Ensina que é necessário o
reconhecimento e a confissão da verdade de que todos os homens perderam a
inocência na prevaricação de Adão. Nem a lei natural nem a lei de Moisés podem
libertar o homem. O livre arbítrio foi profundamente enfraquecido, embora
existente, não foi destruído.
Deus propôs Jesus Cristo
como o propiciador através da fé em Seu sangue por nossos pecados, e os de todo
o mundo.
Cristo morreu por todos, mas
nem todos recebem o benefício da Sua morte, mas somente os que recebem o mérito
da Sua paixão. A graça recebida torna o homem justo.
A justificação é a
transferência do estado em que o homem é filho do primeiro Adão, ao estado de
graça e da adoção dos filhos de Deus através do segundo Adão, Jesus Cristo
nosso Salvador. Essa transferência não pode ser efetivada a não ser pela
lavagem da regeneração ou seu desejo. (Cita João 3,5)
O começo da justificação
procede da graça que predispõe o homem através de Cristo, pela vocação, sem
nenhum mérito do homem, para que aquele que pelo pecado foi cortado de Deus possa
ser disposto através da ressurreição e graça auxiliar a converter-se para sua
própria justificação, livremente assentindo e cooperando com a graça. Deus toca
o coração pela iluminação do Espírito Santo, e o homem não faz nada enquanto
recebe essa inspiração, podendo rejeitá-la, mas não podendo pelo livre-arbítrio
sem a graça mover-se para a justiça à vista de Deus.
A graça predispõe, a fé vem
pelo ouvir, crendo no que foi revelado e prometido, “especialmente que o
pecador é justificado por Deus por Sua graça”, reconhecendo-se pecador,
considera a misericórdia de Deus, tem esperança, confia que Deus será propício
a ele por causa de Cristo, ama a Deus como fonte de toda a justiça, e por isso vai
contra o pecado por certo ódio e detestação, pelo arrependimento que deve
existir antes do batismo, e finalmente, recebe o batismo para começar uma nova
vida e observar os mandamentos de Deus.
A disposição e preparação
descritas acima são seguidas da justificação propriamente dita. A justificação
não é somente a remissão dos pecados, mas também a santificação e renovação do
homem interior, tornando-o amigo de Deus e herdeiro da vida eterna.
As causas da justificação
são: causa final é a glória de Deus e de Cristo e a vida eterna. A causa
eficiente é Deus misericordioso, a causa meritória é Jesus Cristo, a causa
instrumental é o batismo, a causa formal é a justiça de Deus, pelo qual torna o
homem justo. O homem recebe a justiça de acordo com a medida que for dada por
Deus.
A fé une o homem a Cristo,
mas essa união é aperfeiçoada com a esperança e a caridade que é dada com a fé
no batismo. A fé é o início da justificação. Nem a fé e nem as obras anteriores
à justificação mereceram a graça da justificação. (Cita Ef 2,8-9)
É necessário crer que os
pecados são remidos gratuitamente pela divina misericórdia por causa de Cristo,
e não é necessário crer que os pecados foram perdoados como se isso fosse a fé
somente pela qual a remissão é realizada. Os protestantes estavam ensinando que
é necessário ter a certeza de que foi absolvido e justificado, e que por essa
fé somente é que o perdão era conferido.
O Concílio ensinou que o
homem piedoso não duvida da misericórdia de Deus, do mérito de Cristo e da
virtude e eficácia dos sacramentos.
A justificação pode
aumentar, com a fé cooperando com as boas obras.
Os mandamentos podem ser
guardados, e o homem ainda que caia em pecados, como os pecados veniais, esses
não fazem-no deixar de ser justo. Ensina ao justo a petição do justo:
perdoai-nos as nossas ofensas.
O cânon 4 condena a opinião
de que o homem não coopera e prepara-se para a justificação. Condena a mera
passividade, como foi explicado acima ao tratar dessa disposição.
O cânon 6 condena a doutrina
que ensina que o mal e o bem praticados pelo homem são feitos por Deus.
O cânon 9 condena a fé somente
no sentido em que afirma não ser necessário nada mais, como explicado antes,
que é a esperança e o amor.
O cânon 11 condena a
doutrina da justificação como mera imputação, ou somente da remissão dos
pecados.
O cânon 12 fala da fé que
justifica ao condenar a fé que não justifica.
O cânon 17 condena a
doutrina que afirma que muitos chamados não recebem a graça para a salvação.
Esse é um resumo da doutrina
da justificação, conforme a definição dada no Concílio de Trento.
Gledson Meireles.
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