segunda-feira, 21 de junho de 2021

O significado de Corpus Christi: respondendo a uma pregação protestante

Algumas palavras sobre o vídeo ou áudio.

Explicações de quem não crê na eucaristia, na transubstanciação, não são tão precisas quanto esperaríamos que fossem. Ainda mais de alguém que nunca foi católico, que nunca entendeu essa doutrina, e que era de família protestante, crescido no meio em que nunca foi ensinada a doutrina da transubstanciação, e o conhecimento se deu apenas por meio de negações.

Por essas e outras razões, segue um comentário às afirmações feitas na pregação acima referida, no vídeo.

Essas exposições não servem para conhecer a doutrina em sua inteireza, mas servem para aprofundarmos no seu sentido, e para combatermos os erros, as heresias.

Seguem algumas explicações, de coisas que são ditas na pregação, e que para nós, cristãos católicos não são como foram ditas pelo saudoso pastor.

Então:

A tradução de Corpus Christi não é Corpo de Deus, mas, como é fácil de entender, Corpo de Cristo. Deus não tem corpo, mas Cristo tem corpo humano. Melhor entendido agora.

A hóstia não é proibida de ser mastigada. Basta ver que todos os padres mastigam a hóstia. Já os fieis, que recebem pequena porção, pequeno pedaço da hóstia, ou seja, uma pequena hóstia, não precisam preocupar-se com a mastigação, embora não haja nenhuma proibição, porque logo que está na boa o elemento começa a derreter e pode ser comido facilmente.

Se eventualmente grudar do céu da boca, como pode acontecer, basta que o fiel espere que logo está totalmente derretida, sem problemas. Não há motivo para ficar tentando tirar a hóstia do céu da boca, dos dentes, etc. Tal cena nem mesmo adequa-se no ambiente espiritual em que a eucaristia é celebrada.

A conversão do elemento material em Corpo de Cristo não se dá no momento do sino, ou por causa do sino, para não ter qualquer mal-entendido. Ela se dá não na apresentação que o padre faz dos elementos ao mostra-los ao povo, mas quando com fé e intenção de celebrar o que Jesus ordenou, o padre repete as palavras que Cristo ensinou. É nesse momento que Jesus está presente.

Na procissão de Corpus Christi não se usa o hostiário, com as hóstias, mas o ostensório, com uma hóstia consagrada. O hostiário é onde se coloca hóstias não consagradas.

Sobre o fervor intenso do povo cristão católico,  porque ali está literalmente o próprio Jesus Cristo, entendemos que se trata de presença real, literal, mas de uma forma sacramental. Sabemos que Jesus está no céu. Portanto, Sua presença no sacramento não é simbólica, metafórica, mas é de forma espiritual, real, literal.

Também lembramos na celebração da morte, sepultamento e ressurreição, mas sabemos que Jesus está ali em sacramento.

Isto é o meu corpo não significa representação, pois Jesus não está representando ninguém, Ele mesmo é a realidade.

Na Ceia, Jesus entrega Seu corpo no sacramento. Por isso, o pão e o vinho ali distribuído é o Corpo de Jesus, e não outro corpo.

Jesus é o pão, é a videira, é o caminho, é o pastor. Assim como o pão alimenta fisicamente, Jesus alimenta espiritual. Assim como o galho da videira ganha vida unido ao tronco, estamos vivos unidos a Jesus. Assim como o caminho leva a um lugar, Jesus leva ao céu. Assim como o pastor cuida do rebanho, Jesus cuida de nós.

Essas metáforas não desfazem a verdade da transubstanciação, pois Jesus ensinou a comermos com fé Seu Corpo e Sangue, em sentido espiritual, como uso da matéria, do pão e do vinho, portanto, de forma sacramental, para que tenhamos vida.

Por isso, desde os primeiros séculos os cristãos católicos foram acusados de canibalismo, por aqueles que não entendiam a doutrina.

As palavras referentes ao sacramento são literais, não no sentido grosseiro, de material, mas porque trazem o que significam espiritualmente. O Corpo e o Sangue de Cristo vem à nossa alma, não ao corpo material, como se fosse comida física para nutrir o corpo. Ele nutre a alma de forma espiritual.

Não há nada que substitua Jesus em nossa vida, e por isso, o Corpus Christi é o momento de mostrar isso, pois celebrar essa verdade de Cristo não é inventar outra coisa para o lugar de Cristo, mas trazê-lo à memória, ao espírito, ao coração, e adorá-lo.

Nas celebrações da eucaristia sabemos que Jesus está no céu, ressuscitado, sentado à direita do Pai.

Jesus está mesmo no nosso coração, e não somente nos símbolos. Mas, os símbolos não contém nada que os torne proibidos. Aliás, a eucaristia é o sacramento que traz a realidade que Jesus quis ensinar quando instituiu esse sacramento. O sacramento não é somente símbolo, como um crucifixo, uma imagem, uma medalha, uma pintura. No sacramento a Palavra transmite o que significa.

Muito bom o reconhecimento do pastor, ao final da pregação, de que nós católicos temos muito respeito e reverência nas celebrações da eucaristia, servindo de exemplo para os protestantes.

Para os que querem melhor conhecer a doutrina católica, leiam a Bíblia e o Catecismo. Alguns artigos aqui ajudam. Procurem páginas de apologética católica.

Então, ficou melhor explicado sobre o significado de Corpus Christi, sobre a mastigação ou não da hóstia, sobre a memória que é feita na celebração, sobre a presença real e não somente metafórica, pois real, espiritual é também literal, sobre o modo dessa presença como sacramento, sobre a fonte para participar bem do sacramento, que é a fé, em Jesus, no nosso coração e a confissão com nossa boca, o sentido das metáforas e a verdade da eucaristia na frase: Isto é o meu corpo.

Espero que isso ajude a entender melhor a eucaristia.

Gledson Meireles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário