Refutação: • Taciano, o Sírio (120-180)
O
mortalismo cita Taciano como ensinando a mortalidade da alma, a
inseparabilidade da alma e do corpo. E isso seria mais um exemplo de um pai da
Igreja contra a imortalidade da alma.
De
fato, Taciano afirma que na morte o ser não existe, que a imortalidade foi
perdida pelo pecado, e que a alma não pode aparecer sem o corpo e o corpo não
pode ressuscitar sem a alma, o que é considerado um “golpe fatal no dualismo
grego”, onde a alma não poderia existir fora do corpo e manter a consciência.
A
doutrina de Taciano era que existe espírito em todas as coiss, mas há diferença
entre os espíritos (cap. 11). E no capítulo 12, contra a doutrina grega.
Taciano afirma que a alma é mortal.
De
fato, ele ensinou a morte da alma, e que também a imortalidade foi perdida pelo
pecado original, mas a sua doutrina não era tão simples como acima foi apresentada,
nesse resumo feito a partir do livro mortalista.
Quando
ele diz que a alma receberá imortalidade, e afirma que na morte os homens não
recebem poder mais eficaz, mas deixam de existir, ao mesmo tempo ele afirma que
existe a alma, que é separável do corpo, e que há possibilidade de que a alma não
morra com o corpo. Seria então que alguns conseguiram tornar sua alma imortal?
Sendo
Taciano um herege, ele pode ter vários pensamentos e doutrinas que não
concordam com a Igreja, e não têm relação com o que pensavam os cristãos em sua
época.
No
caso, Taciano pensava na “morte” da alma, e isso, portanto, era uma heresia.
Temos aqui um exemplo que não depõe contra a doutrina da imortalidade da alma,
mas que serve para realçar o fato de que a Igreja ensinava justamente isso, e não
é o fato de Taciano ensinar diversas doutrinas particulares que prova que tal
era a crença geral.
Santo
Ireneu condenou a heresia dos encratistas, que eram contrários ao matrimônio,
que negavam a salvação de Adão, e inclusive cita Taciano, que foi herege, não
seguindo os exemplos de São Justino (cf. Contra as Heresias, I, 28, I).
No
entanto, Taciano afirmava que os ímipios receberão “pena na imortalidade” ou “morte
na imortalidade”, ou seja, que não morrerão. Assim, ele cria na mortalidade da
alma, mas não cria que os ímpios ressuscitados voltariam a morrer.
Mas,
ainda, o que é interessante, na obra Discurso contra os gregos, ele afirma que
a alma “é também capaz de não morrer”, e que aqueles que possuíram o
conhecimento de Deus, não podem morrer: “Por
outro lado, não morre, por mais que se dissolva com o corpo, se adquiriu
conhecimento de Deus.”
Ou seja, se o ímpio morreu, ainda que o corpo seja corrompido e se desfaça, ele
não morre, pois a alma continua existindo e viva.
Os capítulos
14 e 15 da obra de Taciano explicam o fato de os demônios não poderem morrer facilmente.
Ele ensina que a alma deve estar ligada ao Espírito Santo, pois isso foi
perdido. Ele afirma que alma possui muitas partes, e só aparece com o corpo, e
o corpo não pode ressuscitar sem a alma.
Ele afirma
que os demônios irão manter sua imortalidade quando forem punidos. Eles irão “morrer”,
mas “morrendo continuamente mesmo enquanto eles vivem”, ou seja, é uma morte
espiritual, não literal, uma metáfora para a condenação dos demônios.
Ainda,
ele afirma que, ao contrário das heresias gregas que ensinam que somente a alma
possuirá a imortalidade, ele afirma que o corpo “também” a possui. E quando fala
da ressurreição, Taciano usa a expressão “ressurreição de corpos”.
Gledson Meireles.
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