(Provérbios 16, 4.)
A doutrina reformada entende
esse verso, à luz de tantos outros que tratam do assunto da Soberania de Deus, e que são pelos
calvinistas elencados e ajustados sistematicamente em torno da questão, fazendo
parecer que há uma leitura contextual da Escritura para o ponto estudado, que o
mesmo estaria afirmando que o Senhor Deus criou o ímpio com o propósito de
condená-lo a fim de mostrar sua ira, justiça e glória.
No entanto, o texto não
afirma isso. Obviamente uma heresia só pode influenciar bastante se em seu bojo
houver muito da verdade, e em sua linguagem externar semelhança de uma correção
doutrinal. É como Satanás aparecendo disfarçado em anjo de luz. Ninguém crê em
um erro se ele claramente revela seus absurdos. Por isso, é de pensar que muito
do que é dito sobre Provérbios 16,4 na teologia reformada seja de fato verdadeiro.
No entanto, sua conclusão é errônea.
De fato, o texto afirma que
a desgraça do ímpio contribui para manifestar a justiça de Deus. É o que ensina
a nota explicativa da Bíblia Ave Maria. Não é o mesmo que está na explicação
calvinista? Apenas em parte, pois os reformados entendem que Deus criou o ímpio
para o mal, e para a condenação. Pelo contrário, o texto afirma que tudo foi
feito por Deus, até o ímpio para a desgraça, não tratando diretamente da
questão da criação do ímpio para esse fim.
Literalmente tudo o que foi
feito é criação divina. O homem ímpio também existe por criação de Deus. Mas a
Bíblia afirma que Deus não criou o homem nesse estado. Para iluminar uma
passagem obscura e que está levando a conclusões terríveis, basta estudar a Palavra
de Deus e encontrar textos claros que tratam diretamente da questão, e que o
sentido que procuramos será revelado.
Em Eclesiastes 7, 29 está
escrito:
“Somente descobre isto: Deus fez o homem reto, mas é ele quem procura
os extravios”.
O rei Salomão trata da criação do homem em estado de justiça,
saindo das mãos de Deus em retidão. No entanto, ele se torna mau por procurar
extravios. É uma passagem clara sobre a criação do homem bom e como ele se
torna mau. Assim, Provérbios 16,4 já trata do homem no estado da maldade, por
pura culpa sua, e que a sua condenação mostrará a justiça de Deus.
A própria passagem de
Provérbios 16 ensina isso. O verso 1 afirma que o homem tem projetos no seu
coração, o que nos faz pensar na natureza humana livre compondo planos em seu
interior. Mas afirma que o Senhor tem a resposta, mostrando a Soberania de Deus
que cuida dos Seus planos perfeitamente.
O verso 2 afirma que os
caminhos parecem puros aos homens, mas Deus sonda os corações e é Ele quem
conhece profundamente a realidade das coisas.
O verso 3 aconselha entregar os
negócios a Deus para alcançarmos êxito. Temos ação de Deus e do homem revelada.
Chegamos ao verso 4 que trata do homem mau feito para o dia da ira. Não foi o Senhor
que o fez mau, mas ele mesmo, como diz a Escritura, entrou nesse estado.
Então, Provérbios
afirma, com toda a Escritura, que tudo fez o Senhor, e o ímpio está incluído no
plano de Deus, que criou o homem bom, mas que ele tornou-se mau por desobediência, por isso
será castigado no dia do juízo, por ter escolhido a iniquidade.
No estudo da eleição incondicional ficará mais clara essa questão.
Gledson Meireles.
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