quinta-feira, 2 de março de 2017

Os cristãos judeus e a Lei


Leva-os contigo, purifica-te com eles, e encarrega-te das despesas para que possam mandar cortar os cabelos. Assim, todos saberão que nada existe do que se propala a teu respeito, mas que andas firme, tu também, na observância da Lei”. (Atos 21,24)

Os cristãos de origem judaica continuaram a guardar a Lei após a conversão. Isso é o que mostram os diversos relatos, os apóstolos frequentavam o Templo, iam às sinagogas, observavam o sábado, faziam promessas, consideravam-se judeus, como está claro pelas palavras de São Paulo, que mesmo convertido cristão afirma ser fariseu, etc.

As mudanças que vieram com o Novo Testamento são de cunho mais profundo, já que a circuncisão não era mais exigida, reconhecia-se a perda do valor dos sacríficos antigos, a Lei não mais era considerada o meio de obter a justiça, os gentios eram aceitos como iguais no tratamento por parte de Deus, sem nenhuma distinção. As antigas observâncias eram mantidas apenas pelos fieis de origem judaica, e, certamente, por aqueles judeus que faziam questão de sepultar a Lei com as devidas honras.

Por essa razão, não se pode usar o exemplo de São Paulo indo a uma sinagoga no sábado como prova de que ensinasse a guarda do dia de sábado como parte da lei perpétua dos dez mandamentos, como obrigando os cristãos.
Da mesma forma, não é correto afirmar que os cristãos primitivos não usavam imagens por serem elas proibidas, como se toda imagem religiosa fosse um ídolo.
Não adianta apelar para o silêncio sobre a feitura de imagens naqueles primeiros dias, nem tentar usar o costume dos apóstolos, que eram judeus conservadores, que dificilmente fariam imagens logo em seguida à ascensão de Cristo. Não fariam, como não pregariam o evangelho aos gentios, não entrariam em suas casas, não tomariam parte em suas refeições, e etc., embora tudo isso fosse lícito segundo o santo Evangelho. Por isso, mesmo após a iluminação do Espírito Santo, e a compreensão de todas essas coisas, vemos São Paulo desejando participar da festa de Pentecostes em Jerusalém, e outros costumes como mostrados acima.
Isso porque os costumes judaicos eram ainda bastante preservados pelos judeus cristãos, e certamente a dieta, a distância que deviam manter em relação aos pagãos, e etc., eram costumes muito enfatizados, mesmo que teologicamente já tivessem sido aperfeiçoados, e devidamente entendidos.
Portanto, as subsequentes gerações de cristãos já não estavam presas às antigas regras, assim como foram libertos os pagãos desde o início, com especial atenção a partir do Concílio de Jerusalém.
Do contrário, todas as outras observâncias dos apóstolos, como as mencionadas acima, estariam no rol dos deveres cristãos.
Gledson Meireles.

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