A citação do artigo,
indicado no final, traz o seguinte: “Nada de
Papa ou de palavra definitiva do Magistério”. Isso significa que a
interpretação particular não tem nada a prestar contas ao papa ou à palavra
definitiva do Magistério. Nesse caso, não é concedida liberdade para fazer
isso. Se a interpretação foi diferente, mas não contradiz o oficial, negando
algum ponto, então não é nociva, e pode auxiliar no entendimento da Palavra de
Deus.
Há quem pregue algo assim: “Nada de Papa ou de palavra definitiva do Magistério”.
A Igreja sempre pensou com a cabeça do papa, afirma o artigo. Mas isso quer
dizer que o papa não tem interpretação pessoal que possa impor a outros, mas é
o legítimo defensor da verdade, conforme a tradição apostólica, de forma a não
deixar que algo contradiga o bom depósito.
Adiante, o artigo afirma: “não como uma forma de simples aceitação”. O
magistério é composto pelo papa e demais bispos unidos a ele, o que não permite
interpretação particular, exigindo um consenso e que não negue o que foi posto
antes.
E, ao final, afirma: “A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada”,
entenda-se, pelos teólogos, biblistas, estudiosos e cristãos católicos em
geral, mas sob a guia do Magistério, seguindo critérios estabelecidos. Como a
Igreja atualmente disponibiliza Bíblias e diversas traduções, aconselha a
leitura, o estudo, a leitura devocional, etc., e portanto não há como não
permitir o livre exame no sentido que indiquei.
Podemos livremente ler, interpretar,
tirar conclusões de passagens, sob iluminação do Espírito Santo, que é o
principal, e desde que estejamos seguindo os verdadeiros critérios, guiados
pelo magistério. Se chegarmos a algo diferente, contrário à verdade, devemos
estar abertos para ouvir a Igreja e obedecê-la, e, se necessário, abandonar e
interpretação desviante. A simples leitura e interpretação livre parece não ser
o problema.
A afirmação: “Nós,
católicos, pelo menos temos a coerência de confessarmos a infalibilidade no
nosso meio e, por isso, podemos contestar ensinamentos divergentes dos nossos.
Mas vocês, que se confessam falíveis – ou não confessam, pelo menos da boca
para fora? – como quererão corrigir quem quer que seja? Que autoridade vocês
têm para tanto?””
E o que indiquei no artigo
anterior, é dito em outras palavras, questionando os protestantes, como segue: “Ou será que
o “livre” exame das Escrituras é válido desde que as interpretações sejam
“obrigatoriamente” do jeito que eles pensam?”. Ou seja, que não contrarie os
dogmas fundamentais do protestantismo? Nesse sentido, torna-se válido, tanto
para católicos, quanto para protestantes, ainda que em seus respectivos
círculos, mas o intuito é que todos cheguem à unidade.
Pela pergunta fica evidente
que o problema é entendido como sendo a livre interpretação, onde cada um poderia
ensinar o que encontrou nas Escrituras, sem que alguma autoridade tivesse a
incumbência de verificar se está certa ou não a interpretação.
Escreve o autor: “Teria instituído uma Escritura Sagrada para
que cada um, a seu bel prazer, livremente interpretasse o significado da sua
mensagem (correndo sério risco, inclusive, de ir para os “quintos dos
infernos”) e produzindo as mais disparatadas conclusões…”.
Vejamos mais essa: “De todo jeito: o fato é que a Bíblia somente
não basta! Noutras palavras: a “Sola Scriptura” é completamente uma furada”.
O autor está tratando da questão da interpretação, e afirma que a Bíblia não
basta para resolver quando alguém a interpreta de um jeito errado, sem que haja
outra instância que mostre que sua interpretação não faz jus à verdade.
O apologista Jimmy Akin
afirma que, a primeira razão pela qual o livre exame não funciona, é que apesar
do direito teórico de cada um interpretar a Bíblia por si mesmo não significa
que todo o façam: “a vasta maioria deles não faz”. Isso acontece em todas as
denominações. O livre exame é apenas hipotético. Jimmy Akin afirma: “Sola Scriptura termina significando que
o cristão médio tem o direito de
interpretar a Bíblia por si mesmo, mas um direito somente exercido em qualquer
tipo de maneira consistente por raros indivíduos.”
O segundo motivo termina
mostrando que um intérprete que divirja da doutrina da sua denominação e
confronte seu pastor, será cedo ou tarde desmembrado, e logo entrará em outra
denominação que seja adequada à sua visão.
Portanto, quando os
apologistas católicos atacam o livre exame estão frisando um subjetivismo, um
relativismo, uma autoridade individual de crer no que bem entender, mesmo
contra o magistério.
Gledson Meireles.
Fontes:
2) Livre exame
Diria o protestante ao católico:vc deveria poder interpretar a Bíblia livremente, eu, por exemplo, frequento 3 igrejas protestantes e monto a interpretação do meu jeito.
ResponderExcluirDiria então o católico: pois bem, se a interpretação deve ser livre, eu interpreto que vc está errado.
Certamente o protestante responderia: a interpretação livre não é tão livre assim, é livre só se recusar a traços da fé católica.
Fico imaginando se Pedro fosse protestante, quando Jesus disse:
"Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo;mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos". Pedro responderia: "não posso confirmar ninguém numa fé de livre interpretação, se eu confirmar, o cristão é livre para desconfirmar".