terça-feira, 21 de abril de 2020

Credo dos Apóstolos

Estudos a partir da obra:

O Credo dos Apóstolos: as doutrinas centrais da fé cristã - Franklin Ferreira.

 
É com satisfação que escrevo essa análise e entro em possível diálogo com o autor dessa obra importante para a compreensão da fé cristã, e resgate de doutrinas e meios de expressão das doutrinas, como é o Símbolo dos Apóstolos, também conhecido como Credo dos Apóstolos, tão comum na Igreja Católica, rezado em todas as santas missas, e em tantas outras ocasiões, sendo pelos cristãos católicos guardado de cor desde a infância, sendo modelo para os catecismos da Igreja, uma fonte onde é a doutrina bíblica explicada, mas ao mesmo tempo quase desconhecido nas igrejas que tiveram origem no fundamentalismo protestante e que ainda hoje são contrárias e resistentes contra o uso de catecismos, confissões de fé e credos.

Este artigo tratará do artigo do credo que reza Jesus “nascido da virgem Maria”. Muito boa a iniciativa do pastor e teólogo batista Franklin Ferreira, ao introduzir essa obra para estudar os fundamentos da fé cristã, tratando das doutrinas mais fundamentais, mais básicas, mais comuns, que por sua posição no depósito da fé, podem atingir e unir a maioria dos cristãos, em seus enunciados puros como feitos nos artigos do credo apostólico. No entanto, restam as importantes implicações implícitas dos artigos.

Tendo em vista o artigo VIII do livro, que versa sobre a concepção virginal de Jesus no ventre da virgem Maria, o intuito de escrever este estudo é enriquecer o entendimento do credo, buscar maiores compreensões da doutrina, estreitar laços de fraternidade cristã, abrir espaço para diálogo com líderes que podem, por sua posição e formação, levar outras pessoas a crer na verdade, e assim levá-las aproximar-se mais ainda de Jesus o Senhor.

É esperado que um protestante não desenvolva os artigos do credo de forma análoga ao que é feito na Igreja Católica. Mas é igualmente certo que ao aproximar-se desse assunto e instrumento da verdade, o estudioso cresce em direção à verdade, e assim fazendo chega mais perto do depósito da fé cristã católica. São muitos os exemplos disso, e durante o estudo essa afirmação será solidificada. Por isso, é importante chamar a atenção para pontos que podem ser levados adiante ao estudar o Credo.

Ao começar sua abordagem do tema do nascimento virginal, o autor traz o enfoque sobre o caráter milagroso do nascimento de Cristo, assim também como foi milagre o fim da Sua vida terrena e subida ao céu, e aponta para a ação de Deus na salvação, agindo sozinho, monergisticamente, sem cooperação da criatura. O nascimento virginal de Jesus aponta para Deus que salva sem ajuda do homem.

Lembrando a dificuldade da Igreja nos primeiros séculos para defender essa verdade bíblica importante, o autor mostra outra verdade que nasce da compreensão desse artigo, que é Jesus como nascido sem pecado.

A essa altura, o caráter do assunto da virgindade de Maria entra em cena com maior força. Não precisamos temer o ensino bíblico sobre a virgindade de Maria, escreve o autor.

De fato, os protestantes lembram-se desse tema ao pregar para católicos ou envolver-se em discussão relativa ao catolicismo. Fora disso, não há ênfase na ideia da virgindade de Maria, a mãe do Senhor. E é justamente esse ponto que será frisado aqui: nascido da VIRGEM Maria.

De fato, sabendo que não é possível para um cristão negar qualquer parte do credo apostólico e continuar a ser reconhecido como cristão, estamos em terreno comum, onde reconhecemos a importância do lugar em que caminhamos.

Finalmente, o autor trata do assunto das revelações Deus na natureza, por exemplo, e afirma não servem para levar o homem a Deus, mas apenas para torná-lo indesculpável. Essa é outra parte da doutrina que deveríamos pensar um pouco.

Ressaltando, por meio desse artigo do seu livro, “Jesus Cristo nasceu da virgem”, primeiro o monergismo divino na salvação, e depois a fé no Salvador sem pecado, o autor faz duas contribuições para os protestantes em particular, e para os cristãos em geral, que devem professar o credo.

Nessa abordagem, porém, poderão ser feitas ulteriores reflexões sobre a encarnação, como distintivo da fé cristã (1 João 4, 2; 1 Timóteo 3, 16). Ser cristão é professar que Jesus foi concebido pelo poder do Espírito Santo e nasceu da virgem Maria. Veio do céu, tornou-Se homem, da mesma natureza humana que todos participamos, e que a humanidade de Cristo foi proveniente de forma direta da humanidade de Maria. Ela é verdadeiramente sua mãe.

Com isso, temos a fé sólida de que Jesus é Deus e Homem, uma só Pessoa com duas naturezas, e compreendemos a graça e a glória que Maria recebeu de Deus.

Aprendemos ainda, com esse artigo, que Jesus foi ungido pelo Espírito Santo desde sua concepção, nascendo como o Cristo, o Ungido, o Messias salvador.

Diante de tudo isso, a Igreja ensina que tudo o que cremos a respeito de Maria tem fundamento em Jesus Cristo, mas não devemos esquecer que tudo o que a fé ensina sobre Maria leva à maior compreensão da fé em Jesus Cristo, e tem nisso a sua importância.

Assim, a predestinação de Maria, desde toda a eternidade, é pensada quando professamos “nascido da virgem Maria”. Deus a predestinou a ser a mãe do Salvador, associando-a no mistério da redenção, fazendo-a participar por sua liberdade, dando o sim a Deus.

Esse artigo ensina a fé bíblica de que para responder a Deus, Maria devia estar totalmente na graça de Deus. E assim o foi.

Por essa verdade, ao longo dos séculos, a Igreja foi conscientizando-se da santidade de Maria. Até que ponto a graça tinha operado a santificação na mãe do Senhor Jesus? Foi então que chegou-se à conclusão de que a virgem foi preparada na sua concepção, recebendo a salvação de Deus, sendo redimida por Cristo no instante da sua existência.

É outra forma de entender a ação monergística de Deus, salvando a mãe do Senhor Jesus. Por isso, a virgem Maria é chamada no evangelho, sob ação do Espírito Santo, de “mãe do meu Senhor” (Lucas 1,43). Esse é o Senhor de Israel, o Deus Todo-Poderoso, na pessoa do Filho. O Salvador sem pecado nasce de uma jovem virgem sem pecado. Glória a Deus no mais alto dos céus!

Outra verdade tem a ver com a virgindade de Maria. Essa foi entendida sempre, com os melhores padres e apologistas cristãos, dos primeiros séculos, como virgindade perpétua. Santo Agostinho afirma que Maria foi uma verdadeira e inviolada mãe, ou seja, mãe verdadeira de Jesus, mas mãe virgem, pois o seu nascimento foi um milagre. Jesus Cristo foi concebido na virgem e nascido da virgem.

E para preservar essa verdade, nenhum filho foi gerado no ventre de Maria após o nascimento do Salvador Jesus. A verdade da concepção e nascimento virginal é tão cara na Bíblia, que o evangelho é exato em afirmar que José não conheceu Maria antes e durante toda a gestação de Jesus. O motivo de enfatizar isso não era a vida conjugal futura entre Maria e José (pensar isso, argumentar nisso, é um erro), mas mostrar que não houve participação humana alguma na geração e nascimento de Cristo.

Entendido isso, compreendemos o porquê do Evangelho apropriadamente afirmar que José não conhecer Maria até que ela desse à luz. É grande essa verdade do nascimento virginal de Jesus.

E para concluir, com breves alusões a verdades tão sublimes, esse artigo ainda aponta de forma sensível à maternidade de Maria em relação a todos os que creem em Cristo. Ele é o primogênito entre muitos irmãos. (Romanos 8,29) Concebe-se aí,  Maria mãe de Jesus e dos cristãos. A concepção virginal de Cristo aponta para o novo nascimento pela fé de cada cristão, que é concedido pelo Espírito Santo.

Maria é virgem e mãe, tornando-se símbolo da pureza, características da Igreja. Dessa forma, ela é um membro da Igreja que tornou-se símbolo da própria Igreja. É pura, sem pecado, como é a Igreja que deverá alcançar a vitória completa sobre o pecado no dia da vinda de Cristo. Essas são algumas verdades que aprendemos ao professar: “Concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria”.

Foi possível ver mais ações monergísticas de Deus, compreender melhor até onde a santidade de Jesus alcançou, santificando Sua própria mãe, e como a virgindade da mãe preserva melhor a fé na Pessoa do Filho contra os insultos que inimigos da fé lançam sobre a revelação bíblica e o credo apostólico.

Gledson Meireles.

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