segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Imortalidade da alma: Atos dos Apóstolos e 1 Coríntios 15


Atos dos Apóstolos e a ressurreição

Presume-se que a doutrina da imortalidade da alma não era ensinada pelos apóstolos, sendo desconhecida dos cristãos. Essa asserção está refutada, pois no Antigo Testamento já está delineada a doutrina correta a respeito da composição do homem, e da distinção da alma e do corpo, bem como sua separação na morte. Assim sendo, a Igreja ensinou o mesmo que os judeus, com a diferença que, no Novo Testamento, a ressurreição de Cristo tornou o estado dos salvos mais luminoso do que aquele que existia para os justos antes da Sua morte e ressurreição.

Comparando a pregação dos apóstolos com a crença na imortalidade da alma dos pagãos, que não é a mesma fé dos cristãos, tem-se uma ideia errônea do caso. Em Atos 2,34 é dito que Davi não subiu aos céus, ou seja, ele não ressuscitou. A ideia não é falar da alma, mas da sua carne, da sua composição total, como a de Jesus que voltou dos mortos. Esse é o assunto.

Nesse ponto, não há como fazer qualquer comparação com o caso de Jesus ressuscitado, pois Davi não ressuscitou. O apóstolo não proporia que o rei Davi já estivesse na glória do céu, apenas em sua alma, e ao lado disso diria que Jesus também subiu aos céus, pois tal coisa seria errônea. Pensar em termos de ressurreição deixa isso bastante claro. Ninguém havia ressuscitado, apenas Jesus.

Quanto ao fato do paraíso ser identificado com o céu, o mais alto do céu e o terceiro céu, como afirma São Paulo em 1 Coríntios 12, 2 e 4, isso ilumina a passagem de Lucas 23,46, onde Jesus afirma que o ladrão arrependido estaria com Ele no paraíso. Para aqueles que afirmam que o paraíso só poderia existir no futuro, no mundo literal físico, na terra restaurada após a vinda de Jesus, esse texto é um golpe fatal, pois mostra que São Paulo foi arrebatado até o paraíso, e Jesus refere-se ao paraíso para falar da salvação do ladrão ao seu lado que pediu a Jesus que se lembrasse dele.

A comparação entre o fato de Jesus estar vivo e Davi estar morto não pode atingir a questão da imortalidade da alma, pela razão já demonstrada, pois o assunto é a ressurreição dos mortos, coisa que somente Cristo foi capaz de realizar.

Se São Pedro dissesse que Davi estava vivo, isso implicaria em afirmar que ele ressuscitou, e os judeus teriam a possibilidade de ter esse fato ratificado por alguma testemunha, como eram os apóstolos e os demais irmãos que viram Jesus vivo depois dos três dias no túmulo. Não há espaço para afirmar que um não ressuscitado está vivo, pois isso causa esse tipo de confusão. Ademais, sabendo que a alma é imortal não quer dizer que todos os mortos estão vivos! Os mortos estão mortos. Na verdade, a alma continua consciente mas a pessoa está morta, visto que o ser humano total é corpo e alma, com já explicado antes. Os judeus criam que os mortos podiam estar conscientes no seio de Abraão, por exemplo, e isso não era o mesmo que afirmar que os mortos estavam vivos. Isso está afirmado na própria parábola do rico e Lázaro, onde o mesmo Lázaro deveria voltar à vida para anunciar a verdade para os irmãos do rico. Essa noção era bem compreendida pelos contemporâneos judeus. Há, portanto, distinção enorme entre estar vivo e ter somente a alma viva no Seio de Abraão. Sendo essa a ideia bíblica, é importante notar que Pedro não poderia nunca afirmar que Davi estivesse vivo se esse não ressuscitou corporalmente, a menos que quisesse gerar confusão na cabeça dos ouvintes.

Quando São Paulo afirma ao rei Agripa, em Atos 25,19, que Jesus está vivo, isso não é de estranhar que o rei não mencione a palavra ressurreição, pois sabemos que esse termo não era compreendido por muitos. Nem os apóstolos sabiam o que ressuscitar queria dizer realmente quando Cristo afirmou que ressuscitaria após três dias.

Dessa forma, a fé na imortalidade da alma é compatível com a ideia de que aquele que não voltou corporalmente à vida ainda está morto. Não é correto afirmar que a imortalidade da alma é identificada com a crença de que todos estão vivos, pois essa é mais uma ideia do antigo paganismo do que dos judeus e cristãos.

Paulo teve que insistir nessa verdade não porque não cria na imortalidade da alma, mas porque sua pregação era sobre a ressurreição de Jesus. O mesmo ocorreu em Atenas, quando foi usado o termo ressurreição para falar dessa verdade. Para os pagãos seria normal pensar que Jesus vivia em estado espiritual apenas, pois para muitos gnósticos a matéria não tinha valor, e somente a alma viveria eternamente. Dessa forma, a ressurreição não era crida por eles. Ao ouvir de Paulo essa pregação, logo desistiram de continuar a falar com ele, pois era um dogma que contrariava todas as suas aspirações quanto ao destino eterno do homem.

A crença dos pagãos na imortalidade da alma era contrária à ressurreição dos mortos, ao passo que para a Igreja Católica, com São Paulo, a imortalidade da alma deveria ser completada com a ressurreição dos mortos. Essas duas coisas andam juntas para os cristãos, e separadas e inconciliáveis entre os pagãos. A libertação da alma de um corpo material visto negativamente é ideia pagã. Nenhum cristão crê assim, pois contrariamente a isso temos que o corpo é bom, criado por Deus e por esse motivo deve voltar na ressurreição dos mortos. Isso explica porque os apóstolos tinham foco absoluto na ressurreição, e não fizessem como os pagãos que pensavam apenas na imortalidade da alma como destino eterno. Dessa forma, muitos que atacam a fé cristã na imortalidade da alma estão fazendo isso objetando contra os pressupostos do paganismo, e não do verdadeiro cristianismo. Se a nossa esperança é a ressurreição, quem esperaria que os apóstolos ficassem falando o tempo todo da imortalidade da alma? Isso não quer dizer que eles não criam na imortalidade da alma, pois acreditavam nisso. O que não poderiam fazer é como faziam os pagãos que, por essa doutrina, com seus matizes próprios dentro do pensamento filosófico grego, negavam a ressurreição, ao contrário dos católicos que esperavam ansiosamente o Senhor Jesus e a ressurreição dos mortos.

Dessa forma, Jesus ressuscitou para reinar para sempre como ninguém fez antes dEle, pois todos morreram. Essa realidade não quer dizer que as almas inexistissem, mas significa que o reinado só poderá ser realizado por quem voltou à vida, e não para quem ficou em inatividade e escuridão no sheol, como criam os antigos judeus. Outra vez é preciso lembrar que essa “inatividade” que referi aqui é para lembrar o que foi dito sobre Eclesiastes 9,5.10, mas que não tem a ver com inexistência, mas com a noção do descanso das almas, que ficavam na mansão dos mortos.

O argumento de que a bênção prometida ao descendente de Davi (1 Rs 9,5), que é Jesus, e foi cumprida, como visto em Atos 13,34-35, provaria a inexistência entre a morte e a ressurreição, pois do contrário não haveria possibilidade de conferência de bênção já que não haveria sobre quem a benção ser dada, é um argumento interessante, mas que não possui os traços do pensamento bíblico até aqui ressaltados neste estudo. Na verdade, não há nada nele que possa levar alguém a negar a imortalidade da alma. Na melhor das hipóteses, o texto seria ambíguo, ou seja, poderia ser lido sob uma ótica ou outra, sobre a premissa da imortalidade da alma, como do ponto de vista da mortalidade condicional, sem fazer o mínimo efeito no entendimento do mesmo, dentro do contexto geral do pensamento de cada sistema.

Na verdade, para a imortalidade da alma o fato de estar morto interfere totalmente em usufruir a bênção do reinado, já que esse é visto do ponto de vista do mundo, dos vivos em carne e osso. Já para a mortalidade condicional também não haveria espaço para isso, no mesmo sentido, e quando pensamos na possibilidade de ter a aludida bênção em estado de morte, apenas sobre a alma, essa torna-se impossível. Seria possível dentro da crença na imortalidade da alma, por certo, mas não é isso que a Bíblia permite concluir, como já expresso no início deste parágrafo.

