sábado, 1 de fevereiro de 2025

Livro: OS BATISTAS E O RESGATE DA TRADIÇÃO CRISTÃ: Em direção a uma catolicidade batista. Estudo

Análise do livro:

 

OS BATISTAS

E O RESGATE DA

TRADIÇÃO CRISTÃ:

Em direção a uma catolicidade batista

 

 

 

A presente análise é feita eminentemente sob a perspectiva bíblica e da teologia católica apostólica romana.

É uma obra endereçada aos irmãos protestantes, principalmente aos da denominação batista, por se tratar de leitura de uma obra batista, para que a partir do estudo das suas doutrinas fundamentais conheçam a doutrina cristã católica que é conservada na Tradição Apostólica na história da Igreja.


 

O livro em apreço é organizado pelos teólogos Matthew Y. Emerson, Christopher W. Morgan e R. Lucas Stamps. É uma obra de estudiosos batistas conservadores. Trata-se de uma apresentação fidedigna da tradição batista. A partir dessa obra serão feitas as contribuições necessárias para o aprofundamento do tema e para a busca da unidade católica que Jesus ensinou em João 17, 20-26. Por meio da presente análise o leitor protestante irá compreender mais sobre a doutrina da santa Igreja Católica Apostólica Romana.


 

As palavras dos eruditos protestantes sobre a obra

 

Nas palavras de Daniel L. Akin vemos que “Tradição, credos, liturgia, resgate e catolicidade” são termos quase desconhecidos entre os batistas. De fato, os protestantes em geral não falam em Igreja, Tradição, Credo, Liturgia, Resgaste e Catolicidade, a não ser quando criticam a Igreja Católica. Assim, o erudito alude ao fato de que esses termos são usados mais comumente em sentido negativo. E afirma que o livro é de necessidade para a teologia batista.

O parecer de Bruce R. Ashford é de que os batistas podem manter suas características denominacionais e encaixar-se na “tradição cristã mais ampla”, com suas doutrinas e liturgia. Aconselha a leitura da obra.

Com Nathan A. Finn sabemos que os batistas são vistos por outros protestantes como sectários, e isso é reconhecido como fato, “Infelizmente, algumas vezes”, afirma Nathan. E fala de uma visão de catolicidade tipicamente batista. Vamos ver como isso será construído ao longo do livro. Também alude à natureza evangélica e ecumênica dessa visão. Deve-se buscar a unidade. E o leitor verá na análise que essa unidade leva naturalmente à aceitação da doutrina cristã católica.

Gavin Ortlund fala que muitos assim a palavra ‘batista’ a uma mentalidade sectária. Portanto, mais um erudito afirmando que os batistas possuem certa fama de sectarismo entre os protestantes. Ele afirma que “em sua maior parte” a tradição batista está conforme a igreja histórica e global. Ou seja, há entre os batistas aqueles que se distanciaram mais da verdade, mesmo sob a perspectiva protestante. Os batistas possuem elementos distintivos, que são formados pelas circunstâncias em que se originaram a denominação. E Gavin afirma que o livro será de ajuda aos que querem ser batistas e ao mesmo tempo manter-se em comunhão com a “tradição cristã mais ampla”. É ser batista e ter sensibilidade católica.

No decorrer do livro esse ponto será debatido. De fato, a Igreja Católica Apostólica Romana tem sua tradição apostólica mantida ao longo dos séculos. O leitor verá como fazer para que os batistas estejam de fato em unidade de fé com a tradição cristã.

As palavras de Amy Peeler mostra que a obra pretende mostrar o que une os batistas a outras denominações e quer reforçar a identidade batista.

Madison N. Pierce, seguindo esse raciocínio, alude ao desejo para que os batistas sem mais ecumênicos, humildes e fieis. Afirma que essa obra, por exemplo, representa o melhor da teologia batista através de seu foco nas Escrituras.

Douglas A. Sweeney fala da catolicidade batista. Os batistas creem na Bíblia como autoridade final, mas são chamados a interpretar e aplicar os conteúdos da Bíblia em comunhão com os santos e as instruções do passado, ou seja, em conformidade com a tradição. No decorrer da análise o modo como isso é feito entre os batistas será evidenciado.

