sábado, 5 de outubro de 2024

Livro: Teologia e Prática da Igreja Católica Romana, uma avaliação evangélica

Refutação do tópico: 


Uma visão evangélica da vida com  Deus e o desabrochar humano (Gregg Allison)

Gregg inicia mostrando que o evangelicalismo não é uma igreja nem uma denominação, mas um movimento que abriga reformados, luteranos e arminianos, aliancistas e dispensacionalistas, pentecostais e carismáticos e não pentecostais e não carismáticos, os que ensinam o batismo infantil e os que defendem o batismo de crentes, e etc.

Diante disso, o teólogo protestante Gregg afirma que não é possível apresentar uma teologia evangélica.

E, diante disso, devemos afirmar que quanto ao Catolicismo, pode-se dizer, é possível apresentar uma teologia católica, e essa está sendo estudada por Gregg através do texto oficial do Catecismo da Igreja Católica. É simples. Quem quer conhecer o catolicismo estude o Catecismo e terá uma visão abrangente de toda a doutrina católica.

Assim, com tantas particularidades de grupos dentro do catolicismo, com várias ordens, muitos movimentos, diferentes liturgias, etc., há uma única teologia católica, enquanto que no Protestantismo há teologias protestantes.

Mas Gregg Allison afirma que a teologia católica sofre da mesma realidade, pois acolhe em seu âmbito o agostinismo e o semiagostinismo; progressistas, teologia da libertação, conservadores, Opus Dei, defensores do sacerdócio masculino e defensores do sacerdócio feminino, os defensores da inerrância e os contrários a ela, inclusivistas e exclusivistas etc .

Com isso, Gregg pensa ter igualado os dois lados, onde a Igreja Católica possuiria a “mesma realidade” que o Protestantismo. Mas o teólogo protestante equivocou-se muito aqui.

Ele não percebeu que entre os protestantes há teologias que fogem do ramo tradicional e aceitável, como por exemplo a teologia da prosperidade, que está para o Protestantismo como a teologia da libertação está para o catolicismo, no sentido de serem tratadas de forma negativa no amplo debate.

Na Igreja Católica a teologia da libertação teve uma condenação do papa por muitas das suas afirmações, e por isso não se pode afirmar que seja representante da teologia católica. É uma teologia que nasceu no âmbito da Igreja, mas que não encontrou seu lugar oficialmente. Por isso, a comparação do teólogo foi falha.

Também, dentro do Protestantismo há os que defendem o pastorado feminino. Não é o caso da Igreja Católica, pois os que defendem o sacerdócio feminino não têm o aval da Igreja. Não há paróquia liderada por sacerdotisas que estejam em comunhão com a Igreja Católica.

Da mesma forma, o protestantismo oficial é majoritariamente contrário à ordenação de pastoras, mas há denominações que adotam a doutrina. Elas não falam em nome do Protestantismo histórico, estão contrárias à prática comum, mas não podem ser consideradas não protestantes, ao passo que aqueles grupos na Igreja Católica podem ser chamados de não católicos. Assim, mais uma comparação equivocada.

Os defensores da inerrância e os contrários a ela também estão no Protestantismo e, certamente, surgiram em seu meio, com o libertalismo teológico.

De fato, no Catolicismo o debate entrou no campo teológico, mas foi resolvido de forma bastante ortodoxa e está no catecismo. Entre os protestantes é lugar comum a mesma doutrina em consonância com a doutrina católica, embora haja liberais protestantes que não representam o Protestantismo histórico e defendam doutrina diferente.

Mais uma vez a comparação necessitou de uma qualificação que mostra a unidade católica em meio à falta dessa no Protestantismo. Ou melhor, evidencia o quanto a unidade protestante é menor.

Certamente o que o autor chama de inclusivistas e exclusivistas também existem entre os protestantes. Talvez refira-se aos mais ecumênicos, aqueles que ultrapassam a intepretação oficial do Concílio Vaticano II, sendo esses os inclusivistas. Oficialmente a Igreja Católica é ecumênica, chamando à unidade na verdade e no amor.

Mas, quanto à doutrina, os católicos agostinianos e semiagostinianos seguem o mesmo catecismo. Todos os que seguem a doutrina da predestinação e creem no livre-arbítrio, o que não é o caso de protestantes reformados, luteranos e arminianos, que possuem doutrinas diferentes nesse âmbito.

Não há no catolicismo a divisão que existe entre os protestantes aliancistas e dispensacionalistas, que interfere até no modo de interpretar a Bíblia. Os católicos estão unidos na hermenêutica bíblica.

No que tange aos carismáticos e não carismáticos católicos, há divergências, mas muito menores que as existentes entre os protestantes pentecostais e não pentecostais, que estão em denominações diferentes e possuem pontos de vistas divergentes no aspecto teológico.

Entre os católicos pode-se dizer que todos creem que os dons do Espírito Santo continuam na Igreja nos dias de hoje. Os protestantes históricos ensinam que os dons cessaram, e os pentecostais creem que os mesmos continuam.

Nesse debate, deve-se admitir, os pentecostais unem-se aos católicos e divergem dos seus irmãos históricos. E estão corretos, pois os dons do Espírito Santo sempre acompanharam a vida da Igreja.

Na Igreja Católica todos creem no batismo infantil. Essa unidade não existe entre os protestantes. Por tudo isso, a comparação é bastante fraca. E a unidade católica é muito mais profunda.

Entre os católicos há os conservadores, como entre os protestantes. Essas similaridades encontram-se nos dois lados. O autor ainda refere-se a complementaristas e igualitaristas.

A Igreja Católica, como explicado acima, estaria com os complementaristas protestantes. Embora existem grupos igualitaristas católicos, esses lutam por alcançar a aprovação da Igreja, mas essa demonstra pouca abertura a essas ideias. No campo protestante as novidades adentram mais facilmente.

Por isso, quando se diz que no Catolicismo não há esse tipo de divisão que o autor protestante tentou equiparar, e por isso há “afirmações em contrário” quando isso é feito, a Igreja Católica tem razão. De fato, a unidade católica é maior.

Quanto ao cânon da Bíblia há divergência entre católicos e protestantes, pois a Igreja Católica sempre recebeu os 73 livros, 46 do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento. Os protestantes aceitam apenas 66, sendo 39 do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento.

Também, ao que parece, a doutrina da predestinação de Gregg é calvinista. É outra divergência importante em relação à verdade da doutrina católica da predestinação. Os católicos creem na Soberania e no livre-arbítrio.

Outra diferença é que para Gregg a salvação é ato monergista e a santificação é um processo sinergístico. Para os cristãos católicos a salvação é um ato de Deus, mas o salvo deve cooperar, e assim as obras influem na salvação.

Por tudo isso, a doutrina protestante que Gregg professa possui certos problemas. No âmbito geral está de acordo com a doutrina católica.

Nos lugares em que há divergência, o leitor irá acompanhar a explicação e a refutação adequada.

As avaliações que os teólogos protestantes fazem do Catolicismo são, na melhor das hipóteses, baseadas em mal-entendidos. Isso inclui o trabalho de Leonardo De Chirico e Gregg Allison. E não poderia ser diferente. De fato, se eles compreendem a doutrina católica como ela é de fato, em todas as suas partes, se tornariam cristãos católicos imediatamente.

Assim, há estudiosos não cristãos da Bíblia. Eles reconhecem a historicidade da Escritura, compreendem muito do seu conteúdo, e etc., mas importantes objeções que lançam contra a Bíblia demonstram que eles de fato não a conhecem como deveriam. Uma vez que a conhecessem se tornariam cristãos.

Isso mostra que a verdade tem autoridade. A verdade convence. Que o Espírito Santo guie o leitor no presente livro.

 


A teologia católica como um sistema coerente e abrangente


Se o leitor entender que o Catolicismo possui uma unificação e uma diversidade fantástica, como Gregg afirma do resultado da avaliação de De Chirico, já estará próximo de aceitar a verdade católica. No entanto, isso deve ser feito da forma correta, como se apontará no presente estudo.

Quando Gregg afirma que a avaliação evangélica do sistema católico deve conhecer seu elemento integrador e dar-lhe atenção, isso é de muita importância. Mas, deve-se entender que o elemento epistemológico integrador do Catolicismo é bíblico, como ficará provado.

O autor afirma que pretende fazer uma apreciação sólida do catolicismo. Certamente esse seu sincero objetivo o levará a compreender mais do que compreenderia um estudioso que estivesse procurando apenas discordar da Igreja. No entanto, serão mostrados os tópicos em que Gregg não conseguiu entender corretamente.

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