A
normatividade para a guarda do domingo: analisando o que diz Lincoln e Kenneht
sobre o tema
Duas
visões sobre o sábado e o domingo aparecem em publicações importantes. Uma obra
protestante editada por D. A. Carson, a
favor do domingo, e outra, protestante adventista, por Kenneth Strand, em
defesa do sábado. Kenneth apresenta uma resenha da obra de Carson. Vejamos o
que diz ambos os lados sobre Apocalipse 1,10.
Na
obra de Carson, Andrew T. Lincoln afirma que os fundamentos para a guarda do
domingo no Novo Testamento não são
numerosos ou tão detalhados como alguém gostaria que fosse.
Diante
disso, pode-se dizer, que é sabido que desde o primeiro século o domingo é o
dia de culto cristão. E Lincoln concorda com isso.
O
autor alude também ao fato do domingo e do sábado serem guardados pelos
cristãos primitivos. Faz avaliação do lugar e status da tradição da igreja primitiva, que é essencial para o
sentido dos dados do NT e para colocá-lo em um padrão interpretativo para
traçar a prática emergente da Igreja.
Essa
constatação protestante é importantíssima, apontado para a necessidade da
tradição. Nesse ponto, o adventismo falha na sua pesquisa.
A
mais clara evidência pós-canônica possui autoridade, e alguns podem a partir
disso aceitar o domingo como normativo. É o que afirma Lincoln.
Aqui,
o adventismo nega peremptoriamente que se possa utilizar a evidência
pós-apostólica para interpretar o NT. Aliás, esse parecer está conforme a
posição de todo o Protestantismo, que segue o Sola Scriptura.
No
entanto, a Igreja Católica afirma que a guarda do domingo é atestada no NT, portanto
na era apostólica, e que isso é confirmado na tradição da Igreja. Assim, o que
se encontra nas obras dos padres da Igreja estão confirmando a tradição e não
estabelecendo-a, nem sendo fonte para interpretar o Novo Testamento. Pelo
contrário, estão transmitindo o que está no NT.
Andrew
T. Lincoln afirma que os reformadores, querendo fazer da Bíblia a única
autoridade para fé e prática, reduziram a significância do domingo como uma
mera instituição conveniente.
É
preciso destacar esse ponto. A obra do Protestantismo em defesa do domingo tem
esse ponto frágil, que é refutado pela Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Os
adventistas corretamente entendem que o dia de repouso e culto é sagrado
e cumpre um mandamento de Deus. Esse dia é o sábado, dado por sanção divina,
normativo para o Povo de Deus, parte do decálogo. Dessa forma, só pode ser
transferido para outro dia por autoridade divina.
Os
reformadores, por sua vez, ensinaram que o dia não era necessário, mas apenas
prático, e indiferente. Assim, continua o estudo, os reformadores estavam
buscando sanção canônica para a
prática antes de tê-la como normativa. E, então, o que é importante perceber,
eles não entenderam o significado de Apocalipse 1, 10.
Aqui
é necessário outra observação. Uma obra que se põe a entender melhor a força
desse texto do Apocalipse encontra algo que refuta os reformadores e se coloca
em convergência com a Igreja Católica.
Lincoln
afirma que o dia do Senhor indica que há algo muito mais que conveniência ou
praticalidade. Há muito que pode ser conhecido por meio dessa passagem. Ela
mostra que há um precedente já estabelecido. É um fato que reivindica
autoridade canônica.
Continua
Andrew. O mais próximo que o sábado recebe status canônico é na tolerância dada
em Romanos 14. Mas a direção dada no NT é para a prática do domingo, essa
recebe aprovação canônica. O domingo tem um papel distintivo no Novo Testamento.
Nos
dias de São Paulo o domingo ainda não era chamado de Dia do Senhor, não tinha
adquirido essa distinção, que aparece nas igrejas do fim do século. Conclui
afirmando que não há implicação de que o domingo em si é santo.
Ou
seja, o livro de Carson defende o domingo, como dia de guarda para os cristãos,
que possui autoridade na Escritura, que é dia distinto para o culto, mas que
não é dia santo, ou seja, não teria recebido algo particular para esse fim,
como o sábado santificado e abençoado em Gênesis. Nesse ponto a crítica
adventista ganha força.
Dessa
forma, a conclusão da obra deixa essa fragilidade que é criticada pelo
adventismo.
Kenneth
afirma que Apocalipse 1, 10 não especifica ou identifica um dia particular. O
autor adventista admite que o domingo é chamado na literatura cristã de Dia do
Senhor, mas não aceita que essa seja a interpretação do texto no Novo
Testamento, na passagem do Apocalipse.
Afirma
que a universalidade da prática do domingo é do terceiro século, não do
segundo, como está na obra de Carson. E questiona se afirmar que não há suporte
canônico para a teoria da transferência e de que o domingo foi desenvolvimento
medieval não seria minar a própria tese.
De
fato, a observação de Kenneth é importante. Não refuta a doutrina do domingo,
mas enfrenta com força a posição de Carson.
O
crítico adventista afirma que o que os autores protestantes na obra de Carson
apresentaram uma visão que não dá ao domingo o status normativo que reivindicam
na sua análise final.
O
adventismo converge com a doutrina católica em reconhecer a moralidade do
sábado, porém, não entendendo que a mesma atualmente é cumprida no domingo, e
as outras igrejas protestantes ensinam o mesmo que a doutrina católica quando
admitem a autoridade canônica do domingo, sem, no entanto, perceber que essa
autoridade divina faz do domingo um dia especial. Duas verdades precisam ser conhecidas:
O domingo cumpre o preceito do antigo sábado.
A
autoridade bíblica para a guarda do domingo torna-o dia santo.
Realmente,
pode-se dizer, falta na obra de Carson demonstrar mais radicalmente a
autoridade do mandamento do domingo, como é encontrada no Novo Testamento e na
teologia católica.
Gledson Meireles.
Depois faz uma refutação ao livro em defesa da sola de banzoli.
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