sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Livro: A lenda da imortalidade da alma: refutação do item sobre Mt 25:46

Refutação: • O “castigo eterno” de Mateus 25:46

A palavra kolasin traduzida por imortalistas como “castigo” ao invés de “tormento”, daria ao argumento mortalista alguma força? A resposta mais simples é não, já que mesmo na doutrina imortalista ambas as traduções podem ser feitas, enquanto que para o mortalismo apenas a tradução como “castigo ou punição” podem ser usadas, já que tormento é um substantivo que aniquilaria a doutrina mortalista.

Após mostrar vários dicionários que traduzem o termo como castigo, o autor mortalista afirma: “Como se nota, kolasin tem muito mais a ver com extirpar alguém da vida do que com sofrimento contínuo e consciente.”.

Se o sentido de tormento é tirado e afastado do significado de kolasin, então isso afetaria até mesmo a doutrina mortalista que crê no tormento proporcional que esse castigo comporta. Então, não há refutação nenhuma por parte do mortalismo quando se argumenta com base no significado de kolasin.

Outro argumento é que o sentido mais apropriado para tormento deveria ser expresso pelas palavras kakopatheo, odin, ponos  e  pathema, com exemplos de textos: (1Pe 1:11; 2Tm 2:3; Tg 5:10; Mt 24:8; Ap 21:4).

Além do mais, na Concordância de Strong, número 2851, define a palavra como correção, sendo que kolasis significa, entre outras coisas, tormento: castigo, punição, tormento, talvez com a ideia de privação. A ideia de tormento é lembrada com 1 João 4, 18: “porque o temor envolve castigo”, na tradução da Bíblia Ave Maria. Certamente, o sentido mais claro é que o temor envolve tormento, pois é o que se sente quando há temor. Dessa forma, não é certo que o termo nunca tenha o sentido de tormento na Bíblia ou na literatura secular, como argumenta o autor do livro.

A palavra castigo é usada na tradução tanto de Mt 25, 46 quanto de 1 João 4, 8, o que mostra que não há viés doutrinário por parte dos tradutores católicos.

De fato, temor envolve já um tormento, o medo do castigo. Antes do castigo já há sofrimento pelo temor. E seria estranho que a Concordância de Strong disponibilizasse o sentido de “tormento” se esse não existisse.

O contraste constante entre vida e morte é uma realidade. A vida eterna e a morte eterna. Assim, o castigo final seria a morte eterna. Mas, como vimos em tantas e tantas objeções, não se pode dizer que a morte final seja inexistência, mas que comporta de fato um castigo, um tormento eterno.

De fato, é interessante o argumento que diz o seguinte: o homem morrerá uma só vez e depois disso haverá o juízo, como ensina Hebreus 9, 25. Para o mortalismo os ímpios morrem duas vezes. Para o imortalismo, os ímpios morrem literalmente uma vez e não mais, pois a segunda morte é uma metáfora para o castigo do tormento eterno, e não mais uma separação da alma e do corpo.

O verso 2 Ts 1, 9 já foi explicado, e contradiz o aniquilacionismo, já que a “destruição” é a “separação da presença do Senhor”, o que denota existência, pois os ímpios sofrerão por não estarem com o Senhor. E a palavra pipto, como mencionada na livro, usada para perder, significa cair, em sentido literal e metafórico.

O termo olethros é o número 3639 na Concordância de Strong. E aparece com o sentido de apollumi em 1 Tm 6, 9 “ruína e destruição” (olethron e apoleian) são usadas como intercambiáveis, como tendo mesmo sentido, o sentido interligado.

Um exemplo usado no livro para ilustrar a destruição completa e tentar refutar a ideia de tormento eterno é o seguinte:

“Para usar um exemplo didático, imagine se eu estivesse muito irritado com o meu celular e dissesse que vou destruí-lo para sempre. Com certeza ninguém em sã consciência entenderia que eu irei quebrá-lo de novo e de novo, dia após dia por toda a eternidade, mas que irei destruí-lo de tal modo que não sobrará mais nada – o celular estará permanentemente destruído.”

Diante disso, podemos dizer, com a Bíblia, que o castigo “dia e noite” (cf. Ap 14, 11), por esse mesmo raciocínio, não pode significar destruição completa e inexistência, pois a própria definição de algo que dura dia e noite, ou como diz o exemplo didático acima, “dia após dia” é o contrário de destruição completa.

De fato, quem padece a segunda morte nunca mais voltará à vida porque não poderá estar com Deus, que é a verdadeira Vida. Tudo em sentido metafórico, e não como morte significando intexistência.

A morte eterna não significa inexistência, pois não poderia haver tormento eterno, como fumaça que sobe eternamente, e que não há descando dia e noite, como está em Ap 14, 10-11, o que prova que a morte eterna, ou segunda morte, não é uma morte como a física, mas um castigo que separa o ímpio da vida de Deus.

A existência sem Deus não é vista como “vida” na Bíblia, e por isso está refutado esse argumento mortalista. A vida eterna é uma existência em felicidade com Deus, e a morte eterna é a infelicidade do lago de fogo, que é o inferno.

Gledson Meireles.

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