O erudito afirma que a fé batista é parte da igreja católica com c minúsculo. De fato, está falando da igreja em sentido geral, de cristianismo. Mas também pode-se afirmar que os batistas fazem parte da Igreja Católica, por sua fé básica no credo apostólico, por crer em Jesus Cristo, por aceitar a maior parte do cânon bíblico, e ter-se originado a partir de uma reforma radical iniciada por cristãos católicos no século dezesseis, dando origem ao movimento anabatista, que pode ser considerado com raiz mais remota dos modernos batistas.

Depois, Douglas afirma em outras palavras que dispensar a tradição é “receita para heresia e pecado”. O leitor verá que só é possível desenvolver totalmente essa verdade na tradição católica. Os batistas estão se esforçando para isso, para a renovação da sua denominação, mas esse caminho de apropriação “das riquezas da história da igreja”, nas palavras de Douglas, só é completamente possível na aceitação da tradição apostólica conversada no Catolicismo.

Os eruditos David Dockery e Timothy George são os pioneiros da catolicidade batista. Ao mesmo tempo desejam manter a doutrina batista. Esse esforço revela o desejo de serem considerados cristãos católicos “batistas”. A possibilidade disso ser alcançado será objeto de estudo.

Obviamente os autores não estão interessados em inserir-se na comunhão cristã católica romana, mas defender sua fé entre as denominações protestantes históricas, como a luterana, a presbiteriana, a anglicana e a metodista. Também é certo que concebem a tradição batista como mais fiel à doutrina bíblica. Isso será abordado.



Comentário do prefácio à edição em português de Rafael N. Bello

 

A ideia de “suspeição da tradição” é mencionada. De fato, os protestantes em geral suspeitam da tradição, negam a tradição, criticam a tradição, e praticamente baniram o termo de sua doutrina, aparecendo somente nas críticas à tradição católica. Essa atitude nasceu entre os reformadores do século dezesseis, mas atualmente tem sido revista e as igrejas protestantes, como os batistas, desejam aprender com os santos do passado. E para isso, é necessário conscientizar, é dever considerar os santos cristãos católicos. Então começa um grande desafio para um cristão protestante batista.

Para isso não basta negar que tal e tal autor da antiguidade era um católico “romano”. Essa atitude não ajuda muito. É preciso reconhecer a riqueza, profundidade e autoridade dos escritos dos santos padres, que vão até o século oitavo. São muitos os tesouros que a fé apostólica possui e são expressos nessas obras. Então, como afirmado no prefácio, a fé não é imposta, “a fé é também herança”.

Alude também à liberdade de consciência. Os batistas nasceram como grupo perseguido, e esse ponto é muito forte entre eles. Assim, um protestante batista tem grande dificuldade em curvar-se a uma verdade que vem da herança da tradição. É um obstáculo para os protestantes, e especialmente para os batistas.

Também é afirmado que os batistas não podem negligenciar a tradição cristã. Porém, há entre os batistas os que aderem ao que podemos chamar de Nuda Scriptura, onde os padres da Igreja são apenas os apóstolos, e a tradição é apenas o que foi escrito na Bíblia. Obviamente esse se consideram mais fieis à tradição batista do que os que de fato aderem ao Sola Scriptura dos reformadores, com todos os distintivos da denominação.

A Bíblia é a norma normans e a tradição é a norma normata. Porém, na prática essa questão é dificílima e muitas vezes impossível de ser um baluarte da verdade. Os batistas advogam a liberdade de consciência, a Bíblia como autoridade final e não devem negligenciar a tradição cristã. As denominações cristãs devem funcionar assim, mas estão diante de uma dificuldade importante. Para o cristão católico isso funciona bem de profundamente em consonância com a Bíblia.

Um exemplo hipotético. Um protestante batista estuda a Bíblia e decide-se contra a doutrina da trindade. Não encontrará nenhum fundamento na tradição, pois a Igreja Católica afirmou a doutrina em concílios, e mesmo as igrejas orientais e os protestantes, incluindo a confissões batistas. Assim, deverá ser mais prudente em sua posição. Mas, no final, poderá apelar à sua liberdade de consciência individual e à Bíblia como autoridade final e afirmar estar certo de suas conclusões.

