Um protestante fez uma crítica ao que o padre Júlio Lombarde escreveu sobre a mediação de Maria. Abaixo o leitor encontrará uma explicação mais pormenorizada daquilo que o padre escreveu e de como foi entendida pelo protestante, e onde incorreu em erro o protestante.
O padre Júlio afirma
que Jesus é o único mediador em um sentido que não nega a mediação de Maria.
Depois explica que
Jesus é o único mediador entre Deus e os homens, e Maria é medianeira entre
Cristo e os homens. Ela tem mediação ministerial e dispositiva.
Isso explica tudo, mas
o protestante não aceita. De fato, toda a Igreja é medianeira, tanto na terra
como no céu, “todos os Santos são intercessores, Medianeiros junto ao Christo”,
escreve o padre Júlio. E afirma logo a seguir, que essa é doutrina muito simples
e muito lógica.
E de fato o é. Quem pode
negar que somos intercessores? Ninguém pode negar que qualquer cristão pode
pedir a Cristo em favor de outra pessoa. Ele não pode ir diretamente a Deus
Pai, mas tem o dever de ir a Deus por intermédio do Filho, e por isso reza em
Nome de Jesus. Assim, o que o padre está afirmando de Maria é que ela é
intercessora como todos os outros santos. Afirma, também, que por ser mãe de
Jesus ela é especial. Isso também tem toda a lógica bíblica, daquela que é
bendita entre as mulheres. Maria é medianeira “na mesma ordem, que todos os
Santos”, é preciso frisar.
Após isso, o padre
Júlio explica o que é a mediação necessária e a mediação útil. Ele utiliza argumentos para mostrar a lógica e o
fundamento dessa mediação.
Ele usa de uma
comparação, de Carlos de Laet, onde a água é necessária para a vida, e o
encanamento que traz a água é útil. Podemos ir à fonte buscar água, mas não
dispensamos o encanamento.
É claro que toda a
comparação é limitada, mas faz todo sentido. Podemos ir a Cristo diretamente,
mas não podemos dispensar a mediação útil de Maria, a mediação útil dos santos,
a mediação útil de todos os irmãos na terra e no céu. É isso que o padre Júlio
está explicando.
Mas, eis que o
protestante raciocina de outro modo. A água é necessária, e nos vem até nossas
casas pelo encanamento. Não há como ir buscar água na fonte, e sempre a temos
por meio dos canos de água. Então, nunca podemos ir a Jesus, sempre
necessitamos de Maria. Então, ao invés desse encanamento nos levar à fonte, ou
trazer a fonte a nós, ele nos mantém longe da fonte.
Percebe-se por esse
raciocínio que tudo foi mudado, e que a comparação da água com o encanamento
tornou-se um modo herético de explicar a doutrina acima.
De fato, essa forma de
explicação nega o que foi mostrado antes. De fato, foi dito que a mediação de
Jesus é necessária, e que a Mediação de Maria é útil. O que é necessário
não pode deixar de ser buscado, mas o que é útil o pode. Assim, em nenhum
momento foi dito que a mediação útil de Maria, comparada ao encanamento deve
ser sempre buscada, pois desse modo ela se tornaria necessária. Isso é mudar
toda a explicação que o padre Júlio forneceu.
Ele utiliza a
comparação para afirmar que é bom e mais conveniente, mais confortável, usar do
encanamento, e com isso dizer que a mediação de Maria é muito boa, assim com a
mediação dos santos. Nada mais do que isso. Não se pode, por meio da crítica,
tornar a mediação de Maria necessária, quando a doutrina católica, e o que diz
o apologista católico, foi justamente o contrário, pois mostrou que se trata de
uma mediação útil, e que por isso pode não ser usada. Portanto, a forma de criticar
essa límpida mensagem foi errônea, e por isso não a compreendeu.
Ainda, assim como não
se destrói o encanamento por não ser necessário, mas útil, não se pode negar e
combater a mediação de Maria e dos santos. Essa é a lição.
Também o caso do
ministro que governa entre o presidente e o povo. Caso alguém peça à mãe do
ministro um emprego, o ministro não ficaria ofendido por alguém não ter pedido
isso diretamente a ele, mas teria o valor de pedido e de intercessão.
Essa comparação serve
apenas para mostrar que a intercessão de Maria não ofende Jesus. É limitado o
alcance da comparação, mas é útil, faz-nos entender melhor, e não se pode a
partir dela tirar conclusões opostas ao que foi intencionado.
De fato, o protestante
pensa o seguinte: o ministro não está disponível, é muito distante do povo, mas
sua mãe pode fazer o pedido que desejamos. Então, isso torna, na comparação,
Jesus alguém distante e difícil de ser encontrado, enquanto sua mãe é próxima
e benevolente para interceder. Isso é o que o padre Júlio não disse, pois desse
modo a intercessão da mãe seria necessária,
pois ninguém poderia ir direto ao ministro, muito menos ao presidente. Dessa
forma, a crítica protestante parece não entender a doutrina nem as comparações,
e tenta usar as próprias comparações contra a doutrina.
Por fim, o padre Júlio explica
que os santos são amigos de Deus e intercedem secundariamente. Isso é bíblico,
isso é verdadeiro, isso é lógico. Os cristãos católicos têm o costume de
apresentar-se a Jesus, acompanhados de Maria. Assim, o padre afirma que todos
os católicos vão a Jesus, e quando o fazem por intercessão de Maria, estão indo
a Cristo com Maria, por amarem-na, por crerem na sua intercessão, por quererem
assim fazer, por sentirem que assim são muito melhor acolhidos, pois se com ela
a fé do crente é aumentada, então essa mediação é muito benéfica. Esse é o
ensino. A mediação de Maria e dos santos é útil, não necessária.
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