terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Identificando a Igreja: a Igreja nos primeiros dias

Durante quarenta dias, Jesus ressuscitado ensinou aos apóstolos, falando sobre o reino de Deus. Isso mostra, em continuação aos evangelhos, que o colégio apostólico mantem a missão de anunciar a doutrina de Jesus.

O batismo no Espírito Santo, ou melhor, o batismo com o Espírito Santo, foi cumprido no dia de pentecostes, quando o dom do Espírito encheu todos os que estavam esperando essa realização. Os apóstolos e discípulos de Jesus, com a virgem Maria e os parentes de Jesus.

Os apóstolos foram fortalecidos com o poder do Espírito e foram aos confins da terra espalhar a mensagem de Jesus, fazendo crescer a Igreja.

Pedro então inicia o processo de escolha do apóstolo que substituiu Judas Iscariotes. Pedro aparece como líder, como fora posto por Jesus, levantando-se entre os irmãos, da mesma maneira como sua figura é proeminente nos evangelhos.

A escolha da Igreja, sob a liderança de Pedro, de dois discípulos, com o fim de eleger um deles para apóstolo, fez com que todos conhecessem a escolha de Deus. Matias foi o escolhido. Isso mostra que a ação da Igreja, fundada na doutrina de Jesus, conforme ensinada pelos apóstolos, está sob a liderança de Deus. Será importante notar sempre a autoridade dos apóstolos. É o modo estabelecido para o agir de Deus.

É assim que Pedro, como em Atos 1, 15, “levantou-se no meio dos irmãos”, ele “então, de pé, junto com os Onze” profere o primeiro sermão da Igreja. Todos na Igreja receberão o Espírito Santo, para profetizar, ter visões e sonhos. Isso mostra que os dons do Espírito Santo que estão na Igreja fazem todos caminhar diante de Deus para a formação do Corpo de Cristo Espiritual, sob a liderança que Ele colocou, que são os apóstolos, e em especial o apóstolo Pedro, que estava falando naquele momento (cf. Atos 2,1).

Então, falando dos fins dos tempos, quando da Grande Tribulação, ensina que quem invocar o Nome do Senhor será salvo (Atos 2, 21). Isso não significa outro modo de para encontrar a salvação, como se não fosse mais necessária a fé, nem a obediência, nem a profissão de fé.

Não se trata de outra dispensação, na qual haveria para a salvação uma só exigência: invocar o nome do Senhor. Na verdade, a invocação do nome de Jesus sempre é necessária. Quem invoca o Nome de Deus sem fé? Quem invoca o Nome de Jesus verdadeiramente sem a disposição de segui-lo verdadeiramente? Não se pode imaginar essa situação sem imediatamente notar que tal não é ensino bíblico.

Tanto hoje como nos dias finais é necessário invocar o Nome de Jesus para ser salvo. De fato, São Paulo invocou o Nome do Senhor no dia do seu batismo. Afirmou que devemos crer com o coração e professar com a boca para alcançar salvação. Pois, quem crê será salvo. Basta isso? De certa forma sim. Mas a Escritura ainda prossegue ensinando que devemos crer com o coração, no mais íntimo da nossa alma, para obter a justiça, e confessar com a boca para a salvação. Ainda, invocar o Nome de Jesus para ser salvo.

De fato, a invocação do nome do Senhor é para a salvação, desde os dias de Cristo, até o fim dos tempos. Isso está ensinado em Romanos 10, 10-13. Ninguém pode afirmar o que está em um versículo sem considerar o que está em outro. Aliás, essa passagem ensina a fé e a profissão de fé para a salvação, e a invocação do nome do Senhor. É como a fonte que transborda do coração, a partir do momento em que se crê.

Por isso, em Atos 3, 19 está escrito: “Arrependei-vos e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados”. Não se diz aí que deve-se ter fé. Não está escrito que devemos crer e confessar para receber a justiça e a salvação. Afirma apenas, nesse verso, que devemos nos arrepender dos pecados e converter-nos, ou seja, mudar de vida, para que tenhamos os pecados perdoados.

Seria uma ignorância terrível ler o versículo isoladamente e ensinar que não seria mais necessária nem a fé, nem a profissão de fé, nem a invocação do nome de Jesus, mas apenas o arrependimento e a conversão!

