Introdução:
Na introdução do livro A favor do
Calvinismo já vemos uma ideia refutada de que os calvinistas não possuem zelo
evangelístico e missionário. De fato, eles o possuem, e muito. Mas isso não se
deve ao fato de que o Calvinsimo seja verdadeiro, mas porque sendo de origem
católica, o mesmo mantem seu modo de pensar praticamente idêntico ao cristão
católico. E é bastante fácil perceber o empenho evangelizador da Igreja
Católica Apostólica Romana durante esses milênios da era cristã, desde os dias
de Cristo e Seus apóstolos, em 33 d. C., até os dias atuais, promovendo o bem
em toda a terra e fundando nações, batizando em Nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo milhares e milhares de pessoas, purificando as culturas, e as
ideias humanas.
Pois
bem. O calvinismo é também evangelizador. Mas, certamente, não tanto quanto o
catolicismo.
E
quanto ao relacionamento pessoal com Cristo e a busca por santidade. Também
nesses itens o trabalho é menor.
No
entanto, assim como a fé na Soberania de Deus e a salvação pela graça nunca
deixaram os católicos em estado de letargia, mas, ao contrário, sempre levaram
os santos a graus heroicos de santidade e de busca pela perfeição cristã, na
prática dos ensinos evangélicos, é também de se pensar que entre os calvinistas
haja também certa busca pela oração, louvor e santidade. Mas, é de se esperar
que tal grau de busca é menor, em comparação com os cristãos católicos.
Obviamente,
ao crer que uma vez salvo sempre salvo, e que a certeza da salvação é possível,
e que as obras estão atreladas à fé mas não salvam, não influindo o mínimo na
salvação, e que estão no rol apenas da santificação, tudo isso leva
inevitavelmente, muitas vezes, à pouca preocupação pela prática das boas obras.
E nesse ínterim, somente uma coisa pode atenuar esse estado, que é a ênfase nas
boas obras, na busca da oração, na vida de santidade, como o faz a doutrina
católica. Então, ao não perder toda a conexão com o catolicismo, o calvinismo,
ainda que com seus erros fundamentais, mantem verdades que traem seu equívoco radical.
Outra
observação verdadeira é que os hipercalvinistas bebem muito mais dos erros
provindos dos princípios calvinistas do que os calvinistas originais. Assim, os
hipercalvinistas estão mais longe da doutrina católica e fazem afirmações que
são frontalmente contra a verdade bíblica.
Dessa
forma, a tradução da Bíblia, o seu ensino, as distribuição de catecismos,
livros de oração e hinários para os crentes reformados corroboram o que foi
dito acima, ou seja, sua proximidade com a doutrina católica, sua herança
cristã católica, impede que esses novos erros destruam toda a espiritualidade.
De
fato, o reformado crê na salvação pela graça por meio da fé somente, mas não
rejeita as boas obras. Crê na soberania divina e rejeita o livre-arbítrio
humano, mas possui uma noção praticamente idêntica de liberdade ao tratar da
livre agência humana, utilizando muitas vezes dos mesmos termos e ênfases.
Essas tensões da doutrina calvinista explicam sua notoriedade, pois uma vez que
mantém a robustez da doutrina católica continuam a enfatizar certos pontos
reformados e a utilizar linguagem católica em detalhes vitais para
sobrevivência da doutrina.
Outro
equívoco comum é identificar agostinianismo e calvinismo. Há diferenças
importantes entre as duas doutrinas. Uma permaneceu católica, a outra
afastou-se do catolicismo. Assim, o agostinianismo e o tomismo são essencialmente
o mesmo, e permaneceram católicos, enquanto o calvinismo assemelha-se ao
jansenismo, onde um tornou-se protestante e outro esteve no meio católico, mas
recebeu dura reprovação.
Por
isso, quando se procura as raízes do calvinismo na Bíblia, muitos textos
parecerão claros ao leitor. Isso porque esses textos na verdade dão origem à
sistematização agostiniana e tomista, e não calvinista. Porém, como já
esclarecido, o calvinismo mantem certos pontos e linguagem semelhantes à
empregada pela Igreja Católica.
Há
certas coisas que precisam ser compreendidas pelos católicos, e pelos
protestantes, que servem para evitar a queda em muitos erros.
Quando
o calvinismo ensina que a depravação total é a extensão do pecado a todas as
áreas da natureza humana, e pensa que o catolicismo ensina algo diferente, está
equivocado. A doutrina católica ensina o mesmo, pois o pecado original atinge
toda a natureza humana e não apenas uma parte.
Também
a eleição é incondicional, como tradicionalmente ensinada por Santo Agostinho e
Santo Tomás de Aquino. A Igreja Católica não tem definição dogmática quanto à doutrina
da predestinação, mas esse ponto da eleição incondicional é católico.
A
respeito da redenção particular há um erro dos calvinistas. Cristo morreu por
todos. Não se trata apenas da afirmação de que a morte de Cristo é suficiente
para todos, mas que garantia a salvação somente dos eleitos. De fato não é
isso. A verdade é que a morte de Cristo é para todos, suficiente para todos, a aplicada eficazmente somente nos
eleitos. Os demais não são salvos por negaram a graça, por rejeitarem a Cristo.
Sobre
a graça eficaz, é verdade que a fé é um dom de Deus, que é precedida pela
graça. No entanto, é verdade que todos podem ter a fé, e que essa pode ser
perdida. A soberania e o livre-arbítrio estão em íntima relação espiritual
aqui.
E
a perseverança dos santos, também conhecida como perseverança final, é doutrina
católica, e os eleitos todos serão preservados.
Como
podemos ver, essa doutrina é católica é foi herdada pelos protestantes
calvinistas. No entanto, por certos erros, a doutrina reformada contem heresia
grave.
É
preciso entender bem o que é monergismo e sinergismo. Assim também o que é
pelagianismo e semipelagianismo. A doutrina católica ensina um sinergismo entre
fé e obras, no interior da graça de Deus, onde o pecador deve cooperar com a
graça recebida. Essa é a doutrina bíblica. No entanto, para quem conhece a doutrina
católica, isso fica mais claro quando se compreende que Jesus Cristo é o
Salvador, salvando mesmo os bebês que são batizados sem nunca terem tido a fé
pessoal e nem feito qualquer boa obras. Portanto, em última instância a doutrina
católica é monergista.
A
doutrina católica é equilibrada, crendo na graça, ao mesmo tempo em que ensina
a necessidade da observância dos Dez Mandamentos. Essa é a lei da liberdade.
Horton
mostra que as posições de que os calvinistas creem na salvação somente pela
graça e os arminianos frisam a responsabilidade humana de confiar e obedecer
não são completas, pois os arminianos também creem que somente Jesus Cristo
salva e os calvinistas aceitam que há responsabilidade de confiar e obedecer.
De fato, não poderia ser diferente, pois a Bíblia ordena a guarda dos mandamentos.
Ensina que a salvação é pela graça, por meio da fé, para as boas obras. Então,
somente a doutrina católica expressa a doutrina bíblica, e todas as que mantem
certa prerrogativa de correção é por manter ênfases da doutrina católica.
O
teólogo reformado faz a defesa do calvinismo e testa se o arminianismo pode
afirmar que a salvação vem do Senhor (Jonas 2, 9).
Há
duas opiniões entre os protestantes, uma do calvinismo e outra do arminianismo.
No âmbito católico há pelo menos duas posições, uma tomista e outra molinista.
Mas,
entre os protestantes a questão é radical: o calvinismo nega o livre-arbítrio, enquanto
o arminianismo o defende. Entre os católicos uma coisa está certa: todos creem
no livre-arbítrio. Enfim, todos creem na soberania de Deus. Por isso, vê-se que
entre os católicos a questão é menos complicada e lida com a coerência interna
das doutrinas. No protestantismo há maior divisão.
Horton
afirma que entre os padres da Igreja havia maiores diversidades. Assim, havia
também ambiguidades. Contudo, é certo que todos os padres da Igreja ensinam o
lvire-arbítrio.
Gledson Meireles.
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