Refutação:
4.1.1
Querubins de ouro e serpente de bronze
O apologista protestante afirma que o argumento de que Deus mandou fazer
querubins e uma serpente de bronze é uma tentativa de maquiar a idolatria.
Primeiro vem o ato de fabricar imagens. O apologista
protestante afirma que esse não é o problema principal, pois é mais importante
o que se faz com as imagens.
Ele afirma que os querubins da arca não eram objetos de veneração.
Diante dessa afirmação devemos dizer que ela está errada. Os querubins e a arca eram venerados no Antigo Testamento.
Os
judeus veneravam a arca e também os querubins, de modo que esse objeto de culto
recebia a máxima honra. Isso é o que chamamos de veneração.
Depois, o autor afirma que o povo não tinha contato com a
arca. Podemos dizer a partir disso que o argumento da veneração é ainda mais
fortemente provado.
De
fato, a arca ficava a maior parte do tempo no santo dos santos. Esse é o lugar
santíssimo do templo, o lugar especial, onde o Sumo sacerdote entrava uma vez
por ano.
Desse
modo, pode-se imaginar o grande apreço, respeito, amor e reverência que os
judeus tinham pela arca, onde se voltavam para o local onde ela se encontrava
para adorar a Deus.
Esse
sentimento e os gestos que brotam dessa piedade é o que chamamos veneração. O
apologista pode encontrar outro termo. Não tem problema, desde que admita o
fato.
Então,
cobrir a arca durante os transportes lembra o que se faz com o santíssimo
sacramento (a hóstia consagrada) em procissões. É uma veneração intensa em
relação à arca da aliança. Portanto, esse cuidado religioso para com a arca
prova que a mesma era venerada.
Agora,
vejamos o caso da serpente de bronze construída por Moisés. A serpente de
bronze foi construída por ordem de Deus para curar os mordidos pelas serpentes.
Assim,
Deus usou de uma imagem para curar. É um fato. Essa imagem é símbolo de Jesus
Cristo. Portanto, uma imagem usada para ensinar uma verdade religiosa, por meio
de símbolo. Trata-se de uma imagem religiosa, uma imagem sagrada.
Desse
modo, os judeus, olhando para a imagem, criam que receberiam a cura por aquele
ato. Tinham fez na graça que receberiam por fitar a imagem
da serpente. Assim, por esse pensamento e reconhecimento, com respeito e
devoção pelo que Deus havia ordenado, eles veneravam a arca.
Por
muito tempo a arca foi mantida naquele lugar. Os judeus mais tarde começaram a
adorá-la. Isso mostra que da veneração surgiu um culto de idolatria. Então foi
preciso destruí-la. O problema não estava com a imagem, é claro, mas com os
gestos de idolatria. Não se trata de qualquer gesto, mas gestos que brotam de
um coração que não tem mais a verdade doutrinal sobre a imagem.
Antes,
a serpente era um meio que Deus usou para curar, ensinando algo importante ao
povo. Agora, o povo considerava a própria imagem como uma entidade, chamando-a
Noestã. Esse foi o erro combatido pelo rei Ezequias.
Desse
modo, pode-se dizer que algo bom tornou-se mau para o povo? Não. Foi o pecado
de idolatria que fez isso. Não foi a imagem que deu ocasião ao mal, mas o
pecado que gerou esse mal.
A
imagem era boa, pois foi feita segundo a vontade de Deus. A idolatria do povo é
que foi motivo para a destruição da imagem.
Isso
lembra o que São Paulo fala a respeito da lei de Deus, que é santa, justa e boa,
mas pelo pecado a lei foi usada pelo pecado para gerar a morte: “Então, o que é bom se tornou em morte para
mim? De maneira nenhuma! Mas, para que o pecado se mostrasse como pecado, ele
produziu morte em mim por meio do que era bom, de modo que, por meio do
mandamento, mostrasse como o pecado é extremamente mau.” (Romanos 7).
A
lei não se tornou em morte para o cristão. Assim, a imagem também não se tornou
um ídolo para o povo judeu.
O
pecado produziu a morte “por meio do que era bom”, ou seja, por meio da lei.
Então a morte é obra do pecado e não da lei.
Assim,
usando esse exemplo, a idolatria foi o que produziu o mal, e não a imagem. O
pecado usou a imagem para manifestar-se. E, como a imagem foi usada por Deus, a
culpa de idolatrá-la foi apenas do homem.
Portanto,
quando o rei Ezequias destruiu a imagem, e esse ato foi do agrado de Deus, isso
se deve ao fato que o rei deu fim à idolatria. Foi algo necessário para aquela
ocasião, a destruição da imagem.
Assim,
os querubins e a arca justificam sim o uso das imagens pelos cristãos, pois
fornece o princípio de que as imagens religiosas podem ser usadas para ensinar
verdades importantes do evangelho.
Os
atos de veneração como ajoelhar, acender velas, incensar e fazer procissões são
parte da veneração, e podem ser feitos como veneração e não como ato idolátrico.
Se
os cristãos entendem que as imagens são símbolos que podem ser usados para o
ensino de verdades espirituais e que sua veneração atinge o que elas representam,
temos o culto de veneração com base bíblica.
Gledson Meireles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário