O fim do diabo
O
mortalismo liga o tempo de castigo à proporção. Sendo assim, o Diabo terá de
sofrer por mais tempo que todos. No entanto, a proporção está na natureza do
castigo e não no tempo em que o mesmo será imposto. Além do mais, há um
argumento fatal para o mortalismo, que será apresentado logo mais.
Antes,
sabemos que 1 Tm 6, 16 afirma que Deus é eterno, único que possui eternidade.
Mas, uma vez que todos os anjos eleitos e salvos vivem na glória e felicidade
eternamente, a existência de seres vivendo eternamente, e portanto eternos, não
invalidade que a eternidade seja atributo que vem de Deus.
Portanto,
isso não pode ser usado para afirmar que um ser não pode viver eternamente.
Assim, o argumento é desfeito.
Comparando
Mateus 8, 29 e Marcos 1, 24 temos que atormentar é o mesmo de destruir, que
significa condenar e não exterminar, fazer cessar a existência. Os demônios são
destruídos, atormentados, no inferno, não deixam de existir.
O
mortalismo tenta fazer uma leitura de ambos de forma a harmonizá-los com o seu
sistema. O Diabo será atormentado e depois destruído. Tormento seguido de
morte.
Outra
correção deve ser feita no argumento mortalista. Em primeiro lugar, os textos
de Mt 8, 29 e Mc 1, 24 se referem à mesma coisa. Assim, devem ser lidos como
tratando de sinônimos: atormentar e destruir sendo o mesmo.
Por
sua vez, segundo o que diz o mortalismo, isso não pode ser, já que os termos
atormentar e destruir seriam as duas fases da condenação. Seria uma possível
leitura, mas é menos provável. O certo é que destruir é usado como condenar.
Dessa forma, já sugere o tormento.
Depois,
temos que o termo destruir é uma ruína espiritual, e o argumento de que os demônios
já estavam em ruína espiritual não é possível aí, já que aqueles demônios
estavam soltos antes da morte e ressurreição de Jesus. Ele os venceu na cruz.
Aqueles
demônios temiam serem lançados no abismo, serem atormentados. Essa condenação é
a destruição, e não a cessação da existência.
Contudo,
outro texto é apresentado, o de Ezequiel 28, 12-19, para falar da destruição de
Satanás. O mesmo seria aniquilado, versos 18 e 19, e não mais existiria.
Pois
bem. Acima ficou provado que os textos de Mateus e Marcos falam do mesmo
assunto, onde atormentar é destruir, e não duas ações. Ainda que seja plausível
afirmar a complementariedade das passagens, ela peca em não levar em conta o
que está sendo apresentado aqui.
De
fato, uma era a situação dos demônios antes da vinda de Cristo. Jesus é o Homem
forte que amarrou o Diabo, que expulsou o Príncipe deste mundo. Essa realidade
prova que os demônios tiveram sua sorte piorada após a vitória da cruz.
Por
outro lado, fica provado que destruir significa de fato condenar, o que explica
o uso do termo atormentar.
Então,
mais uma vez, analisemos o texto de Ezequiel, e utilizando de alguns artifícios
mortalistas, façamos a refutação devida.
A
condenação do rei de Tiro, que é também aplicada a Satanás, usa linguagem que
se refere às duas esferas, física e espiritual. Fala de reduzir a cinzas, o que
é usado para o pecador humano, que não se aplica ao espírito. Isso o mortalismo
frequentemente traz como argumento, onde espírito não pode sofrer essas ações físicas.
Portanto, essa linguagem está se referindo ao rei, em termos metafóricos, e em
segundo lugar, em sentido espiritual, a Satanás.
As
nações veem o fim do rei, ele não mais existe. Essa linguagem morta o extermínio
do condenado, não existindo mais na terra. Quando se trata de Satanás, isso é
um modo figurado de exprimir sua condenação, sua queda na iniquidade, e sua
prisão no abismo do inferno. Ele não existirá mais à vista do salvos.
Em
Isaías 14 ocorre o mesmo, e o cadáver pisoteado é o do rei da Babilônia, e não
de Satanás, que não pode virar cadáver, por ser espírito, menos ainda ser
pisoteado. Mas, então, considerando ser linguagem metafórica, isso indica que
Satanás deixará de existir? Não, apenas indica que será condenado.
