Refutação do tópico:
Uma
visão evangélica da vida com Deus e o
desabrochar humano (Gregg Allison)
Gregg inicia mostrando que o evangelicalismo não é uma igreja nem uma denominação, mas um movimento que
abriga reformados, luteranos e arminianos, aliancistas e dispensacionalistas,
pentecostais e carismáticos e não pentecostais e não carismáticos, os que
ensinam o batismo infantil e os que defendem o batismo de crentes, e etc.
Diante
disso, o teólogo protestante Gregg afirma que não é possível apresentar uma
teologia evangélica.
E,
diante disso, devemos afirmar que quanto ao Catolicismo, pode-se dizer, é
possível apresentar uma teologia católica, e essa está sendo estudada por Gregg
através do texto oficial do Catecismo da Igreja Católica. É simples. Quem quer
conhecer o catolicismo estude o Catecismo e terá uma visão abrangente de toda a
doutrina católica.
Assim,
com tantas particularidades de grupos dentro do catolicismo, com várias ordens,
muitos movimentos, diferentes liturgias, etc., há uma única teologia católica,
enquanto que no Protestantismo há teologias protestantes.
Mas
Gregg Allison afirma que a teologia católica sofre da mesma realidade, pois
acolhe em seu âmbito o agostinismo e o semiagostinismo; progressistas, teologia
da libertação, conservadores, Opus Dei,
defensores do sacerdócio masculino e defensores do sacerdócio feminino, os
defensores da inerrância e os contrários a ela, inclusivistas e exclusivistas
etc .
Com
isso, Gregg pensa ter igualado os dois lados, onde a Igreja Católica possuiria
a “mesma realidade” que o Protestantismo. Mas o teólogo protestante equivocou-se
muito aqui.
Ele
não percebeu que entre os protestantes há teologias que fogem do ramo
tradicional e aceitável, como por exemplo a teologia da prosperidade, que está
para o Protestantismo como a teologia da libertação está para o catolicismo, no
sentido de serem tratadas de forma negativa no amplo debate.
Na
Igreja Católica a teologia da libertação teve uma condenação do papa por muitas
das suas afirmações, e por isso não se pode afirmar que seja representante da
teologia católica. É uma teologia que nasceu no âmbito da Igreja, mas que não
encontrou seu lugar oficialmente. Por isso, a comparação do teólogo foi falha.
Também,
dentro do Protestantismo há os que defendem o pastorado feminino. Não é o caso
da Igreja Católica, pois os que defendem o sacerdócio feminino não têm o aval
da Igreja. Não há paróquia liderada por sacerdotisas que estejam em comunhão
com a Igreja Católica.
Da
mesma forma, o protestantismo oficial é majoritariamente contrário à ordenação
de pastoras, mas há denominações que adotam a doutrina. Elas não falam em nome
do Protestantismo histórico, estão contrárias à prática comum, mas não podem
ser consideradas não protestantes, ao passo que aqueles grupos na Igreja
Católica podem ser chamados de não católicos. Assim, mais uma comparação
equivocada.
Os
defensores da inerrância e os contrários a ela também estão no Protestantismo
e, certamente, surgiram em seu meio, com o libertalismo teológico.
De
fato, no Catolicismo o debate entrou no campo teológico, mas foi resolvido de
forma bastante ortodoxa e está no catecismo. Entre os protestantes é lugar
comum a mesma doutrina em consonância com a doutrina católica, embora haja
liberais protestantes que não representam o Protestantismo histórico e defendam
doutrina diferente.
Mais
uma vez a comparação necessitou de uma qualificação que mostra a unidade
católica em meio à falta dessa no Protestantismo. Ou melhor, evidencia o quanto
a unidade protestante é menor.
Certamente
o que o autor chama de inclusivistas e exclusivistas também existem entre os
protestantes. Talvez refira-se aos mais ecumênicos, aqueles que ultrapassam a
intepretação oficial do Concílio Vaticano II, sendo esses os inclusivistas.
Oficialmente a Igreja Católica é ecumênica, chamando à unidade na verdade e no
amor.
Mas,
quanto à doutrina, os católicos agostinianos e semiagostinianos seguem o mesmo
catecismo. Todos os que seguem a doutrina da predestinação e creem no
livre-arbítrio, o que não é o caso de protestantes reformados, luteranos e arminianos,
que possuem doutrinas diferentes nesse âmbito.
Não
há no catolicismo a divisão que existe entre os protestantes aliancistas e
dispensacionalistas, que interfere até no modo de interpretar a Bíblia. Os
católicos estão unidos na hermenêutica bíblica.
No
que tange aos carismáticos e não carismáticos católicos, há divergências, mas
muito menores que as existentes entre os protestantes pentecostais e não
pentecostais, que estão em denominações diferentes e possuem pontos de vistas
divergentes no aspecto teológico.
Entre
os católicos pode-se dizer que todos creem que os dons do Espírito Santo
continuam na Igreja nos dias de hoje. Os protestantes históricos ensinam que os
dons cessaram, e os pentecostais creem que os mesmos continuam.
Nesse
debate, deve-se admitir, os pentecostais unem-se aos católicos e divergem dos
seus irmãos históricos. E estão corretos, pois os dons do Espírito Santo sempre
acompanharam a vida da Igreja.
Na
Igreja Católica todos creem no batismo infantil. Essa unidade não existe entre
os protestantes. Por tudo isso, a comparação é bastante fraca. E a unidade
católica é muito mais profunda.
Entre
os católicos há os conservadores, como entre os protestantes. Essas
similaridades encontram-se nos dois lados. O autor ainda refere-se a complementaristas
e igualitaristas.
A
Igreja Católica, como explicado acima, estaria com os complementaristas
protestantes. Embora existem grupos igualitaristas católicos, esses lutam por
alcançar a aprovação da Igreja, mas essa demonstra pouca abertura a essas
ideias. No campo protestante as novidades adentram mais facilmente.
Por
isso, quando se diz que no Catolicismo não há esse tipo de divisão que o autor protestante
tentou equiparar, e por isso há “afirmações em contrário” quando isso é feito,
a Igreja Católica tem razão. De fato, a unidade católica é maior.
Quanto
ao cânon da Bíblia há divergência entre católicos e protestantes, pois a Igreja
Católica sempre recebeu os 73 livros, 46 do Antigo Testamento e 27 do Novo
Testamento. Os protestantes aceitam apenas 66, sendo 39 do Antigo Testamento e 27
do Novo Testamento.
Também,
ao que parece, a doutrina da predestinação de Gregg é calvinista. É outra divergência
importante em relação à verdade da doutrina católica da predestinação. Os
católicos creem na Soberania e no livre-arbítrio.
Outra
diferença é que para Gregg a salvação é ato monergista e a santificação é um
processo sinergístico. Para os cristãos católicos a salvação é um ato de Deus,
mas o salvo deve cooperar, e assim as obras influem na salvação.
Por
tudo isso, a doutrina protestante que Gregg professa possui certos problemas.
No âmbito geral está de acordo com a doutrina católica.
Nos
lugares em que há divergência, o leitor irá acompanhar a explicação e a
refutação adequada.
As
avaliações que os teólogos protestantes fazem do Catolicismo são, na melhor das
hipóteses, baseadas em mal-entendidos. Isso inclui o trabalho de Leonardo De
Chirico e Gregg Allison. E não poderia ser diferente. De fato, se eles
compreendem a doutrina católica como ela é de fato, em todas as suas partes, se
tornariam cristãos católicos imediatamente.
Assim,
há estudiosos não cristãos da Bíblia. Eles reconhecem a historicidade da
Escritura, compreendem muito do seu conteúdo, e etc., mas importantes objeções
que lançam contra a Bíblia demonstram que eles de fato não a conhecem como
deveriam. Uma vez que a conhecessem se tornariam cristãos.
Isso
mostra que a verdade tem autoridade. A verdade convence. Que o Espírito Santo
guie o leitor no presente livro.
A teologia católica como um sistema
coerente e abrangente
Se
o leitor entender que o Catolicismo possui uma unificação e uma diversidade
fantástica, como Gregg afirma do resultado da avaliação de De Chirico, já
estará próximo de aceitar a verdade católica. No entanto, isso deve ser feito
da forma correta, como se apontará no presente estudo.
Quando
Gregg afirma que a avaliação evangélica do sistema católico deve conhecer seu
elemento integrador e dar-lhe atenção, isso é de muita importância. Mas,
deve-se entender que o elemento epistemológico integrador do Catolicismo é
bíblico, como ficará provado.
O
autor afirma que pretende fazer uma apreciação sólida do catolicismo.
Certamente esse seu sincero objetivo o levará a compreender mais do que compreenderia
um estudioso que estivesse procurando apenas discordar da Igreja. No entanto,
serão mostrados os tópicos em que Gregg não conseguiu entender corretamente.
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