quinta-feira, 3 de março de 2022

Adventismo e Reforma Protestante: comentário do capítulo 17

Comentário do capítulo 17, Como a Igreja se romanizou, do guia de estudo Adventismo e Reforma Protestante, 2021, escrito por Davi Caldas.

Do ponto de vista protestante, como a Igreja se romanizou, acumulou tantos erros nesse processo? O autor afirma que Igreja Primitiva era profundamente judaica e profundamente bíblica.

De fato, a Igreja mantem a verdade. A "romanização" foi um processo sadio. Ainda, é impossível que erros entrem na fé cristã em sentido oficial, institucional, geral, universal. O(a)  leitor(a) poderá refletir sobre isso, quando ler o capítulo do livro, e a reflexão abaixo.

A única diferença da Igreja Primitiva, do tempo apostólico, não era somente que os crentes entendiam que o Messias tinha chegado, mas eles já tinham certas diferenças, que vinham desde os dias da páscoa. Reuniam-se já no primeiro dia da semana, de alguma forma, onde se pode perceber culto cristão, partir do pão, coleta em favor dos necessitados. Isso somente para mostrar que ainda que frequentassem o templo, a sinagoga e guardassem o sábado, como judeus devotos que sempre foram, já praticavam várias outras coisas próprias do evangelho, da doutrina de Jesus.

Isso realmente não inaugurava nova fé. Nos trinta ou quarenta anos após a Páscoa de Cristo, vemos a Igreja Católica se desenvolvimento em ambiente judeu e pregando a todo o mundo conhecido, e acolhendo pessoas de toda parte, cultura e língua.

O distanciamento dos costumes e cosmovisão própria da cultura judaica por parte da Igreja é natural, porque a Igreja é católica, universal, e abarca todo o mundo e todas as culturas. No entanto, esse afastamento em certo sentido mantem o que é essencialmente correto e continua com muito das origens judaicas, apenas amalgamando o que é bom e útil de todas as demais culturas, por ser o Cristianismo universal.

O enfraquecimento da Igreja de Jerusalém no cristianismo primitivo, o que é fato histórico, foi do agrado de Deus para levar a fé cristã a todos, a partir de uma cidade que pudesse influenciar a partir do evangelho toda a terra. Essa foi a cidade de Roma. Por isso, Jesus quis levar os principais apóstolos a pregar em Roma. A epístola aos Romanos mostra isso de forma categórica.

Dessa forma, os gentios convertidos em outras regiões não precisavam ir às sinagogas e seguir costumes judaicos, a não ser o que é essencial para manter intacto o evangelho, como as prescrições do Concílio Jerusalém, em 49 d. C, em Atos 15.

De fato, os distanciamentos e as obras antijudaicas foram frutos desse período que iniciou-se já no tempo apostólico.

Quando o judaísmo e o cristianismo passaram a ser duas religiões distintas, é preciso notar que a mudança maior ficou na parte que não continuou na revelação. Portanto, o judaísmo parou na recepção da revelação referente ao Messias quando não recebeu o evangelho pregado por Cristo e pela Igreja. Nesse sentido, a Igreja continuou no caminho que o Antigo Testamento preparou.

A questão da característica bíblica é preciso ser debatida com mais profundidade. Por isso, não se deve pensar que se trata de erro essa abertura da Igreja às novas culturas e cosmovisões. Na verdade, a Igreja anunciava o evangelho e todos e moldava as culturas segundo o evangelho, ficando com o que era compatível com a mensagem de Jesus.

Depois dos apóstolos, as lideranças cristãs provenientes do judaísmo foram ocasião de mudanças culturais. Não se trata de “nova Igreja” no sentido de nova instituição ou sociedade, com outra fé e outra identidade, mas a mesma Igreja crescendo como árvore que nasceu da semente do evangelho plantada por Cristo e que é por natureza católica.

A teologia antijudaica toma forma devido aos embates que se iniciaram. Também havia muitas tensões com outras religiões do paganismo. É um período da apologética cristã de grande riqueza, crescendo aos poucos, a partir do século 1, com alguns obras, aumentando no século 2, tendo maior volume de escritos no século 3, e chegando a enorme quantidade a partir do século 4, segundo o desenvolvimento histórico.

Os padres da Igreja, que lançaram as bases para um cristianismo com fortes elementos antijudaicos foram também os responsáveis por defender a fé.

A defesa do domingo é problemática para os que desejam manter a guarda do sábado. Assim, esses escritores cristãos serão um problema nesse campo.

A forma como São João Crisóstomo escrevia é fruto do seu tempo. De fato, está de acordo com o que a Bíblia já havia feito, quando trata das sinagogas. Os Nazaremos mantinhas práticas judaicas.

A questão da Igreja ser o novo Israel é outra doutrina que tem base bíblica. Por isso as diferenças com o que surgiu no século 19, o dispensacionalismo;

As leis que foram sendo criadas para diferencias judeus e cristãos, e o papel de Roma nesse sentido de cidade cristã de referência, tudo tem suas raízes na Bíblia, como já aludido acima. As formas como foram sendo tomadas nem sempre foram as melhores, mas seguiam o inevitável, quando os partidos chegavam a tensões tais que o processo devia terminar em separações.

A guarda da festa da Páscoa no Domingo, como a Igreja de Roma fazia, foi aos poucos sendo entendida como a verdadeira prática apostólica. Tudo foi feito com alguns debates, mas sempre seguindo o caminho melhor. O Espírito Santo guia a Igreja nessas questões de fé e moral, e nas que estão intimamente ligadas à fé e à moral.

Quando a Igreja de Roma exalta do dia do Senhor, o Domingo, e as demais igrejas concordam, isso demonstrava a grande unanimidade que tinha em relação à questão, quando as ideias controvertidas foram sendo esclarecidas. De fato, não se pode entender que aí o sábado foi perdendo espaço na Igreja como algo perdido pelos cristãos, mas o contrário, ou seja, o domingo foi tomando a forma que deveria tomar, segundo as raízes evangélicas, e de acordo com os condicionamentos históricos nessa questão cultural entre cristãos e judeus.

Não somente a questão do sábado, que aos poucos foi sendo tratada, de acordo com as exigências históricas, mas o mesmo cânon da Bíblia, que no primeiro século ainda que não fechado, não havia sido conteúdo de debates, passou a ser no segundo, crescendo em importância no terceiro, e sendo definido em vários concílios no quarto. Tudo isso mostra que esses desdobramentos históricos em que o Espírito Santo foi guiando a Igreja a toda a verdade, mostra a luz do entendimento crescendo na mente da Igreja inteira em certas questões, e não o afastamento da verdade. De fato, o Espírito Santo impede que a Igreja em peso caia em erro. Um cristão ou outro, uma igreja particular ou outra, podem cair em heresias e até apostasia, mas nunca a Igreja inteira.

Por isso, a afirmação problemática é “a Bíblia vai perdendo campo para regras e costumes extrabíblicos”, o que não pode ocorrer em esfera universal. A própria filosofia, que pode influenciar, não pode condicionar a fé cristã. De fato, foi usada como instrumento, aos poucos e de forma bastante prudente, passando a ser serva da Teologia, e não algo que influencia a fé cristã.

Portanto, quando Roma passa a ser uma influência política, ou em esfera temporal, no Cristianismo, não significa mudança, mas um processo que iniciou em Atos dos Apóstolos. De fato, o cristianismo é sinônimo de catolicismo romano.

É algo tremendo, e verdadeiro. Grandes autores já chegaram a essa conclusão, quando em suas investigações foram levados a afirmar o que perceberam com grande força, a identidade do Cristianismo.

Nem todos seguiam o dia do Senhor, o Domingo, como dia especial para a fé. Isso foi fruto do evangelho pregado a todos, diferença não somente em relação a judeus, mas a tantos gentios que não tinham um único dia para oferecer a Deus. Assim, o dia da ressurreição anuncia Jesus Cristo salvador ressuscitado.

Os apóstolos foram sucedidos por outros homens por eles preparados, que foram chamados de bispos, que ordenaram também os presbíteros e diáconos, segundo o padrão bíblico, e torando bastante claro nas obras cristãs do século 2, provando uma evolução e desenvolvimento e não uma mudança, o que não seria facilmente aceita em tão pouco tempo. De fato, mudanças são lentas, e podem ser introduzidas aos poucos. Um único motivo impede que o erro de fé e moral se instale, o poder do Espírito Santo.

Quando Roma torna-se a capital cristã, historicamente falando, não em sentido doutrinal, isso proveio de sua condição de capital imperial, usada por Deus para anunciar a salvação até os confins da terra.

Os bispos e padres, a partir do núcleo do colégio apostólico, fundado por Jesus Cristo, foram anunciando a salvação em meio a dificuldades enormes. Chegando o momento em que a fé vencerá erros e superstições, e não o contrário.

A Palavra de Deus, a Bíblia, sempre suprema autoridade, defendida pela Igreja, guiando Sua vida. O magistério serve a Bíblia. A tradição só é encontrada quando em conformidade com a Bíblia. Nunca Roma se coloca no mesmo patamar da Bíblia.

Essas afirmações são provenientes de um contexto, de um entendimento, de uma interpretação, de uma perspectiva compreensível, feita pelo autor, mas não é exata.

A questão importante, nuclear, fundamental, das doutrinas, que não são criadas a impostas pela Igreja, mas explicadas, deduzidas da Bíblia e da tradição, em meio a controvérsias, geralmente, como o próprio cânon bíblico, que caminhou pelos 4 séculos até a finalização, em âmbito cristão, e não em ambiente judaico. A interpretação da Igreja diante de tantas outras interpretações sempre mostrou-se correta, e, agora entra o mais interessante, é preciso estudar as doutrinas com afinco, sem preconceitos, e muitas vontade de crescer na fé e na verdade, para ver que em nenhuma doutrina, em nenhum dogma, há péssimas bases para sua fundamentação.

Portanto, o que o autor chamou de Romanização da Igreja segue naturalmente o desenvolvimento do evangelho, pois a Igreja é católica ou universal.

As raízes judaicas da fé católica continuam intactas, mas é preciso estudo sincero e bem fundamentado, diante de tantas opiniões, perspectivas, interpretações, divergências e controvérsias, para perceber isso. Vale muito a pena.

Por isso, a cosmovisão inspirada por Deus é mantida na Igreja Católica. De fato, a fé católica é importante e primordial para esses entendimentos. A questão do sábado, que certamente o autor deseja ressaltar, é algo de extrema importância estudar.

Nossa antropologia é bíblica, no Hades é bíblico, nossa teologia é bíblica. Esses condicionamentos greco-romanos podem ser vistos onde eles estão, mas não estão na essência. É possível perceber isso. Vamos estudar.

A Igreja Católica é guardiã da Bíblia. Isso é facilmente provado pela Igreja. Mas, o mais importante, é algo que podemos fundamentar na própria Bíblia. Ainda, a infalibilidade da Igreja é algo que se depreendo do evangelho.

Vamos lá, oração, estudo da Bíblia e reflexão, como o autor do guia de estudo aconselha.

Gledson Meireles.

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