Quando lemos Atos 13,33 vemos que esses critérios inseridos para desestruturar uma doutrina verdadeira não podem subsistir a um escrutínio. Está escrito: “Deus a tem cumprido diante de nós, seus filhos, suscitando Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: Tu és meu filho, eu hoje te gerei.” Alguém poderia afirmar a inexistência de Jesus antes de Seu nascimento, pois quando Deus “suscita” Jesus é dito que Ele o “gerou”, o que implicaria em dizer que Ele não existia antes de nascer na terra. É notoriamente um argumento falso, é claro, usado aqui apenas para enfatizar que o emprego de princípios errôneos leva a heresias sem fim.

A Bíblia mostra a eternidade de Jesus, Seu poder exercido na criação do mundo, junto com o Pai, e isso impossibilita que Atos 13,33 refira-se ao que foi aludido na suposição acima. Para quem não sabe, essa passagem é uma profecia sobre a encarnação de Jesus, Sua geração como Homem, não desde toda a eternidade. E podemos pensar também na ressurreição, o dia dessa geração para a glória do Homem-Deus Jesus Cristo, pois esse é o contexto mais próximo da passagem. Mas, voltemos ao assunto de antes.

O texto de 1 Rs 9,5 é a promessa de que não faltará descendente no trono de Davi: “... Não te faltará jamais um descendente sobre o trono de Israel.”. Isso quer dizer que após a morte de Davi haverá outro rei, descendente seu, e isso será para sempre. Contudo, o Novo Testamento apresenta que isso ocorre de forma absoluta em Jesus, que ficará para sempre no trono. Se antes o rei deveria ser sucedido, por causa da morte, Jesus não mais precisará disso, pois está vivo. Essa é a leitura correta da passagem, e sua implicação não tem a ver diretamente, nem indiretamente, com o tema da imortalidade da alma. Não haveria possibilidade de que alguém no mundo dos mortos continuasse reinando e governando o povo de Israel na terra! Portanto, o verso 34 refere-se a Isaías 55,3, onde Deus promete que a alma viverá, aludindo à ressurreição. Isso foi cumprido em Jesus. Isso é totalmente o que cremos.

Quando São Paulo fala da ressurreição de Jesus, diante do rei Agripa, ele também está ensinando a ressurreição de todos os salvos. (cf. Atos 26,8) Pela ressurreição, Jesus foi o primeiro a anunciar a luz a todos, judeus e pagãos. (v. 23) Dessa forma, tudo está referido à vida física glorificada, à ressurreição dentre os mortos.

Essa questão ficará mais clara ainda no seguinte artigo, que trata modo específico da ressurreição dos mortos.

 

1 Coríntios 15 a ressurreição

Alguns pontos que esse estudo deve leva à reflexão e resposta.

a)    Julgamento só na ressurreição (cf. 2Tm.4:1; Jo.5:28,29; At.17:31).

b)    Excludentes imortalidade e ressurreição. O relato de Oscar Cullman.

c)    Enaltecer a ressurreição como na igreja primitiva.

d)    1ª Coríntios 15 – a necessidade da ressurreição

 

Alguns dos cristãos coríntios estavam negando a ressurreição dos mortos. São Paulo fala da ressurreição de Cristo, e contrasta essa verdade com aquela que estava sendo difundida por alguns hereges. (1 Cor 15, 12) É interessante a conclusão da negação da ressurreição, que é a negação da própria fé na ressurreição de Cristo. Isso tornaria vazia a pregação, e vazia a fé de todos. (v. 14)

 

De fato, se Cristo não tivesse ressuscitado não haveria esperança de voltar à vida na terra, e de ser salvo. De fato, a morte de Cristo foi o penhor da salvação, como está no verso 3, como o que primeiro foi recebido: “Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras”. Tanto na perspectiva chamada mortalista, como na imortalista, se Cristo não ressuscitou não haveria mais o motivo de continuar a pregar e crer nessa verdade.

 

Na primeira acepção teríamos mortos que não mais voltariam à vida, e estariam para sempre perdidos, longe de Deus e da salvação, e consequentemente da vida. Na outra teríamos mortos que não mais existiriam, e cairiam para sempre na inexistência total. Então o fato aqui não é a imortalidade da alma ou não, mas a salvação. A ressurreição está ligada à salvação.

 

Essa verdade está no verso 17, pois se Cristo não ressuscitou “ainda andais em vossos pecados”. Os vivos estariam perdidos em pecados, assim como os mortos. Se alguém advoga que os mesmos estão conscientes, esses estariam em perdição e sofrimento. Para os outros que pensam não existirem as almas, então a perdição estaria igualmente completa, pois não mais seriam recriados aqueles que morreram. Isso mesmo, recriados, pois a ressurreição não seria uma volta à vida, como diz a Bíblia, mas na doutrina da mortalidade condicional seria uma criação de um ser igual ao anterior, o que já é um absurdo.

 

Por conseguinte, aqueles que adormeceram em Cristo, estão perdidos”. (1 Cor 15,18) O texto refere-se em especial aos mortos “em Cristo”. Isso significa que os mortos estariam sem a salvação se Cristo não os tivesse salvo, e se não tivesse ocorrida a ressurreição. Igualmente os vivos estariam perdidos. Portanto, essa perdição não implica em não-existência, mas em condenação, ou seja, na escravidão do pecado e sob o juízo de Deus.

 

Então, São Paulo afirma que se nossa esperança em Cristo serve somente para a vida neste mundo, então “somos os mais dignos de compaixão”. (v. 19)

 

Naquele tempo, certamente entre os coríntios havia alguns que submetiam-se ao batismo em favor dos falecidos, pensando em auxiliá-los em algo. (v. 29) Então, o argumento é que essa prática não teria razão se os mortos não ressuscitam.

 

Tendo que os cristãos coríntios não negavam a ressurreição de Cristo, mas apenas a dos homens, então o argumento tem todo o sentido para fazê-los entender. Uma vez que Cristo ressuscitou, também nós ressuscitaremos, e se Cristo não tivesse ressuscitado, seria vão tudo o que professamos, e não haveria salvação. Desde já todos estariam perdidos nos pecados.

 

Para avaliar todo o argumento é necessário concebê-los em seu interior. Caso os coríntios fossem materialistas completos, não teriam fé na ressurreição nem de Jesus nem dos santos. Assim, seriam hereges e não mereceriam do apóstolo a atenção que tiveram, pois certamente teriam a mais dura repreensão. Mas, ao que parece, os cristãos coríntios tinham alguns em seu meio que negavam apenas a ressurreição dos mortos em relação aos homens em geral, e não em referência a Cristo.

 

Dessa forma, tendo a ressurreição o sentido pleno da salvação, negá-la equivale a negar a salvação, e continuar na condenação, já em vida. Os mortos por consequência estariam todos perdidos, pois não poderiam desfrutar a nova vida que Cristo já trouxe em Sua ressurreição.

 

Pelo que alude o apóstolo sobre o rito do batismo pelos mortos, suponhamos que essa era uma prática dos cristãos que creem na ressurreição, e que hipoteticamente não criam na vida da alma após a morte física. Então nessas circunstâncias, os benefícios desse batismo para os mortos era no momento um pedido a Deus para que conferisse os efeitos dessa prática aos mortos no dia da ressurreição. Nesse ponto a Bíblia não sanciona nem oferece crítica ao aludido batismo, apenas usa-o na argumentação a favor da ressurreição. Tem-se então que a pregação, as missões, a evangelização, etc., tudo tem como fundamento a fé na ressurreição da carne.

 

Ainda que o batismo pelos mortos não fosse prática sadia dos cristãos, esse exemplo testemunha da fé de que os vivos podem auxiliar os mortos, pois não teria sentido oferecer algo que não tivesse valor espiritual.

 

Por outro lado, se os proponentes do batismo pelos mortos são aqueles que negam a ressurreição, então a fé na imortalidade da alma é tão robusta, que é evidentemente indestrutível. Uma vez que pensa-se em beneficiar os mortos por meio de algum rito cristão em seu favor, ao mesmo tempo em que a ressurreição da carne é negada, então tem-se que esses cristãos criam na vida eterna da alma nos céus com Cristo.

Não pode subsistir a hipótese de que esses cristãos cressem na inexistência para sempre após a morte. Assim, não seriam cristãos. Em nenhum dos casos isso é possível. Ou há a fé na ressurreição, sabendo que as orações a Deus em favor dos mortos é válida, e que será aplicada a eles no Dia do Juízo, ou há a fé na felicidade eterna dos cristãos no céu apenas por meio de suas almas.

 

Foram julgadas duas possibilidades, a primeira de que os cristãos fieis não tinham qualquer noção da imortalidade da alma em sua esperança, e esperassem somente a ressurreição, e a segunda de que os cristãos que usavam batizar-se em favor dos mortos criam firmemente na imortalidade da alma.

 

Agora, pelo que foi expresso, pode estar a fé na imortalidade da alma presente em toda a argumentação em favor da ressurreição? Essa é a interpretação cristã normal desde os tempos apostólicos. Significa isso que os cristãos fiéis exortados pelo apóstolo São Paulo criam na imortalidade da alma e nutriam a fé na ressurreição dos mortos.

 

Para isso, basta que pensemos que os cristãos, talvez desavisados, cressem poder auxiliar as almas por meio do batismo em seu favor, livrando-as de pecado, para que pudessem participar da ressurreição de vida em Cristo. Portanto, o rito seria feito por cristãos fieis, que criam na existência da alma e na ressurreição da carne. A fé verdadeira sempre creu que as orações pelas almas podem auxiliá-las. Nunca os sacramentos. Mas, talvez alguns pensassem que poderiam aplicar mais aos falecidos que simplesmente a oração por eles. De qualquer modo, a argumentação faz todo sentido assim.

 

São Paulo teria oportunidade imensa em atacar a imortalidade da alma quando tratou do batismo em favor dos mortos. Mas, o que fez foi corroborar a fé na ressurreição.

 

De fato, quando lemos em 2 Macabeus 2,44-46, vemos que o sacrifício pelos mortos oferecidos pelos judeus, tinha em consideração a fé na ressurreição. Essa mesma prática, tão criticada no Protestantismo, e que serve de mais um motivo para que não aceitem a inspiração do livro dos Macabeus, é a prática que está ligada à ressurreição, numa pregação constante da mesma, e não somente como uma prova da imortalidade da alma. No entanto, podemos afirmar com certeza que essa era igualmente crida. Ambas, a imortalidade da alma e a ressurreição dos mortos são doutrinas sagradas do grande patrimônio cristão.

 

Assim, lemos no capítulo 15 de 2 Macabeus um interessante fato. Nesse capítulo é narrado o sonho, como que uma visão, em que aparecem o sacerdote Onias e o profeta Jeremias, já falecidos, intercedendo pelo povo judeu, que guerreava contra os pagãos. E a Bíblia de Jerusalém, em nota, explica sobre essa fé: “É crença ligada à fé na ressurreição”. Assim é a fé cristã católica, como explica o Catecismo Romano, mostrando a necessidade da ressurreição da carne, porque é “contrário à natureza que as almas ficassem eternamente separadas de seus corpos”.

 

Com citado, em 2 Mac 12,44 está escrito: “De fato, se ele não esperasse que os que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos”. Essa é a prova mais bela e potente nesse aspecto da imortalidade da alma e da ressurreição, pois temos um testemunho insuspeito, escrito no Antigo Testamento, e que liga a fé na oração pelos mortos à ressurreição dos mesmos, e que também corrobora a imortalidade da alma, como no sonho de Judas Macabeu. O ensino da ressurreição está na Bíblia junto com a fé na imortalidade da alma. Somente nos tempos mais recentes essas duas coisas estão sendo colocadas, de uma forma nova, com opostas uma à outra, o que talvez reflita influência da filosofia pagã antiga nos tempos atuais.

 

É, portanto, natural que o que ocorreu em 1 Coríntios 15,29 tem o caráter de corroborar tanto a imortalidade da alma, a oração pelos falecidos e a fé na ressureição dos mortos. As outras hipóteses caem por terra, diante do contexto imediato, e do contexto bíblico geral. Para os que não aceitam o sagrado livro de 2 Macabeus, que fiquem com o testemunho histórico dessa fé, e aceitem o que está em 1 Coríntios.
 
Gledson Meireles.

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