agora, vejamos mais um texto bíblico para nosso proveito
espiritual. A passagem é de Efésios 4, 11-15.
O versículo 11 mostra que o Espírito Santo constitui na
Igreja os apóstolos, os profetas, os evangelistas, os pastores, os doutores.
E isso é feito para o
aperfeiçoamento dos cristãos. Ou seja, as autoridades da Igreja visam levar
os cristãos à perfeição. E mais: para o
desempenho da tarefa que visa à construção do corpo de Cristo. Eis uma
tarefa importante das autoridades citadas: construir o corpo de Cristo.
E o texto continua, mostando até quando essa tarefa deve ser
feita: até que todos tenhamos chegado à
unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de
homem feito, a estatura da maturidade de Cristo.
Então, o ministério da Igreja leva à unidade da fé, e ensina
a verdade par ao conhecimento de Jesus Cristo, até levar o homem à fase adulta
da fé, na maturidade de Cristo.
E mais. Para que não
continuemos crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de
doutrina; ao capricho da malignidade dos homens e de seus artifícios
enganadores. Assim, a autoridade da
Igreja previne das heresias.
Mas, pela prática sincera
da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele que é a Cabeça, Cristo. E pela pratica das boas obras, a
caridade, o crescimento em tudo, por meio desse ministério da Igreja, no corpo
de Cristo.
Dessa forma, a Bíblia está ensinando sua autoridade, de
Escritura inspirada, e a autoridade da Igreja, constituída pelo Espírito Santo.
Ao harmonizar os dois textos temos que a Bíblia é inspirada
por Deus, e a Igreja é constituída por Cristo. A Bíblia é útil para ensinar,
repreender, corrigir e forma na justiça. A Igreja trabalhar para a perfeição dos
cristãos, para construção do corpo de Cristo, para a unidade da fé, para o crescimento
dos cristãos na fé em Cristo. Isso só pode ser feito pela Palavra de Deus.
Se o homem aprende e é corrigido pela Palavra da Bíblia, isso
é feito pela autoridade da Igreja, pois e essa que é a responsável pela unidade
da fé. Conclui-se que a Bíblia é Palavra de Deus inspirada e a Igreja ensina a
Palavra de Deus fielmente, infalivelmente.
Ainda, o autor não mostrou o que a teologia protestante teria
oferecido algo mais do que a teologia católica ao apresentar a Escritura.
Quando diz que a Escritura é mais do que palavras, mas que realiza o que
comunica, isso é o mesmo que a teologia católica ensina.
E o autor afirma, como primeiro exemplo, que o ato de declaração
de Deus na justificação, “o pronunciamento legal de Deus” segundo o qual os
seres humanos não são culpados, mas justos, afirma o seguinte: “Porque a declaração
feita os torna justos”.
Essas palavras soam como católicas. De fato, o autor não faz,
como os refermados costumam fazer, a diferença da declaração de Deus na
justificação, que não tornaria justo o pecador, mas apenas o imputaria como
justo, pois a justiça teria sido imputada a ele. Mas Gregg usa o verbo
tornar-se, afirmando que o pecado se torna justo, o que é doutrina católica.
Então, não há o que objetar.
E, adiante, afirma que a teologia evangélica “lamenta a
escassa atenção que a teologia católica dá à Palavra de Deus”. Mas a atenção
que a teologia católica dá à Palavra de Deus é plena. Não se entende esse
lamento.
Quando a Igreja afirma que o fiel pode viver uma vida digna
do evangelho por meio da graça e dos dons do Espírito Santo, isso é assumido
como o alimento da Palavra de Deus. O autor parece não ter compreendido.
Também, ao ensinar que o fiel deve estar conforme a mente de
Cristo, e o seguimento do Seu exemplo, isso é ensino da Palavra de Deus. Assim
também os outros elementos citados por Gregg no seu estudo do Catecismo. O
papel da Escritura para a vida em Cristo explicitado nas Bem Aventuranças, nos
Mandamentos e na Regra de Ouro, seria tudo o que se diz da Bíblia. O autor achou
pouco. E quando apresenta a forma como deveria ser, não acrescenta nada. De
fato, não compreendeu o que o Catecismo ensinou.
Quando o catecismo ensina que a Bem-Aventurança humana é o
propósito estabelecido por Deus para a existência humana, o autor afirma que a
teologia evangélica tem profunda decepção a respeito disso.
Ele admite que “a exaltação futura do fiel é de importância extraordinária
na visão bíblica da bem-aventurança futura reservada aos cristãos”, mas afirma
que a oportunidade foi perdida por não ter ensinado que o ser humano foi criado
por Deus para glorificá-Lo em sua vida. É interessante que o autor estudou o
catecismo e não entendeu que na doutrina católica só a graça basta, e a glória
de Deus é o que busca todo cristão católico.
Nesse ponto o catecismo apenas está enfatizando o plano de
Deus para que o salvo viva as bem-aventuranças, como foi admitido por Gregg que
é realmente ensino bíblico de suma importância.
Como o mesmo não compreendeu que o salvos glorificarão a Deus
por toda a eternidade e que isso é ensino da teologia católica, verifica-se que
sua compreensão da mesma foi limitada.
O catecismo não ensina que o fim supremo do ser humano acaba nele mesmo, mas que é orientado a Deus, e, portanto, acaba em Deus. Esse lamento que o autor expressou é lamentável.
Vimos que a teologia protestante contem erros importantes. Também notamos que Gregg não compreendeu bem certos ensinos e ênfases do Catecismo. De fato, no artigo 2, ao resumir o ensino das bem-aventuranças, o catecismo ensina: “As bem-aventuranças nos colocam diante de escolhas decisivas com relação aos bens terrenos; purificam nosso coração para que aprendamos a amar a Deus sobre todas as coisas.”
Gledson Meireles.
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