Porém, no Novo
Testamento foram revogadas as leis positivas que podem ser estabelecidas e suspensas
conforme as necessidades circunstanciais, e nesse caso estão o sábado e a
proibição da fabricação de imagens, considerando o texto dos Dez Mandamentos,
pois esses são exemplos que fazem parte do rol das leis positivas que
acompanhavam a lei dos Dez Mandamentos, mas que não pertenciam a ela em
essência. São leis associadas no texto da Lei de Deus, mas que em natureza não
pertencem a ela, e por isso puderam ser modificadas conforme a mudança de testamento.
Permanece, porém, a parte divina e imutável.
Por esse motivo, a
Enciclopédia Católica afirma sobre a feitura das imagens: “claramente não é [a]
lei natural, nem pode alguém provar a malignidade de fazer uma coisa gravada”.
Ou seja, não pertence à Lei de Deus a proibição intrínseca de fabricar imagens.
De fato, isso é
verdade. É natural que o ser humano use imagens, e não há imoralidade alguma na
feitura delas, seja em escultura, pintura, desenho, ou qualquer outro tipo que
se use para fazê-las. Portanto, a proibição de imagens não é essencial à Lei de
Deus, e nisso presumivelmente todos estamos de acordo.
Por esse modo, mesmo os
mais iconoclastas sabem que somente as imagens feitas para adoração, com fins
de ser cultuadas como ídolos, é que são proibidas, e que o mandamento não é
contrária a toda arte. Esses reconhecimentos se dão como lampejos da verdade.
As igrejas que assim
pensam, evitam as imagens para prevenir da idolatria, mas há também quem seja
absolutamente contrário às imagens. No entanto, esse é o perigo de conceber a
falsa ideia de que a imagem em si e sua fabricação seja algo impiedoso, o que
já não é o princípio bíblico, natural e cristão. A lei natural “proíbe dar à
criatura a honra devida somente a Deus”. O restante deve estar de acordo com
esse princípio para melhor observá-lo.
Quanto aos sinais
visíveis de culto, fica claro pelas definições do Concílio de Niceia do ano
787, que as ideias que são expressas nos termos latria-adoração e dulia-veneração
são legítimas e patentemente diferentes, e que os gestos não possuem conotação
intrínseca, mas devem ser manifestações do espírito convertido. Isso é outra
verdade, e por isso também inegável. As formas de adorar e de venerar podem
mudar com o tempo, e serem diferentes em diversas culturas, continuando ser o
mesmo naquilo que realmente são.
Gledson Meireles.
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