sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Refutação do artigo do pastor Thomas sobre o purgatório

 Refutação do artigo do pastor adventista Thomas:

Orígenes e a Influência do Platonismo na Doutrina do Purgatório: Uma Análise da Eisegese Filosófica na Patrística

            É verdade que a doutrina toda desenvolvida, em sua definição final, não aparece explicitamente na Bíblia. Mas está implicitamente. E quando o cristão estuda a Escritura com profundidade essa doutrina se torna clara para ele. Não espere o leitor encontrar qualquer doutrina explicitamente na Escritura. Um adventista não encontra a doutrina do juízo pré-advento na Escritura desenvolvida explicitamente, mas crê que essa está na Bíblia. Então, é preciso cautela no estudo.

            Não foram as interpretações alegóricas e especulativas que fizeram os teólogos para tentar justificar o purgatório. Os meios de explicação da doutrina não são o mesmo que a própria doutrina. Essa está na Bíblia, e nem sempre as formas de expor uma doutrina são corretas em todos os teólogos. Há escritores que cometeram enganos e foram inexatos em suas exposições. Nem por isso a doutrina que defendiam estava errada, mas apenas os meios que usaram para expor a mesma não eram os melhores.

            Como já vimos, foram Tertuliano (160-240), São Cipriano (210-258) e São Clemente de Alexandria (150-215) os grandes autores que expuseram as bases da doutrina do purgatório na antiguidade. Orígenes (182-254) também expôs a doutrina. Assim, é patente que a mesma não foi invenção de Orígenes nem influência pagã, mas uma doutrina cristã exposta na linguagem do grande teólogo do terceiro século. Orígenes não foi canonizado, sua doutrina apresenta erros em vários aspectos, mas quanto ao purgatório ele está de acordo com a Bíblia e a Tradição, como se pode perceber.

            Não é possível afirmar que Orígenes cria na purificação das almas e somente depois é que tentou explicar sua visão através da passagem de 1 Cor 3, 11-15. Outros escritores cristãos explicam a passagem da mesma forma, expondo a mesma doutrina. Desse modo, São Cipriano explica o purgatório de forma cristã, não tendo sua linguagem nada que pudesse supor um empréstimo pagão para a exposição, e muito menos para o próprio tema em questão.

            Teólogos profundos como Joseph Ratzinger mostram que a doutrina do purgatório é eminentemente bíblica. Os que se apegam à tal “influência” do paganismo estão equivocados e supõem a tese por meio da linguagem que encontram em muitos escritores antigos, como se os mesmos estivessem expondo uma doutrina de outra fonte que não a Bíblia. No entanto, os padres da Igreja sempre partem da exposição do texto revelado e não tentam ensinar doutrinas filosóficas.

            Se Orígenes foi mais sistemático na doutrina do purgatório, isso não desfaz o que foi exposto acima. A opinião e Alister McGraph é incorreta. Os autores antigos não moldavam as discussões pelo pensamento platônico nem reinterpretavam a estrutura pagã em contexto cristão como se o elemento em questão fosse alheio à Bíblia. É justamente o contrário: eles expunham a doutrina bíblica muitas vezes em linguagem platônica.

            Philip Schaf afirma que os padres da Igreja foram influenciados pelo platonismo e outras filosofias. No entanto, uma acurada pesquisa demonstra que os padres estavam explicando a Escritura e muitas vezes usavam moldes de pensamento da cultura do seu tempo.

              Lendo a Bíblia, se o adventista não crê na alma imortal, deverá crer que no Dia do Juízo os ressuscitados salvos passarão por essa prova, que o texto de 1 Cor 3, 11-15 alude. Então, alguns passagem ilesos e outros não. Esses perderão o galardão sofrendo detrimento. É algo que ocorre após morte e ressurreição nesse caso. Assim, é preciso perceber que a morte não pôs toda a questão em ordem, já que no juízo muitos dos salvos têm suas obras “queimadas”. É preciso entender bem o que isso significa.

            O que foi explicado acima, e provado em outro texto a partir da citação de Joseph Ratzinger, também está na citação que o pastor Thomas faz de J. N. D. Kelly. O mesmo afirma que: 1º - A oração pelos mortos e 2º - a purificação post-mortem eram crenças dos judeus. Primeiro ponto provado.

            Ele afirma que o “desenvolvimento teológico” é que foi influenciado “por categorias platônicas”. Isso significa que a forma de expor o conceito usou meios filosóficos. Isso não quer dizer que o conceito tenha vindo do platonismo, pois não veio, já que a Bíblia afirma a mesma realidade. Ainda: os autores citados concordam que essas duas crenças possuem “raízes judaicas”. Crendo ou não o adventista nessa afirmação, é um fato de que os estudiosos o afirmam. Dessa forma, tendo uma passagem bíblica que não é bem entendida entre os protestantes e as afirmações dos grandes teólogos e estudiosos sobre o tema provando que a origem judaica, está refutado o argumento do pastor Thomas.

            Do contrário, o mesmo deve provar que a crença na possibilidade de auxiliar os mortos e da purificação não é encontrada entre os judeus. Deve provar também que os eruditos, como Ratzinger e J.N.D. Kelly afirmam que a origem da doutrina é pagã. Como visto, está refutado.

            Como já mostra nos Estudo sobre o purgatório, publicado no blog, a doutrina é bíblica. Há refutação de todas as objeções.

Os protestantes devem repensar sua ideia de que "obras" são queimadas, o que torna essas obras algo literal que passa pelo fogo literal. É o erro que cometem ao ler a Escritura nessa passagem.

            Assim, o texto de 1 Coríntios 3, 11-15 contem elementos certos para a formulação do purgatório:

- o texto traz uma metáfora obras matérias de diversas qualidades indicam as obras praticadas sobre o fundamento que é Jesus Cristo.

- todos os que constroem sobre Jesus são salvos.

- os salvos praticam obras.

- essas obras podem ser de qualidade (ouro, prata, pedras preciosas). Essa linguagem é metafórica e espiritual. São as boas obras.

- também as obras podem ser de má qualidade: madeira, feno, palha. Diante de Deus o que não passa é por ser pecaminoso. Essas obras que não passam no fogo, mas são destruídas são pecados.

- há a imagem de um fogo que testará as obras.

- as obras não existem em si mesmas, mas são aquilo que foi praticado pelo fiel.

- o fogo que purifica as boas obras e destrói as obras imperfeitas, que são pecados, é uma imagem da purificação do salvo.

- Então, o salvo que teve obras destruídas sofre no juízo. Essa conclusão é bíblica e há maiores implicações para a formulação da doutrina do purgatório.

Gledson Meireles.

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