O autor tenta provar
que a alma não é imortal usando o método comparativo, onde julga se as provas
são suficientes, em uma avaliação mais técnica e criteriosa. Assim, comparando
o teor da Bíblia com outras obras imortalistas da época, para ver se as expressões
são iguais.
Pelo que o autor
escreve, o que se encontra na Bíblia e que é usado para provar a imortalidade
da alma é algo escondido, nas entrelinhas, escrito de forma modesta e sutil, em
parábolas, símbolos ou declarações subjetivas, onde que não, pois as obras
mortalistas falam da alma imortal expressamente sem deixar dúvidas.
Por que os autores
bíblicos não expressam o imortalismo explicitamente? Por que usavam expressões
que nunca são usadas por outros autores imortalistas?
Os escritores do NT tinham
a crença predominante, a de que a alma é imortal, por isso não tratavam do tema.
Ou seja, se os escritores cristãos negassem o imortalismo, eles falariam
abertamente contra a imortalidade da alma, apregoando sua nova fé, e isso não é
encontrado em lugar nenhum. Desse modo, eles eram imortalistas e continuaram a
ser depois que se tornaram cristãos, pois é um ponto de fé comum.
Se eles fosse
mortalistas, teriam de falar abertamente contra a imortalidade da alma, não é
mesmo?
Todos os judeus acreditavam
na imortalidade da alma? Não, isso é óbvio, mas a fé majoritária e predominante
era essa, que era a fé do ramo principal, o farisaico, o que parece ser o contrário
do que ensinou o Dr. Bem Witherington.
Na tese mortalista, entre
os judeus da Palestina havia mais mortalistas? Partindo do pressuposto de que a
maioria dos judeus era “mortalista”, deveria haver na Bíblia grande teor
imortalista, segundo o princípio apresentado. Na verdade, deveria haver grande
teor contra a doutrina da imortalidade da alma, o que não há.
Entretanto, o problema
é que não está provado que a maior parte dos judeus era mortalista, como diz o
Dr. Ben. É um problema para o mortalismo resolver.
Agora, vejamos a situação
onde os judeus da Palestina eram majoritariamente imortalistas.
O que pregariam como
cristãos? Será que isso não explica a pouca ênfase dos apóstolos sobre o tema,
já que é falsa a pressuposição “de que alguém que já cria em alguma coisa não
tem interesse em expô-la e propagá-la”?
Por que os apóstolos
pregam a ressurreição com tanta ênfase, mesmo que sempre tinham crido na
ressurreição, escrevendo mesmo aos judeus?
A resposta é muito
simples e fácil: a ressurreição de Cristo estava sendo negada em toda parte. A
controvérsia geral gera a produção de provas. É muito simples e irrefutável.
Até os judeus negavam a
ressurreição de Cristo, o que explica o tema sendo dirigido a todos, judeus e
gregos, uma doutrina que era negada até mesmo em relação à ressurreição dos
salvos, entre cristãos.
A imortalidade da alma
não estava em disputa pelo teor do Novo Testamento. Não era um tema negado
geralmente. Havia muitas doutrinas sobre isso, como está nos apócrifos, mas em
geral havia a crença na alma imortal. Portanto, não havia ocasião para
enfatizar esse ponto doutrinal. Ou há outra explicação?
Os dois exemplos usados
para refutar a pressuposição “de que alguém que já cria em alguma coisa não tem
interesse em expô-la e propagá-la” é a seguinte:
“Se
essa lógica fizesse algum sentido, os adventistas deixariam de falar do sábado
nos cultos deles, já que todo mundo ali sabe que deve guardar o sábado, e os
católicos deixariam de falar da Virgem Maria em suas missas, já que todo mundo
ali sabe decor e salteado que deve venerá-la e cultuá-la.”
Mas isso não refuta o
que foi apresentado acima, de forma fácil. Há duas coisas que o autor não
percebeu, e que refuta seus argumentos.
Os adventistas pregam o
sábado enfaticamente, e sendo isso pacífico em seu meio, o mesmo não diminui a
ênfase, mais apologética, pois em geral todos negam a guarda do sábado na
cristandade. Eles sempre estão tratando do tema, ainda mais quando recebem novos
conversos. É uma doutrina que entra em desacordo com a maioria dos cristãos, e
a controvérsia gera esse clima de ênfase na doutrina. Portanto, o sábado é um
dos distintivos adventistas. Precisam aprender bem para lidar com os demais
cristãos que negam a doutrina.
O outro exemplo, é que
ainda que todos os católicos creiam que deve-se cultuar e venerar a virgem
Maria, tal assunto é muito debatido e atacado no meio cristão protestante, que
há séculos tem esse tema doutrinal como dos principais para discutir com os
católicos. Isso faz com que tal doutrina tenha muita ênfase, pois vem de tempos
de conflito geral, como o foi em toda a história, com vários dogmas sobre a
virgem Maria sendo proclamados, e continua nos dias atuais.
É óbvio que temas
pacíficos são tratados na Igreja, mas não recebem tanta ênfase. E existe mais
um argumento: o Novo Testamento foi praticamente composto para ensinar os
temais principais, e controversos, que estavam gerando discordância de outros
grupos, judeus e gregos. Se a imortalidade da alma não aparece explicitamente e
em toda parte, essas duas realidades explicam satisfatoriamente essa tendência.
Por que, então,
egípcios e gregos continuavam a expressar tão explicitamente sobre a imortalidade
da alma? Eles “com entusiasmo” a defendiam apaixonadamente, pois certamente
exigiam os seus conflitos internos. Lembre-se que nos escritos apócrifos há a
questão, no Evangelho de Judas: “o espírito é imortal?”. Se a questão é feita,
há alguma rejeição, e espera-se que os defensores da imortalidade da alma farão
esforço para defender a doutrina.
Os autores bíblicos
eram imortalistas e escreviam a imortalistas e não havia problema quanto a isso.
Está explicado a ausência de ênfase sobre a doutrina, pois não enfrentaram
rejeição sobre a mesma.
A própria situação de
que havia muita diferença de doutrinas quanto à imortalidade da alma entre
judeus e gregos faz com que isso não fosse tratado pelos apóstolos no que tange
ao ponto principal, que é a existência da alma imortal. Eles não trataram de
pormenores quanto a isso também. O caso da ressurreição é diferente, pois era
um dado da fé negado por muitos, judeus e gregos.
Seria diferente, imagine
essa situação toda, em que maioria era imortalista no mundo ao redor, e os apóstolos,
caso fossem mortalistas, em nenhum momento atacassem a imortalidade da alma?
Impossível.
Então, os apóstolos e outros escritores bíblicos tinham razão para não se preocupar com isso, como demonstrado. Foi provado
antes que, nas argumentações de 1 Coríntios 15 está pressuposta a imortalidade
da alma. E tudo faz mais sentido agora.
Gledson Meireles.
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