A virgem Maria pergunta ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem? (Lucas 1, 34)
O Protestantismo atual, na sua apologética, mas popular e também mais erudita, entende que essa pergunta ou é uma pergunta infantil da virgem diante da sua missão de ser mãe do Messias, ou é uma indicação de que ela não entende como ficará grávida "naquele momento", é o que se deve pensar dessa argumentação, já que ela não "conhece" homem.
Muitos pensam que, assim, a questão está resolvida, pois a virgem Maria não entendia como ficaria grávida instantaneamente, naquele momento em que o anjo faz o anúncio.
No entanto, é muito sutil o erro desse entendimento. Em primeiro lugar, não há nenhuma indicação na Bíblia de que Maria ficou grávida naquele mesmo instante. O anjo diz a ela que "conceberás e darás à luz um filho" (Lucas 1, 31), no futuro. A Bíblia não diz quando isso ocorreu.
Em Lucas 1, 35 está escrito que "O Espírito Santo virá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra.". Tudo isso está no futuro. Portanto, é o primeiro erro do argumento, ou do que está embutido no argumento.
O segundo é que Maria não poderia questionar isso caso entendesse que seria naquele momento que ficaria grávida. Isso pelos simples fato que, se a concepção se daria ali, então ela entende que se tratava de um milagre por definição, e isso exclui peremptoriamente a questão da participação de homem. Não poderia dizer como se dará isso "agora" visto não "conheço" homem. É um absurdo, pelo contexto. Portanto, a virgem Maria entende que ficaria grávida, e como não possuía a intenção de ter filhos, por esse motivo pergunta "como se fará isso".
Portanto, a concepção não foi entendida acontecer naquele momento, mas no futuro, e a questão do "como se fará" não tem sentido sem o voto de virgindade que a consubstancia.
Gledson Meireles.
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