"Os que estão sobre a pedra são os que, ao ouvirem, acolham a Palavra com alegria, mas não têm raízes, pois crêem apenas por um momento e na hora da tenção desistem." (Lucas 8, 13)
"O que está em terra boa são os que, tendo ouvido a Palavra com coração nobre e generoso, conservam-na e produzem fruto pela perseverança." (Lucas 8, 15)
Dos que ouvem a Palavra de Deus, uns "ouvem", mas o Diabo "arrebata" a Palavra do seu coração. Outros "ouvem" e "acolhem com alegria", mas não tendo raízes, longo esquecem da mensagem e a deixam. Outros "ouvem" mas outras preocupações tomam o lugar da Palavra no seu coração, e eles deixam-na em algum momento da vida. Outros "ouvem", mas como têm o "coração nobre e generoso", eles "conservam" a Palavra e "produzem fruto pela perseverança".
A Bíblia ensina que o que crê em Cristo não é condenado, e o que não crê já está condenado. (Jo 3,18) Jesus ensinou que há os que creem na Palavra que Ele mesmo semeou em seus corações. Portanto, se eles creram eles encontraram a salvação.
Certamente, muitos vivem algum tempo com a Palavra, depois algo novo acontece: o Diabo tira a Palavra, eles mesmos deixam-na por outras coisas. Há mesmo os que alegremente creram, e após algum tempo deixaram a Palavra.
A teologia protestante ensina que quando alguém crê em Cristo esse já está automaticamente salvo, já que crê conforme o que está em João 3,18, por exemplo. A Bíblia afirma que o justo viverá da fé. (Romanos 1,17)
Jesus mesmo, nessa parábola, afirma que eles creram na Palavra que o próprio Cristo semeou. Assim, se eles creram eles foram salvos. É possível que eles voltem atrás?
Essa pergunta deixa muitos perplexos, já que pela teologia protestante, de cunho calvinista, não é possível alguém "perder a salvação", já que uma vez que ele creu ele foi salvo.
Jesus diz que todas as pessoas ouviram o evangelho e essa Palavra foi aos seus corações. Em outras palavras, essas pessoas viveram na Palavra de Deus, crendo realmente no que ouviram.
Na verdade, há diferença nas pessoas, já que alguns creram sem entendimento. É o mesmo que não crer. Esses são os que ouviram e o Diabo tirou-lhes a Palavra do coração. É como o zelo sem entendimento que São Paulo fala a respeito dos fariseus.
Os demais ouviram, creram, e viveram na Palavra. Essa Palavra de Deus nos seus corações causou diferença, e transformação: eles creram e sentiram alegria. Acolheram a Palavra com a alegria do Espírito.
Mas, outros creem até o momento da tentação, e DESISTEM. Outros creem, mas ao longo da caminhada as riquezas e prazeres da vida os afastam. Eles "não chegam à maturidade". Ou seja, ainda crianças na Palavra não atingem a estatura de Cristo, não tornam-se adultos na fé.
O problema para os calvinistas é que esses ensinam que a fé é o ato que os regenerados fazem para receberem a salvação. Cristo diz que esses grupos creram. De fato, isso é explícito nos últimos três grupos. Em nenhum momento Jesus afirma que eles não eram salvos, que eles não eram dos seus, ou que não creram, ou que exteriormente pareceram crer, e outras coisas do tipo. Nada disso. Jesus afirma que eles receberam a Palavra, que, aliás, foi semeada em seus corações.
Por fim, os que "conservaram" a Palavra podem produzir "fruto PELA PERSEVERANÇA". Os demais não tiveram frutos porque não perseveraram.
Muitos gostam de usar Judas 24 para afirmar que um "crente", "salvo" realmente, sempre voltará à fé, mesmo se cair. Mas, o problema maior é que Judas 24 está no contexto que afirma que Deus "pode guardar-vos da queda" falando dos que PERSEVERAM, e não dos que caem. Os que caem deixam a Deus, e por isso não podem ser salvos. Eles voltaram ao estado de perdição, pelo abandono da fé.
Isso é possível, conforme o contexto de Judas 24. A própria Palavra: "guardar-vos da queda" mostra que significa não deixar que eles afastem do caminho do Evangelho, que não caiam em pecado, pois está falando a cristãos perseverantes. Isso não quer dizer que os que caem voluntariamente em pecado e abandonam o caminho não estavam na graça da salvação, pois eram salvos desde o momento em que creram no Evangelho como Cristo ensinou em Lucas 8, 14ss.
Há, portanto, os que creem e não perseveram, e portanto não podem ser guardados da queda.
Vejamos alguns revelações de Judas 20-23: os cristãos estão EDIFICANDO-SE na fé e ORANDO no Espírito. São instados a "guardai-vos no amor de Deus, pondo vossa ESPERANÇA na misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna." Notemos que a Bíblia não ensina a "certeza" mas a ESPERANÇA da vida eterna.
Esses cristãos são ensinados a "convencer os hesitantes", ou seja, outros cristão que estão cambaleando na dúvida, etc.; são ensinados a procurar salvar os perdidos, a ter misericórdia do próximo. (v. 23)
Portanto, são cristãos que estão na perseverança, e por isso Deus pode guardá-los da queda.
Para que a doutrina herética de que "uma vez salvo sempre salvo" fosse verdadeira, esses textos não poderiam ensinar que há possibilidade de DESISTIR, de voltar atrás. Portanto, o salvo deve ter cuidado para não deixar o caminho da salvação e perdê-la.
“Ninguém
pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu o ressuscitarei no
último dia.” (João 6,44)
Em primeiro lugar, o Pai
leva o homem a Cristo atraindo-o ao Salvador. Ninguém irá a Jesus que não seja
atraído pelo Pai.
Os calvinistas gostam de
citar esse texto, e outros dessa natureza, de forma descontextualizada, pois pensam
que somente os eleitos são atraídos pelo Pai, enquanto os homens destinados à
condenação nunca serão convertidos. Nada mais falso.
De fato, o verso seguinte,
v. 45, explica como alguém é atraído pelo Pai, só que esse verso não é
citado, nem muito menos explicado, quando se fala da predestinação e eleição.
“Está
escrito nos profetas: E todos serão ensinados por Deus. Quem escuta o
ensinamento do Pai e dele aprende vem a mim.” (João 6,45) Todos são
ENSINADOS, mas somente vai a Cristo quem escuta e aprende.
Assim, não se trata de uma
atração apenas dada pelo poder de Deus para que o homem venha a Jesus.
Primeiro, é necessário “ESCUTAR” o ensinamento do Pai, para que possa “APRENDER”
dele, e só assim alguém virá a Jesus. Isso quer dizer que quem não escuta e não
aprende de Deus, esse não vai a Jesus, porque é justamente pela doutrina e pelo
ensino que Deus atrai o homem a Jesus.
Desse modo, “aquele que crê tem a vida eterna”. (João 6, 47)
Isso mostra que quando o homem crê ele recebe a vida eterna. Na parábola de
Lucas 8 muitos receberam a Palavra, creram, e portanto receberam a vida eterna.
Muitos não creem, e não a recebem, outros creem, a recebem, mas depois voltam
atrás. Isso foi ensinado por Cristo.
Assim, temos a explicação de
Jesus do motivo de alguns não irem a Ele. Quando alguém lê os versos 37 e 44,
não está claro o porquê de alguns não serem atraídos ao Pai. Somente após a
leitura do contexto do capítulo é que é possível entender.
E nos versos finais, Jesus
explica que sua afirmação de que somente irão a Ele os que forem atraídos pelo
Pai é que Jesus sabia quem acreditava e quem não acreditava:
“Alguns
de vós, porém, NÃO CRÊEM.”
Jesus sabia, com efeito, desde o princípio, quais os que não criam e quem era
aquele que o entregaria. E dizia: “Por isso vos afirmei que ninguém pode vir a
mim, se isso não lhe for concedido pelo Pai.”
Não é uma predestinação de
que somente os eleitos podem ir a Cristo que o texto está revelando. Esse é o
ensino: quem crê no ensinamento do Pai e aprende dEle vem a Cristo, quem não
crê não pode ser atraído a Cristo. A graça de Deus é derramada e o homem crê ou
não. Quando crê, esse vai a
Cristo e é salvo, quando não crê, esse não pode ir a Cristo.
São Paulo ensinou que os
cristãos não devem ter nenhuma amizade com os devassos que estão dentro da Igreja. De fato, os
devassos do mundo não estão sob o poder da Igreja, e é impossível não estão em
contado com eles. Assim, a Palavra de Deus refere-se aos cristãos que estão em
pecado mortal.
Ele compara os devassos do
mundo, que não são convertidos, com os devassos que professam a fé cristã,
estão dentro da Igreja. A esses é preciso disciplinar, quando o caso for de
pecados mortais, como devassidão, avareza, idolatria, injúria, bebedeira e
ladroagem. “Com tal homem não deveis nem tomar refeição”. (v. 11)
Esses são aqueles que trazem
o “nome de irmão”, mas que estão vivendo no pecado. Eles devem ser afastados.
(vv. 12-13) Esse foi o caso do incestuoso.
Quando São Paulo soube
daquele escândalo, pronunciou com autoridade a excomunhão daquele membro
pecador, entregando-o “a Satanás”, com o
objetivo de que sofra as penas da carne, mas “a fim
de que o espírito seja salvo no dia do Senhor”. Ou seja, que ele seja
punido em vida para que não morra em pecado e seu espírito seja salvo.
Tanto o corpo como o
espírito pertencem a Deus. (1 Coríntios 6,20) Assim, como o pecado da
prostituição é inerente à corrupção do corpo, é ao corpo que São Paulo está
falando quando faz a excomunhão (por fora da comunhão) daquele pecador.
No último dia, todos haverão
de ressuscitar, e somente receberão o corpo glorioso aqueles que tiverem
morrido em Cristo, ou que estiverem limpos no dia da Sua vinda. Portanto, o
pecador de corinto deverá sofrer no corpo e antes da morte converter, caso
contrário estará para sempre longe do Senhor.
De fato, a excomunhão é uma
medida de amor, e não de ódio. Deixando o membro pecador sem a devida punição
ele pode vir a perder-se, e a responsabilidade da Igreja é que devemos salvar.
Isso foi o que disse, também, Judas em sua epístola: “a
outros procurai salvar, arrancando-os ao fogo”. (v. 23)
Pensemos agora um pouco:
aqueles pecados enunciados na carta aos coríntios pode levam à perdição de um
cristão?
Leiamos o que São Paulo
enunciou aos gálatas, no capítulo 5 da sua epístola: “Ora,
as obras da carne são manifestas: fornicação, impureza, libertinagem,
idolatria, feitiçaria, ódio, rixas, ciúmes, ira, discussões, discórdia,
divisões, invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a estas, a respeito
das quais eu vos previno, como já vos preveni: os que praticam tais coisas não
herdarão o reino de Deus”. (Gl 5,19-20)
O homem cristão da
comunidade de corinto estava praticando, pelo menos, um pecado contido nesta
lista, os quais levam ao inferno. Por isso, São Paulo o excomungou a fim de que
se converta e não seja condenado. Está claro: “os que praticam tais coisas não
herdarão o reino de Deus.” Assim, é manifesto que se aquele cristão de corinto
continuou a praticar aquele pecado ele não pôde entrar no reino.
Em Gálatas 6,8 continua a
falar aos cristãos convertidos. Ele não fala dos homens mundanos, daqueles que
estão alheios ao reino de Cristo. A Palavra dirige-se aos cristãos que vivem
segundo o Espírito. E vejamos o que está escrito: “quem
semear na sua carne, da carne colherá corrupção; quem semear no espírito, do
espírito colherá a vida eterna”. Veja que corrupção é a condenação, e a
vida eterna a salvação. Portanto, é possível um cristão corromper-se e semear
na carne.
Portanto, o cristão que
cometer pecados e não perseverar na fé poderá perder a salvação.
Em João 15, 1, Jesus apresenta-Se como a Videira. Essa é a Videira Verdadeira. O Pai é mostrado como o Vinhateiro, Aquele que cuida da Videira. No site biblehub, a tradução literal é feita da seguinte forma: Eu sou a videira - verdadeira e o Pai de me o vinhateiro é. O Pai de me (significando meu Pai) é a tradução literal do inglês para o português.
Em João 15, 1, Jesus apresenta-Se como a Videira. Essa é a Videira Verdadeira. O Pai é mostrado como o Vinhateiro, Aquele que cuida da Videira. No site biblehub, a tradução literal é feita da seguinte forma: Eu sou a videira - verdadeira e o Pai de me o vinhateiro é. O Pai de me (significando meu Pai) é a tradução literal do inglês para o português.
Esse verso mostra que
Jesus está fazendo uma comparação, colocando-Se como a verdadeira Videira que o
Pai cuida.
No verso 2 Ele diz que
(em uma tradução literal do inglês feita para o português): “Todo ramo em mim
não produzindo fruto, ele tira-o; e todo aquele – fruto produzindo, ele poda-o,
aquele fruto mais ele possa produzir.” Há ramos em Cristo produzindo
frutos e outros não. Os que não produzem são tirados de Cristo, e os que
produzem são podados para produzir mais.
Então, TODO RAMO EM MIM
NÃO PRODUZINDO FRUTO, significa o que está sendo dito: há ramo em Cristo que
não produz fruto, ou seja, que não está produzindo fruto. Notemos: todo ramo EM MIM. O ramo está em Cristo.
O verso 4 retoma o
assunto, mostrando que é preciso habitar em Cristo para que Ele habite em nós.
Então, Jesus afirma que o ramo não pode dar fruto por si mesmo, e que é preciso
estar com Cristo. Ele faz essa afirmação, que é uma exortação ao cristão de
habitar nEle.
Por isso, no verso 5
ele diz que é a Videira e os cristãos os ramos. Aquele que habita em Cristo e,
dessa forma, Cristo habita nele, esse dá muito fruto. Fora de Cristo não é possível
dar fruto.
E o verso 6 conclui que
se alguém não habita em Cristo ele será lançado fora da mesma forma como o ramo
que é cortado. Esse ramo vem a secar. Não se poder cortar um ramo que já está
fora da videira. Portanto, é com toda certeza que os ramos que são cortados
estavam de fato ligados a Cristo.
A visão geral da
parábola é mostrar que assim como os ramos da videira só produzem frutos estando
unidos à videira, e que os ramos que não estão dando fruto esses são cortados,
os cristãos que estão em Cristo e não praticam boas obras serão lançados fora.
O calvinismo interpreta
a passagem segundo os princípios da sua teologia, e afirma que os ramos que não
produzem fruto é porque “não estavam” em Cristo, ou explicam que esses ramos
estavam “aparentemente” em Cristo. Assim, dizem que conforme o verso 5: “Eu sou a videira, vós as
varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada
podeis fazer.”
Como esse versículo
afirma que quem está em Cristo, e Cristo nele, esse dá muito fruto, somente as
varas que não estão em Cristo é que não dão fruto.
O erro dessa interpretação
é que ela está atrelada ao sistema calvinista, e que foge do contexto geral da
parábola, fixando a interpretação em um versículo apenas, deixando os demais de
lado, e contradizendo a parábola em geral.
De fato, o Agricultor,
que é Deus Pai, trabalha nos ramos da Videira, e não nos ramos que estão “aparentemente”
na videira, os quais na verdade não estariam nela. A parábola não diz isso.
Assim, Deus só pode “cortar”
um ramo se ele estiver ligado ao tronco da Videira. Também, só pode ser limpo o
ramo que estiver na Videira. Quem não está na Videira não tem o tratamento do
Pai.
Portanto, o Calvinismo
erra quando afirma que o ramo que não produziu fruto não estava na videira.
Gledson Meireles.