Comentário:
Solus Christus
O princípio Solus
Christus ensina que Jesus é o único meio de nossa Salvação. Mas isso é
justamente o que a Igreja Católica sempre ensinou. Então, por que os
reformadores afirmaram esse princípio contra o Catolicismo? Porque a forma de
entender essa doutrina é diferente entre os protestantes. Isso ficará claro ao
estudarmos esse capítulo.
Comentário: O centro de todo o evangelho
O
centro da mensagem do evangelho é a morte e ressurreição de Jesus. Que o leitor
seja perspicaz aqui. Que Igreja apresenta a crucificação de Jesus como centro
de sua vida, de forma a chamar a atenção universal para esse centro do
evangelho? A Igreja Católica Apostólica Romana.
De
fato, os cristãos católicos têm na missa
a atualização do sacrifício de Jesus no calvário. Em crucifixos para lembrar da
paixão, morte de Cristo pela nossa salvação. Fazem via sacra. Fazem penitência
às sextas-feiras em honra desse mistério de Cristo. Fazem o sinal da cruz com
grande devoção. A doutrina cristã católica inteira tem o centro em Jesus
Cristo, e toda a devoção da vida cristã católica é endereçada a Jesus. Maria e
os santos, a Igreja e os sacramentos, todos, só existem em função de Jesus
Cristo. Ensinar o contrário é desconhecer a fé católica. Ainda mais. Não
aceitar essa piedade é negar o que a Igreja Católica ensina desde sua fundação
por Jesus Cristo.
Assim,
São Paulo ensinou a Cristo, e Cristo crucificado. Afirmou que completa em seu
corpo o que falta nas tribulações de Cristo (Cl 1, 24). Pregou sobre a morte de
Cristo pelos nossos pecados e para nossa salvação (1 Cor 15, 1-4).
E,
o mesmo apóstolo, ensinou também que a Igreja é coluna e sustentáculo da
verdade, que o batismo nos veste de Cristo, que devemos ser imitadores seus e
dos santos ministros do evangelho, que devemos orar sem cessar, que devemos
viver a fé que age por meio da caridade, nas boas obras, etc. Tudo isso é feito
em Cristo.
No
entanto, o protestante tende a pensar que sua fé não pode incluir nenhum desses
ensinos de Jesus como importantes, de modo que erros surgem aos montes por
tamanha incompreensão do evangelho.
Devemos
perceber que a linguagem bíblica é aquela que a Igreja Católica utilizar para
tratar dos assuntos espirituais. A Bíblia ensina que por meio do evangelho
somos salvos (1 Cor 15, 1-4). O que isso quer dizer? É por meio de Cristo ou
por meio do evangelho? Obviamente não há distinção aqui, porque o evangelho é a
mensagem da salvação por meio de Cristo.
Mas
o protestante faz essas distinções sérias. Por exemplo, a maioria dos
protestantes afirma que o batismo não salva, porque é o sangue de Cristo que
salva. No entanto, poderíamos dizer: é o sangue de Cristo que salva ou é o
próprio Cristo? Agora, o leitor entende que não é correto fazer essas
distinções impensadas? É óbvio que o sangue de Cristo salva porque foi Cristo
crucificado e o derramou pelos pecados. É esse sangue que lava a purifica
quando alguém é batizado em nome de Cristo. Assim, o batismo é o momento em que
o sangue de Cristo opera espiritualmente na alma do pecador. Essas verdades
bíblicas são todas guardadas na santa Igreja Católica.
Vamos
questionar mais um pouco: você sabe que todos os cristãos católicos creem
firmemente que Jesus morreu e ressuscitou, segundo as Escrituras? E creem nisso
para a salvação? E permanecem nessa fé de forma profunda?
De
fato, o católico pratica exercícios espirituais, que fazem parte da devoção
cristã. O terço é um costume geral e exercita o princípio bíblico de orar sem
cessar. Nessa oração à virgem Maria o teor principal é a vida de Jesus Cristo.
Entre os mistérios de Cristo estão a sua paixão, morte e ressurreição, que são
contemplados nos mistérios dolorosos.
Portanto,
os cristãos católicos rezando o terço estão tendo no seu coração o cerne do
evangelho salvador de Jesus Cristo. Contudo, o protestante dirá que o terço não
pode ser rezado, que é repetição, que é endereçado a Maria, que é “outro” meio
para ser salvo fora de Cristo. Deve-se dizer que isso é ideia protestante, e
não católica. Para o cristão católico, como acima ficou explicado, toda a
devoção é feita por causa de Cristo, tem Ele como centro, é endereçada a Ele,
tem o fim de nos conformar a Ele, de nos levar a Ele, para a maior glória de
Deus.
Essa
foi a vida dos cristãos em toda a existência da Igreja. Aliás, o terço tem
quase um milênio de existência, e ninguém em sã consciência iria negar a
salvação de bilhões de cristãos que praticaram essa sã devoção durante suas
vidas, tendo Cristo como centro, e vivendo em comunhão com os santos e todos os
elementos da vida cristã, de modo a não acrescentar nada à salvação trazida por
Cristo, mas viver os elementos que o próprio Jesus ensinou de modo a viver a
riqueza que Ele nos trouxe no Seu evangelho: “Vós conheceis a bondade de nosso Senhor Jesus Cristo. Sendo rico, se
fez pobre por vós, a fim de vos enriquecer por sua pobreza” (2 Coríntios 8,
9).
Quando
o pastor escreve que “a vida da Igreja é um vida de rememorar a pessoa de Jesus
Cristo”, se ele soubesse que isso é a própria vida da Igreja Católica, que tem
sua liturgia toda centrada em Jesus Cristo, isso ficaria mais luminoso em sua
vida. De fato, a Igreja Católica é muito anterior à denominação reformada, da
qual o pastor obteve sua compreensão do evangelho.
A
Igreja Católica tem o Pai Nosso como oração mais importante. Lê os evangelhos
como textos bíblicos centrais nas celebrações da santa missa. Celebra a Páscoa
da ressureição e todos os domingos em honra da ressureição de Jesus Cristo. E
todo o ano litúrgico é feito com base nesse mistério. Mesmo os dias dos santos
e outras festividades possuem inspiração nessa espiritualidade centralizada na
Pessoa do Redentor Jesus Cristo. A forma de viver essa espiritualidade não é
compreendida pelos protestantes, mas é o modo que a Igreja Católica vive desde
os dias dos apóstolos, com desenvolvimentos feitos segundo o evangelho do
Senhor Jesus Cristo.
Assim,
a salvação é por meio de Jesus Cristo. Deus o fez pecado por nos (2 Coríntios
5, 21), ou seja, o tornou vítima de expiação. Essa vida de Cristo, a Sua
justiça, é derramada no nosso coração, de modo que é feita nossa, e nossa
própria justiça deve ser conforme essa justiça de Cristo. Essas são as boas
obras que Deus preparou para que andássemos nelas (cf. Ef 2, 8-10.
A
ideia de que Deus apagou na cruz o que fizemos e o que ainda vamos fazer, que é
parte integrante da doutrina reformada, o que explica aquela ideia de uma vez
salvo sempre salvo, e a negação da perda da salvação, essa ideia lembra aquela
outra, muito criticada pelos reformadores, da oferta das indulgências, onde os
pecados passados e futuros poderiam ser perdoados através da aquisição dos
bilhetes de indulgências.
Obviamente
essa não é a doutrina católica, não foi ensinada oficialmente pela Igreja em
nenhum momento da história, e é duramente criticada pelos reformadores. No
entanto, em sua própria doutrina protestante reformada, há essas afirmações que
a Escritura Sagrada não faz em nenhum momento.
A
salvação em Cristo é pela graça, e nenhum esforço humano pode salvar. Essa
doutrina é crida por todos os cristãos, católicos e protestantes, por exemplo.
Mas, é preciso notar que as boas obras devem ser realizadas, pois ainda que o
protestante tradicional afirme que a fé salva, mas não salva sozinha, e que
deve estar acompanhada das obras que são consequência da fé, essas obras devem
existir na vida do salvo e serão contadas no juízo final. Não é o lugar de
examinar a posição protestantes em comparação com a Bíblia, mas apenas mostrar
que para ser coerente o protestante deve viver como ensina a Igreja Católica,
praticando boas obras.
E
aquela ideia de chegar de mãos vazias em contraposição com a doutrina do Solus Christus no Protestantismo, onde
nada poderia ser entregue a Deus para valer a vida eterna, é uma ideia que tem
duas partes: uma correta, pois as obras não podem salvar, nada podem
acrescentar ao sacrifício de Cristo. Mas, há outra parte: as obras feitas na
graça de Deus possuem mérito e serão exigidas no juízo final. Essas obras,
necessárias à salvação, como se costuma afirmar, são aquelas que Deus preparou
para que andemos nelas, e uma vez preparadas por Deus se tornam obrigatórias,
não é mesmo?
Assim,
também há a doutrina de que as obras são necessárias, os servos terão suas
recompensas baseadas nas obras, e essas obras devem existir para o salvo. Somente
Cristo é o salvador, mas Ele ensina a praticar o bem.
Comentário: O único meio de salvação
A
teologia católica ensina que somente Cristo é o Redentor, somente Cristo é o
Salvador, somente Cristo é o Mediador. Mas, dirão alguns, e os santos, e a
virgem Maria, e sua intercessão, e os títulos de advogados dados aos santos, e
os méritos dos santos, e a co-redenção de Maria? A resposta é que tudo isso só
funciona na vida da graça santificante em Cristo Jesus. Tudo é uma preparação
para que vivamos nas obras que Deus preparou para nós, na obediência aos
mandamentos, na recepção dos sacramentos, na vida em comunhão com a Igreja e
com todos os santos. É uma espiritualidade nascida das páginas sagradas do
evangelho e de toda a Escritura, que é preciso ser vivida por todos os que
creem e amam a Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
O
pastor, em certa altura da sua obra, escreve o seguinte: “...precisam de homens
que foram santos, mas agora estão mortos, aos quais você pede intercessão
diante de Jesus para que ele então peça a Deus”(p. 92). Com isso o pastor tenta
refutar a doutrina da intercessão dos santos, pensando que os santos são como
que salvadores do povo católico. De fato, nada mais longe da verdade. Essa não
é a doutrina católica. A intercessão dos santos não se dá no âmbito da
salvação, mas acontece na vida da graça, assim como a intercessão dos santos na
terra, na oração de intercessão de um irmão pelo outro na igreja, e na
intercessão da Igreja por toda a humanidade diante de Deus, em Cristo, o que não
constitui a doutrina da redenção.
Quando
o protestante afirma que não necessita de ninguém mais para chegar a Deus,
negando a intermediação dos santos, está pensando na intercessão em termos de
salvação, o que não é verdade. Seria o mesmo que dizer que não precisa da
oração de ninguém mais porque já tem o acesso direto a Deus por meio de Jesus.
Qualquer um que entenda da doutrina bíblica da intercessão irá perceber o quão
desastrosa seria essa atitude.
O
mesmo se diz em relação aos santos do céu, pois a morte não os afasta da
comunhão. A morte não põe fim no seu amor a Deus e ao próximo. A morte não os
separa do amor de Deus. A morte não põe fim à alma. E uma vez mortos, suas
obras os acompanham, e na esperança da ressureição, descansam das suas obras,
mas já realizam a obra do reinado com Cristo no céu.
O
pastor conta experiência que teve entre os protestantes, do mainstream evangélico, em que no culto,
muitas vezes, o nome de Jesus não é nem citado. Algo curioso. Impossível na
Igreja Católica, pois na liturgia, por mais que o celebrante tente se afastar
da sua essência original e oficialmente exigida para a celebração, terá que mencionar
o nome de Jesus. Obviamente é possível que muitos o tornem secundário nas
apresentações e etc., e nas devoções pessoais, afastando-se do que é comum e
natural na teologia católica, pois menos na oração de intercessão a um santo
essa deve ser feita em Cristo. Assim é pedido ao santo: rogai por nós. Ou seja, o santo rogará a Deus por nós, e o fará em
Nome de Jesus, que é o único pelo qual é possível alcançar a graça de Deus.
O
texto de Romanos 2, 12 não pode ser usado para falar da condenação de todas as
pessoas que não conheceram Jesus. É verdade que o homem é indesculpável diante
de Deus. Mas, se alguém segue os ditames da razão, na fé em Deus, na vida em
coerência com essa fé, esse é salvo, porque Cristo alcançou a salvação para
essa alma na cruz. De fato, todos pecaram e estão destituídos da glória de
Deus, mas essa graça e glória é alcançada em Cristo. Os que servem a Deus
sinceramente estão recebendo a graça de Deus por meio de Cristo.
Por
isso, a Escritura afirma que os que pecaram sem
lei perecerão sem a lei, assim como os que pecaram com lei. De fato, pela lei natural são julgados os que não têm lei,
e pela lei de Moisés são julgados os que estão sob a Lei. E agora, todos
estamos sob a Lei de Cristo.
Ninguém
pode ser salvo se não crer em Cristo. Para o reformado, uma tribo distante, em
região pagã, que vive o seu paganismo, crendo em Deus e fazendo o que sabe ser
o correto para agradar a Deus, em sua ignorância, será toda condenada, ainda
que se esforce para seguir as leis do seu coração no cumprimento do que
acredita ser a vontade de Deus. E o motivo é que não puderam ouvir a pregação e
crer no único Salvador, Jesus Cristo.
No
entanto, os pecadores pecam em Adam, nascem no pecado, fora da graça e da
glória, não podendo alcançar a graça senão por Cristo. Assim, cada pecador não
tem culpa pessoal, mas peca em Adão como cabeça da humanidade. Desse modo, Deus
dá a graça suficiente para todos, pois essa foi alcançada por Jesus na cruz, e
todos podem ser salvos pro Cristo. Mas como crerão em Cristo se Ele não for conhecido?
“Ora, sem fé é impossível agradar a Deus,
pois para se achegar a ele é necessário que se creia primeiro que ele existe e
que recompensa os que o procuram” (Hebreus 11, 6).
Embora
todos devam crer por intermédio da
Palavra de Deus pregada, e essa pregação levará o Nome de Jesus, único
Salvador, há certamente muitos que não terão oportunidade de ouvir a pregação.
No entanto, a Lei está no coração, não está longe, no céu, nem no abismo, mas
dentro de cada ser humano. Desse modo, se o ser humano crê que Deus existe e
recompensa os que O procuram, esses têm a fé, dom de Deus, e podem ser salvos.
São salvos por Cristo, por desejo, por fé implícita.
Se
se lê literalmente cada palavra em João 17, 20 e Romanos 10, 13-15, também é
preciso igualmente ler Hebreus 11, 6. Assim, é um fato que a Escritura afirma a
salvação de quem não ouviu a mensagem do evangelho diretamente por falta de
oportunidade.
O
Solus Christus não pode ser usado
para crer na condenação de quem não teve culpa pessoal para crer em Jesus.
Somente os que rejeitam a pregação e verdade do evangelho até o fim cometem o
pecado contra o Espírito Santo, único imperdoável.
A
ideia de John Piper de que “Jesus não exerce o poder legítimo sobre o coração
da pessoa diretamente”, mas apenas “por meio dos seus seguidores” é algo
errôneo (p. 95).
Essa
doutrina é contrária à doutrina bíblica de que Deus deseja a salvação de todos.
É contrária ao que ensina o Catecismo da Igreja Católica, de que Deus não está
preso aos meios que Ele instituiu ordinariamente. Assim, o batismo é necessário
para a salvação, mas Deus salva aqueles que não puderam ser batizados, como o
ladrão da cruz.
Assim,
Deus salva aqueles que não puderam ouvir a mensagem, agindo diretamente no coração, convertendo e
dando o dom da fé. Esse ponto é importante, pois a doutrina da Igreja Católica
a respeito da importância da Igreja como Corpo Místico de Cristo para a missão
de salvação da humanidade reconhece a salvação daqueles que por ignorância não
souberam do evangelho de Jesus, mas creram em Deus e viveram e acordo com a
vontade de Deus, segundo o que puderam aprender.
Por
outro lado, a Igreja, conforme essa doutrina reformada apresenta pelo pastor,
tem um papel fundamental para a salvação, de modo que onde a Igreja não chegou,
onde não houve pregadores do evangelho, onde o nome de Cristo não foi
conhecido, para que Deus pudesse agir para converter o pecador e dar-lhe a
salvação, então todos seriam condenados.
Essa
necessidade absoluta da Igreja para a
salvação é algo tão curioso que volta-se contra a própria doutrina protestante,
quando a mesma critica a doutrina católica sobre a Igreja, e nega as leis da
razão, condenando os que não tiveram oportunidade de agir de outra maneira,
porque não houve pregador que anunciasse a boa nova da salvação.
A
doutrina que ensina a condenação de quem não teve a graça suficiente é heresia.
Vemos em Atos dos Apóstolos que Cornélio viu um anjo e foi até Simão Pedro e
ouviu o evangelho da salvação. Mas, antes disso, sabemos que Cornélio estava na
graça de Deus. A doutrina reformada diria que Cornélio estava em pecado e seria
condenado se morresse antes de encontrar-se com Pedro. E a doutrina católica afirma
que ainda que Cornélio morresse assim, antes da pregação, seria salvo, pois
demonstrou abertura para a pregação do evangelho.
Os
reformados diriam que se Cornélio morresse antes seria algo já determinado por
Deus, que o condenou, matando-o antes de ouvir a mensagem da salvação. Caso,
contrário, nada poderia tê-lo impedido de ouvir a mensagem e ser salvo, sendo
um dos eleitos, como de fato aconteceu.
Mas,
a Escritura afirma a respeito de Cornélio: “Era
religioso; ele e todos os da sua casa eram tementes a Deus. Dava muitas esmolas
ao povo e orava constantemente”(Atos 10, 2).
E
o anjo diz a Cornélio: “O anjo replicou: “As
tuas orações e as tuas esmolas subiram à presença de Deus como oferta de
lembrança” (Atos 10, 4).
Essa
passagem ensina que as obras agradam a Deus. Cornélio era religioso, temente a
Deus, homem de oração, assim como todos os da sua casa. Esperavam a revelação
do evangelho, e foram salvos por Cristo. Contudo, é certo que já estavam na
graça, que os prepara para o recebimento do evangelho.
Eis
que o pastor afirma que um texto da Bíblia pode conduzir à salvação,
comunicando a salvação em Cristo somente. Podemos afirmar que já ouve salvação arrependimento
dos pecados, a pessoa que contemplaram uma imagem de Cristo crucificado e
entenderam a verdade ali ensinada. Os protestantes teriam dificuldade de
aceitar essa verdade, mas é totalmente possível.
Desse
modo, é ordinariamente necessária a pregação de Cristo. Mas, como a Bíblia
afirma que sem a fé é impossível agradar a Deus, e que os que creem em Deus e
que Ele é recompensador, esses podem agradar-Lhe. Agradando a Deus, estão
salvos.
Aqui
temos duas interpretações. Uma dos reformados e outra da Igreja Católica. Cada
uma está baseando sua conclusão em textos da Bíblia. De fato, toda heresia
também nasce da má compreensão da Bíblia. O que o leitor pode notar é que a
compreensão católica é legítima, mais antiga, de acordo com a exegese bíblica
brevemente apresentada acima, e conforme a razão, o nosso senso de justiça.
A
interpretação reformada é contrária à doutrina católica, o que já é um sinal de
alerta. Ela é recente, outro sinal desfavorável. Ela nega a compreensão de 1 Tm
2, 4 e Hb 11, 6, o que a refuta totalmente. E por fim, contraria a razão, o que
a enfraquece ainda mais.
Comentário: A base da vida do cristão
Jesus
Cristo é o fundamento da Igreja. É Cristo a Pedra Angular. Ele é o firmamento.
Nós somos as pedras da construção sobre a Rocha. Pedro é o primeiro, o líder, o
que foi posto no lugar de Chefe, para apascentar, para ser pedra de unidade.
Por isso o seu nome, que vem de Kepha,
Pedra, e tornou Cefas e Petros em grego, Pedro. Ele é a rocha
colocada por Cristo. Crendo em Pedro estamos crendo em Cristo. Assim, Pedro não
pode errar na fé, devendo ser infalível, pois Jesus Cristo é Deus, e não
permite que São Pedro erre na fé ensinada à Igreja Católica.
Comparando
“o centro comunitário de ortodoxia a partir do que a Escritura revela”, que
geraria a unidade entre as discordâncias protestantes, essa unidade é muito maior
no meio cristão católico, e não é difícil de perceber, basta uma rápida olhada.
Então, até na unidade assim reconhecida, o Catolicismo se mostra mais unido.
Recebendo
Cristo somos unidos na fé. A fé cristã católica, entregue aos santos, mantida
intacta sempre na santa Igreja Católica. O presente estudo deixa isso bastante
nítido, com tamanha beleza de doutrina vinda de Jesus, o Senhor.
Comentário: Conclusão e aplicações
A
seguir, algumas conclusões e aplicações a partir do que foi comentado, com a doutrina
bem entendida, com certos ajustes e correções, para que o leitor cresça na fé.
Não
cremos em nós mesmos para a salvação, mas somente em Jesus Cristo. A nossa santificação
é necessária para ver a Deus: “Procurai a
paz com todos e ao mesmo tempo a santidade, se a qual ninguém pode ver o Senhor”
(Hebreus 12, 14), e essa paz e santidade só são possíveis pela graça de Cristo.
Jesus é nossa esperança. A fé em Cristo é a única forma para que o homem possa
ser salvo. Mesmo os mais distantes pecadores, em longínquos lugares da terra,
que buscam a Deus, o Pai, esses podem receber a graça que flui da Sua
misericórdia, porque foi alcançada pelo sangue de Cristo.
Gledson Meireles.
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