terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Livro: A lenda da imortalidade da alma: 1 Ts 4, 17

 Refutação: Não precederemos os que dormem

 

Não precederemos os que dormem – Qual seria a fé dos cristãos primitivos que ainda não tinham recebido a mensagem da ressurreição? Talvez pensassem que os mortos no sheol não retornariam para serem arrebatados na vinda de Jesus, o que explica pensarem que estavam perdidos.

Se assim o for, seriam materialistas, não crendo nem na alma nem na ressureição, o que seria muito estranho para cristãos. De dessa forma, aqueles cristãos desinformados não estariam pensando em alma imortal. Nesse cenário, nada do que São Paulo está ensinado nega a alma imortal.

São Paulo menciona alguns “que não têm esperança” (v. 13). Então, ele ensina que haverá ressurreição, com base no fato da ressurreição de Jesus (v. 14). É uma defesa da doutrina, do dogma da ressurreição. Aqui, mais uma vez, temos o seguinte: em todo o contexto 1 Ts 4,17, temos que Jesus virá e levará os salvos com Ele. Isso é o mesmo que está em Fl 3, 21, pois como cidadãos do céu, Jesus virá de lá (do céu) para ressuscitar os mortos, transformar o corpo mortal do vivos em corpo glorioso, e, como 1 Ts 4, 17, levar a todos os santos com Ele para o céu. É uma leitura bastante natural das duas passagens.

As palavras citadas de Basil Atkinson, que são tidas por corretas pelo autor do livro, ensinam que “não estaremos com o Senhor até o dia da ressurreição”, contrariando Fl 1, 23.

E outra vez, um lampejo da verdade pode ser visto, quando o autor mortalista encontra uma tradução do texto de Ts 4, 17 que está de acordo com o seu estudo, e ele usa do momento para elogiar uma tradução católica, afirmando: “Ironicamente, é uma versão católica (Ave Maria) que traduz melhor este texto...”.

Obviamente, que para nós, católicos, que estamos acostumados com a verdade, isso não é irônico, mas o comum, visto que as traduções cristãs católicas da Bíblia fazem o melhor para verter o sentido original da Palavra de Deus. Portanto, não é o fato da doutrina cristã católica ensinar a imortalidade da alma que faria uso de uma tradução que a favorecesse quando no contexto a tradução se mostraria errônea.

Então, essa passagem poderia ter implicações contra a imortalidade da alma se não houvessem tantos textos que já foram esclarecidos diante das objeções mortalistas, e que mostram que a alma é imortal. Assim, trata-se de uma passagem que não favorece o mortalismo, e apenas mantem silêncio sobre o tema da alma, como também, aliás, não fala da ressurreição dos ímpios diretamente, dando apenas uma indicação, pois diz que os mortos em Cristo ressurgirão primeiro, o que leva a entender que os demais ressurgem depois.

A ênfase na ressurreição acontece porque ela é a meta final para o salvo estar com Deus no Reino. Dessa forma, explica-se que presença da alma com Cristo não é o que se menciona nesses casos, pois trata-se de um estado provisório.

Portanto, não se pode usar essa passagem para provar que os salvos estarão com Cristo apenas na ressurreição, pois cada cada já experimenta a presença de Cristo em sua alma imortal no estado intermediário, e na ressurreição entrará no reino definitivo.

Gledson Meireles.

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