Refutação: • O “fogo eterno”
O
autor do livro mortalista reconhece que as passagens claramente falam de um
fogo eterno, que não se apaga, mas preocupa-se em frisar que nessas passagens
não há as palavras tormeno eterno e consciente. A primeira simples resposta que
deve vir à mente é que o fogo não faz sentido ser eterno se não há consciência.
A segunda é que para que o fogo eterno tenha o sentido de algo que acabou, já
que ficou completa sua ação, que foi finalizada, isso deve ser provado pelo
contexto imediato, e, também, por outras passagens, pela doutrina bíblica sobre
a questão, e pela teologia referente ao assunto. Mas, pelo contrário, tudo é
claro de que existe de fato o tormento eterno pelo fogo, de maneira consciente,
como está claro na expressão fogo eterno.
O
fogo como metáfora, a exemplo de Isaías 34, 9-10, que diz que os ribeiros de
Edom pegarão fogo para sempre, não serve para refutar o fogo do inferno. Da
mesma forma outra passagens aludidas. De fato, tudo o que se diz tem sua
acepção simbólica que indica algo literal por trás. Não se deve literalizar uma
passagem simbólica.
Ainda,
a terra de Edom ficou desabitada, e é curioso que o fogo eterno não diz que atormentará
seus habitantes, mas que destruirá a cidade. É uma figura do castigo. E mais,
os texto que tratam do inferno indicam o castigo eterno em comparação com a
vida eterna, o que mostra que há existência de réprobos e salvos, onde uns
experimentam tormento e outros vivem a felicidade. É uma cena diferente.
As
refutações feitas ao mortalismo nos respectivos contextos onde aparecem as
expressões fogo eterno e fogo que não se apaga já explicam o motivo dessas
expressões denotarem de fato o inferno eterno.
Quanto
à interpretação do inferno como Hades,
o qual será lançado no Lago de Fogo após a ressureição, pode-se responder,
segundo a doutrina católica, que o inferno é o hades, que é o mesmo que lago de
fogo. Contudo, o significado do Hades
no Apocalipse (Ap 20, 13-14), quando se refere à sua destruição no Lago de
Fogo, é de Morte, ou seja, ali está se referindo à Morte, que será destruída,
aniquilada mesmo, já que não é algo pessoal, tangível, consciente, mas um
estado que surgiu por causa do pecado, não existindo mais, pois está sendo
personificada ou objetivada nessa passagem.
O
Lago de Fogo é o lugar do castigo, o inferno, mas o Hades como Morte não pode sofrer castigo, sendo tudo isso um
simbolismo para o fim da morte. Não há na teologia católica a diferenciação
entre inferno atual (Hades) e inferno
final (Geena) como se encontra nos
textos imortalistas protestantes, referidos no livro mortalista, e postos em
discussão.
Para
a doutrina católica o Hades é o
inferno, como está na parábola do rico e do Lazáro, o que é uma prova clara, e
assim é o mesmo que Geena, que é o
Lago de Fogo, que são apenas nomes diversos para a mesma realidade.
Para
isso, basta perceber que o Hades em
Ap 20, 13-14 é a morte que atinge todos os seres humanos, a não o lugar de
castigo dos ímpios, enquanto que em outras passagens se refere ao castigo, como
o referido texto em Lucas 16.
E
quanto à ira de Deus, ela é eterna para os réprobos, e em relação ao povo de
Israel, que tem a promessa, esse nunca esteve sobe a ira eterna, mas somente
provisória, por vezes na história, o que explica o texto. Assim, no perdão, a
ira acaba. Não seria igual se se dissesse que a ira de Deus sempre termina,
levando ao universalismo, para o perdão de todos os réprobos, o que não aparece
na Bíblia em nenhum lugar.
Quando
se diz que aion é usado para significar
algo que dura até certo tempo, mas que quando se refere a Deus ou ao destino
eterno dos salvos e ímpios significa de fato “para sempre”, é preciso discernir
que aí só falta provar que castigo é o tormento, e não a destruição ou
aniquilamento, o que já está feito em várias passagens. Dessa forma, o fogo
eterno é o tormento eterno.
O
fogo eterno seria o fogo que não se apaga até que complete sua função. Eis o
argumento mortalista. Mas, como já estudado em tópico respectivo, a ideia do
fogo devorador sempre está no contexto de uma destruição instantânea, e não é
esse o momento do castigo eterno, como já explicado em tantas passagens.
Portanto,
o fogo do inferno, como está nos evangelhos, é de fato eterno e atormenta os
réprobos conscientes.
As
provas do inferno já estão dadas no presente estudo, e não há porque entender
as metáforas bíblicas literalmente, como se um fogo que queimou uma cidade no
passado esteja queimando literalmente até os dias de hoje. Isso de fato é
bastante pacífico para os cristãos. Dessa forma, o fogo do inferno indica o
tormeno eterno pelas muitas razões já apresentadas em tópico apropriado.
A
imagem simbólica do fogo que queima os cadáveres dos ímpios condenados em
Isaías 66, 24 também já foi explicado, e trata-se de uma metáfora que mostra
como os ímpios sofrerão no inferno, e não literalmente que os corpos
permanecerão queimando para sempre. Literalizar isso é um erro.
E se
o Eclesiástico 28, 26-27 afirma que o fogo consumirá sem se apagar é porque o
fogo eterno não se apaga mesmo, pois o livro inspirado contem palavras claras
que servem para esclarecer passagens menos claras. Assim, o mais provável não é
que o fogo se apague assim que os cadáveres sejam totalmente queimados, mas que
existe um fogo que realmente não se apaga para atormentar os condenados. Por
esse motivo, o fogo que não se apaga é o mesmo que o fogo eterno expresso no
evangelho.
O
fogo queimará os ímpios de modo a não consumi-los, ainda que não sejam glorificados,
pois se trata de um fogo espiritual, literal, mas certamente diverso do que há
na terra. Então, a doutrina do fogo eterno não é diabólica e aberrante, mas bíblica.
Gledson Meireles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário