domingo, 4 de dezembro de 2016

Veneração e adoração são iguais?


É próprio do pensamento protestante a ideia de que a Bíblia, já pelo texto dos 10 Mandamentos, ensina a “proibição divina de não confeccionar ícones e prostrar-se diante deles.”[1] A ênfase parece recair sobre essa última afirmação em especial: “prostrar-se diante deles”, já que por isso é entendido o que determinaria a adoração. No entanto, o Protestantismo não admitirá nem ter uma imagem de Jesus ou de um santo apóstolo na igreja, ou em casa, ou estampado em uma roupa, etc.

De maneira geral, para o Protestantismo não há lugar para adoração nem para a veneração de imagens. Afinal, afirmam que veneração e adoração são a mesma coisa. Primeiro porque ambos os termos são erroneamente entendidos como tendo significado idêntico.[2] Se porventura, um protestante entender que há a devida diferenciação, ele pulará para outra argumentação, afirmando que ainda assim não podemos oferecer nenhuma honra religiosa a um objeto (veneração - dulia), porque tal coisa seria dividir a glória de Deus com outrem, o que redundaria em idolatria.

Por isso, quando algum cristão católico é visto ajoelhado diante de uma imagem, ou mesmo fazendo qualquer sinal de reverência a ela, logo concluem que isso constitui o pecado de idolatria. E não aceitam ulteriores explicações. Pensam assim porque para os protestantes o ato de ajoelhar, de prostrar-se, etc., são sinais claros de adoração, aliás o principal sinal, e se forem feitos diante das imagens isso seriam notórias “provas” de idolatria.

Não obstante conhecerem os exemplos bíblicos de que os antigos usavam até a prostração diante de pessoas, os protestantes convencionalmente irão dizer que tais fatos eram apenas frutos de convenção social, e constituíam um costume adotado antigamente em determinada cultura, e que não havia nada de religioso e espiritual naquelas ocasiões, e que aqueles fatos não denotavam honras de veneração, mas apenas cumprimentos e reverências culturais.[3]

Diante do exposto neste estudo, essa argumentação, ainda que interessante, e em parte fundamentada em verdade, já que existe em diversas culturas orientais o ato de ajoelhar-se vinculado mesmo à cultura, ela não é verdadeira quanto ao que se propôs provar. O estudo bíblico sincero e imparcial prova que os atos de prostração relatados na Sagrada Escritura, por exemplo, eram religiosos e possuíam grande valor espiritual, e não meras expressões sócio-culturais de determinado tempo.

Por isso, as objeções que giram em torno dessa realidade não podem sobreviver a um escrutínio mais acentuado, e não constituem problema real para a fé cristã e sua prática de veneração de imagens e ícones.
 
Gledson Meireles.
 


[1] Paulo Cristiano da Silva. Desmascarando a Idolatria: o que todo católico precisa saber. Editora CACP, p. 16.
[2] Há quem admite haver nuances diversas de significado entre os termos, mas afirma-se ainda que a Bíblia somente permite adoração e veneração a Deus. Não se pode negar, porém, que há sentimentos sinceros e legítimos que estão sob o termo veneração, e que por isso são justiçados à luz da Bíblia.
[3] Essa fuga para explicações sócio-culturais não é feliz, pois essas objeções são refutadas pelas Escrituras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário