sábado, 20 de janeiro de 2024

Deus: o Pai e o Filho

A divindade de Jesus

Deus

Para estudar a doutrina da Trindade é preciso primeiro entender quem é Deus. O estudo será feito com base no que ensinam as Testemunhas de Jeová (TJ), que não creem na trindade, e a partir do que está na doutrina dessa denominação será feita a apresentação da doutrina trinitariana.

Deus é “O Ser Supremo” cujo nome é Jeová. Deus é aquele que tem força, majestade, dignidade e excelência. Para os membros da denominação TJ, somente o Pai é Jeová, somente o Pai é o Verdadeiro e Único Deus eterno e Todo Poderoso.

Mas, vejamos que Jesus está com o Pai, na mesma autoridade e poder, então Ele está no mesmo patamar do Ser Supremo. Também podemos ver que Jesus tem força, ainda que alguém diga que Ele a recebeu do Pai, então Jesus exerce a força do Pai, e portanto tem a força de Deus Pai. Jesus também possui majestade, dignidade e excelência. E a própria Bíblia ensina que Jesus é o Verbo, que estava com Deus no princípio, e que ERA DEUS. Portanto, Jesus é Deus, está com o Pai desde o princípio, utiliza Sua força que é também do Pai, tem majestade, dignidade e excelência. Dessa forma, Jesus tem a mesma autoridade de Deus Supremo.

No entanto, a doutrina das TJ afirma que Jesus é “um deus”, menor, poderoso, mas não como Deus Pai, tendo sido criado pelo Pai. Esse é o problema, quando se afirma que Jesus foi criado. Isso ficará mais claro no estudo.

Quando responde a questão sobre se Deus teve começo, o raciocínio das TJ é que “Nossa mente não pode compreender isso plenamente. Mas não é uma razão sólida para o rejeitar”. Isso está correto.

O mesmo pode ser dito da doutrina da Trindade de Deus, pois a Nossa mente não pode compreender isso plenamente. Mas não é uma razão sólida para o rejeitar.

Se Jesus é Deus, como as TJ ensinam isso a respeito de Jesus. De fato, todos reconhecem que Jesus afirmou que o Pai é “o único Deus verdadeiro” (João 17, 3), que que fora de Deus não há não, afirma Is 44, 6. E, por fim, em 1 Cor 8, 5-6 está escrito que há um só Deus, o Pai. Como entender o modo da divindade de Jesus, que espécie de Deus Ele é.

É um mistério, mas é como está escrito em diversas partes das Escrituras, o que forma a verdadeira teologia. Vejamos:

Em João 1, 1 está escrito que no princípio o Verbo estava junto de Deus e era Deus. No v. 3 afirma que tudo foi feito por Ele. Dessa forma, temos que desde o princípio Jesus estava junto com o Pai, Ele era Deus, e foi o criador de tudo o que existe. Dessa forma, Ele está “no” Deus verdadeiro, junto dele, como que dentro de Deus, para usar a expressão de Isaías que diz: “Além de mim não há Deus”.

Então, Deus que há um só Deus, que é o Pai de Jesus. Esse é o único Deus, não havendo “deus” fora dele. Temos que entender, por definição, que se Jesus é Deus, como está em João 1, 1, Ele tem de estar na mesma divindade de Deus único e verdadeiro. E, por revelação em João 17,3 e 1 Cor 8, 5-6, esse Deus único é o Pai de Cristo.

Quando o Salmo 104, 24 afirma: Quantos são os teus trabalhos, ó Jeová! A todos eles fizeste em sabedoria”, devemos saber que a sabedoria de Deus é Jesus, que é revelado como o Filho. Se Deus sempre teve sabedoria, temos por implicação que Jesus está com Deus desde o princípio, de modo inseparável, e que é Deus na mesma divindade com Deus único e Seu Pai, porque não pode ser deus fora dele. Desse modo, Jesus é eterno, a eterna sabedoria de Deus.

Quando se ensina pelas TJ que “Jeová é único; nenhuma outra pessoa partilha com ele a sua posição”, podemos entender isso na doutrina da trindade pelas relações das pessoas. O Pai é sempre a fonte em relação ao Filho e ao Espírito Santo, e portanto o Filho e o Espírito não possuem a mesma posição do Pai. Isso não significa que não tenha a mesma autoridade, poder, majestade, dignidade e excelência, pois cada pessoa de Deus a possui, por haver uma unidade, única divindade, e a autoridade vem do Pai e é compartilhada pelo Filho e o Espírito Santo.

Assim, Jesus é Deus, não no sentido de um Deus, mas, como demonstrado acima, é Deus com Deus na mesma divindade desde o princípio e eternamente. Ele é poderoso, como Is 9, 6. Mas, dizem as TJ que Jesus não é Todo-Poderoso. No entanto, o poder de Jesus é o mesmo do Pai, que criou tudo o que existe, pois sem Cristo nada do que foi feito se fez. Se o Pai utilizou seu poder para criar todas as coisas com a sua sabedoria, que é o Filho, então o poder é um só. Não pode haver poder menor em Deus. Se Cristo é Deus em Deus e por Ele tudo passou a existir, há o mesmo poder no Pai e no Filho e no Espírito Santo, tudo procedendo do Pai na relação entre as pessoas trinitarianas. Quando a doutrina das TJ vem no Pai o único Deus o que estão percebendo é essa relação das Pessoas de Deus: Pai como fonte, a segunda Pessoa como Filho procedendo do Pai e o Espírito Santo como essa relação do Pai e do Filho. Por isso, afirmam que o Espírito Santo é uma “energia”, negando que seja Pessoa, o que é um equívoco.

Portanto, Deus é Todo-Poderoso, e o Filho está exercendo esse poder. Portanto, Jesus é Todo-Poderoso. Jesus é Filho na relação da trindade, mas em Isaías é chamado de Pai da eternidade, Pai dos tempos eternos, o que mostra Sua existência eterna em Deus, como visto a partir de João 1, 1-3.

Desse modo, se Jesus é o “reflexo da glória de Deus” e o Pai é a “Fonte dessa glória” (Heb. 1, 3), tudo está conforme foi expresso acima onde na relação das Pessoas de Deus o Pai é a fonte e o Filho procede do Pai. Dessa forma, é reflexo da Sua glória, tendo então a mesma glória.

Então, Jesus existe na forma de Deus, como admite a doutrina das TJ, e que o “Pai ordenou que “no nome de Jesus, se dobre todo joelho”. No entanto, as TJ afirmam que isso é “para a glória de Deus, o Pai”, citando Fl 2, 5-11.

Essas explicações não contrariam a doutrina da Trindade, mas a expressam com excelência, pois e Filipenses está escrito que Jesus tem condição divina, com o Pai, como já visto acima, e possui “igualdade com Deus”, como está na doutrina da trindade.

Em João 17, 3 Jesus está afirmando a vida eterna é conhecer o Pai, “um só Deus verdadeiro” e a Jesus que Ele enviou. E no verso 4 pede a glorificação, com a glória que teve sempre com o Pai. Dessa forma, a glória que Jesus estava recebendo era a mesma que tinha antes de descer à terra. Estava sendo glorificado como Homem.

Tudo isso confirma a doutrina da Trindade, pois Jesus está no Único Deus verdadeiro, do qual é Filho, que teve sempre a glória “antes da criação do mundo”, o que indica que essa glória Ele a tem desde a eternidade, e que na terra foi glorificado recebendo na Sua humanidade da glória do Pai.

Em 1 Coríntios 8, 6 temos: “Mas, para nós, há um só Deus, o Pai, do qual procedem todas as coisas e para o qual existimos, e um só Senhor, Jesus Cristo, por quem todas as coisas existem e nós também”.

Se alguém disser que o Filho não é Deus, pois o texto afirma que há um só Deus o Pai, também deverá afirmar que o Pai não é Senhor, pois está escrito que há um só Senhor. Na verdade, o que está sendo ensinado aí é que Deus é fonte de todas as coisas, inclusive do Filho pelo qual tudo foi feito. Assim, tudo procede do Pai pelo Filho.

Se alguém disser que Deus nessa passagem tem um sentido diverso, ou seja, que o Pai é o único Deus no sentido supremo, e que Jesus é o único Senhor no sentido da sua excelência obtida na ressureição, por exemplo, então temos o mesmo que antes, pois desde o princípio esse Jesus, que é o Verbo eterno, estava como Pai, na glória do Pai, e era Deus, não diferente nem além do Pai nem fora do Pai, mas com o Pai. Assim, esse Deus-Verbo está na mesma divindade do Deus que é o Seu Pai.

O termo Deus em Sua acepção de Ser Supremo, Único verdadeiro, Todo-Poderoso contém a Pessoa do Filho, que procede dessa suprema, única e verdadeira fonte, desde a eternidade, e, por conseguinte, do Espírito Santo. É desse modo que entende-se bem a trindade.

Dessa forma, o Filho também é eterno no Pai. Tudo o que existe veio do Pai por intermédio do Filho. Existimos para o Pai por meio do Filho. Isso porque o Filho está eternamente em Deus. Dessa forme, temos Deus em Deus, ou como está no credo constantinopolitano: Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado.

Aqui está o ponto: gerado, não criado. Isso se entende que o Filho é a Sabedoria de Deus, que Deus usou para criar o mundo, nessa imagem belíssima que explica a eternidade do Filho, pois o Pai nunca viveu sem a sabedoria, e como Pai eterno, nunca esteve sem o Filho. Por isso, o Verbo junto de Deus era Deus. Temos então: Deus em Deus. Ele é único, é verdadeiro. Entende-se assim que o Pai e o Filho, duas Pessoas em Deus, possuindo a mesma divindade, constituindo o mesmo Deus.

O verbo (Jesus) estava com Deus (o Pai). A preposição pros é traduzida por “com” e indica também direção. O Filho está como Pai direcionado ao Pai desde o princípio, antes da fundação do mundo.

