São
Justino faz uma apresentação de como era a missa no seu tempo. De fato, é
preciso bastante atenção, para não entrar em confusão
Naqueles
tempos havia o ósculo da paz. Hoje temos o aperto de mão, no Brasil e em várias
partes do mundo. Há momento de oração e, após isso, há a saudação entre os
fieis, não sendo necessário, obrigatório, que seja o ósculo. então a cultura
modifica esses pormenores.
Então,
inicia-se o rito da missa. Apresenta-se ao celebrante “um vaso de água e vinho”
e faz-se longa oração de graças. Essa longa oração não foi escrita por São
Justino, mas já se tem ideia que se trata do rito eucarístico.
O
povo responde Amém após a oração.
Os
diáconos entregam aos assistentes, que hoje podem ser os ministros da sagrada
comunhão, para que levem “aos ausentes” a eucaristia, que é “parte do pão, do
vinho, dá água, sobre os quais se disse a ação de graças”.
Esse
particular é importante: sobre os quais se disse ação de graças, ou seja, foram
consagrados. Tornaram-se diferentes, santos, sacramentos, e por isso são
levados aos ausentes, àqueles que não puderam participar. Esse costume existe
na Igreja Católica nos dias atuais, adaptadas as circunstâncias, onde os
ministros da eucaristia levam aos doentes e idosos e etc., a comunhão.
E
São Justino explica: “Este alimento se chama entre nós Eucaristia”, e afiram
que somente os que creem na doutrina ensinada na Igreja e são batizados é que
podem participar. E quanto ao batismo, ele o chama de “banho da remissão dos
pecados e da regeneração”.
Após
isso, ele afirma que os elementos consagrados não são comida comum, e faz
referência à encarnação de Jesus, operada pelo Espírito Santo, que é um milagre
e escreve: “assim também se nos ensinou que por virtude da oração do verbo, o
alimento sobre o qual foi dita a ação de graças”, esse alimento é a carne e o
sangue de Jesus. Ou seja, assim como o alimento comum nutre o corpo, agora,
após a consagração, esse alimento é o corpo e o sangue de Jesus. É o mesmo que
dizer “transubstanciação”, em outras palavras.
Então,
alude ao mandamento dado aos apóstolos de celebrar a Eucaristia.
Eis
que, de modo explícito, o dia de domingo é apresentado como o dia por
excelência, de costume da Igreja, para celebrar os mistérios, onde se leem a
memória dos apóstolos ou os escritos dos profetas, que são as leituras da
missa.
Depois
da leitura, há a pregação, “o presidente faz a exortação”, que é a homilia
atual. Depois desse momento há a consagração e a comunhão dos fieis. Há orações,
e participação do povo, que responde às palavra do celebrante. Então todos
comungam e os diáconos entregam a comunhão para serem levadas aos doentes.
Também a oferta, para sustento da Igreja, que é oferecida livremente “os que
têm, e querem”, para ajuda dos necessitados.
Tudo
isso está na santa missa, em todas a suas particularidades, e não há culto
protestante que segue esse ritual, a não ser os das igrejas que conservaram
esse rito católico.
No
entanto, o que o protestante afirma? Que há simplicidade nesse culto, que não
foi falado das imagens, das velas, dos utensílios, do incenso, da oração dos
santos, das ladainhas, etc., etc., etc., e não conseguem compreender que tudo
isso não á parte essencial do rito da missa, e que São Justino está ali
escrevendo o que acontece no principal culto da Igreja Católica, sem falar de
como as igrejas eram ornamentadas e outras coisas. Além do mais, o escrito é do
ano 165 d. C., aproximadamente meados do segundo século, e não se espera
desenvolvimento igual ao que foi posteriormente feito, já que nesse período
havia perseguição aos cristãos.
Que
o leitor primeiro perceba o que está no texto, e reconheça a equiparação com o
culto da Igreja Católica conservado em essência em todos os tempos, celebrado no primeiro dia da
semana, seguindo um rito litúrgico, como mandamento dado por Cristo aos
apóstolos.
Dessa
forma, em linhas gerais, nessa apologia, vemos o dia de domingo como dia de
culto cristão, a eucaristia, como transubstanciação, e a liturgia cristã
católica essencialmente conservada em toda a história da Igreja. Os cultos
protestantes, no geral, não possuem esses elementos assim distribuídos e nem a
forma como são apresentados. A simplicidade buscada pelo Protestantismo não só
fez mais austero o lugar de culto, mas também modificou a liturgia, de modo que
não se parece como que São Justino apresenta, e o que os protestantes que mais introduziram mudanças litúrgicas
ainda conservam, é por motivo de sua origem na Igreja Católica.
Muitos protestantes, ao lerem essa Apologia de São Justino, não percebem o que ele está apresentando. Dessa forma, por causa das muitas árvores, eles não enxergam a floresta.
Gledson Meireles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário