quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Comentário da interpretação de 1 Tm 3, 15, feita pelo pastor adventistaThomas Lopes

Em primeiro lugar, o pastor não entende 1 Timóteo 3, 15. Uma vez que se entende essa passagem, é praticamente impossível não aceitar a verdade cristã católica.

Vamos aos pontos:

A explicação protestante é que a Igreja é a coluna e baluarte da verdade porque a Igreja é que proclama e sustenta a verdade. A verdade é a Palavra de Deus, a Bíblia. Então, a Igreja é coluna e baluarte da verdade quando ensina corretamente a Bíblia.

Esse "quando" é problemático, visto que está dependendo da fidelidade da Igreja, que é sempre passível de errar. Porém, se a Igreja não é infalível, ela sempre pode estar errada, e possivelmente está sempre ensinando algo errado, em todos os tempos, e portanto, por definição, essa coluna e esse baluarte é frágil demais.

Se isso é admissível na teologia protestante, não o é na teologia bíblica. De fato, Jesus afirma que se deve ouvir a Igreja, e isso é por definição a garantia de Jesus que a Igreja está correta em seu ensino. Esse ensino só pode ser em questões de fé e moral.

Na concepção católica, a Bíblia, que é a Palavra de Deus, está afirmando que a Igreja é COLUNA E BALUARTE da verdade. Sendo assim, ela ensina a VERDADE, sendo COLUNA E BALUARTE OU COLUNA E SUSTENTÁCULO, de forma que essa verdade está assentada nesse fundamento que a Palavra de Deus estabelece. Por tanto, esse fundamento não quebra, a verdade que está sobre ele não cai por terra. Ele é então infalível.

Essa infalibilidade foi explica ao longo dos séculos. Basta estudar a teologia católica e aprender sobre isso.

E qual o motivo pelo qual, através do qual, por meio do qual o pastor não compreende esse versículo? O motivo é porque ele pensa que a Igreja infalível seria a aquela que “cria verdades, inventa verdades, que faz novas verdades, que altera a verdade”. E por outro lado, o pastor crê, corretamente, que a Igreja “reafirma aquilo que a Bíblia já tá lá escrito”. Assim, a compreensão da infalibilidade está equivocada, e por isso o mesmo não a aceita.

Quanto ao fato da Igreja ensinar a verdade, isso é justamente o que a Igreja Católica ensina: a Igreja não ensina novas verdades, não pode criar verdades, mas garantir que a verdade ensinada por Jesus Cristo e pelos apóstolos sob a inspiração o Espírito Santo seja sempre mantida na Igreja, infalivelmente.

As interpretações que a Igreja faz, com seus ministros, em grupo, em uma interpretação coletiva, seguindo as regras da sã interpretação, são interpretações que não trazem novas verdades, mas explicita a verdade já anunciada ou contida mesmo que de forma tácita na Bíblia.

O pastor aceita as palavras (coluna e baluarte) e não o sentido correto. A Bíblia está ensinando que a verdade tem uma estrutura que garante a sua permanência: a Igreja. Por outro lado, o pastor crê que a coluna pode ruir. O sustentáculo pode deixar de sustentar. Então, a Bíblia estaria afirmando que a Igreja seria uma coluna desse tipo, o que não é nada bíblico.

A citação de João 8, 31-32 não tem nada diretamente a ver com a infalibilidade da Igreja. Jesus estava falando com os “judeus que nele creram” (v. 31), e diz a eles: "Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus verdadeiros discípulos”.

Aqueles que creram devem permanecer na Palavra de Deus ensinada pela Igreja. Temos então a Bíblia e a Igreja.

A explicação do pastor é que o verdadeiro discípulo é o que se mantem fiel ao ensino de Cristo, mas ele pode apostatar. Isso está correto. Nada tem a ver com a infalibilidade da Igreja, mas com a perseverança do fiel.

Quando afirma que virão falsos profetas, mesmo dentro da Igreja, isso também é verdadeiro.

E como reconhecer os falsos profetas? Pelo padrão da Palavra de Deus, ensinada pela Igreja, como está em 1 Tm 3, 15. Entendido isso, não há como não aceitar essa verdade.

Os falsos pregadores serão aqueles que ensinam diferentemente da Igreja, pois suas interpretações a contradizem.

Em João 15, 7-8 fala do mesmo assunto. O pastor menciona o alerta bíblico contra as heresias e afirma que o clero não é infalível, porque deveria permanecer 100% fiel à Palavra de Deus, qe são as Escrituras. E é verdade que cada membro do clero não é infalível. Mas o Magistério, como um conjunto, formado por Cristo, para ensinar, esse é infalível.

O pastor está confundindo o que cada um é diante de Deus, fiel ou não, com o Magistério, que tem a promessa de Cristo e é apresentado como coluna e sustentáculo da verdade.

Cada crente pode estar na fidelidade à Palavra ou não. Pode obedecer ou não. Pode apostatar ou não. A Igreja, como um todo, em sua totalidade, como Igreja docente, essa não pode apostatar, porque a promessa de Jesus não permite essa queda. É o mesmo que dizer que se trata do remanescente fiel na Igreja em todos os tempos. E essa fidelidade é referente a toda a verdade (cf. João 14, 26).

O magistério prescinde dos indivíduos e mesmo do grupo magisterial de cada tempo, já que a promessa não é a cada cristão que compõe o magistério pessoalmente, mas à posição que o mesmo ocupa, cada um dos membros, em comunhão com o grupo magisterial.

O motivo da não compreensão é que o pastor na aceita que a coluna e o baluarte assim definidos não podem ser frágeis. Também não compreende que a promessa não é dada a cada indivíduo fiel, mas à Igreja, e os textos que o mesmo forneceu trata dos indivíduos.

É preciso crer que a verdade é garantida por Jesus, e não é algo que qualquer membro da Igreja tenha recebido como dom para não errar na fé e na moral. Esse princípio deve ser entendido para compreender toda a doutrina.

A passagem e 1 Tm 3, 15 não é sobre indivíduos, nem mesmo sobre uma comunidade local, mas é a descrição dessa qualidade da Igreja Católica, universal, que é ser coluna e sustentáculo da verdade.

Gledson Meireles.

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