O
mesmo acontece em Ezequiel 32, usando metáforas fortes, como encher vales com
os restos de carne. O tempo do fim onde os ímpios serão destruídos, ou mais
precisamente, condenados, onde acontecerá o céu será encoberto, as estrelas
escurecerão e a luz não brilhará, não é o fim após uma suposta destruição de
Satanás no lago de fogo, mas sinais que ocorrem antes da vinda de Jesus, o que
mostra que a destruição de Satanás é o lançamento no Inferno, Geena, Lago de
fogo e enxofre, e não pode ser cessação de existência, mas condenação.
A
profecia diretamente fala da morte do rei, que desaparece da terra, mas isso não
torna o rei inexistente, como já explicado. Portanto, essa linguagem de fato se
estende a Satanás figurando sua condenação, que será em outros moldes, pois ele
não tem carne e sangue, não pode virar cadáver, coisas do tipo.
Também
em Isaías 27, 1, o Leviatã é mostrado como monstro podendo ser morto. É uma
figura do Diabo.
Diante
disso, temos que o lançamento de Satanás ao inferno é que pode ser louvado
pelos salvo, pois segundo o mortalismo sua extinção seria muito tempo depois,
onde todos já estariam felizes na Nova Jerusalém, o que sugeriria que no exato
momento em que Satanás deixasse de existir no lago de fogo haveria festa. Isso é
uma leitura que o mortalismo prepara, uma implicação sem fundamento. É uma
auto-refutação, uma refutação que nasce da própria cena criada logicamente por
princípios e argumentos mortalistas.
Em
Isaías 27, 8 Deus expulsa e remove. Expulsão e exílio como condenação, uma
figura que está entre as de extermínio, pois remove o condenado do meio do
povo.
Com
tudo isso, fica provado que não se pode afirmar que Satanás será exterminado,
mas que será condenando ao tormento eterno. Isso ficará mais claro nos
argumentos a seguir.
Em
1 Coríntios 15, 26 sabemos que o último inimigo a ser destruído será a morte.
Na tradução da Ave Maria é o último inimigo a derrotar. A morte aqui está como que personalizada,
podendo ser destruída ou derrota. Claro que não havendo nenhum ser que morre,
não existe mais a morte. Assim, quando a morte for derrotada ninguém mais
morrerá. E ela será a última a sofrer o golpe mortal.
Em
Apocalipse 20, 10 o Demônio é lançado no lago de fogo e enxofre, para sempre,
sendo derrotado. Ali já estarão a Fera e o Falso profeta, que serão lançado
antes do diabo. Então, após o juízo, o v. 14 afirma que: A morte e a morada subterrânea foram lançadas no tanque de fogo,
sendo o poder da morte e o estado da morte sendo destruídos, já que ninguém
mais passará por ela. Esse é o momento em que todos ressuscitarão, conforme 1
Coríntios 15, 55: A morte foi tragada
pela vitória.
Portanto,
termos que a morte é destruída, derrotada, removida, desfeita, anulada, abolida.
Ela não existe mais porque não há seres que morrem. Dessa forma, é de se pensar
que assim como o Falso Profeta e a Besta, o Diabo também estará no inferno
quando a morte não mais existir. Sendo que no juízo são ressuscitados todos,
bons e maus, e julgados, após isso não há morte.
O
mortalismo usa do argumento que na eternidade não haverá pecado e morte, já que
os condenados deixarão de existir. Então, o pecado seria extinto com eles. Da
mesma forma, poderia ser dito da morte, quando o último deixasse de existir
também não haveria mais morte.
Se
isso serve de argumento, podemos afirmar então que é impossível que os seres no
Lago de Fogo morram uma vez que a última inimiga já não mais existe.
Entretanto,
é certo que após serem lançados os ímpios no Lago de Fogo e enxofre eles
encontram lá o Demônio, a Besta e o Falso Profeta. Portanto, nenhum desses
seres deixa de existir, pois a morte já terá sido derrotada.
O
pecado foi derrotado, pois os pecados foram julgados. A morte não existe mais,
pois nenhum ser morrerá. Portanto, como seres espirituais não morrem, os
ressuscitados também não podem mais morrer, e a morte é extinta quando todos
são ressuscitados, é certo que nenhum condenado no Lago de Fogo e Enxofre pode
deixar de existir.
Gledson Meireles.
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