terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Sola Scriputra e divisões no Protestantismo, comentando o vídeo do pastor Thomas

Sola Scriputra e divisões no Protestantismo

Uma análise do vídeo do pastor adventista Thomas

 

Avanço nos estudos

O pastor tem mostrado avanços no entendimento da doutrina católica. Isso é algo que nasce do estudo que o mesmo vem fazendo do Catolicismo.

Um exemplo é quando alguém alude à sua conversão, e ele afirma já estar convertido. Até aqui não seria algo incomum um protestante fazer tal afirmação. Mas, logo adiante ele diz que caso se tornasse católico não seria uma conversão, pois o mesmo já é convertido, e a Igreja Católica reconhece o seu batismo. Esse ponto é importante e mostra como o estudo da doutrina cristã católica tem feito bem ao pastor, pois ele fala desse ponto de uma forma já bastante familiar, e tal é um ponto desconhecido de muitos protestantes.

Outro exemplo é quando reconhece que Lutero não quis deixar a Igreja Católica, o que é um avanço pequeno, pois logo de início quem conhece a reforma luterana percebe o fato, mas quando afirma que a Igreja Católica melhorou após o Concílio de Trento, sendo assim uma melhora após Lutero, isso mostra que os estudos estão fazendo muito bem, pois muitos não percebem essa realidade. O pastor está caminhando rumo à verdade completa. A questão política auxiliou muito a reforma protestante.

 

Interpretação coletiva

A questão da interpretação coletiva é algo importante e muito boa a explicação. Alguém descobre algo novo na IASD. Apresenta à Igreja, no seu representante oficial. O assunto, fazendo sentido, sendo acolhido, pode ser discutido pelo Instituto de Pesquisa Bíblia, por exemplo, e fazendo mesmo sentido isso pode ser levado à Assembleia Geral, que é uma associação geral, que é como um concílio adventista, que discutirá o tema em comunidade e sendo isso aceito haveria uma revisão na doutrina.

Com isso, está explicado que não existe uma interpretação particular, pois o estudo é avaliado coletivamente. Pode-se dizer, coletivamente pela igreja estabelecida, pela sua liderança, de modo oficial e sério.

E quanto ao Catolicismo, como isso seria feito? Vejamos essa situação hipotética.

Um cristão católico tem uma interpretação da Bíblia, e apresenta à Igreja para uma avaliação. O padre avalia a questão, leva ao bispo, caso o tema seja entendido de grande relevância.

Se isso for algo que também esteja sendo percebido pela comunidade de fé, sensus fidelium, indicando ser algo relativo à fé revelada, e que encontra circunstância para o seu estudo e aprofundamento, mostrando que é algo que de fato merece uma apreciação da autoridade eclesial, no seu magistério, esse ponto pode ser levado a um sínodo, e dependendo da grandiosidade da questão, ser realizado um concílio ecumênico. Esse é o concílio onde toda a Igreja se reúne para dirimir geralmente uma questão de fé e moral.

A interpretação deve ser de fato bíblica, encontrar apoio dos teólogos fieis à doutrina cristã, estar de acordo com os princípios já estabelecidos e reconhecidos pela tradição, como doutrina revelada, não contrariar nenhum dogma, pois cada dogma passa pelo mesmo escrutínio, e estar em comunhão com o parecer dos bispos reunidos em Concílio em união com o papa. Acontecendo tudo isso, pode haver a proclamação da uma verdade de fé. Essa, porém, não é novidade, já que se tratou de uma nova luz sobre aquele assunto, sendo a mesma revelada na Bíblia, pelo menos implicitamente, e de certo modo encontrada na tradição apostólica.

 

Liberdade religiosa

Não é tão simples afirmar que os protestantes lutaram para a liberdade religiosa que os católicos hoje possuem. E quando católicos são minoria? E quando não possuem poder político em determinada região? Como foi citado os Estados Unidos da América, basta estudar um pouco sobre a colônia de Maryland que rebelou-se contra o governo britânico. A região possui boa parte de cristãos católicos, mas sob o governo protestante. Veja como foram tratados para conseguirem liberdade. Hoje a Igreja Católica individualmente, segundo a Wikipedia, é maior que todas as outras: 23%. Igreja Batista 18%, Metodista 11%, Luterana 5%, e outras denominações 22%. Há certo equilíbrio. Veja como os católicos lutaram por liberdade religiosa.

 

Corrupção

O pastor ainda precisa melhor avaliar sua posição que está sendo simplista nesse ponto. Em primeiro lugar, reconhece que os culpados por corrupção devem ser tratados pela justiça. No entanto, quando compara a corrupção mencionada em comentário a respeito da IASD, afirma que não é uma corrupção “descarada” do tipo... e passa a mostrar certos pecados graves de cristãos católicos ao longo da história.