O leitor deve ter compreendido que a Bíblia ensina em seu todo, e não podemos isolar passagens para ensinar uma doutrina. Por isso, sabemos que é necessário crer para a salvação, também é necessário confessar o nome de Jesus para a salvação, que é necessário invocar o nome de Jesus para ser salvo, que é necessário também arrepender-se dos pecados e de converter-se para termos os pecados perdoados, portanto, para a salvação, mudar de caminho de vida, passar para o caminho de Jesus. É assim que devemos entender o evangelho, em sua inteireza.

Assim, quando alguém afirma que em um tempo basta a fé, noutro são necessárias as obras, noutro será apenas a invocação do nome do Senhor, está dividindo a palavra de Deus, de forma errônea, anti-bíblica. A mesma doutrina que está em Mateus inteiro, também está em Atos e está no Apocalipse, como está em toda a Bíblia. Onde há mudança, a própria Escritura deixa isso bastante claro. Portanto, na dispensação última na qual estamos, somos salvos por Cristo pela fé e boas obras.

O derramamento do Espírito Santo profetizado pelo rei Davi aconteceu no dia de Pentecostes. É o que a Escritura mostra, como São Pedro fala aos judeus ali presentes (cf. Atos 2, 33).

As conversões aconteceram em quantidade naquele dia. O que deveriam fazer? Deverão converter-se e ser batizado em nome de Jesus para o perdão dos pecados, para então receber o Espírito Santo (vv. 37-38). Todos deveriam crer no Cristo, e receber o batismo por meio dos apóstolos. Fé, batismo, dom do Espírito, tudo em harmonia, tudo na sequência estabelecida, onde só Deus pode milagrosamente, e com motivos fundados, fazer de outra forma. Assim é que Cornélio e o seus receberam o Espírito antes do batismo, como algo extraordinário, para mostrar aos judeus convertidos que os gentios são chamados à mesma aliança. No entanto, a forma ordinária do evangelho é fé e conversão, batismo e recebimento do Espírito Santo.

O livre-arbítrio na aceitação do Evangelho é patente. “Salvai-vos desta geração perversa”. E, assim, os que acolheram a Palavra foram batizados (vv. 40-41).

A partir daí, todos obedeciam aos “ensinamentos dos apóstolos”, estavam na comunhão fraterna e partiam o pão diariamente, em ação de graças a Deus, na Eucaristia. Vemos aí que a primeira comunidade formada a partir de Pentecostes, com os dons do Espírito, estava unida e obediente aos apóstolos.

O verso 43 é tremendo. O Senhor mostra a autoridade dos apóstolos, diante da Igreja, e todos estavam tomados de temor. Os apóstolos realizavam prodígios numerosos e imensa quantidade de sinais. Os que seriam salvos eram colocados na Igreja pelo Senhor, ensina a Escritura no verso 47. Eis a soberania de Deus, que já havia incluído o livre-arbítrio nesse mistério salvífico.

Não há aí autonomia de membros, como se todos os cristãos fossem mestres e pudessem por si tomar autoridade, nem dons que dividem, contra a autoridade estabelecida, nem livre-exame para escolher e julgar a pregação apostólica.

Temos a liderança dos apóstolos, a obediência da igreja, os dons carismáticos, distribuídos na igreja, e de forma especial os dons confirmatórios da autoridade dos apóstolos (cf. Atos, 2, 43). Tudo isso é fruto do evangelho de Jesus.

Jesus veio para abençoar e salvar. O homem livre deve afastar-se da maldade, arrepender-se, converter-se, crer em Jesus, ser batizado (cf. dentre os textos citados, ler ainda Atos 3, 26).

Em Atos 4, 32-33 vemos a Igreja crescendo, sob o impulso do Espírito Santo. Era o Senhor liderando através dos apóstolos. A Igreja era unida de coração e alma, e os apóstolos testemunhavam a ressurreição de Jesus, e tratavam, até aquele momento, das administrações econômicas da Igreja, distribuindo e repartindo conforme as necessidades de cada um, os valores e bens que recebiam de doações voluntárias. Eram chefes espirituais, e já tratavam de questões temporais, as que tocam o evangelho, pois se tratava de vestir o nu, dar comida aos famintos, colaborar para a vida digna dos cristãos.

Todos podem constatar que havia uma só Igreja, sob o comando dos apóstolos, guiada pelo Espírito Santo. Em cada localidade será fundada uma comunidade cristã que estará unida na fé e obediência apostólica. Isso ficará claro ao passo em que continuamos a refletir sobre a Igreja, sua autoridade e sua posição ante às divisões e doutrinas diversas e sobre a sua disciplina.

Gledson Meireles.

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