quarta-feira, 19 de abril de 2023

A imortalidade da alma em 1 Coríntios 15, 16

 

É interessante pensar que São Paulo estava refutando não apenas doutrinas materialistas, como a dos epicureus, certamente, ao afirmar que “se se prega que Jesus ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns de vós que não há ressurreição de mortos?” (1 Cro 15, 12), mas também doutrinas que concebiam a vida da alma para sempre sem a ressurreição.

Primeiro, é de se pensar que Cristo continuou existindo, ainda que morto, o que já refuta o mortalismo.

De fato, quem não existe não pode voltar à existência por Si, e Cristo tinha o poder de Deus para retomar Sua vida, já que a ressurreição é obra da Trindade, pois também é dito que o Pai o ressuscitou (v. 15). E em nenhum lugar o apóstolo tenta qualquer explicação sobre o estado de Cristo na morte, que seria diferente de outros mortos. Assim, os mortos não deixam de existir, mas mantém a consciência. Esse é um pequeno argumento, mas faz sentido.

Agora, por sua vez, o verso 16 é muito emblemático: “Pois, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou”. Duas vezes aparecem a mesma prova: Ora, se se prega que Jesus ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns de vós que não há ressurreição dos mortos? (v. 12) e: “Pois, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou” (v. 16).

Isso alude ao fato de que os cristãos, todos eles, reconheciam a ressurreição de Cristo, enquanto alguns negavam a ressurreição dos mortos. Por isso, o argumento faz sentido. Se isso for compreendido, o mortalismo recebe o golpe mortal.

Se os cristãos aos quais São Paulo estava aludindo negassem toda a ressurreição, não haveria força argumentativa dizer que se os mortos não ressuscitam Cristo não ressuscitou, já que negariam tudo isso.

Dessa forma, é de uma força tremenda a implicação disso: se os que negavam a ressurreição dos mortos afirmavam a ressurreição de Cristo, então todos criam na imortalidade da alma.

De fato, em 2 Timóteo 2, 17 está escrito que havia uma heresia afirmando que “a ressurreição já aconteceu”. Sendo assim, eles criam na imortalidade da alma, mas negavam a ressurreição. São Paulo não nega a imortalidade da alma, mas põe-se a enfatizar que os mortos estão salvos, mas que a salvação não é apenas espiritual, mas que os mortos ressuscitarão como Cristo ressuscitou. Está, pois, provada mais uma vez a doutrina da imortalidade da alma.

Gledson Meireles.

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