O problema é que a IASD é bastante nova. É fruto de um amadurecimento teológico e na doutrina moral protestante para criar uma comunidade una e santa. Esse é o objetivo de toda denominação, mas em especial os adventistas procuram isso com muito esforço.

E ainda assim, após os exemplos de tantos séculos de Igreja Católica e com os exemplos das diversas denominações protestantes, há espaço para esses acontecimentos corrompidos em seu meio. Portanto, os 162 anos da IASD é quase nada em comparação com a Igreja Católica Apostólica Romana com séculos e séculos de existência em períodos da história os mais diversos possíveis e em regiões e lugares difíceis, em meio bárbaro e etc., onde muitos absorvidos pela corrupção geral em que viviam, principalmente em determinados séculos medievais, acabaram por cometer muitas atrocidades.

É fácil ver que uma denominação tão jovem, nascida na América, com uma diferença importante comparada à experiência católica, é fácil que não tenha caído em tão grandes males. É preciso reconhecer as proporções.

O mesmo ocorre dentro do Catolicismo, por exemplo, uma comunidade católica jovem, surgida há pouco tempo, não terá em seu meio problemas sérios se comparados à Igreja Católica como sistema em toda a sua história. Então, a comparação é bastante superficial. O fato é que não se deve aderir ou deixar uma igreja apenas por erros de seus membros. Confiar na doutrina é o correto.

 

Quem mais fala de Ellen White?

Os não-adventistas falam muito sobre Ellen White. Isso é bem comum. Por exemplo, os protestantes falam de infalibilidade papal. Grande parte dos católicos não saberia explicar sobre isso, não pensa a respeito. É um assunto católico, obviamente, mas que é colocado em voga pelos protestantes.

Os protestantes costumam citar o imperador Constantino em suas críticas à ICAR. Em geral, nenhum católico conhece Constantino e nunca ouviram falar sobre ele. Certamente nunca ouviram um padre mencionar esse imperador em uma homilia. Só os que estudam teologia, apologética, história, são acostumados como tema. E os protestantes, uma parte considerável, de todas as denominações, de modo especial os adventistas, conhecem algo sobre esse imperador.

Agora, um exemplo mais próximo. Ellen White é uma profetisa e pessoa muito venerável, no sentido de respeito, afeto, admiração, autoridade, entre os adventistas. Mas os que mais falam sobre elas são os críticos.

Na Igreja Católica a questão das imagens é muito atacada pelos protestantes, em geral. No entanto, no dia a dia católica a veneração prática em relação às imagens nas igrejas locais é tão pequena que em comparação com o que percebemos nas críticas protestantes é de uma diferença enorme.

Os protestantes citam o fato da veneração, que chamam de adoração de imagens, como se todos os católicos passassem o tempo inteiro de suas devoções venerando uma imagem. Na prática é comum ver pessoas passando ao lado das imagens e nem olharem para elas, entrarem e saírem da igreja sem tocarem em nenhuma imagem. É apenas uma constatação interessante, pois parece que os de fora escolhem temas e colocam ênfase exagerada neles, quando os próprios fieis às vezes não lembran do tema.

Mas há um razão para isso. Os católicos veneram as imagens com muita ênfase nas procissões, nas festas dos santos, nas peregrinações aos santuários, que são vistas pelos de fora. Esses concluem então que sempre é assim na vida diária da igreja. Trata-se de um equívoco dos espectadores.

É bastante comum que nas missas muitas e muitas vezes nenhum santo é citado nas pregações, não tendo nenhum tratamento especial, e nenhuma imagem é venerada. É a vida normal da Igreja Católica.

Assim também com a senhora Ellen White, que é mencionada nos documentos oficiais da IASD, aparece em todos os debates apologéticos, tem seus livros lidos pelos adventistas, os adventistas são batizados após também aceitarem o dom profético de Ellen White e etc., como se em todos os cultos adventistas o nome de Ellen White fosse reverenciado e os temas de seus livros fossem tratados. Mas esse não é o caso, já que muitas vezes a mesma não é mencionada nos cultos.

Os cristãos católicos veneram as imagens, com muita fé. Isso é um fato. Mas a veneração prática é muito menos do que os críticos imaginam.

A respeito da consideração católica em relação aos protestantes como “irmãos separados” não significa que não há divisão. Apenas há consideração de que estamos de certa forma unidos em Cristo: fé em Cristo, em Deus, na Bíblia, nos mandamentos, etc., o que une a todos.