Diante disso, o mesmo parece estar conforme o que é ensinado no Protestantismo, em suas últimas consequências. Porém, de modo prudente e humilde, o intérprete deveria alinhar-se à tradição cristã, que com sua sabedoria formulou a doutrina a partir de profundos estudos bíblicos, e defendeu a verdade contra as mais diversas heresias, incluindo a mesma nas orações, na liturgia, nas decisões conciliares, nos catecismos e mesmo nas confissões protestantes históricas. Entretanto, é uma verdade integrante das confissões de fé batistas. O mesmo está estaria seguro assim, mas não se pode negar que sua ideia primeira encontra brecha na teologia protestante. Por sua vez, um cristão católico, nesse caso, não teria qualquer possibilidade de afirmar-se como possuindo direito de sua interpretação. É assim que percebemos o equilíbrio do sistema cristão católico.

Portanto, o protestante, para levar logicamente o exemplo acima, no sistema cristão, à sua correta conclusão, precisa crer que a norma da tradição é mais autoritativa do que ele imagina.

É o mesmo que é dito pelo erudito, que o que está resumido nos credos, por exemplo, mostra que não é preciso fazer de novo a exegese para se extrair a doutrina. O problema para o protestante batista é que a autoridade dos credos “nunca é final” mas deve ser respeitada. Se a exegese foi correta, se o resumo foi feito com base na Escritura, se se deve prosseguir a partir daquele ponto, sem retroceder, pois é algo correto e fechado para ulteriores progressos em novas ações morais, por exemplo, como poderia essa autoridade não ser final? Se ele pudesse ser retocada, mexida, mudada, negada, negligenciada, seria uma autoridade bastante pequena. No entanto, pelo exposto, ela tem revestimento da autoridade bíblica, e, portanto, não pode ser reformada. Desse modo, o cristão batista precisa aderir a ela com respeito e nunca tentar mudá-la. E isso serve para todos os credos e decisões conciliares.

O autor afirma ainda que os batistas não olham para a tradição com desconfiança, mas com alegria. O mesmo cita Matthew Emerson a respeito da sua defesa do credobatismo, reconhecendo que se trata de uma ruptura com a prática tradicional, mas ao mesmo tempo um meio de afirmar a fidelidade da igreja à Bíblia. Esse problema será abordado no aludido capítulo.

O leitor, se for cristão batista, deverá pensar sobre sua tradição e perceber quando ela foi formada. Assim, verá o caminho para reformar sua fé em direção à tradição apostólica.

Aí poderá ver os citados separatismo e biblicismo que são na verdade algo ligado à antropologia iluminista, que baseia-se na capacidade moral e intelectual do ser humano, ainda que afirmando está cativo à Palavra de Deus em sua interpretação, dando origem a ideias que confrontam com a Bíblia e a Tradição.

Para os outros protestantes, das igrejas históricas, talvez a obra irá ser de relevância para o entendimento da tradição batista e sua relação com a tradição mais antiga da Igreja. Para os cristãos católicos, o desejo é ver os batistas caminhando para mais próximo da luz da verdade cristã que está na tradição cristã. E isso exigirá deles muitas rupturas com sua tradição eclesiástica batista.

 


Comentário do prefácio de Timothy George

 

O livro tratará especialmente da natureza da fé e da qualidade da prática dos batistas. Os batistas deverão ser críticos mas indulgentes, com toda a igreja. O autor cita o individualismo, que tem sua fundamentação no Iluminismo e no relativismo pós-moderno. Isso ajuda a pensar nessa ênfase na liberdade de consciência, na liberdade do indivíduo, nas diferentes interpretações da Bíblia e das doutrinas divergentes que são relevadas como não essenciais, o que pode ser uma influência do relativismo. O cristão batista deve continuar sua investigação com precaução, não tendo cada afirmação da sua fé, que alegadamente é toda bíblica, não tendo essas alegações um assentimento pronto é rápido, mas deve pensar se o mesmo não é apenas opinião individual, baseado nesse individualismo mencionado, e se as divergências são passadas como algo de pouca relevância não têm a ver com o citado relativismo pós-moderno. Tudo isso impulsiona o estudioso no caminho da verdade.

É bom lembrar durante o estudo que os batistas são defensores da liberdade religiosa porque foram duramente perseguidos no seu nascedouro, na Inglaterra pré-revolucionária, como afirma Timothy. Esse comportamento tem gerado atitude de pouco diálogo, onde a “verdade” batistas seria bíblica e as demais posições, com maior foco as do Catolicismo são consideradas simplesmente como não-bíblicas.