Então, existe diferença entre a filiação de Jesus e a nossa. Jesus é Filho único do Pai, ainda que Deus tenha mais filhos adotivos na graça. Jesus é Filho não porque foi criado diretamente pelo Pai, como se o Pai tivesse criado antes de todas as criaturas a primeira criatura, quando o Pai estava sozinho.

De fato, não é assim, já que a Bíblia mostra que o Filho é o meio pelo qual o Pai criou todas as coisas, o que só pode significar que o poder que o Pai exerce para originar tudo é o que está no Filho e age por meio do Filho. Desse modo, o Filho não pode ser menos poderoso agindo em concomitância e auxílio ao Pai Todo-poderoso, pois senão as obras seriam diversas, umas vindas do Pai, outras do filho, como se fossem de dois deuses, um Supremo e outro subordinado.

Se o Pai cria todas as coisas por meio do Filho, o Filho é criador como Pai, no mesmo poder. Assim, esse Filho que é o Verbo junto (πρὸς) de Deus desde a eternidade, cria como mesmo poder do Pai.

Por isso, Jesus dizia: “Meu Pai e vosso Pai”, “meu Deus e vosso Deus” (João 20, 17). Deus é Pai de Cristo de maneira diversa, e é Seu Deus também de maneira diversa, pois o Filho está no Pai, é seu reflexo e sua imagem. De fato, o Filho é igual ao Pai, em sua “igualdade com Deus”, como está em Fl 2.

Jesus é Deus (Jo 1,1), tem a forma (μορφῇ) de Deus, (ἴσα) igual a Deus (Fl 2, 6), a exata expressão (charaktér) de Deus. E ainda, que sustenta toda a criação com o poder da Sua palavra.

Se alguém disser que esse poder provém de Deus, o Pai, como Fonte, está correto, pois o poder do Filho é o mesmo do Pai, como mesmo Deus que é, lembrando que o Verbo era Deus e estava com Deus, e por isso foi o criador de todas as coisas e sustenta todas as coisas com o Poder da Sua Palavra. Por isso, também o Pai está sustentando tudo, já que sempre trabalha, como diz Cristo no evangelho: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (João 5, 17).

Tudo o que o Filho faz é por ver o Pai fazer. Assim, utiliza o mesmo poder do Pai, que é Todo-Poderoso. E a honra que o Filho recebe é igual à do Pai: “Para que todos honrem o Filho, como honram o Pai” (João 5, 23). Sendo essa honra ao Pai uma honra suprema, de adoração, também o Filho é honrado com suprema honra. O Verbo encarnado realiza a obra do Pai e recebe igual honra. Lembrando que Ele sempre esteve como Deus e era Deus (cf. Jo 1, 1-3).

Outra prova da divindade de Jesus Cristo no sentido pleno de Deus eterno e Todo-Poderoso é João 1, 18. Está escrito que “o único gerado Deus, o que está no seio do Pai”, que é a mesma doutrina de sempre: o único Deus gerado no seio do Pai, e não criado, esse é o único que viu a Deus de uma forma única, diversa, que pode fazer depender dele toda a revelação. Os anjos veem a Deus, mas não em Deus, na intimidade de Deus, no interior de Deus, junto com Deus, no seio de Deus, como o Filho. Assim, entende-se a trindade.

Para as TJ, Jesus tem a qualidade de um deus, como pessoa que está em uma posição elevada em relação aos outros, mas não crê que seja de fato Deus, mas uma criatura elevada. Então, quando afirma que Jesus não disse que era Deus mas que era “Filho de Deus”, isso não muda nada, pois uma vez que se apresente que Jesus é Deus, logo dirão que é “um” deus menor. Assim, se existisse essa frase: Eu sou Deus, diriam que Ele era um deus no sentido que está na doutrina da denominação.

Jesus é chamado o Emanuel (Deus conosco). Mas, e quanto a outros nomes que possuem o nome de Deus, como Eliata (Deus veio), Jeú (Jeová é ele), Elias (meu Deus é Jeová), sem que nenhum desses homens fosse o próprio Deus?

Com Jesus o nome indica muito mais. De fato, em Hebreus 1, 5 está escrito que a nenhum anjo Deus disse: eu hoje te gerei e quando Cristo desceu à terra foi dito: Todos os anjos de Deus o adorem (προσκυνησάτωσαν). Esse contexto não diz respeito à uma certa homenagem, que pode ser dada a governantes e grandes figuras, mas se trata de uma ordem de Deus para o anjos adorarem o Filho encarnado. Essa adoração é dada ao Verbo-Filho de Deus como homem, pois ele é a Pessoa do Verbo eterno, como visto antes.

É certo que, por ter a palavra “adorar”, nas línguas originais, o sentido de veneração, homenagem, isso exige atitude do coração e da mente reconhecendo Jesus como Filho de Deus, Salvador, vindo do Pai, igual ao Pai em natureza divina. Se alguém não crê na divindade de Jesus igual à do Pai, de fato não o está adorando como Hb 1, 6 exige.

Artigo escrito com base no livro: Raciocínio à base das Escrituras. Obra publicada pelas Torre de Vigia.

Gledson Meireles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário