domingo, 29 de setembro de 2024

Livro: Nenhum caminho leva a Roma

Refutação:


4.1.1 Querubins de ouro e serpente de bronze


            O apologista protestante afirma que o argumento de que Deus mandou fazer querubins e uma serpente de bronze é uma tentativa de maquiar a idolatria.

            Primeiro vem o ato de fabricar imagens. O apologista protestante afirma que esse não é o problema principal, pois é mais importante o que se faz com as imagens.

            Ele afirma que os querubins da arca não eram objetos de veneração. Diante dessa afirmação devemos dizer que ela está errada. Os querubins e a arca eram venerados no Antigo Testamento.

Os judeus veneravam a arca e também os querubins, de modo que esse objeto de culto recebia a máxima honra. Isso é o que chamamos de veneração.

            Depois, o autor afirma que o povo não tinha contato com a arca. Podemos dizer a partir disso que o argumento da veneração é ainda mais fortemente provado.

De fato, a arca ficava a maior parte do tempo no santo dos santos. Esse é o lugar santíssimo do templo, o lugar especial, onde o Sumo sacerdote entrava uma vez por ano.

Desse modo, pode-se imaginar o grande apreço, respeito, amor e reverência que os judeus tinham pela arca, onde se voltavam para o local onde ela se encontrava para adorar a Deus.

Esse sentimento e os gestos que brotam dessa piedade é o que chamamos veneração. O apologista pode encontrar outro termo. Não tem problema, desde que admita o fato.

Então, cobrir a arca durante os transportes lembra o que se faz com o santíssimo sacramento (a hóstia consagrada) em procissões. É uma veneração intensa em relação à arca da aliança. Portanto, esse cuidado religioso para com a arca prova que a mesma era venerada.

Agora, vejamos o caso da serpente de bronze construída por Moisés. A serpente de bronze foi construída por ordem de Deus para curar os mordidos pelas serpentes.

Assim, Deus usou de uma imagem para curar. É um fato. Essa imagem é símbolo de Jesus Cristo. Portanto, uma imagem usada para ensinar uma verdade religiosa, por meio de símbolo. Trata-se de uma imagem religiosa, uma imagem sagrada.

Desse modo, os judeus, olhando para a imagem, criam que receberiam a cura por aquele ato.  Tinham  fez na graça que receberiam por fitar a imagem da serpente. Assim, por esse pensamento e reconhecimento, com respeito e devoção pelo que Deus havia ordenado, eles veneravam a arca.

Por muito tempo a arca foi mantida naquele lugar. Os judeus mais tarde começaram a adorá-la. Isso mostra que da veneração surgiu um culto de idolatria. Então foi preciso destruí-la. O problema não estava com a imagem, é claro, mas com os gestos de idolatria. Não se trata de qualquer gesto, mas gestos que brotam de um coração que não tem mais a verdade doutrinal sobre a imagem.

Antes, a serpente era um meio que Deus usou para curar, ensinando algo importante ao povo. Agora, o povo considerava a própria imagem como uma entidade, chamando-a Noestã. Esse foi o erro combatido pelo rei Ezequias.

Desse modo, pode-se dizer que algo bom tornou-se mau para o povo? Não. Foi o pecado de idolatria que fez isso. Não foi a imagem que deu ocasião ao mal, mas o pecado que gerou esse mal.

A imagem era boa, pois foi feita segundo a vontade de Deus. A idolatria do povo é que foi motivo para a destruição da imagem.

Isso lembra o que São Paulo fala a respeito da lei de Deus, que é santa, justa e boa, mas pelo pecado a lei foi usada pelo pecado para gerar a morte: “Então, o que é bom se tornou em morte para mim? De maneira nenhuma! Mas, para que o pecado se mostrasse como pecado, ele produziu morte em mim por meio do que era bom, de modo que, por meio do mandamento, mostrasse como o pecado é extremamente mau.” (Romanos 7).

A lei não se tornou em morte para o cristão. Assim, a imagem também não se tornou um ídolo para o povo judeu.

O pecado produziu a morte “por meio do que era bom”, ou seja, por meio da lei. Então a morte é obra do pecado e não da lei.

Assim, usando esse exemplo, a idolatria foi o que produziu o mal, e não a imagem. O pecado usou a imagem para manifestar-se. E, como a imagem foi usada por Deus, a culpa de idolatrá-la foi apenas do homem.

Portanto, quando o rei Ezequias destruiu a imagem, e esse ato foi do agrado de Deus, isso se deve ao fato que o rei deu fim à idolatria. Foi algo necessário para aquela ocasião, a destruição da imagem.

Assim, os querubins e a arca justificam sim o uso das imagens pelos cristãos, pois fornece o princípio de que as imagens religiosas podem ser usadas para ensinar verdades importantes do evangelho.

Os atos de veneração como ajoelhar, acender velas, incensar e fazer procissões são parte da veneração, e podem ser feitos como veneração e não como ato idolátrico.

Se os cristãos entendem que as imagens são símbolos que podem ser usados para o ensino de verdades espirituais e que sua veneração atinge o que elas representam, temos o culto de veneração com base bíblica.

Gledson Meireles.

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