quarta-feira, 29 de março de 2017

Dr. Samuele Bacchiocchi e a autoridade insuperável do papa no 2º século

À pergunta:
DR. SAMUELE BACCHIOCCHI defendeu primado de Roma? ou os apologistas tão mentindo?
foi dada a seguinte resposta pelo apologista protestante:
Não, ele nunca defendeu isso. Inclusive eu o cito no meu livro sobre Pedro, na parte referente ao primado dos bispos romanos, quando ele mostra a divergência pascoal que prova que o bispo romano não exercia uma primazia sobre os demais bispos. (…)”. O Dr. Bacchiocchi cita a divergência, mas não como prova de que o papa não tinha a autoridade citada, pelo contrário. (ênfase acrescentada) (Nos comentários do artigo: Paulo leitão refuta completamente o mortalismo de forma totalmente irrefutável (eu me rendo))
De fato, o Dr. Bacchiocchi não defendeu o primado de Roma, não era católico, não reconhecia a autoridade do papa, mas uma coisa é certa: admitiu que a primazia de Roma é antiquíssima, datando do século segundo sem sombra de dúvida.
No livro “A história não contada de Pedro” foi afirmado o seguinte: “Um dos mais respeitados teólogos protestantes que crê que Pedro é a pedra é o Dr. Samuele Bacchiocchi, que não deixa de se opor fortemente à tese do primado de Pedro e do papado por causa disso.”
E mencionando a questão da controvérsia da Páscoa: “O próprio Irineu não aceitava a ideia de uma jurisdição universal do bispo de Roma, o que pode ser comprovado facilmente através da controvérsia da páscoa, em que Irineu rejeita a tradição do bispo romano. Nas palavras de Samuelle Bacchiocchi...”.
Assim, a interpretação é feita pelas palavras de Santo Ireneu, e não é a conclusão do Dr. Bacchiocchi, como ficará provado aqui.
Eu já havia refutado essa afirmação na minha resposta ao livro citado: “O Dr. Samuele Bacchiocchi, estudando a história do papado, aprendeu que: “O processo (da supremacia do papado) começou já no segundo século quando a primazia do bispo de Roma foi amplamente reconhecida e aceita.” (Samuele Bacchiocchi, The Role of EGW´s writings in Biblical Interpretation, p. 12)”
E afirmei ainda: “Obviamente, ele não cria na Primazia do Papado, por negar igualmente a teoria petrina e a sucessão apostólica. Porém, chegou bastante próximo da verdade, e quase reconheceu a fonte dessa doutrina, a Bíblia.
O Dr. Bacchiocchi afirmou que “o desenvolvimento da primazia papal começou já no segundo século, quando o papa exercia sua autoridade ecumênica por impor às igrejas cristãs em geral o domingo de páscoa.” (ênfase acrescentada)
Afirmou ainda: “O desenvolvimento da supremacia do papado é um processo gradual que dificilmente pode ser datado de 583. O processo começou já no segundo século quando o primado do bispo de Roma foi amplamente reconhecido e aceito”. Como já havia citado na resposta acima mencionada.
Ele afirma que a autoridade do papa já no século segundo é inegável. A Igreja de Roma possuía tal autoridade através do seu bispo. E muitas indicações são mostradas:
1) A excomunhão do monarquiano Teódoto pelo papa Vítor.
2) A afirmação de Tertuliano que a Igreja de Roma transmite a doutrina dos apóstolos.
3) A excomunhão do herege Sabélio pelo papa Calisto.
4) A reabilitação de Basílides pelo papa Estêvão.
5) O pedido de Cipriano ao papa Estêvão para depor Marcião de Arles.
 
Com isso, cita ainda outros indícios:
 
a) A Igreja de Roma como cátedra de Pedro,
b) O papel do papa no caso dos que havia negado a fé nos tempos de perseguição e do batismo dos hereges,
c)  A data de 25 de dezembro para celebração do natal.
A posição da papa era de preeminência já no segundo século, afirma o Dr. Bacchiocchi, repetidas vezes.
Portanto, a afirmação de que “ele mostra a divergência pascoal que prova que o bispo romano não exercia uma primazia sobre os demais bispos” não é tirada do pensamento do Dr. Samuele. Pelo contrário, é a tese do apologista Lucas Banzoli.
O Dr. Samuele não estava tratando da natureza da autoridade do papa naquele século, nem da extensão dessa autoridade, mas estava mostrando “o status quo da situação”. Citou o autor que afirma que “o papado nasceu, e bem nascido” naquele século, e considera que tudo isso era a realidade em funcionamento, “ainda que algumas igrejas rejeitavam suas instruções” (do papa). Ou seja, a desobediência de algumas igrejas não é nada contrário à autoridade que o papa possuía.
Leia os artigos:
Gledson Meireles.

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