O Protestantismo tem tendo reivindicar seus fundamentos históricos como ortodoxos. A obra em questão trata especialmente da tradição batista nesse sentido. É mencionado o Movimento de Oxford, feito na Igreja Anglicana. Interessante que o maior intelectual do movimento, John Henry Newman, ficou convencido da verdade cristã católica e tornou-se católico, bispo e foi beatificado.

O “Lutero católico” é tema ensaiado entre os luteranos, os cristãos de Augsburgo. O autor menciona também a obra de Nevin e Schaff, que são luteranos. Entre os metodistas está Thomas C. Oden. Os teólogos Scott Swain e Michael Allen entre os presbiterianos. Entre os batistas é mencionado o Center for Baptist Renewal (Centro para a Renovação Batista), ao lado dos teólogos batistas Curtis Freeman, Steve Harmon e Elizabeth Newman que apelam à catolicidade batista.

Vê-se assim grande tentativa e esforço para renovação da fé por meio de sua reavaliação em relação à tradição. É um eco da verdade cristã católica apostólica romana que ressoa nos arraiais da Reforma Protestante.

As palavras de Timothy mostram que os batistas precisam lembrar-se da tradição. Costumam afirmar que são comunidade de crentes batizados, mas devem lembrar-se da tradição cristã, e isso requer humildade. Humildade pessoal, humildade eclesiológica. O leitor deve estudar com humildade, não pensando na resposta que dará enquanto lê o que o contradiz, mas tentando primeiro entender o que ainda não sabe, estudar seus fundamentos bíblicos, e só depois formular uma resposta.

Encontrando a verdade cristã é uma forma de servir melhor a Jesus Cristo que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Que essa análise seja para a glória de Deus Pai, Filho e Espírito Santo.



Comentário da Introdução

 

Primeiro e preciso que o protestante batista se questione o motivo natural que tem feito crescer “o desejo por um enraizamento mais forte na tradição cristã”. Houve tempos em que isso só era lembrado nos ataques à tradição católica. Os batistas deveriam estar satisfeitos com sua fé “bíblica”, com seus distintivos denominacionais. Nada de credo, nada de confissões, nada de concílios, nada de autoridade extra-bíblica. Obviamente, de maneira virtual, a tradição da Igreja e a própria Igreja mantinham sua autoridade, como prevê o Sola Scriptura,  mas o discurso sempre beirou ou apontou à Nuda Scriptura.

O ser humano organiza-se com rotinas. Assim, é comum que a liturgia chame a atenção naturalmente. Deve haver algum elemento que perturbe essa consonância, levando alguém a não conformar-se com a rotina diária em sua vida particular. O mesmo se diz quando se opõe às formas litúrgicas da vida cristã comunitária. Portanto, é normal o desejo de voltar às formas litúrgicas antigas. E mais uma vez, o desejo sadio dessa renovação leva à unidade com a fé da Igreja Católica.

É bom notar que aquilo que os eruditos evangélicos conservadores estão buscando, como o resgate das fórmulas doutrinárias patrísticas e do modo de interpretar a Bíblia, os métodos pré-críticos, bem como a maior transcendência na adoração e a expressão robusta da fé, são todos elementos que a Igreja Católica Apostólica Romana possui. A Igreja Católica é firme em sua patrística, é profunda na sua interpretação bíblica, é transcendente na adoração, o que é muito perceptível e elogiado pelos que buscam maior espiritualidade, e sua expressão de fé, e a deseja da doutrina de sempre, é muito robusta. Parece mesmo que o que está na Santa Igreja Católica é procurado por esses cristãos protestantes que se propõem a servir a Deus mais firmemente e fielmente. Embora não olhem nessa direção, que possam refletir sobre essa realidade.

Agora, a questão da expressão “multifacetada” da fé uma vez entregue aos santos, essa talvez seja uma área bíblica bastante pouco conhecida pelos protestantes, que vivem de maneira intensa as divisões denominacionais. No Novo Testamento não havia tal divergências. Havia uma Igreja e as heresias, sem comunhão alguma entre as duas alas. No Protestantismo, por sua vez, há certa comunhão e unidade em doutrinas fundamentais nas diversas denominações históricas.