 

O texto de João 21, 25 e o Sola Scriptura

O que está registrado é suficiente para a salvação. E a questão de 2 Tm 3, 16-17 para não precisar de nada além do que está escrito na Bíblia para tornar-se habilitado, o texto precisa ser lido em seu contexto bíblico geral. Há um estudo do mesmo no blog. O Sola Scriptura aponta para a necessidade da Igreja. E a necessidade é bem mais importante do que a doutrina protestante ensina. O texto de 1 Tm 3,15 é um texto, mas há mais, que mostra o mesmo ensino.

O caso dos bereanos também é bem estudado no blog. É um texto muito erroneamente interpretado pelos teólogos protestantes.

O Protestantismo não é mais apostólicos que o Catolicismo, como afirmado no vídeo. Isso é algo profundo. Vamos estudar juntos.

 

E o cânon existia?

Já existia a ideia. Muito bem. Mas o cânon foi definido apenas no século quarto.

 

E as conversões de católicos ao adventismo?:

Acontece. Não é algo incomum. Há cristãos que deixam de ser cristãos e passam ao paganismo, ao ateísmo. São coisas que podem acontecer. Isso não quer dizer que a Bíblia e a Igreja não sejam verdadeiras, nem que seu ensino não foi suficiente para aquela pessoa, mas trata-se de um erro do indivíduo que veio por algum motivo.

O que é certo é o seguinte: aquele que busca a verdade de modo sincero e com o auxílio de Deus, abrindo-se à verdade, ainda que contra suas próprias opiniões, e vai aceitando os princípios verdadeiros para a compreensão da fé em geral, é certíssimo que crerá em Deus, em Cristo, na Sua Igreja, e na doutrina correta.

 

E o magistério é infalível?

Sim. A Igreja é infalível.

Mas o pastor afirma que o apostolado se mantém firme “desde que” se mantenha fiel à Palavra, sendo uma condicional.

Essa opinião do pastor não está na Bíblia. Nenhum versículo. É preciso saber como o mesmo crê nisso.

 

O que é a tradição?

Existem várias tradições. Tertuliano combatendo a virgindade perpétua de Maria? Onde? Era um combate mesmo? Ou foi uma citação que mostra um erro interpretativo do autor? Ninguém ensinava a doutrina no seu tempo? Onde está isso?

Que o leitor saiba que a tradição reconhecia pela Igreja é a tradição apostólica. Para isso, para certificar-se disso, temos que ir à Bíblia, perceber, entender, e aprender a autoridade da Igreja, ouvir a Igreja, e saberemos o que é a tradição apostólica.

Os padres da Igreja individualmente não são infalíveis e não escrevem somente o que é tradição apostólica. Realmente há que fazer a resta distinção das coisas. O critério é muito confiável. É preciso estudar bastante. Entre os protestantes não há quem entenda bem essa questão, porque uma vez que se entende deixa-se de ser protestante. E o motivo é que o Protestantismo não ensina corretamente esse ponto.

 

A Igreja sustenta a verdade?

Sim. É a verdade ensinada por Jesus Cristo e pelos apóstolos.

A Igreja não perde o papel de coluna, como diz o pastor. A Bíblia afirma nesse momento de modo absoluto, como algo dito para reforçar a fé de Timóteo, falando de algo conhecido e crido, que a Igreja é coluna e sustentáculo da verdade.

Não existe a ideia de que a Igreja é coluna “se” caso ela for fiel e etc., mas a afirmação é certa. Não há condicional.

Por que o pastor ainda não entende isso? Porque crê que se assim for a Igreja poderia criar verdades, se colocar no lugar de Cristo, ser fundamento e etc., o que são equívocos sérios.

Cristo ensina pela autoridade da Sua Palavra que está na Bíblia, guardada também na tradição, ensinada pela autoridade da Sua Igreja, com a Sua promessa de ensinar toda a verdade.

 

Qual a melhor interpretação?

A questão do cristão católico, que seria “o método católico”, como diz o pastor, não é apenas porque o padre falou, basta aceitar, porque o magistério não erra etc.

Quando o pastor ir aprofundando-se mais perceberá que não é esse o método católico de estudo, e que a profundidade do estudo é muito grande.

 

E a guarda do domingo?

De fato, a doutrina da Igreja Católica é para guardar o domingo e a maioria parece não se preocupar com isso. Vamos então à doutrina e se posicionar diante de Deus com o que aprendemos.

Houve um tempo em que a Igreja desencorajava a leitura da Bíblia. Hoje é bastante aconselhado. O pastor Thomas e qualquer pessoa que procure a verdade a encontrará. Continuando o estudo da Bíblia, seja qual for o assunto, chegará à verdade e verá que a mesma é ensinada na Igreja Católica. O estudo bíblico o levará a toda a verdade. É uma consequência dessa busca: tornar-se cristão católico.


Gledson Meireles.

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