quinta-feira, 28 de maio de 2020

A doutrina do batismo

O batismo cristão é um sacramento fundamental, necessário para a salvação. Sua doutrina é clara, extensamente  nas Escrituras, e é altamente valorizado na Igreja Católica.
Por isso, o apologista protestante Norman Geisler, que sempre lembrava ser conhecedor da doutrina católica, afirma que se a doutrina do batismo, como entendida no catolicismo, se fosse refutada a Igreja Católica teria mais a perder do que as demais. Isso ele afirmou considerando a doutrina da regeneração batismal que é também ensinada pelos luteranos, anglicanos e metodistas. No entanto, a posição católica é única. Pois bem. Será que Geisler pôde refutar esse ponto do Catolicismo?
Vejamos. Geisler afirmou que a posição reformada e batista é mais consistente. Isso talvez seja devido à pouca compreensão do que realmente a doutrina católica do batismo representa, apesar de alguém afirmar que tem familiaridade com o Catolicismo. Nas questões de fé é preciso crer para compreender. E, não devemos nos esquecer, compreender para crer.



Se o batismo é necessário para a salvação?

Objeção 1: Parece que o batismo não é necessário para a salvação. Pois a Escritura afirma que o novo nascimento vem pelo ouvir a Palavra de Deus (1 Pedro 1, 23), e os que são batizados em Atos 2, 41 ouviram a Palavra. Portanto, não é necessário o batismo para ser salvo.

Objeção 2: Em Atos 2:38 parece que o sentido do texto “para a remissão” dos pecados seria “por causa da remissão” dos pecados. Portanto, o batismo não é necessário para a salvação, mas porque houve a salvação.

Objeção 3: A Escritura afirma que aquele que crê será salvo (Rm 1, 16; Jo 3, 18). Em nenhum lugar está escrito que aquele que não for batizado será condenado. Assim, somente a fé seria necessária.

Objeção 4: O apóstolo Paulo afirmou que foi enviado para pregar e não para batizar (1 Cor 1, 17). E o evangelho é o poder de Deus para salvação daquele que crê. Portanto, o batismo não é necessário para a salvação.

Objeção 5: O batismo é obra de justiça (Mt 3, 15). Em Tt 3, 5 é dito que não somos salvos por obras. Dessa forma, o batismo não é necessário para a salvação.

Objeção 6: Muitos textos bíblicos apontam a salvação somente pela fé, como João 20, 31; João 3, 16; e 18, 36. Eles não falam do batismo.

Objeção 7: O texto de João 3, 5 é espiritual, pois em Tito 3, 5 não há referência à água do batismo, mas à regeneração espiritual do crente, usando figuradamente a “lavagem” espiritual, e não a salvação por obras como o batismo.

Objeção 8: O batismo vem depois da salvação. De fato, Paulo foi convertido em Atos 9, e foi enviado a Damasco apenas para receber o envio. Assim, ele recebeu o perdão no caminho de Damasco, e o batismo é referência a esse perdão.

Objeção 9: Parece que o batismo não é essencial, pois em 1 Pedro 3, 21 não é dito para limpar o pecado original, mas da má consciência.

Resposta à objeção 1: O texto de 1 Pedro 1,23 afirma que a regeneração se dá pela Palavra de Deus, que é semente da vida eterna. No entanto, Jesus afirmou que o novo nascimento acontece pela água e pelo Espírito (João 3, 5).  Por isso, o batismo é um meio da graça divina e realizado mediante a fé na Palavra. Consequentemente, o batismo é o sacramento que opera a remissão dos pecados e recebimento do Espírito.

Resposta à objeção 2: São Pedro acabava de ouvir a pergunta: “Que devemos fazer irmãos?”, e respondeu com a exigência do arrependimento e do batismo. Ainda, o contexto não mostra que eles já estavam salvos e que deveriam ser batizados para mostrar essa salvação, mas deviam ser batizados para a remissão dos seus pecados. Entretanto, os textos sobre o batismo mostram a remissão dos pecados no momento do batismo.

Resposta à objeção 3: Jesus ensinou que “quem crer e for batizado será salvo”. Somente quem não crê já está inapto a receber o batismo, e assim receber a salvação (Mc 16,16). Portanto, o batismo é necessário à salvação.

Resposta à objeção 4: Jesus enviou os apóstolos para pregar e batizar: Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 19). O que São Paula estava afirmando é que sua missão principal, como apóstolo inspirado, era pregar, pois outros podiam também batizar. O apóstolo afirmou não ter batizado nenhum deles. E o motivo de ter dito isso era por causa das divisões e daqueles que estavam dizendo “Eu sou de Paulo”.

Resposta à objeção 5: Jesus estava referindo-se ao cumprimento de toda a justiça que Ele veio cumprir. O batismo cristão é obra de Cristo em nós, e não obra nossa. Portanto, o batismo é necessário para a salvação.

Resposta à objeção 6: Os textos bíblicos devem ser lidos em sua inteireza, no contexto local e no contexto geral. Outros textos mostram a necessidade do batismo para a salvação, o que completa os textos que mostram a fé como pré-requisito para o batismo.

Resposta à objeção 7: Jesus afirmou que o nascimento é pela “água” e pelo “Espírito”. Em Tito 3, 5 o mesmo ocorre: “ele nos salvou mediante o batismo da regeneração e renovação, pelo Espírito Santo”. O banho referido já supõe a água, e a regeneração é o efeito batismal, operado pelo Espírito Santo naquele ato sacramental.

Resposta à objeção 8:  O texto afirma que o perdão foi dado no momento do batismo e não no caminho de Damasco. O Senhor enviou Ananias para curar e batizar Paulo. Ele recuperou a vista e foi batizado (Atos 9, 18). Ananias diz a Saulo: “Recebe o batismo e purifica-te dos teus pecados” (Atos 22, 16). Portanto, o batismo é o momento em que os pecados são perdoados.

Resposta à objeção 9: O texto de 1 Pedro 3, 21 é claro ao afirmar que o batismo salva. O texto compara a água do dilúvio com do batismo, portanto com a água batismal, e afirma que o mesmo salva. O pecado causa a má consciência, por causa da falta de paz com Deus (cf. Rm 5, 1.5), e por isso o perdão do pecado proporciona uma boa consciência.
 
Gledson Meireles.
 
 

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