No início da Igreja
Católica, após a descida do Espírito Santo em Pentecostes, os seguidores de
Jesus eram unânimes na doutrina ensinada pelos apóstolos.
Isso podemos ler em Atos 2,41-47.
É verdade que a Igreja começou com o ministério de Nosso Senhor Jesus Cristo de
aproximadamente três anos e meio, onde muitos discípulos receberam a Palavra do
Evangelho e seguiram a Cristo, e desses 12 foram escolhidos como apóstolos, as
testemunhas da ressurreição e o grupo eleito para organizar a Igreja Católica
incipiente na terra.
Portanto, o que ocorreu em
Pentecostes foi a inauguração da Igreja para o espalhamento do Evangelho em
termos nunca dantes visto e fora das fronteiras de Israel, com a força do
Espírito Santo em todos os membros da Igreja, à convocação de todos a seguir a
Jesus Cristo.
As pessoas que acolhiam a
Palavra pregada pela Igreja eram batizadas e tornavam-se membros dela. Nesse
aspecto a Igreja deu seus primeiros passos, pois, em Jerusalém, após a cruz e o
batismo do Espírito Santo. Ela já havia nascido desde o ajuntamento dos
primeiros discípulos, mas foi ativa em sua forma atual após o Pentecostes.
Os
elementos de perseverança dos cristãos naquele momento eram: 1) a doutrina dos
apóstolos, 2) as reuniões em comum, 3) a fração do pão e 4) as orações.
Os
apóstolos realizavam prodígios e milagres, e tal fato enchia de temor de Deus
os corações de todos. (v. 43) A unidade era uma marca, e mesmo os bens
materiais eram possíveis servir a todos de comum acordo. (v. 44)
Ainda,
é preciso notar que não foi a conversão a Jesus Cristo uma ruptura com o
Judaísmo, pois os cristãos continuavam a frequentar o Templo “todos os dias”.
(v.46) Mas, as reuniões próprias da fé cristã eram feitas nas casas (v. 46),
não por causa de um princípio do Evangelho, mas pelas circunstâncias que
cercavam a Igreja, e que impediam a disseminação da doutrina de forma livre.
Então, os cristãos louvavam a Deus e aos poucos cativavam o povo. (v. 47)
Vemos
aqui o começo da pregação do Evangelho na cidade de Jerusalém, e os primeiros
dias da Igreja como um corpo reunido diante dos homens. Antes estava sob a
liderança visível de Jesus o Senhor, no momento de formação do colégio
apostólico, e o início do presbitério no grupo dos setenta discípulos.
Assim,
viviam a paz interna na comunidade de crentes, reuniam-se com frequência,
realizavam os serviços litúrgicos juntos, frequentavam o Templo sem problemas, e
no “partir do pão”, que era o sacramento deixado por Cristo, o realizavam nas
casas.
A
partir da descida do Espírito Santo, que marca o início do ministério do
Espírito Paráclito, os apóstolos constituíam o grupo de autoridade visível
suprema na Igreja. Os cristãos perseveravam “na doutrina dos apóstolos”. Não
havia divisões. Os milagres e prodígios acompanhavam a pregação da fé, e todos
eram estimulados à piedade por ver o que os apóstolos faziam. (v. 43)
Dessa
forma, a porta de entrada na Igreja é o batismo, após a conversão do coração.
(v. 41) Muitos recebiam a palavra e faziam parte da Igreja. Eram obedientes à
doutrina dos apóstolos, e ainda não havia sido ordenado nem presbíteros e nem
diáconos. Logo isso foi feito, após a eleição de Matias para compor o lugar
vago de Judas Iscariotes.
Essa
eleição foi feita por inspiração do Espírito Santo a São Pedro, o primeiro
líder cristão geral da Igreja, o verdadeiro primeiro papa do Cristianismo. Foi
Pedro que fez o primeiro sermão em Pentecostes.
De
fato, a Escritura afirma: “Em um daqueles dias, levantou-se Pedro no meio de
seus irmãos, na assembleia reunida que constava de umas cento e vinte pessoas,
e disse.” (Atos 1,15)
A
expressão “levantou-se Pedro no meio de seus irmãos” é semelhante àquela quando
o Concílio de Jerusalém, no ano 49, em Atos 15, reuniu-se para resolver a questão
judaizante. No versículo 7 está escrito: “Ao fim de uma grande discussão, Pedro
levantou-se e lhes disse: “Irmãos, vós sabeis que já há muito tempo Deus me
escolheu dentre vós, para que da minha boca os pagãos ouvissem a palavra do
Evangelho e cressem”.
Por isso, o sermão
primeiro aos judeus foi feito por Pedro, e também os pagãos deviam ouvir em
primeiro lugar de Pedro a palavra de salvação. É por isso que falando o período
apostólico, em especial dos 5 anos do período de Pentecostes até o martírio de
santo Estêvão, diz o historiador protestante, Jesse Lyman Hurlbut, no livro História da Igreja Cristã: “A leitura dos primeiros seis
capítulos do livro dos Atos dos Apóstolos dá a entender que durante esse
período o apóstolo Simão Pedro era o dirigente da igreja.” Embora o autor não
cresse que Pedro fosse papa: “Isso não significa que Pedro fosse papa ou
dirigente oficial nomeado por Deus.” E as razões que dá para não reconhecer o
primado de Pedro são essas: “Tudo acontecia como resultado da prontidão de
Pedro em decidir, de sua facilidade de expressão e de seu espírito diretivo.”
Mas, sempre surge
nesses casos o que chamo de “lampejos da verdade”, e um desses é quando o autor
reconhece que pouco governo humano era necessário nesses tempos: “Em uma igreja
comparativamente pequena em número, todos da mesma raça, todos obedientes à vontade
do Senhor, todos na comunhão do Espírito de Deus, pouco governo humano era
necessário.” Isso explica que não vemos a necessidade da expressão do poder
jurídico de Pedro.
Podemos ver um pouco
disso sobre o grupo dos apóstolos, que eram venerados (louvados, engrandecidos, do grego ἐμεγάλυνεν (emegalynen)) pelo povo. Estamos em um período muito cedo
para que aparecessem sérias heresias. No entanto, essas não tardariam a
aparecer.
É notória a
influência poderosa do Espírito Santo no crescimento vertiginoso da Igreja nesses
dias, mas é inverídica a afirmação de que em Pentecostes todos os 120 cristãos
foram igualmente pregadores do Evangelho, e que não havia distinção entre
clérigos e leigos. Assim como hoje, todos podemos pregar a salvação, falar de
Cristo, ensinar, mas nem por isso cada um cristão torna-se igual a um ministro
ordenado. Em nenhum lugar encontramos
essa realidade nas Escrituras, e quando vemos o ministério de Estêvão, um
cristão leigo proeminente, esse não passou a pregar e realizar prodígios senão
após ser um clérigo, pois era um diácono ordenado pelos apóstolos em Atos 6, 6.
Antes disso, os
demais cristãos que comungavam do sacerdócio dos crentes não eram vistos como
iguais aos apóstolos. Eram distintas as autoridades e os cristãos leigos.
Gledson Meireles.
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