Refutando o tópico: Apocalipse 14:9-11 e o cálice da ira
O mortalismo explica a passagem com base em textos do
Antigo Testamento, que de fato servem para retratar as cenas que o apocalipse
utiliza. No entanto, há certos recortes que a interpretação mortalista utiliza,
e que não fazem muito sentido.
Um deles é dizer que a fumaça que sobe para sempre retrata o eterno aniquilamento, já que sobe dia e noite, retratando o resultado eterno, citando Ap 19,3 para exemplificar esse sentido.
E conclui: “Por isso, apesar do verso 7 afirmar que ela sofreria tormento e aflição, seu fim é a destruição total, não uma existência eterna.” O fogo que sobe para sempre seria o aniquilamento, não a existência.
Pois bem. Apocalipse 19, 3 fala da fumaça que sobe pelos séculos dos séculos depois da destruição da cidade Babilônia. Isso é compreensível.
Qualquer um que veja um incêndio ou certo material totalmente consumido, nota que o fogo apaga e a fumaça continua a subir, deixando aquele sentimento de cumprimento da ação do fogo nos que olham a cena. É por isso que em Apocalipse 18, 8, que retrata uma forma de destruição da cidade da Babilônia (morte, pranto, fome, consumida pelo fogo), mostra que os reis da terra choram por ela, no verso 9, o que explica toda a cena, de que ainda não se trata do tormento eterno no inferno, mas uma simbologia para mostrar a destruição da grande cidade. A interpretação mortalista já está refutada, mas ainda há mais a seguir.
Entretanto, o que está em Apocalipse 14, 10-11 é de natureza diversa. O verso 10 afirma que quem adorar a besta e sua imagem “será atormentado pelo fogo e pelo enxofre diante dos seus santos anjos e do Cordeiro”, e o verso 11 corrobora esse tormento, pois afirma que “A fumaça do seu tormento subirá pelos séculos dos séculos”.
Por que essa fumaça sobe para sempre? Será que se trata do mesmo sentido explicado antes, de algo que foi queimado e reduzido a cinzas, onde a fumaça mostra que tudo chegou ao fim? Não é o que parece.
De fato, o verso 11 continua: “Não terão descanso algum, dia e noite”. Ou seja, há um tormento sendo descrito, que impede qualquer descanso, seguido da expressão inequívoca “dia e noite”, que mostra ininterrupção do mesmo, para indicar esse sofrimento, que é o tormento do inferno. E, ainda, há no texto os que são admoestados dessa forma: são os que adora a Besta e sua imagem e os que receberam o sinal do seu nome.
Há aqui uma prova de que pessoas serão lançadas no inferno, conscientes, com fogo e enxofre, em descanso, dia e noite, com uma fumaça que sobe sem parar pela eternidade.
Essa cena demonstra que a fumaça é de fogo acesso que está consumindo algo, é a “fumaça do seu tormento” e não daquilo que foi extinto. Portanto, é bastante claro que não se trata de aniquilamento.
Dessa forma, o texto é simbólico, não literal. Indica que a justiça de Deus será feita, e será lembrada por todos eternamente, sendo que o castigo dos maus será como que sempre diante dos santos, já que eles não mais existirão no Reino dos Céus.
E ainda, da mesma forma que no aniquilacionismo, usando essa mesma imagem, o fogo que atormenta os réprobos, em “tempo” proporcional aos seus pecados, que ocorrerá no lago de fogo, não será feito literalmente diante dos santos e de Cristo, como se os mesmo ficassem milênios assistindo tal cena até morrer o último no fogo, segundo a interpretação mortalista do tormento temporário, pode-se dizer da mesma forma que tudo ocorre no lago de fogo e enxofre, no tormento eterno, não diante do cordeiro e dos santos literalmente, mas que significa que todos saberão da condenação eterna que tiveram.
Gledson Meireles.
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