Doutro modo, a situação é diferente na Igreja Católica, pois a mesma é firme em sua dogmática, e ao mesmo tempo permite uma variedade enorme e bem orientada de expressões de fé, de ritos, espiritualidades monásticas, de pastorais, de movimentos, etc.

Muitos não vêem essa realidade, mas optam por focar nas divergências, como o surgimento da Igreja Católica Brasileira, a Velha Igreja Católica, etc., que estão fora da comunhão católica. Deve-se olhar para dentro da Igreja.

Outras vezes falam dos sedevacantistas, que negam a autoridade do papa, o que não está em comunhão com a fé oficial da Igreja. Assim, é preciso reconhecer a diversidade que há na unidade, reconhecida, como entre franciscanos, dominicanos, beneditinos, jesuítas, carismáticos, 24 as igrejas sui juris que estão em comunhão com Igreja Católica. É uma unidade que não há no Protestantismo.

Assim, as divergências católicas existem, e são menores em número e intensidade em comparação com as que existem entre os protestantes. Também, e isso é mais importante, a unidade é maior e essencialmente mais sólida na diversidade católica. A verdade gera unidade.

Os autores citam o grupo de batistas moderados que tentar visualizar a identidade batista no contexto da tradição mais ampla. Mas os moderados não expressam o parecer tradicional dos batistas.

Então, a busca para situar melhor a fé e a prática dos batistas na tradição cristã histórica, da parte dos batistas conservadores, é expressão no livro em análise. Por meio dessa obra pode-se ir às fontes da autêntica identidade dos batistas.

Nessa busca de situar a fé batista na tradição os batistas conservadores irão tentar fundamentar os distintivos batistas como aceitáveis e fundamentalmente bíblicos. Certamente o batismo de crentes é um ponto inegociável, pode-se dizer.

Essa controvérsia lembra o tempo de Tertuliano. Esse grande escritor, enquanto católico, expôs sua opinião teológica de que era prudente batizar apenas aqueles que chegassem à idade de pedir o batismo. E o motivo que o levou a isso era o número de pessoas que abandonavam a fé após batizados na infância. Porém, sua doutrina do batismo conservava a verdade da regeneração batismal.

Entre os batistas a questão é outra. A denominação não crê na regeneração batismal, e assim não batizar crianças se fundamenta na crença de que o batismo, como testemunho público de fé, só pode ser realizado nos crentes. É uma ruptura com a tradição cristã.

Outra questão mencionada é “o desejo de contar com um sacramentalismo mais robusto” nas igrejas batistas. É importante lembrar que o termo sacramento é bastante criticado entre os batistas, que preferem tradicionalmente, na denominação, tratar os mistérios como ordenanças. Pode-se dizer que na apologética aparecem como simples ordenanças. Concebem que são importantes e ordenadas por Cristo, mas negam o efeito da graça por meio dos sacramentos. E a ênfase na fé e no simbolismo levou ao esvaziamento que agora tem levado a muitos a resgatar a antiga fé da Igreja, que sempre considerou os sacramentos sinais sensíveis da graça.

Caso os batistas aceitem essa verdade, de modo oficial, causarão ruptura com a própria tradição, mas se inserirão na tradição apostólica. E muitos batistas têm tentado resgatar a robustez do sacramentalismo. Parece que Wayne Grudem possui uma visão mais espiritual dos sacramentos do que a tradição batista tem permitido observar. Certamente ele faz parte dos precedentes para essa renovação. E muitos batistas atuais creem com fé mais profunda nos sacramentos do que os batistas de antes.

Mais um ponto importante é a natureza da Igreja Católica. Os batistas enfatizam historicamente a comunidade local. Mas, em nota de rodapé, o livro traz a observação de que embora o Novo Testamento fale mais frequentemente da igreja local, também refere-se à Igreja em sentido universal, citando Ef 1,22; 3, 21 e 5, 23. Esse ponto é duramente debatido entre batistas há muito tempo, quando se opõem à Igreja Católica. No entanto, trata-se de uma verdade, pois a Igreja é uma só, e assim é Universal. Portanto, essa constatação mostra um avanço dos teólogos batistas nessa doutrina da Igreja.

O primeiro capítulo do livro lida com a unidade cristã na Bíblia e a forma como os batistas entendem e “receberam” essa doutrina.


Gledson Meireles.

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