quinta-feira, 28 de março de 2024

Escatologia - Parte 2


A parte 2 do Comparando Escatologias é bem interessante. Trata de Dn 7. Pois bem. A Igreja Católica não dogmatiza sobre o modo de interpretar o Apocalipse. Parece que a Igreja Adventista exige que seja interpretado usando o método historicista. Mas, isso não é exigência católica.

Então, será que o historicismo, como usado no advenstimo, interpretando a Igreja Católica de forma negativa, está correta? Certamente não.

Sendo assim, Antíoco Epifânio pode ser de fato um símbolo do Anticristo. Não é ele o Anticristo, mas é símbolos dos anticristos, e principalmente daquele último, profetizado em 2 Tessalonicenses.

Não há necessidade de que os 3 anos e meio sejam exatamente esse tempo cronológico. Mas é curioso que o tempo de perseguições de Antíoco tenha sido de 3 anos e 10 dias, podendo ser base para o símbolo do Apocalipse. Pode ser que o Apocalipse não esteja interessado no historicismo e em passar exatidão de tempo aqui.

Em Dn 7 ocorre o mesmo que me Dn 2. O quarto império é simbolizado por um animal com dentes de ferro e que possuía dez chifres. Então, os poderes simbolizados pelos 10 chifres são parte do mesmo poder do animal de ferro. Assim como na estátua, onde pés de ferro e barro são parte do mesmo reino das pernas de ferro. E o chifre pequeno é parte desse mesmo animal.

A IASD interpreta o chifre pequeno que surge após a retirada de três chifres como sendo papado. Sabendo que é consenso que o chifre pequeno é tipo do Anticristo, conclui que o papado é o Anticristo. Esse Anticristo teria aparecido após a fragmentação de Roma.

Mas, como vemos na história, o papado vem do tempo de Cristo, e os papas já possuem poder espiritual desde São Pedro. O papa São Clemente já demonstra poder na Igreja em 96 d. C. Assim, vários papas muito antes de 538 d. C., que é a data que o adventismo defende para o surgimento do poder do papado como anticristo subjugando “a igreja” até 1798 d. C. A Igreja Católica é fundada por Jesus quando ainda o Império Romano era poderoso. E somente mais tarde, no século oitavo, é que a Igreja recebe poder temporal significativo.

É praticamente impossível que a Igreja Católica seja algo negativo nas profecias do livro de Daniel, pois ela é a Igreja de Cristo que sofre os ataques das feras. Veja o que está no verso 27: A realeza, o império e a suserania de todos os reinos situados sob os céus serão devolvidos ao povo dos santos do Altíssimo, cujo reino é eterno e a quem todas as soberanias renderão seu tributo de obediência.

A única instituição que pode representar o reino espiritual do evangelho, o Reino de Deus na terra, é a Igreja Católica. Em Nome de Cristo vem formando reinos espirituais, com desdobramentos temporais, formando a Cristandade, fundando nações. Obviamente não é o reino eterno final já estabelecido, mas é o Reino que Cristo deixou como semente na terra, e que já cresceu de forma deslumbrante e magnífica perpassando séculos e séculos da história. Nenhuma outra Igreja tem feito esse papel.

É preciso notar que a Igreja de fato aparece nas profecias. Mas é preciso olhar a partir de sua perspectiva para identificar os poderes que lhe são opostos.

“A natureza da ICAR e do papado só permitem a eles duas opções: ou eles são uma instituição criada por Cristo, com autoridade suprema, infalibilidade e sendo a própria voz de Cristo na terra, ou eles são uma instituição humana que usurpa essa imagem e autoridade”.

Por isso, não há lugar para interpretar a ICAR como o símbolo infernal do chifre pequeno. Não há nada mais longe da Igreja Católica do que o papel que o chifre pequeno exerce.

Gledson Meireles.

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