segunda-feira, 6 de abril de 2020

500 anos da Reforma: Ulrich Zwingli

REFORMA PROTESTANTE

Ulrico Zwínglio

Zwínglio era um padre suíço (1484-1531), que na atmosfera daqueles tempos, iniciou a reforma protestante em Zurique. Era talentoso, eloquente, porém não um teólogo profundo, senão um humanista, e também político. Precisamente esse último ponto o diferenciava de Lutero.

Sua pregação de livros inteiros da Bíblia, a partir de 1519, certamente foi influenciada pelo ad fontes, o retorno às fontes, que o humanismo adotava. Reformador mais equilibrado que os demais, um tanto mais democrático, algo considerado em termos mais amplos, mas sem exagerar a ponto de imaginar uma moderna tolerância, já que perseguiu os anabatistas com prisões, torturas, banimento e morte. E não estava sozinho nesse modo de proceder.

Insurgiu-se contra as boas obras, certamente influenciado por Lutero. Não jejuou na quaresma, levando a cidade inteira de Zurique a quebrar o preceito quaresmal. Imagine como isso escandalizava o sentimento religioso cristão. Por isso, considerado um reformador magisterial, por contar com apoio das autoridades civis.

Suas atividades iniciais tiveram apoio mesmo do fiel bispo de Constança. Aliás, até o papa Leão X o elogiou, pois que então precisava dos favores dos suíços. Isso contribuiu para o progresso do reformador. Zwínglio era sincero em sua fé, mas indícios há que levava vida escandalosa, o que fez ser expulso da cidade em 1519. Cometeu fornicação, viveu os prazeres da carne, a imoralidade sexual, mesmo com professos votos sacerdotais.

A doutrina que pregava era essencialmente a mesma que o Protestantismo geral estava disseminando, resumida nos lemas que séculos mais tarde foram sendo explicitados, os solas, partindo da interpretação pessoal que dava às Escrituras, porém, com radicalismo maior. Lutero não o reconheceu como enviado de Deus. Pelo contrário, insurgiu-se duramente contra ele.

Os independentes cantões suíços permaneceram fieis à fé cristã católica, como Schwyz, Unterwaden, Lucerne, Zug e Fribourg. As reformas católicas, porém, não tinham tido geral aceitação até então, o que mostra que exigiam métodos mais rigorosos. Enquanto isso, a campanha dos revoltados protestantes disseminava-se, causando divisões. Esses eram católicos descontentes, mas com ideias menos alinhadas ao pensamento oficial, com doutrinas dissonantes, o que diferias das antigas reformas da Igreja. Era um só movimento protestante, mas cheio de “protestantismos”, segundo seus principais líderes, como Zwínglio.

Era um hábil debatedor, por duas vezes vencedor no debate doutrinal. Consta que não havia grandes expoentes católicos ali. Fato é que, mais tarde, quando da presença do grande Dr. Eck, Zwínglio não compareceu. Certamente, não saísse vitorioso naquela ocasião.

Como político, era favorável à investida armada contra territórios católicos, e tinha planos ambiciosos.

Não entrou em consenso com Lutero quanto à presença de Jesus na Eucaristia, pois ensinava algo puramente simbólico e figurado, o que selou a divisão com o luteranismo.

No seu sistema radical deveria desaparecer tudo o que não estivesse na Bíblia ou que a contrariasse. Assim, cometeu excessos como quebras de imagens, incêndio de mosteiros, etc., quando ondas furiosas praticavam violências, advindas de suas pregações.

Foi longe demais em assuntos sérios e profundos, usando da filosofia, ao contrário da linguagem usada por Lutero.

A primeira Igreja-Estado, chefiada por burgueses e um Conselho Civil, deve-se à sua influência.

Em 1531, católicos reagiram armados por causa da expulsão do abade de Saint Gall pelos zwinglianos. Morreu em 1531 na luta em Kappel, e os vencedores da guerra queimaram seu corpo, o que não é de estranhar, senão de lamentar, horríveis excessos, em uma atmosfera de guerra, cheia de violência.

Isso é o que se pode resumir do pouco conhecido padre Ulrich Zwingli, que deixou a fé católica e tornou-se um dos principais reformadores protestantes.

FONTES:

BANZOLI, Lucas. 500 Anos da Reforma: Como o Protestantismo Revolucionou o Mundo. Vol. 1: Liberdade, Tolerância e Democracia. Curitiba: Clube de Autores, 2018.
Catholic Enciclopedia. The Reformation. www.newadvent.org.

ROPS, Daniel, A Igreja da Renascença e da Reforma (I), vol. 4. São Paulo: Quadrante, 1996.

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