É interessante pensar
que São Paulo estava refutando não apenas doutrinas materialistas, como a dos
epicureus, certamente, ao afirmar que “se se prega que Jesus ressuscitou dentre
os mortos, como dizem alguns de vós que não há ressurreição de mortos?” (1 Cro
15, 12), mas também doutrinas que concebiam a vida da alma para sempre sem a
ressurreição.
Primeiro, é de se
pensar que Cristo continuou existindo, ainda que morto, o que já refuta o
mortalismo.
De fato, quem não
existe não pode voltar à existência por Si, e Cristo tinha o poder de Deus para
retomar Sua vida, já que a ressurreição é obra da Trindade, pois também é dito
que o Pai o ressuscitou (v. 15). E em nenhum lugar o apóstolo tenta qualquer
explicação sobre o estado de Cristo na morte, que seria diferente de outros
mortos. Assim, os mortos não deixam de existir, mas mantém a consciência. Esse
é um pequeno argumento, mas faz sentido.
Agora, por sua vez, o
verso 16 é muito emblemático: “Pois, se os mortos não ressuscitam, também
Cristo não ressuscitou”. Duas vezes aparecem a mesma prova: Ora, se se prega que
Jesus ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns de vós que não há
ressurreição dos mortos? (v. 12) e: “Pois, se os mortos não ressuscitam, também
Cristo não ressuscitou” (v. 16).
Isso alude ao fato de
que os cristãos, todos eles, reconheciam a ressurreição de Cristo, enquanto alguns
negavam a ressurreição dos mortos. Por isso, o argumento faz sentido. Se isso
for compreendido, o mortalismo recebe o golpe mortal.
Se os cristãos aos
quais São Paulo estava aludindo negassem toda a ressurreição, não haveria força
argumentativa dizer que se os mortos não ressuscitam Cristo não ressuscitou, já
que negariam tudo isso.
Dessa forma, é de uma
força tremenda a implicação disso: se os que negavam a ressurreição dos mortos
afirmavam a ressurreição de Cristo, então todos criam na imortalidade da alma.
De fato, em 2 Timóteo
2, 17 está escrito que havia uma heresia afirmando que “a ressurreição já
aconteceu”. Sendo assim, eles criam na imortalidade da alma, mas negavam a
ressurreição. São Paulo não nega a imortalidade da alma, mas põe-se a enfatizar
que os mortos estão salvos, mas que a salvação não é apenas espiritual, mas que
os mortos ressuscitarão como Cristo ressuscitou. Está, pois, provada mais uma vez
a doutrina da imortalidade da alma.
Gledson Meireles.
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