quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

parte 2 para o fundamento teológico para o uso das imagens

O culto de adoração deve ser dado somente a Deus, e isso nós entendemos, e para isso também usamos o termo técnico latria. Tal palavra foi usada de uma forma sistemática para indicar o culto supremo de Deus, e foi expressa por Jesus nosso Senhor em Mateus 4, 8-10, como o culto exclusivo a Deus. Essa verdade é parte da Lei de Deus, que é a Lei natural inscrita no coração do homem.

Porém, no Novo Testamento foram revogadas as leis positivas que podem ser estabelecidas e suspensas conforme as necessidades circunstanciais, e nesse caso estão o sábado e a proibição da fabricação de imagens, considerando o texto dos Dez Mandamentos, pois esses são exemplos que fazem parte do rol das leis positivas que acompanhavam a lei dos Dez Mandamentos, mas que não pertenciam a ela em essência. São leis associadas no texto da Lei de Deus, mas que em natureza não pertencem a ela, e por isso puderam ser modificadas conforme a mudança de testamento. Permanece, porém, a parte divina e imutável.

Por esse motivo, a Enciclopédia Católica afirma sobre a feitura das imagens: “claramente não é [a] lei natural, nem pode alguém provar a malignidade de fazer uma coisa gravada”. Ou seja, não pertence à Lei de Deus a proibição intrínseca de fabricar imagens.

De fato, isso é verdade. É natural que o ser humano use imagens, e não há imoralidade alguma na feitura delas, seja em escultura, pintura, desenho, ou qualquer outro tipo que se use para fazê-las. Portanto, a proibição de imagens não é essencial à Lei de Deus, e nisso presumivelmente todos estamos de acordo.

Por esse modo, mesmo os mais iconoclastas sabem que somente as imagens feitas para adoração, com fins de ser cultuadas como ídolos, é que são proibidas, e que o mandamento não é contrária a toda arte. Esses reconhecimentos se dão como lampejos da verdade.

As igrejas que assim pensam, evitam as imagens para prevenir da idolatria, mas há também quem seja absolutamente contrário às imagens. No entanto, esse é o perigo de conceber a falsa ideia de que a imagem em si e sua fabricação seja algo impiedoso, o que já não é o princípio bíblico, natural e cristão. A lei natural “proíbe dar à criatura a honra devida somente a Deus”. O restante deve estar de acordo com esse princípio para melhor observá-lo.

Quanto aos sinais visíveis de culto, fica claro pelas definições do Concílio de Niceia do ano 787, que as ideias que são expressas nos termos latria-adoração e dulia-veneração são legítimas e patentemente diferentes, e que os gestos não possuem conotação intrínseca, mas devem ser manifestações do espírito convertido. Isso é outra verdade, e por isso também inegável. As formas de adorar e de venerar podem mudar com o tempo, e serem diferentes em diversas culturas, continuando ser o mesmo naquilo que realmente são.
 
Gledson Meireles.

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