sexta-feira, 19 de julho de 2024

A descrição da missa na Apologia de São Justino

 

São Justino faz uma apresentação de como era a missa no seu tempo. De fato, é preciso bastante atenção, para não entrar em confusão

Naqueles tempos havia o ósculo da paz. Hoje temos o aperto de mão, no Brasil e em várias partes do mundo. Há momento de oração e, após isso, há a saudação entre os fieis, não sendo necessário, obrigatório, que seja o ósculo. então a cultura modifica esses pormenores.

Então, inicia-se o rito da missa. Apresenta-se ao celebrante “um vaso de água e vinho” e faz-se longa oração de graças. Essa longa oração não foi escrita por São Justino, mas já se tem ideia que se trata do rito eucarístico.

O povo responde Amém após a oração.

Os diáconos entregam aos assistentes, que hoje podem ser os ministros da sagrada comunhão, para que levem “aos ausentes” a eucaristia, que é “parte do pão, do vinho, dá água, sobre os quais se disse a ação de graças”.

Esse particular é importante: sobre os quais se disse ação de graças, ou seja, foram consagrados. Tornaram-se diferentes, santos, sacramentos, e por isso são levados aos ausentes, àqueles que não puderam participar. Esse costume existe na Igreja Católica nos dias atuais, adaptadas as circunstâncias, onde os ministros da eucaristia levam aos doentes e idosos e etc., a comunhão.

E São Justino explica: “Este alimento se chama entre nós Eucaristia”, e afiram que somente os que creem na doutrina ensinada na Igreja e são batizados é que podem participar. E quanto ao batismo, ele o chama de “banho da remissão dos pecados e da regeneração”.

Após isso, ele afirma que os elementos consagrados não são comida comum, e faz referência à encarnação de Jesus, operada pelo Espírito Santo, que é um milagre e escreve: “assim também se nos ensinou que por virtude da oração do verbo, o alimento sobre o qual foi dita a ação de graças”, esse alimento é a carne e o sangue de Jesus. Ou seja, assim como o alimento comum nutre o corpo, agora, após a consagração, esse alimento é o corpo e o sangue de Jesus. É o mesmo que dizer “transubstanciação”, em outras palavras.

Então, alude ao mandamento dado aos apóstolos de celebrar a Eucaristia.

Eis que, de modo explícito, o dia de domingo é apresentado como o dia por excelência, de costume da Igreja, para celebrar os mistérios, onde se leem a memória dos apóstolos ou os escritos dos profetas, que são as leituras da missa.

Depois da leitura, há a pregação, “o presidente faz a exortação”, que é a homilia atual. Depois desse momento há a consagração e a comunhão dos fieis. Há orações, e participação do povo, que responde às palavra do celebrante. Então todos comungam e os diáconos entregam a comunhão para serem levadas aos doentes. Também a oferta, para sustento da Igreja, que é oferecida livremente “os que têm, e querem”, para ajuda dos necessitados.

Tudo isso está na santa missa, em todas a suas particularidades, e não há culto protestante que segue esse ritual, a não ser os das igrejas que conservaram esse rito católico.

No entanto, o que o protestante afirma? Que há simplicidade nesse culto, que não foi falado das imagens, das velas, dos utensílios, do incenso, da oração dos santos, das ladainhas, etc., etc., etc., e não conseguem compreender que tudo isso não á parte essencial do rito da missa, e que São Justino está ali escrevendo o que acontece no principal culto da Igreja Católica, sem falar de como as igrejas eram ornamentadas e outras coisas. Além do mais, o escrito é do ano 165 d. C., aproximadamente meados do segundo século, e não se espera desenvolvimento igual ao que foi posteriormente feito, já que nesse período havia perseguição aos cristãos.

Que o leitor primeiro perceba o que está no texto, e reconheça a equiparação com o culto da Igreja Católica conservado em essência em todos os tempos, celebrado no primeiro dia da semana, seguindo um rito litúrgico, como mandamento dado por Cristo aos apóstolos.

Dessa forma, em linhas gerais, nessa apologia, vemos o dia de domingo como dia de culto cristão, a eucaristia, como transubstanciação, e a liturgia cristã católica essencialmente conservada em toda a história da Igreja. Os cultos protestantes, no geral, não possuem esses elementos assim distribuídos e nem a forma como são apresentados. A simplicidade buscada pelo Protestantismo não só fez mais austero o lugar de culto, mas também modificou a liturgia, de modo que não se parece como que São Justino apresenta, e o que os protestantes  que mais introduziram mudanças litúrgicas ainda conservam, é por motivo de sua origem na Igreja Católica.

Muitos protestantes, ao lerem essa Apologia de São Justino, não percebem o que ele está apresentando. Dessa forma, por causa das muitas árvores, eles não enxergam a floresta.

Gledson Meireles.

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